SEMINÁRIO INTEGRADO PSIQUITRIA GRUPO: CASO CLÍNICO Paciente do sexo masculino, 30 anos, motorista de taxi sofreu colisão com ônibus seguida de capotagem, com atropelamento de um pedestre que teve morte imediata. Foi acionado o Socorro por ambulância, e após ser atendido em via pública, foi encaminhado a Hospital de Emergência de grande porte. Ao dar entrada na emergência ele possuía: Traumatismo facial, com sangramento nasal; Hifema total e hipotensão ocular de olho direito; Traumatismo torácico e abdominal; Hálito alcoólico; Trauma de bacia. CASO CLÍNICO Após a estabilização de seu quadro clínico, ainda internado, o paciente, tomou conhecimento das circunstâncias do acidente e do fato de que havia tido uma vítima fatal. A partir de então, o paciente que vinha bem e otimista em relação a sua recuperação, iniciou quadro de tristeza profunda e grande desânimo que se manifestava em falta de colaboração com as medidas terapêuticas prescritas. Passou a verbalizar com equipe médica e família a sua idéia de que nada mais valia a pena ou lhe causava prazer. Rejeitava alimentação e a enfermagem percebeu que, apesar de dormir cedo, passava a maior parte da madrugada acordado, chorando. Foi chamado o psiquiatra para uma interconsulta quando o paciente passou a verbalizar com a enfermagem a sua intenção de “acabar com tudo isso de uma vez”, pois a “morte era sua única saída”. CASO CLÍNICO Sua mãe relata que, na adolescência o paciente havia apresentado um episódio semelhante, após assalto à mão armada, tendo que parar de estudar por 6 meses para tratamento (medicamentoso e psicoterápico). Desde então se manteve bem, tendo, segundo ela, uma personalidade alegre, e animada, “até irresponsável às vezes”(sic). Refere ainda que no mês anterior ao acidente havia reparado que seu filho “andava ainda mais animado e saindo para noitadas diariamente, onde bebia mais que seu habitual, em quantidade e freqüência”. Descreve períodos semelhantes anteriormente, mas “que não se preocupou, pois ele sempre tomava juízo por conta própria”. Nega outras doenças, cirurgias prévias ou tratamento continuado para qualquer patologia. INTRODUÇÃO Tristeza profunda; Desânimo; Idéia de que nada mais valia a pena ou lhe causava prazer; Rejeitava alimentação; Passava a maior parte da madrugada acordado; Intenção de “acabar com tudo isso de uma vez”. SÍNDROME DEPRESSIVA Comportamento, Psiquismo, Funçoes cognitivas, executivas, vegetativas Subjetividade SINDROME DEPRESSIVA 2 semanas Humor deprimido* Perda do prazer e interesse nas atividades (anedonia) * ↓ energia e ânimo* ↓ capacidade de concentração ↓ auto-estima Idéias de culpa e inutilidade* Pessimismo Idéias de morte e/ou suicídio* Alterações características do sono e apetite* Com ou sem sintomas psicóticos, congruentes ou não com o humor SINDROME DEPRESSIVA CID-10 Episódio depressivo pode ser classificado quanto à intensidade em leve, moderado ou grave. F32.0 Episódio depressivo leve Geralmente estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença destes sintomas mas provavelmente será capaz de desempenhar a maior parte das atividades. F32.1 Episódio depressivo moderado Geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados anteriormente e o paciente aparentemente tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina. F32.2 Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos Episódio depressivo onde vários dos sintomas são marcantes e angustiantes, tipicamente a perda da auto-estima e idéias de desvalia ou culpa. As idéias e os atos suicidas são comuns e observa-se em geral uma série de sintomas "somáticos". F32.3 Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos Episódio depressivo correspondente á descrição de um episódio depressivo grave (F32.2) mas acompanhado de alucinações, idéias delirantes, de uma lentidão psicomotora ou de estupor de uma gravidade tal que todas as atividades sociais normais tornam-se impossíveis; pode existir o risco de morrer por suicídio, de desidratação ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do distúrbio afetivo. O Caráter do episódio: Psicóticas 2. Melancólicas 3. Atípicas 4. Catatônicas 1. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Doenças Médicas: - distúrbios metabólicos (exemplo: tireóide); - doenças neurológicas (exemplo: esclerose múltipla); - doenças infecciosas (exemplo: HIV, neurossífilis); - neoplasias (exemplo: tumores, metástases). Doenças Psiquiátricas: - dependência química; - esquizofrenia; - THDA, delírio, demência; - transtornos de personalidade. OBS: embora 41% dos pacientes com Transtorno Bipolar abusam e são dependentes de drogas e 46% abusam e são dependentes de álcool e 61% abusam e são dependentes de outras substâncias; DIAGNÓSTICO NOSOLÓGICO Transtorno do Humor Síndrome depressiva Reação de ajustamento com humor depressivo Transtorno misto de ansiedade e depressão Transtorno depressivo recorrente Transtorno bipolar do humor – fase depressiva TRANSTORNO BIPOLAR Caracteriza-se por oscilações imprevisíveis do Humor em dois pólos – Maníaco ou Hipomaníaco, e Depressivo. Mania estado extrovertido exagerado que se apresenta com considerável euforia contagiante. Caracteristicas – Energia, Vegetativo, Discernimento Bipolaridade Tipo I X Bipolaridade Tipo II TRANSTORNO BIPOLAR DO TIPO I TRANSTORNO BIPOLAR DO TIPO II Períodos de hipomania, em que também ocorre estado de humor elevado e agressivo mas de forma mais suave. Um episódio de tipo hipomania, ao contrário da mania, não chega a ser suficientemente grave para causar prejuízo em atividades de trabalho ou vida social. Historia da mãe do paciente - personalidade hipertimica - nao se preocupava Diagnostico? TRANSTORNO BIPOLAR DO TIPO II Incidência anual de 0,5%, muito próxima da prevalência anual de 0,6%, indicando que a duração média de um episódio de humor é em geral maior do que um ano; O curso é variável, habitualmente se experimentando o primeiro episódio maníaco aos 20 anos, mas pode começar na adolescência ou após os 40 anos de idade. Não são encontradas variações étnicas significativas; Maiores taxas de prevalência entre indivíduos com maior escolaridade; Mais comum em solteiros ou divorciados. História familiar é importante fator de risco principalmente para parentes de primeiro grau. TRATAMENTO DO TRANSTORNO BIPOLAR DO TIPO II TRATAMENTO DO TRANSTORNO BIPOLAR DO TIPO II Modulador de Humor é a base do tratamento da Bipolaridade. Lítio e Ácido Valpróico. Antidepressivos – (Crises) Curso e prognóstico do Transtorno Bipolar Curso e prognóstico do Transtorno Bipolar O uso de álcool ou substâncias pioram o prognóstico clínico. A aderência ao tratamento é fundamental e, bastam alguns dias de interrupção da medicação ou diminuição para que o paciente apresente exacerbação de sintomas e mais períodos de novas de crises. A boa relação médico-paciente, esclarecendo dúvidas, pedindo socorro em crises, discutindo fatores estressores, ajudam no melhor prognóstico. DISCUSSÃO GERAL Freqüente comorbidade de transtornos do humor em geral com uso e abuso de substância, principalmente álcool; Na hipomania os pacientes tendem a ter um comportamento sem limites, fazendo uso abusivo de substâncias; E na depressão tendem a usar drogas secundariamente para alívios dos sintomas, para lidarem com os sintomas. BIBLIOGRAFIA http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/atu3_07.htm http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol32/s1/15.html Kaplan & Sadock, Compendio de Psiquiatria