Hospedeiro vertebrado Wanderley de Souza Laboratorio de Ultraestrutura Celular Hertha Meyer, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 21949-900, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] O ciclo no hospedeiro vertebrado, que pode ocorrer em diferentes espécies de mamíferos, tem início quando formas infectantes eliminadas pelo inseto vetor entram em contato com mucosas ou regiões lesadas da pele desses hospedeiros. As formas tripomastigotas metacíclicas são altamente infectantes, podendo invadir os primeiros tipos celulares que encontram, que podem ser macrófagos, fibroblastos ou células epiteliais, entre outras. Ao invadir estas células usando os mecanismos descritos nos itens abaixo, ocorre proliferação intracelular e liberação de formas tripomastigotas, bem como algumas formas intermediárias e amastigotas (estas últimas em menor proporção) no espaço intercelular. Estas formas podem invadir novas células localizadas no sítio de infecção, mas podem atingir a corrente circulatória e atingir todos os tecidos do hospedeiro, onde vão invadir os mais diferentes tipos celulares. Não se deve esperar um comportamento homogêneo do Trypanosoma cruzi. Realmente, a cinética do processo descrito acima, bem como os tecidos mais infectados, vão variar de acordo com a cepa do T. cruzi e o animal infectado. Em alguns casos a infecção é rápida e em outros casos só será detectada muito tempo após a infecção inicial. A observação de formas tripomastigotas no sangue de animais infectados mostrou que nem todas são idênticas entre si, o que indica a existência de dimorfismo, ou mesmo de poliformismo, em T. cruzi, caracterizado pela presença de formas tripomastigotas largas, finas e intermediárias, assim como descrito para os tripanossomos africanos. As interpretações para este fato tem sido as mais variadas, inclusive como sendo uma indicação de dimorfismo sexual. Podemos encontrar cepas que apresentam um predomínio de formas delgadas, como é, por exemplo, o caso da cepa Y. Já em outras, como a cepa CL, predominam as formas largas. Brener e colaboradores realizaram vários estudos para esclarecer as possíveis diferenças entre ambas as formas. Por exemplo, verificaram que, em algumas populações, havia um predomínio das formas delgadas durante todo o curso da infecção experimental em camundongos. Em algumas cepas, na medida em que a infecção se prolongava, as formas largas passavam a predominar. Um conjunto de observações levou este grupo a considerar que as formas delgadas desaparecem rapidamente da circulação para cumprir um ciclo intracelular enquanto que as formas largas permanecem na circulação. Aparentemente estas formas seriam menos infectantes e mais adaptadas ao desenvolvimento no vetor. Um número significativo de estudos foi feito comparando tripomastigotas da cepa Y e CL quanto à infectividade in vivo e in vitro, capacidade de diferenciação in vitro, susceptibilidade à lise mediada por complemento, presença de anticorpos na superfície etc. Ciclo evolutivo do Trypanosoma cruzi - No hospedeiro invertebrado (A) formas epimastigotas (B) se multiplicam no lúmen do intestino. Diferenciação para tripomastigotas metacíclicos (C) ocorre na porção final do intestino. Estas formas infectam o hospedeiro vertebrado (D). Após adesão (E) e penetração (F) nas células hospedeiras, os tripomastigotas se diferenciam em amastigotas multiplicativos (G). após diferenciação e liberação de tripomastigotas sangüíneos (H), estas formas podem invadir músculos e outros tecidos. O ciclo se fecha quando o indivíduo infectado é picado pelo triatomíneo (A: Demetry C, capturado em 26/07/2005; B: Santa-Rita e cols., 2005; C: Vatarunakamura e cols., 2005; D: USP, capturado em 25/07/05; E: Barbosa HS, capturado em 26/07/2005; F: Andrews N, capturado em 26/07/2005; G: FIOCRUZ, capturado em 25/07/2005; H: Dantas e cols., 2003)