FILO Kinetoplastida • Protozoários 2 flagelos para locomoção; • Mitocôndria única e alongada com concentrações discoides de DNAm (o cinetoplasto). Trypanossoma cruzi, Leishmania sp, Giardia lamblia, Trichomonas vaginalis DOENÇA DE CHAGAS ou TRIPANOSSOMÍASE Trypanosoma cruzi 2 flagelos emergem da bolsa flagelar; • DISTRIBUIÇÃO – A doença de Chagas segue como problema de saúde pública por todos os países da América Latina, e sua distribuição cobre a América do Sul, incluindo Chile e Argentina, até o sul dos Estados Unidos; – Hoje, o perfil epidemiológico da doença apresenta um novo cenário com a ocorrência de casos e surtos na Amazônia por transmissão oral e vetorial (sem colonização e extradomiciliar). • Surtos de doença de Chagas aguda relacionados à ingestão de alimentos contaminados (caldo de cana, açaí, entre outros) e casos isolados por transmissão vetorial extradomiciliar vem ocorrendo especialmente na Amazônia. • No período de 2000 a 2011, foram registrados mais de 1200 casos, 70% por transmissão oral, 7% por transmissão vetorial e 22% sem identificação do modo de transmissão. • A alteração do quadro epidemiológico da doença de Chagas no Brasil promoveu a mudança nas ações e estratégias de vigilância, prevenção e controle pela adoção de um novo modelo de vigilância epidemiológica, de acordo com os padrões de transmissão da área geográfica: • 1. Regiões originalmente de risco para a transmissão vetorial (AL, BA, CE, DF, GO, MA, MG, MS, MT, PB, PE, PI, PR, RN, RS, SE, SP, TO): vigilância epidemiológica visa detectar a presença e prevenir a formação de colônias domiciliares do vetor; atenção integral aos portadores crônicos da infecção. • 2. Amazônia (AC, AM, AP, RO, RR, PA, parte do TO, MA e do MT): vigilância centrada na detecção precoce de casos agudos e surtos e apoiada na Vigilância Epidemiológica da Malária, pela capacitação de microscopistas para identificação de T. cruzi nas lâminas para diagnóstico da malária e nas ações preventivas da vigilância sanitária sobre as cadeias produtivas de alimentos. • CICLO BIOLÓGICO – hospedeiros vertebrados e hospedeiros invertebrados • HOSPEDEIRO VERTEBRADO (homem e mamíferos) mudanças morfológicas protozoário podem estar condicionadas ao: – tipo de hospedeiro; – tecido parasitado; – posição ocupada no órgão. Cinetoplasto Cinetoplasto mitocôndria única rica DNA mitocondrial FORMA AMASTIGOTA – intracelular, arredondada ou oval, flagelo curto e não se exterioriza Formas amastigotas de Trypanosoma cruzi circulantes no sangue, geralmente com aspecto das letras "S" ou "C". FORMA TRIPOMASTIGOTA – extracelular – sangue , alongada, cinetoplasto posterior ao núcleo, flagelo circunda membrana ondulante e livre anterior. Trypanosoma cruzi - vermelha - núcleo; azul - membrana ondulante; verde -flagelo. HOSPEDEIRO INVERTEBRADO - Triatoma infestans forma epimastigota (tubo digestivo) e tripomastigota (ingestão e reto). Forma Epimastigota – intestino, alongada, cinetoplasto junto ao núcleo, flagelo estende-se e emerge da extremidade anterior; Base do flagelo Trypanosoma cruzi - forma epimastigota MECANISMOS DE TRANSMISSÃO • Pelo vetor; • transfusão de sangue; • transmissão congênita: ninhos de amastigotas na placenta, tripomastigotas podem atingir circulação fetal; • acidentes laboratórios; • transmissão oral – amamentação, ingestão de alimentos contaminados com fezes ou urina de triatomíneos. • CICLO BIOLÓGICO DO T. cruzi fase de multiplicação: intracelular no hospedeiro vertebrado; extracelular no inseto vetor (triatomíneos) Homem Ingeridos por triatomíneos Tripomastigotas novo ciclo ou destruídos Células diversos tecidos Barbeiro repasto sangüíneo Fezes tripomastigotas Penetram local picada - Pele Sangue Rompem macrófago Diferenciam-se tripomastigotas Macrófagos – fagocitam Tripomastigota Transformam em amastigotas (cada 12h) - divisão binária BARBEIRO Eliminados nas fezes Epimastigotas tripomastigotas (infectantes para vertebrados) Repasto sanguíneo vertebrado Ingere forma tripomastigotas Intestino médio do inseto Migram para reto Epimastigotas - divisão binária Tripomastigotas transformam-se epimastigotas Divisão Binária – a cada 12h Amastigota Amastigota Ciclo Celular Tripomastigota 5 a 6 dias Tripomastigota - sangue 9 gerações Tripomastigota – reto Tripomastigota - epimastigota Divisão Binária – Intestino barbeiro • FASE AGUDA é, em geral assintomática e que pode levar décadas para que a forma crônica se manifeste,. • A identificação de marcadores que sinalizem a infecção de células pelo T. cruzi no organismo poderia levar ao diagnóstico precoce da doença. • Desenvolvimento de marcadores capazes de apontar a presença do parasito T. cruzi em hospedeiros assintomáticos, de forma precoce e ainda na fase aguda da doença de Chagas (Fiocruz, 2011). • T. cruzi ao entrar em contato com os monócitos os induziria a liberar microvesículas (lipídeos e proteínas), que seriam utilizadas pelo parasita para facilitar sua entrada em células hospedeiras, onde pode realizar sua reprodução. • Fase aguda sintomática – características clínicas de uma infecção generalizada de gravidade variada; – febre, linfadenopatia (aumento dos linfonodos - gânglios linfáticos) e hepato-esplenomegalia; • Diagnóstico sugerido por manifestações locais como: – Presença dos sinais de porta de entrada - penetração parasita na conjuntiva (olho) ocorre edema bipalpebral unilateral denominado sinal de Romaña, chagoma cutâneo (penetra qualquer parte da pele). – Comprovado pelo encontro dos parasitos no sangue periférico (exame a fresco ou gota espessa). sinal de Romaña (recebe este nome em homenagem a Cecilio Romaña, pesquisador argentino que descreveu primeira vez o fenômeno) Chagoma cutâneo • Parasita penetra na pele ocorre: lesão, inflamação aguda na derme e hipoderme forma furúnculo; seguida de regressão lenta com descamação denominado chagoma de inoculação • Fase aguda passa despercebida (4 a 10 dias após picada) desaparecendo 1 ou 2 meses; • Casos fatais exibem nas necropsias - miocardite e\ou meningoencefalite (processo inflamatório), por vezes com grave broncopneumonia bacteriana como complicação. Miocardite chagásica aguda fatal em criança. Intensa inflamação e presença de parasitos intracelulares - miocárdio. • Ao mesmo tempo em que: – a infecção abrange mais tecidos e a parasitemia aumenta (presença de protozoários vivos no sangue); – aumenta resposta imune com a produção de anticorpos. • Resposta imunológica mais intensa leva: – A redução do número de parasitos circulantes até que sejam completamente eliminados da circulação, caracterizando o fim da fase aguda da doença. FIM DA FASE AGUDA: • Protozoários que não foram eliminados pela resposta imunológica podem ainda permanecer viáveis no interior das células infectadas; • A partir daí está caracterizada a Fase Crônica da Doença de Chagas, que pode evoluir para as manifestações características da Doença de Chagas (forma sintomática). FORMAS CRÔNICAS Forma crônica indeterminada Forma crônica cardíaca Forma crônica digestiva • FORMA CRÔNICA INDETERMINADA Estado de infecção silenciosa latente 10 a 30 anos; Maioria absoluta dos indivíduos infectados Tenha ou não apresentado uma forma aguda Geralmente evolui para um estado de aparente equilíbrio parasito-hospedeiro; Sem manifestações clínicas. Para ser mais preciso o diagnóstico, exige-se que a forma indeterminada seja: • identificada não só pelas evidências sorológicas e/ou parasitológicas da infecção; • como pela demonstração radiológica e eletrocardiográfica dos aparelhos digestivo e circulatório; •para evitar a inclusão de portadores de formas evolutivas ainda no seu estágio assintomático. • FASE CRÔNICA SINTOMÁTICA • Sistema cardiocirculatório (FORMA CARDÍACA), • Sistema digestório (FORMA DIGESTIVA), • Ambos (FORMA CARDIODIGESTIVA ou MISTA) – observa-se reativação intensa do processo inflamatório; • Forma cardíaca – Cardiopatia crônica alterações eletrocardiográficas; sintomas clínicos: palpitações e tonturas ; aumento do coração; Forma crônica cardíaca é representada por uma: - Miocardiopatia inflamatória fibrosante, arrítmica que leva a uma insuficiência cardíaca progressiva, de curso fatal. Muitas vezes ocorre uma lesão na ponta do ventrículo esquerdo, • designada como "lesão da ponta" ou "aneurisma (dilatação vascular)". • A lesão da ponta do ventrículo esquerdo do coração trata-se de um adelgaçamento, sem fibrose, com atrofia das fibras miocárdicas. • Efeitos das lesões aparece sob a forma de um retardo na chegada do estímulo elétrico à região da ponta do ventrículo esquerdo. Figura : típica lesão apical “aneurismática” da forma crônica Figura: Corte sagital de coração de paciente chagásico que faleceu com insuficiência cardíaca, mostrando dilatação das cavidades ventriculares, afilamento da ponta do ventrículo esquerdo e do ventrículo direito, com trombose (Higuchi, 2007). Figura: Afilamento do miocárdio da região do ventrículo , com substituição por fibrose. Freqüente foco de arritmia cardíaca tipo taquicardia ventricular sustentada. (Higuchi, 2007). FORMA DIGESTIVA • Megaesôfago seguida o megacólon. • Manifestações iniciam como: – incoordenação motora, devido ao comprometimento do sistema nervoso autônomo (plexos mioentéricos). Corte histológico da parede muscular do esôfago em um caso de megaesôfago chagásico, mostrando processo inflamatório na região do plexo mientérico e despovoamento neuronal. Observa-se um neurônio em degeneração (seta) Lesões neuronais afetam o plexo mientérico (várias partes do tubo digestivo) maiores repercussões no esôfago e cólon. Locais onde conteúdo está mais sólido Se torna mais dependente das forças peristálticas Aumenta estimulo do peristaltismo de luta, que desencadeia: A- Hipertrofia das B- Final a dilatação dos camadas musculares, órgãos comprometidos A- megaesôfago e megaestômago; B: megaesôfago e megaduodeno; C: megabulbo e megajejuno; D: megacólon Classificação radiológica do megaesôfago em quatro grupos, conforme a evolução da afecção megaesofâgo • sintomas – dificuldade de deglutição, dor retroesternal, regurgitação, pirose (azia), soluço, tosse; megacólon – diagnóstico mais tardio • constipação (sintoma mais frequente); • complicações mais graves – obstrução intestinal e perfuração levando a peritonite. PROFILAXIA • ligada as condições de vida e modificação do ambiente; • promover educação ambiental e sanitária; • melhoria das habitações rurais; • combate ao barbeiro; • controle de doador de sangue; • controle de transmissão congênita – mãe sorologia positiva bebê examinado imediatamente; DIAGNÓSTICO • Fase aguda • Visualização do protozoário através de métodos diretos de esfregaços e gotas espessas de sangue e cultura; • PCR; • biópsias de linfonodos; • Fase Crônica • Métodos de imunodiagnóstico, imunofluorescência, ELISA. • TRATAMENTO: – específica - contra o parasita, visando eliminá-lo – sintomática - para atenuação dos sintomas, uso de cardiotônicos e antiarrítmicos, para o coração, ou através de cirurgias corretivas do esôfago e do cólon. • Nifurtimox e Benzonidazol - medicamentos oferecem pouca eficiência sobre as formas intracelulares (amastigotas) apresentando um melhor resultado sob as formas tripomastigotas (sangue); • O tratamento aplicado e os resultados dependem também da fase em que o paciente encontra-se. PACIENTES - FASE AGUDA • transmissão da infecção dependendo da idade, os medicamentos reduzem a parasitemia e levam a diminuição da sintomatologia. PACIENTES – FASE CRÔNICA • quando as lesões cardíacas e digestivas ainda estão no início ou são ausentes, o emprego das drogas proporcionam redução ou retardamento do aparecimento das lesões; • SITUAÇÕES DOS MEGAS (ESÔFAGO, CÓLON) • recomenda-se a correção cirúrgica. • Apesar de ocorrer em pequeno número, a cura da infecção chagásica, necessita de um rigoroso critério. • Atualmente só se consideram curados pacientes que após algum tempo de tratamento apresentam exames parasitológicos e sorológicos negativos.