Capítulo 16 - COLOCANDO A APRENDIZAGEM COMO O FOCO: A CONTRIBUIÇÃO DA VISÃO BEHAVIORISTA Objetivos: Reconhecer o papel da aprendizagem para os sujeitos humanos, e o fato de que ela ocorre além da escola. Identificar diferentes processos que levam à aprendizagem. Reconhecer a contribuição do behaviorismo para o estudo da aprendizagem Identificar aprendizagem por condicionamento respondente, operante e aprendizagem social. Várias teorias enfocam o tema aprendizagem, no entanto, nenhuma delas consegue explicar completamente este fenômeno. Assim, lidamos com algumas destas teorias, na busca de uma visão mais abrangente. Assim, é plausível que a corrente empirista em Psicologia, que valoriza a experiência, ou empiria, tenha se dedicado a estudar com muito afinco este fenômeno, seu tema central de estudo. A corrente Behaviorista ou Comportamentalista é uma corrente que se definiu por ser ambientalista e empirista, pensando o sujeito humano como uma tabula rasa. Esta corrente, nascida no começo do século XX, postula que se pode explicar comportamento em geral, descrevendo a relação entre os estímulos – características do ambiente – e as respostas – características do comportamento. Behaviorismo vem de behavior, que significa comportamento, conduta. Um psicólogo dos EUA, John B. Watson, defendeu em 1913, através do Manifesto Behaviorista, do qual você pode ler alguns fragmentos, que o objeto de estudo da Psicologia deveria ser o comportamento, portanto, nem a psique, nem a consciência: algo passível de ser observado, 1 comprovado, documentado, portanto através de métodos objetivos, como a observação e de preferência a experimentação. Vários psicólogos dos EUA se dedicaram ao estudo da aprendizagem além de Watson, trabalhando dentro da proposta de estudar comportamento, ainda que eles possam ser diferenciados em behavioristas metodológicos, concordam em termos dos métodos, e os radicais, negavam o estudo do que não fosse de fato observável, como mente. Deu-se um papel capital ao ambiente e, portanto às aquisições determinadas pelas propriedades deste ambiente. Todas as atividades humanas tornam-se zonas de aprendizagem potencial ligadas fortemente às propriedades dos estímulos que as suscitam. A escolha epistemológica desta corrente é importante. Ela foi dominante nos meios acadêmicos durante um bom tempo, desde em torno de 1915 até lá por 1950-60. Usando a aprendizagem como explicação dos fenômenos psicológicos, esta era entendida principalmente como resultante de associação de eventos. As raízes do behaviorismo, podem ser encontradas no associacionismo, que também pode ser chamado de coneccionismo. A aprendizagem por associação, é uma das formas mais comuns de aprender. Você poderá com certeza, identificar alguns exemplos de aprendizagem por associação que ocorrem no dia-a-dia, bem como reconhecer sua importância. A aprendizagem por associação é conhecida no ser humano e nos animais desde há muito tempo, inclusive foi apontada já em Aristóteles. Sua versão moderna, mais sofisticada, agora sob o olhar da Ciência, remete ao fenômeno dos condicionamentos. Vamos olhar com mais detalhe alguns tipos de aprendizagem que foram estudados principalmente por psicólogos desta corrente, iniciando pelo 2 condicionamento: aprendizagem em que há uma associação de eventos, e que ocorre apenas sob certa condição_uma relação temporal entre estes dosi eventos. Como você verá, existem duas formas de condicionamentos: o condicionamento respondente (também chamado de: clássico, de Pavlov ou tipo I) e o condicionamento operante (também chamado de: instrumental, de Skinner ou tipo II). CONDICIONAMENTO RESPONDENTE Fig. 5 - Experimento de Pavlov sobre o condicionamento reflexo Ivan Pavlov (1849-1936) estudava salivação em animais (cães) no laboratório, quando descobriu que, à medida em que eram submetidos ao experimento e que este se desenvolvia, seus animais experimentais passavam a salivar antes mesmo de receberem a comida apenas com sons dos passos do tratador. Ivan Petrovich Pavlov (1849–1936), fisiologista russo que descobriu o condicionamento respondente, razão porque este também é chamado de condicionamento de Pavlov. Ele recebeu o prêmio Nobel de fisiologia em 1904 por seus trabalhos 3 No início do experimento, os cães ouviam a sineta, um estímulo neutro1, e não salivavam. A seguir o alimento era apresentado e ao mesmo tempo em que isto ocorria, era produzido o estímulo neutro, no caso foi usado o som de uma sineta. A saliva aumentava muito quando o alimento era posto na boca dos animais, isto é: a resposta reflexa, salivar, acontecia na presença do alimento. O experimento de Pavlov consistiu em inovar e apresentar os dois estímulos ao mesmo tempo, ou seja, emparelhar alimento (o estímulo incondicionado) e sineta (estímulo neutro) para os cães após várias repetições do procedimento, de forma a garantir sua aprendizagem. O passo seguinte foi retirar a comida e apresentar somente a sineta aos animais para ver se eles salivavam e quanto. Ao final do experimento, os animais salivavam apenas ao som da sineta (na ausência do alimento). A esta aprendizagem foi dado o nome de condicionamento respondente ou reflexo: a sineta só eliciava a resposta de salivar, se a condição ser associada à comida ocorresse; e respondente ou reflexo, porque as respostas e os comportamentos que podem ser aprendidos assim, são aqueles que já temos no rol das respostas automáticas e involuntárias, que defendem nossa sobrevivência. Respostas automáticas ou involuntárias podem ocorrer na presença de uma ameaça, e outros, como o salivar na presença da comida; o reflexo patelar_ sua perna salta quando o médico bate nela com um martelinho, testando seus reflexos durante o exame para carteira de motorista; a 1 estímulo neutro - que não tem significado para o sujeito: não é um estímulo que desencadeie respostas típicas da éspecie, ou seja, estabelecidas filogenéticamente; nem tampouco um estímulo cujo significado particular tenha sido aprendido pelo sujeito, assim, não está associado a nenhuma resposta. 4 aceleração dos batimentos cardíacos quando explodem um trovão perto de você, e outras situações semelhantes. Através da associação ou condicionamento uma resposta que foi aprendida em uma dada situação pode ser transferida de uma situação para outra: um certo pavor que ocorre ao som de uma trovoada pode ser transferido para a simples visão de um relâmpago: ao ver o relâmpago você pode se apavorar, porque aprendeu a ter medo do trovão, passa apresentar este medo diante do raio, já que aprendeu que este normalmente precede à trovoada. De modo geral estas associações ou condicionamentos ocorrem à revelia da nossa consciência: dois eventos que ocorrem no mundo real “se juntam” em seu significado, independente de você tomar consciência de que está “juntando” ou aprendendo esta associação, ela acontece. Digamos assim: a parte do cérebro que aprende assim, não nos pergunta se queremos ou não aprender_ ela aprende o que aconteceu e pronto! Muito do que aprendemos acontece por causo do nosso interesse, nossa vontade, bem como, pelas nossas atitudes e ações. Nem tudo se passa desta forma, como é o caso das associassões que ocorrem ao acaso, como nos condicionamentos. Mesmo que você como professor possa não usar os condicionamentos como metodologia de ensino, é importante conhecer sua contribuição na vida das pessoas. Medo, pavor e fobias podem ter muito a ver com estes processos de aprendizagem. O Psicólogo muitas vezes é chamado para ajudar na “dessensibilização” em relação ao estímulos que desencadeiam estas reações, e isto consiste basicamente em “desaprender” estas associações. “Aprendizagens erradas” são o riscos deste tipo de aprendizagem a que estamos sujeitos pelo simples fato de estarmos vivos: se por um lado esta aprendizagem pode ser fundamental para nossa sobrevivência_ uma única queimadura pode nos levar a nem chegar mais perto da chama (um condicionamento operante importante. 5 por outro lado, podemos estar aprendendo “bobagens” como quando alguém relata sobre gatos pretos e sextas-feiras 13, ou mesmo, vivermos sob o domínio do medo_ um acontecimento muito negativo que ocorreu no nosso primeiro dia de aula (um condicionamento reflexo), pode nos levar a ter horror de freqüentar a escola! Uma criança que está iniciando na escola. Estudar matemática é um estímulo neutro (Sn). Durante a aula o professor grita (Si), levando o sujeito a uma resposta de batimentos cardíacos acelerados e mal-estar (Ri). O acontecimento de repetidas aulas associando a matemática aos gritos do professor (Rc), transforma o estímulo neutro em condicionado, há uma contaminação: assim a aula de matemática passa a produzir os batimentos cardíacos acelerados emal-estar. O que são respostas reflexas? São aquelas atividades que também não precisam da nossa decisão consciente para ocorrer. Um bom exemplo relaciona-se aos batimentos cardíacos_ serão acelerados a medida em que corro ou em que levo um susto; retardados se me acalmo com uma música suave, o relaxamento, etc. As respostas reflexas ocorrem no nosso corpo através de músculos involuntários, como é o caso do músculo cardíaco, e de glândulas endócrinas, como as que produzem adrenalina, acetilcolina, etc. Estas respostas reflexas podem ser ou motoras, glandulares ou emocionais. Edward Lee Thorndike (1874-1949), cientista dos EUA, que trabalhava com um gato faminto dentro de uma gaiola, observou que os gatos emitiam vários comportamentos na tentativa de conseguir a comida e também que seu desempenho melhorava com as tentativas que fazia. Edward Lee Thorndike (1874-1949), cientista dos EUA, observou principalmente gatos famintos para descobrir como os animais aprendiam. Os 6 animais eram colocados em locais que exigiam que encontrassem uma solução para sair ou encontrar a comida, assim chegou a Lei do Efeito. Concluiu que os animais e inclusive o homem, resolvem os seus problemas através da aprendizagem por ensaio-e-erro. Assim ele propôs a lei do efeito: as conseqüências resultantes aos comportamentos são determinantes para que estes se repitam ou não. Para osujeito do experimento, conseguir abrir a porta da gaiola levava a obtenção da comida, e portanto, aí está a lei do efeito! A aprendizagem por tentativas ou ensaio-e-erro é muito importante para os animais em geral e o homem em particular. A exploração e também a curiosidade por si só já contribuem para que se busque conhecer as coisas e ao lado disto às conseqüências positivas que nossas ações têm_ podem nos manter como pessoas que buscam ativamente o conhecimento_ se formos felizes nisto, além da satisfação de descobertas interessantes, podemos receber reconhecimento do nosso grupo social já as conseqüências negativas, como pode acontecer se colocarmos o nariz num frasco de amoníaco, ou o professor dando nota baixa porque você fez uma pesquisa por conta própria! CONDICIONAMENTO OPERANTE O condicionamento operante ocorre quando as conseqüências que se seguem a um comportamento (operante) aumentam ou reduzem a probabilidade de que este seja realizado. As ações, gestos realizados através da musculatura voluntária e que repercutem no ambiente, recebem o nome de operante ou instrumental, exatamente pela qualidade de alterar o ambiente. Se uma criança faz a lição de casa e 7 recebe parabéns toda vez que isto ocorre, a conseqüência positiva aumenta a probabilidade de que ela continue fazendo os deveres de casa: podemos falar que estamos diante de um condicionamento operante. Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), também era psicólogo dos EUA. Ele continuou o trabalho de Thorndike no estudo da aprendizagem. Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), nasceu na Pennsylvania, EUA. Concluiu o segundo grau e ingressou na universidade, graduando-se em literatura inglesa e línguas românicas, em 1926. Depois de formado, Skinner pensou em seguir a carreira de escritor, mas decidiu-se pelo curso de pós-graduação em Psicologia Experimental, na Harvard University. Aí obteve os títulos de Master e PhD. É o fundador da Análise Experimental do Comportamento e do Behaviorismo Radical, eminente psicólogo, é um dos mais importantes pensadores e cientistas do século XX. Ele salientou que as conseqüências que se seguem ao comportamento determinam sua parendizagem. Introduziu a noção de comportamento operante: aqueles que resultam do trabalho de músculos esqueléticos (voluntários) e que causam alteração (ões) no meio ambiente. Como esta alteração é notável, o comportamento que a provoca é chamado de operante ou tamém, de comportamento instrumental. Além disto, também estabeleceu o conceito de estímulo reforçador ou reforço: à medida que um determinado comportamento é emitido, ele produz uma conseqüência_ quando esta consequência aumenta a probabilidade de 8 um comportamento ocorrer, ele é chamado de reforço ou reforçador positivo. Um exemplo: um rato é privado de água. Os comportamentos que permitem a ele ganhar a água podem são comportamentos operantes com uma consequência positiva _ ganhar água; ou seja, serão mantidos (enquanto durar a sede) e á água é um reforço positivo para estes comportamentos. Um rato pode ser privado 48 horas de água. Estando com sede, ele fica “motivado” para beber. Numa caixa de Skinner, pode ser observado e também pode aprender a bater uma barra para receber água. Caixa de Skinner: pode ser uma caixa composta em laterais de alumínio, pintada com tinta eletrostática epóxi, teto e frente confeccionado em acrílico transparente, fecho magnético na porta, barras de aço inox com sistema de acionamento pelo animal, com bebedouro na parte inferior, luz de 40 watts e com 5 intensidades. Relógio digital com mostragem de 5 dígitos, sendo: horas, minutos, segundos e décimos de segundos, com chave para início e parada da contagem do tempo de experimento e ainda chave de pressão para reset do relógio. Piso em barras de aço inox. Gerador de estímulo sonoro de 1Khz até 90 db. Sensor de infravermelho. As caixas de Skinner são projetadas para serem operadas, tanto no modo autônomo quanto no modo automático. 9 Através da modelagem o sujeito aprende de forma fácil e rápida o comportamento alvo: bater na barra, pois foi reforçado ao londo de uma série de aproximações em relação a este. Como a barra está acoplada a um mecanismo que abaixa uma concha num reservatório e traz água para o sujeito ele aprende a bater na barra para rceber água. Está feito o condicionamento operante. Outro fato importante é que através do uso do reforço, é possível ensinar comportamentos ou colocá-los em extinção. Há muitas maneira de se reforçar os comportamentos, de acordo como o modo de organizar as consequências a ele. Esta organização é chamada de esquema de reforço: reforço contínuo ou intermitente. Alterando-se o número de respostas que são exigidas do sujeito para receber o reforço, pode-se estabelecer reforço com razão fixa ou razão variável. Outro aspecto a considerar é o tempo que “damos” ao sujeito até ele responder, ou seja, o intervalo de tempo: ele pode ser reforço com intervalo fixo ou com intervalo variável. A organização como o reforço é oferecido é importante para definir o padrão de respostas que o sujeito vai dar. Do ponto de vista didático, a caixa de Skinner é um instrumento importante para entender como isto se passa. No entanto nas condições de trabalho do ser humano encontramos muitas situações semelhantes a esta organização, como a existência de comissões em função de vendas realizadas; os períodos das avaliações escolares, etc. Reflita sobre isto. Entre outras aprendizagem que são importantes para o organismo no seu meio estão discriminação e generalização. Na caixa de Skinner, onde o 10 rato aprendeu a beber água batendo na barra, passamos a libera á água apenas na presença de luz e não liberamos no escuro. Rapidamente o animal aprende a discriminação a situação: a partir daí só trabalha, ou seja, só bate na barra, se a luz estiver acesa. Depois disto, podemos ensinar uma generalização, como, luz _ como condiçao para receber o reforço_ pode ser qualquer das intensidade de luz disponíveis_ existem várias intensidades desde uma bem fraca passando por outras e por fim, uma mais forte. Um exemplo de punição na situação na caixa de Skinner seria se ao tocar a barra o animal ao invés de água, ganhasse um choque, ou seja um estímulo muito negativo, que causa dor e desconforto. Como, o que determina se algo é um estímulo reforço ou punitivo, é a consequência para o organismo, e isto também é resultado de sua história: o que é bom, agradável e desejável para alguém, pode não ser para outrém. Muitas vezes o que era para ser uma punição, vira um reforço positivo e também muitas vezes ela não resolve os problemas que as pessoas buscam resolver e até, ao contrário, criam outros problemas.Por isto, é muito questionável do ponto de vista ético usar punição (para os animais também), por isto ela é desaconselhada! E em situações de sala de aula por exemplo, recomenda-se o uso de outras estratégias, como o reforço de comportamentos incompatíveis (ficar responsável pela lousa, pela organiozação da sala, etc.) com aqueles indesejáveis (sair do lugar, não fazer a tarefa, etc.). Descrito de modo atualizado, como aparece em Mattana (2004), dizemos que para estudar o comportamento seguindo esta abordagem, é preciso entender a relação entre o que o organismo faz, a situação que antecede (e acompanha) este comportamento e a situação que se segue a ele. 11 SITUAÇÃO AÇÃO CONSEQUÊNCI A O que ocorre antes ou Aquilo que o O que acontece junto à ação do organismo faz depois da ação do organismo organismo Skinner, defendia, o rigor científico, trabalhava preferencialmente no laboratório, e fez grande parte dos seus experimentos com animais. Ainda assim, aplicou os príncipios psicológicos que construiu à educação, tendo proposto uma máquina de ensinar e por isto é considerado o pai da instrução programada, que aplica estes princípois. Na perspectiva comportamentalista ou behaviorista, o homem é um produto do meio em que vive, e ele está sujeito às contingências do meio. Ao nascer o homem ingressa em um mundo já construído e que possui padrões de comportamentos aceitáveis; caso os indivíduos emitam comportamentos indesejáveis estes poderão ser modificados se as condições do meio forem modificadas, e cabe à escola e à sociedade ensinar os comportamentos adequados. A educação sob esta orientação pedagógica se fundamenta na transmissão do conhecimento e de comportamentos adequados, éticos, para se viver em sociedade, e tem por finalidade promover mudanças nos indivíduos. Mudanças desejáveis são conseguidas através do reforço. A escola aqui é vista como uma agência de controle social e está diretamente ligada a outras agências de controle social como: governo, igreja, política e economia. Nesta abordagem, o professor é um usuário das tecnologias de ensino: planeja aulas e controla os estímulos reforçadores, reforçando somente quando os alunos emitirem comportamentos adequados com o objetivo de que os alunos tenham um desempenho máximo. Assim, a ênfase é dada à produção individual dos alunos e no programa planejado pelo professor, que avalia o discente no processo de 12 aprendizagem e dá o retorno (retroalimentatação) ou feedback prontamente às suas ações. O tempo entre a ação do sujeito e o resultado dela, é um dos elementos para definir um estímulo como reforçador ou não, assim, provas e avaliações realizadas devem ser corrigidas rapidamente e os resultados conhecidos pelos alunos. A escola pode se servir de conceitos trazidos pela corrente Behaviorista, com destaque a que devemos dar sempre preferência a criar ambiente agradável de ensino e isto inclui usar sempre que possível o elogio (ou reforço positivo) para os comportamentos adequados (em substituição a chamar a atenção para os inadequados). Se esta orientação não parece garantir como lidar com conceitos complexos, ou com muitas formas de ensino-aprendizagem, ela pode ser bastante útil para modelar certos procedimentos. Caso você precise treinar um padrão motor complexo como aquele exigido para escovar os dentes, talvez um discurso sobre a saúde e a higiene não seja tão efetivo como você ir passo a passo com o sujeito, ensinando cada um dos gestos exigidos, e dando reforço a cada padrão novo conseguido! Situações como esta do exemplo acima existem na sala de aula, com as pessoas ditas “normais”, mas pode ser mais importante ainda, no caso com os sujeitos que têm necessidades especiais. Pense uma situação em sala “normal” em que este sistema pode ser a diferença de qualidade! Pense um exemplo em sala com a “situação especial”. O rigor com a organização do ambiente, e de como se lida com ele contribui muito também em situações do cotidiano ou em casos de tratamento terapêutico com certos tipos de problemas, como autismo, pessoas com TOC, e outros problemas, em que um tratamento cognitivo pode ser complicado. Às vezes as condições do sujeito são em si impeditivas de uma reinterpretarão e resignificação de fatos, como são os tratamentos cognitivos, posto que algumas das dificuldades destas pessoas pode incluir também déficits cognitivos. 13 A teoria behaviorista radical – que exclui variáveis intervenientes entre o estímulo (do ambiente) e a resposta (do sujeito) deixou de ser muito popular. Alguns psicólogos oriundos desta corrente integraram-se com outras correntes de Psicologia, especialmente o cognitivismo. Por outro lado, muitas das descobertas realizadas por psicólogos desta corrente behaviorista continuam validadas e ainda podem ser utilizadas em diversas áreas, não só a educação. A força desta corrente advém da atenção dada ao ambiente (externo) bem como ao rigor da sua organização. Assim, psicólogos orientados nesta corrente tem tido sucesso em lidar com pacientes refratários a procedimentos orientados por outras correntes e alguns distúrbios podem ilustrar isto, com o TOC, e o autismo. Tratamentos complexos, muitas vezes podem ser inviáveis, e ao invés disto, vale mais organizar o ambiente em torno, de modo a tornar suas vidas a melhor possível, a mais produtiva e mais feliz. Para pessoas portadoras de deficiência mental, autismo, ou de alguns outros distúrbios, a organização do ambiente e a manutenção de uma rotina são fundamentais e necessárias. A abordagem comportamentalista pode ser bastante adequada nestes casos, exatamente pela atenção que dá às contingências do ambiente. Ao lado das medidas de organização da rotina e do ambiente, cabíveis a cada caso, o psicólogo deve estar atento também ao envolvimento dos demais membros da comunidade nesta tarefa. 16. 3 APRENDIZAGEM SOCIAL Imitar, aproveitar a experiência dos outros...os mecanismos sociais de aprendizagem... 14 A teoria da aprendizagem social aceita vários princípios da teoria behaviorista, mas destaca outros aspectos tais como atitude, crenças, etc., ou seja, as influências sociais na aprendizagem, e pode ser situada como uma articulação entre o behaviorismo e o cognitivismo. O papel da imitação no desenvolvimento já é bem conhecido. Albert Bandura, psicólogo que estuda nos EUA a aprendizagem social, destaca também o papel da aprendizagem por observação, a também chamada aprendizagem vicária. Albert Bandura nasceu no Canadá. Recebeu seu grau de bacharel em Psicologia na Universidade da Columbia Britânica em 1949. Foi presidente da APA (American Psychological Association), e em 1973, e recebeu prêmio desta por Contribuições Científicas em 1980. Ele continua a trabalhar em Stanford. O sujeito que emite um comportamento funciona como um modelo para os outros: o status deste sujeito, bem como, as conseqüências do comportamento contribuem para que o modelo seja seguido. Os modelos podem ser os adultos; as crianças ou os jovens da mesma idade, seus coetâneos; o personagem do filme; da novela, etc. Nossa compreensão sobre a importância desta forma de aprendizagem tornou-se melhor a partir da descoberta de que existem neurôniosespelhos: eles acham-se espalhados nas partes fundamentais do cérebro: córtex pré-motor, centros da linguagem, empatia e da dor e disparam não só no momento em que realizamos uma ação, mas também quando observamos alguém realizar esta ação. 15 Em certas situações é fácil observar que um gesto de uma pessoa logo é seguido por outras pessoas, como se houvesse um contágio social. Pensa-se que estes contágios podem contribuir para os entrosamentos do grupo. Um exemplo interessante deste tipo de fenômeno ocorre por exemplo com o bocejo. REFERÊNCIAS DAVIDOFF, L. Introdução à Psicologia. São Paulo: McGraw-Hill Ltda., 1983. DOBBS, D. Reflexo revelador: neurônios-espelhos in Revista Viver Mente&Cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: SegmentoDuett0, n.161, jun/2006. GAONAC’H, D. et GOLDER, C. Profession enseignant, Paris: Hachette, 1995. http://www.psicologiacomanda.hpg.ig.com.br/pavlov.htm acesso em 07/07/2005. MATTANA, P. E. Comportamentos profissionais do terapeuta comportamental como objetivos para sua formação. Florianópolis, dissertação de mestrado, Pós-graduação em Psicologia/UFSC, 2004. NUNES DA CUNHA, R. e VERNEQUE, L. P. S. Notícia: Centenário de B. F. Skinner (1904-1990): uma ciência do comportamento humano para o futuro do mundo e da humanidade1 (Psic.: Teor. e Pesq. vol.20 no.1 Brasília Jan./Apr. 2004) http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010237722004000100014&script=sci_arttext&tlng=pt WOOLFOLK, A. Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. SUGESTÃO DE LEITURA: 16 A INFLUÊNCIA COMPORTAMENTO DE FILMES VIOLENTOS EM AGRESSIVO... A MORTE DE SKINNER AUTO-EFICÁCIA E BOURNOUT BEHAVIORISMO COLETÂNEA DOS ARTIGOS PUBLICADOS NO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO DE 25/08/90 SOBRE A MORTE DE SKINNER SKINNER E A MÁQUINA DE ENSINAR manter ou trocar? DEFINIÇÕES DO HUMANO EM SKINNER E RORTY PSICOLOGIA PODE SER UMA CIÊNCIA DA MENTE? B. F. SKINNER TEORIA MORAL DE SKINNER E DESENVOLVIMENTO HUMANO SUGESTÃO DE FILME: LARANJA MECÂNICA Título Original: A Clockwork Orange 17 Gênero: Ficção Científica, Tempo de Duração: 138 minutos Ano de Lançamento (Inglaterra): 1971 No futuro, Alex (Malcolm McDowell), líder de uma gangue de delinquentes que matam, roubam e estupram, cai nas mãos da polícia. Preso, ele é usado em experimento de condicionamento reflexo destinado a refrear os impulsos destrutivos, mas acaba se tornando impotente para lidar com a violência que o cerca. Recebeu 4 indicações ao Oscar. CÃO DE BRIGA Título Original: Danny the Dog Gênero: Ação Tempo de Duração: 102 minutos Ano de Lançamento (EUA / França / Inglaterra): 2005 Direção: Louis Leterrier Elenco: Jet Li (Danny); Morgan Freeman (Sam); Bob Hoskins (Bart ) Com roteiro de Luc Besson, Cão de Briga é um filme eletrizante com cenas de lutas de tirar o fôlego. Danny é um garoto órfão que foi criado pelo gângster Bart para ser uma potente arma de guerra. Quando é retirada sua coleira ele parte para o combate, esmagando quem estiver na frente. Melhor É Impossível (As Good As It Gets) 18 1997 - Comédia Atores: Jack Nicholson, Helen Hunt, Greg Kinnear, Cuba Gooding Jr., Skeet Ulrich, Shirley Knight, Jesse James, Yeardley Smith, Lupe Ontiveros, Bibi Osterwald, Randall Batinkoff, Brian Doyle-Murray, Diretor: James L Brooks, Duração: 138 minutos, Origem: EUA Escritor neurótico, sarcástico e mal-humorado não mede esforços para humilhar quem quer que cruze seu caminho. Mas sua vida muda quando um golpe do destino o força a conviver com uma simpática garçonete e com seu vizinho, um artista gay. Oscars de melhor ator e atriz para Nicholson e Hunt. O AVIADOR Título original: The Aviator Gênero: Drama Ano: 2004 País de origem: Japão, Estados Unidos Distribuidora: Warner Duração: 169 min. Dirigido por Martin Scorsese. Com: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, John C. Reilly, Alec Baldwin, Alan Alda, Kate Beckinsale, Ian Holm, Danny Huston, Gwen Stefani, Jude Law, Frances Conroy, etc. O Aviador ("The Aviator") conta a história de um dos personagens mais fascinantes dos Estados Unidos no século 20. Antes do final da Primeira Guerra (1914-1918), um jovem órfão herda uma próspera empresa texana que produzia caríssimas brocas para perfuração de poços de petróleo. Seu nome era Howard Hughes e ele mostraria ser uma mistura de cineasta, mecânico, gênio e louco. ATIVIDADES DE REVISÃO: 19