RELATÓRIO DE EVENTO____________ Título: ARQUIVOS MÉDICOS: gestão e pesquisa científica Data: 06 de outubro de 2005 Fórum: Fórum Permanente de Arte e Cultura Coordenação: Prof.Dra. Laura Ward (FCM e CONSUL/SIARQ) e Neire do Rossio Martins (AC/SIARQ) Relator: Vera Lucia Nascimento dos Santos (AC/SIARQ) Relatório: O fórum contou com 3 mesas/conferências, totalizando 11 apresentações: 1. Arquivos médicos como fontes de pesquisa: a importância dos prontuários e dos arquivos médicos para a pesquisa médica 1.1. Informações em Saúde: as demandas em um novo contexto sanitário - Marilisa Berti Azevedo Barros 1.2 Arquivos médicos como fontes de pesquisa: a importância dos prontuários e dos arquivos médicos para os Registros de Câncer - Nazira Mahayri 1.3 Arquivos médicos como fontes de pesquisa: experiência do Grupo de Estudos em Doença de Chagas quanto à importância dos prontuários na pesquisa - Sandra Cecília Botelho Costa 2. Gestão de arquivos médicos e novas tecnologias de registro 2.1 Arquivos médicos da Unicamp: organização, uso e desafios diante de velhas e novas demandas - Gislaine A. Fonsechi Carvasan e Carlos Henrique Oliveira de Paula 2.2 Experiências do Arquivo Médico da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Zilah Vilela Lemos Faria da Silva 2.3 Arquivos de Imagens Médicas: a experiência do InCor - Ramon Alfredo Moreno 2.4 O prontuário eletrônico do paciente: unindo tecnologias e pessoas - Heimar F. Marin 3. Aspectos éticos e legais dos arquivos médicos: responsabilidades médicas e direitos do paciente 3.1 Prof.Dr.Flávio César de Sá e Prof. Dr. Aloísio José Bedone 4. Palestra: A Legislação arquivística e os documentos médicos - Paulo Roberto Elian dos Santos As apresentações abordaram a importância dos prontuários médicos para a pesquisa médicocientífica, através dos registros de informações em saúde, essenciais para o planejamento, a programação e a gestão das intervenções em saúde coletiva e individual, do estabelecimento de estatísticas de mortalidade e morbidade comparáveis e confiáveis. Levando-se em consideração a necessidade de informações bem registradas no prontuário, e a de que os mesmos devem ser bem documentados. Na palestra principal foi abordado o conceito de prontuário do paciente, adotado pela Câmara Setorial de Arquivos Médicos do Conselho Nacional de Arquivos e já amplamente adotado em eventos nacionais, em contra posição ao conceito de prontuário médico. Em relação às Resoluções do CFM 1638/2002, define prontuário medico e torna obrigatória a criação da Comissão de Revisão de Prontuários nas Instituições de saúde e 1639/2002, aprova as "Normas Técnicas para o Uso de Sistemas Informatizados para a Guarda e Manuseio do Prontuário Médico", dispõe sobre tempo de guarda dos prontuários, estabelece critérios para certificação dos sistemas de informação e dá outras providências, destacou que os documentos de pacientes podem ser eliminados, desde que as instituições médicas e de saúde, formalizem comissões de avaliação de documentos, submetidas a instituição arquivística de sua esfera de atuação (federal, estadual, municipal). Foram abordadas também a legislação arquivística e o estabelecimento de planos e ações com relação aos arquivos médicos, concebidos nos marcos de uma Política Nacional de Arquivos e de uma Política Nacional de Informação em Saúde. A gestão de arquivos médicos conforme relatos de experiências dos arquivos médicos da Universidade e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto em contraste com as novas tecnologias de registro - o prontuário eletrônico do paciente -, um desafio para as instituições públicas, e os aspectos éticos e legais dos arquivos médicos: responsabilidades médicas e direitos do paciente. O fórum contou com 145 inscritos pela Internet, totalizando 111 participantes de diversas instituições hospitalares da região, que elaboraram diversas questões e posicionamentos à respeito da questão, QUESTIONAMENTOS Dra. Lílian abordou a questão da otimização da sistematização das informações no prontuário médico; a questão dos volumes em casos de doenças crônicas, por exemplo, como agilizar? Destacou a importância que outros paises dão a documentação médica como fonte primária de pesquisa, favorecendo o desenvolvimento da ciência médica. Dr. Fernando levantou a questão sobre as mudanças na forma de assistência que as novas tecnologias permitem, tais como troca de e-mails entre médico e paciente. Dr. Zeferino sugeriu que o principal alvo do Fórum deveria ser os médicos e enfermeiros, responsáveis pelo preenchimento dos formulários que compõem o prontuário, esses sim deveriam ser envolvidos nos projetos de melhoria dos registros, no acesso e da gestão desses documentos. Dra. Mary ressaltou que, além do seu valor original que é o registro e a condução do tratamento de pacientes, os documentos médicos importam para a pesquisa médica, mas, é sobretudo um importante instrumento para a gestão hospitalar, pois é a partir deles que se extraem estatísticas de atendimento, custos etc. e por isso deve se investir em melhorias nessa área. Sra. Neire apresentou o Arquivo Central do Sistema de Arquivos –SIARQ, da UNICAMP e sua responsabilidade enquanto órgão orientador de arquivos; a Lei federal n.8.159 de 08 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados; e discorreu sobre conceito de arquivo e documento arquivístico e as responsabilidades dos gestores de instituições públicas em seu gerenciamento, acesso e preservação, tendo em vista as implicações legais e éticas envolvidas. Dra. Nazira argumentou a possibilidade em se recuperar o contexto histórico a partir das informações contidas no prontuário médico, porém há dificuldades de coletas de informações para a pesquisa médica, devido ao mau preenchimento dos formulários contidos no prontuário médico, geralmente a caligrafia é ilegível; é importante que os dados coletados nos prontuários pelos registradores garantam a qualidade da informação. Sugeriu que todo prontuário deveria trazer uma folha de ‘rosto’ com um resumo para facilitar o atendimento, no caso dos volumes. Dra. Sandra levantou a multiplicidade de arquivos de prontuários médicos que surgem em ambulatórios por necessidade de pesquisas especializadas, ocasionadas, entre outras causas, pela falta da agilização do acesso aos prontuários principais; além de citar a criação de informações paralelas e complementares importantes de serem compartilhadas com a comunidade médica; Sra. Neire sugeriu incorporar/reproduzir no prontuário essa informações paralelas, como forma de garantir o acesso a toda comunidade. Sr. Ramon Moreno, apresentou experiências do InCor na adoção de sistema de gerenciamento de imagens médicas, onde destacou a agilização das buscas de informações, mas, levantou a preocupação com a preservação digital por longo tempo. Dr. Paulo Elian apresentou a RESOLUÇÃO CONARQ Nº 20, DE 16 DE JULHO DE 2004, que dispõe sobre a inserção dos documentos digitais em programas de gestão arquivística de documentos dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos e das experiências da Câmara Setorial de Documentos Médicos do Conselho Nacional de Arquivos. Apontou as Resoluções do CFM que deve ser seguida por instituições de saúde para a avaliação de documentos médicos, arquivamento e reprodução, bem como os requisitos para a informatização de procedimentos e documentos médicos; fez um paradoxo do prontuário eletrônico, discordando da comparação entre o prontuário tradicional e o eletrônico, que este modelo é questionável, principalmente no aspecto da preservação, dada a vulnerabilidade do suporte, enquanto o modelo antigo ainda funciona, atendendo a demanda do momento. Discorreu sobre a questão da depreciação do profissional de arquivo e a necessidade de sua - valorização e capacitação profissional. Citou a existência de um curso de Registro de Informação em Saúde à nível médio, com duração de 1 ano – modalidade Técnico em Arquivos Médicos e um Curso de Especialização, oferecido pela FIOCRUZ. Quanto aos procedimentos da digitalização/microfilmagem, sobre a questão de avaliação/preservação, sugeriu que enquanto não se definir destino não jogar o suporte papel. Sra. Neire apresentou conceitos que baseiam a avaliação de documentos como valor primário – administrativo, legal, jurídico; e valor secundário – pesquisa histórica e cientifica. PROPOSTAS FINAIS 1. Encaminhar propostas à Direção da Faculdade de Ciências Médicas para melhorar a produção dos registros médicos e a gestão arquivística dos documentos do paciente; 2. Criação de um grupo de estudos para propor soluções internas no que se refere aos arquivos médicos 3. Criação de um grupo de estudos para a sistematização das sugestões e propostas tiradas do fórum, inclusive, sobre a produção do prontuário e preenchimento do mesmo; 4.Convidar profissionais de outros SAMEs da região para debaterem os problemas comuns e apresentarem soluções em conjunto, ou seja, através do estabelecimento de parcerias; melhorar a qualidade dos registros contidos no prontuário, para garantir a pesquisa médica e criar um canal de comunicação entre eles; 5. Inclusão nos Cursos da FCM de graduação e pós-graduação, de disciplina da produção e gestão de prontuários médicos;