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C o m e n t á r i o
E d i t o r i a l
Insuficiência Renal Aguda como complicação de
Síndrome Neuroléptica Maligna
O desenvolvimento de insuficiência renal aguda como complicação de
outras patologias no paciente internado está associado a piora
importante do prognóstico. Pacientes severamente enfermos internados
em UTI apresentam alto risco de desenvolvimento de insuficiência renal
aguda (IRA) e, freqüentemente, necessitam de tratamento dialítico.
Apesar dos avanços no conhecimento da fisiopatologia da IRA e dos
avanços tecnológicos do tratamento dialítico, a recuperação da função
renal e o prognóstico do paciente com IRA não tem melhorado em anos
recentes. Assim, parece lógico o investimento na prevenção da IRA,
particularmente
no
paciente
internado.
Apesar
disso,
poucos
investigadores têm se preocupado com isso. Em nosso meio, devido às
condições precárias de monitorização de estado de hidratação, o
nefrologista tem “pesadelos” ao imaginar certas situações. Essa
preocupação é particularmente importante para pacientes internados em
unidades de pronto-socorro e pacientes internados em unidades de
especialidade não clínicas, tais como as unidades psiquiátricas.
No presente número o JBN, o Dr. Antonio Dantas Silva Jr. 1 e os
colegas do Grupo de insuficiência Renal Aguda da Nefrologia do HCFMUSP, ilustram um caso de IRA como complicação de síndrome
neuroléptica malígna (SNM). Neste caso, o paciente estava internado em
unidade psiquiátrica quando desenvolveu o quadro de SNM, com
hipertermia e hipertonia e desidratação, desencadeando rabdomiólise
(documentada através da elevação da CPK) e IRA nefrotóxica/isquêmica.
Os autores fazem uma bela revisão de literatura sobre a associação de
SNM e IRA e ressaltam a possibilidade de prevenção pelo reconhecimento
precoce, hidratação vigorosa e alcalinização urinária. Vale ressaltar
aqui que o desfecho do paciente em questão poderia ter sido pior caso
a equipe clínica tivesse sido chamada mais tarde. No congresso da
Sociedade Americana de Nefrologia de 1996, o Prof. Ravindra Mehta
apresentou resumo de trabalho no qual estudou o desfecho de pacientes
com IRA, de acordo com o tempo que passou entre a instalação da IRA e
o pedido de interconsulta com o nefrologista. Após ajuste para índices
prognósticos (APACHE-III) através de análise multivariada, observou-se
que a demora em chamar o nefrologista associou-se a pior prognóstico.
Esses resultados podem estar a sugerir que as medidas de preservação
da função renal instituídas pelos nefrologistas podem ter impacto
positivo na função renal, reduzir a necessidade de diálise e
influenciar positivamente no prognóstico de pacientes com risco de
desenvolvimento de IRA.
Miguel Cendoroglo Neto
Professor Adjunto, Disciplina de Nefrologia. EPM/UNIFESP
R e f e r ê n c i a
1.
Silva Jr AD, Galvão PCA, Flores SV, Burdmann EA, Yu L. Insuficiência renal
aguda na síndrome neuroléptica maligna. J Bras. Nefrol. 1998; 20(4):
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