O USO DE TEXTOS FILOSÓFICOS PARA O ENSINO DA ÉTICA. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS PARA O ENSINO DE FILOSOFIA CRIAÇÃO DE CONCEITOS AO DEPARAR-SE COM OS PROBLEMAS E POR MEIO DOS TEXTOS FILOSÓFICOS, ESPERASE QUE O ESTUDANTE POSSA PENSAR, DISCUTIR, ARGUMENTAR E QUE NESSE PROCESSO CRIE E RECRIE PARA SI OS CONCEITOS FILOSÓFICOS. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS QUATRO MOMENTOS: - MOBILIZAÇÃO - PROBLEMATIZAÇÃO - INVESTIGAÇÃO - CRIAÇÃO DE CONCEITOS MOBILIZAÇÃO PARA O CONHECIMENTO • Não é ainda uma atividade propriamente filosófica; • Utiliza-se de diversos recursos: filme, obras de arte, texto jornalístico ou literário, música, charges, trabalho de campo, entre outros; • Deve instigar, provocar, mobilizar, desafiar, para pensar o problema; • Não pode ser confundida com provocar emoções, sentimentos de pena, culpa, piedade. PROBLEMATIZAÇÃO • Os problemas filosóficos são encontrados nos textos filosóficos e recorrentes na atualidade. • Problematizar significa formular questões sobre a significação, a estrutura, a razão, a intenção, a finalidade e o sentido do pensamento sobre a realidade. INVESTIGAÇÃO • Investigar é exercitar o pensamento de forma metódica buscando elementos, informações, conhecimentos para discutir o problema; • A investigação deverá recorrer à História da Filosofia e aos clássicos, seus problemas e possíveis soluções sem perder de vista a realidade onde o problema está inserido. CRIAÇÃO DE CONCEITOS • É o processo pelo qual o estudante se apropria, pensa e repensa os conceitos problematizados e investigados da tradição filosófica em função dos problemas próprios; • Espera-se que o estudante possa argumentar de forma verbal e escrita utilizando os conceitos apropriados de forma lógica, coerente e original (criação de conceitos). AVALIAÇÃO NO ENSINO DE FILOSOFIA • Função diagnóstica (não para medir); • Subsidiar, redimensionar a ação; • Respeito ao estudante, suas posições e argumentações; • Pressupõe: leitura, debate, produção de textos, pesquisa, atividades investigativas e de fixação; • Avaliar a capacidade de argumentação, identificando os limites da suas idéias, apresentando disposição para rever suas posições. PROBLEMAS ABORDADOS PELA OFICINA • É possível e importante, para o exercício da atividade filosófica, trabalhar com os textos clássicos em sala de aula? • Esse uso dos textos contribui para a experiência filosófica de nossos alunos? • Como abordar um texto filosófico diante da falta de hábito de leitura do estudante, da sua dificuldade vocabular, do preconceito contra o texto filosófico, considerado de antemão como algo desinteressante e ininteligível? • É possível um estudo sistematizado em sala de aula? • Como trabalhar com a Antologia de textos filosóficos? • Por onde começar a abordagem? • É preciso uma abordagem do contexto histórico do texto? • A leitura de obras filosóficas tem especificidades? • Qual o caminho para ensinar ética através dos textos filosóficos? • É possível que essa tarefa se torne agradável aos alunos a ponto deles reconhecerem sua importância? A IMPORTÂNCIA DO USO DOS TEXTOS FILOSÓFICOS • O texto é peça essencial no ensino de filosofia, pois é a partir dele que se pensa, se investiga e se produz; • O fazer filosófico é análise, interpretação e produção; • Sem o uso do texto a aula pode transformar-se em discussões sem fim, sem critérios; • O texto garante a possibilidade crítica da filosofia, e oferece aparatos para reconhecer a estrutura das próprias ideias ou das concepções que a rodeiam; • Ele tem uma estrutura lógica, formal e trata de tentativas de dar respostas a perguntas especiais – filosóficas; • A filosofia é atividade de pensamento, mas efetiva-se culturalmente através do texto, se realizando através do ler e escrever filosóficos; REALIDADE DE SALA DE AULA: • Distanciamento de boa parte dos estudantes em relação a textos, e principalmente, de textos que exigem um alto grau de complexidade e abstração. • Deficiência comumente percebida nos estudantes em relação a leitura e a escrita; • Dificuldades em aspectos fundamentais da linguagem, como ortografia, concordância, e coerência textual; Como desenvolver com estes alunos a leitura e a escrita estritamente filosóficas perante problemas de leitura e escrita tão graves? LEVANTAR PROBLEMAS E MOSTRAR AOS ALUNOS QUE: • OS PROBLEMAS FILOSÓFICOS SE EQUIPARAM AOS PROBLEMAS COTIDIANOS; • TRATAM SOBRE TODO E QUALQUER SER HUMANO; • MAS ENCONTRAM AS MAIS DIVERSAS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO EM ESCRITOS TRADICIONALMENTE RECONHECIDOS COMO FILOSÓFICOS. É DIFICÍL COMPREENDER ESTES TEXTOS? QUAL O GRAU DE COMPRENSÃO DOS NOSSOS ALUNOS SOBRE O TEXTO FILOSÓFICO? • INFELIZMENTE CONSTANTEMENTE TEMOS QUE VOLTAR ÁS QUESTÕES MAIS BÁSICAS DA LEITURA; • FALTA APARATOS AOS ALUNOS; • EXISTE NEGLIGÊNCIA (ACHAM QUE O TEXTO É LONGO, RUIM DE LER, É RENEGADO). RESULTADO A COMPREENSÃO ALCANÇADA REFERE-SE A UM ASPECTO BASTANTE PRIMÁRIO – MAS O NECESSÁRIO PARA APREENSÃO DA ESTRUTURA, DO VOCABULÁRIO, DA INTENÇÃO DE UM TEXTO. Elementos para a leitura dos textos filosóficos • A filosofia é reexame e redefinição de conceitos. • Os conceitos não são dados, mas construídos, e isso constitui uma parte importante da atividade filosófica. • É preciso, portanto, analisar o movimento que instala os conceitos fundamentais de uma teoria. • Um texto filosófico é sempre uma tentativa de dar uma resposta a um problema. Para aquele que investiga em filosofia cabe, encontrar esta resposta e entender o caminho argumentativo. • A compreensão em um texto filosófico se dá na capacidade de perceber elementos e movimentos próprios de cada texto. • O próprio discurso filosófico cria as condições de sua autovalidação. • O discurso filosófico manifesta-se através de uma grande variedade de gêneros textuais; • Os textos filosóficos são aqueles que discutem tópicos que já têm sido objeto de debate no seio de uma tradição chamada de tradição filosófica. • O texto filosófico se distingue do texto científico (linguagem geralmente artificial e restrita; a definição dos conceitos é ponto de partida e não de chegada), jurídico e teológico (possuem códigos e leis que os fundamentam), ou literário (universal sob a forma individual, fictício e busca despertar emoções). • Para realizar sua tarefa autofundante, ou seja, para realizar sua tarefa crítica, a Filosofia tem que proceder a um exame dos conceitos mais básicos. • A dificuldade para compreender o discurso filosófico decorre do fato de que quanto mais básico é um conceito, temos menos coisas sobre as quais nos apoiar para discutilo. • Uma outra dificuldade para a compreensão de um texto filosófico advém de que nesses textos estão presentes diferentes ordens, que resultam difíceis de reconhecer através dos recursos usuais que fundamentam a coesão textual. • Cada nova leitura nos permite aprofundar sua compreensão, nos permite ver novos aspectos que até então tínhamos negligenciado. É por isso que leitura e entendimento de um texto filosófico são tarefas que nunca acabam. • Nos textos filosóficos, os argumentos não se encontram isolados. Uma conclusão obtida nos serve como suporte, como premissa de uma nova argumentação e assim por diante. • A filosofia constitui o seu próprio vocabulário, mas apropriando-se das categorias oferecidas pela língua natural. • O conceito não é apenas uma entidade assinalável através de um vocábulo, mas exerce uma função de organização da ordem interna do discurso. Confere unidade ao discurso em suas reaparições. • Em uma filosofia, unidades de sentido são fixadas, ligadas, hierarquizadas, constituindo um universo de significação autônomo, na medida em que obedece a regras rigorosas de coerência interna. Como fazer a leitura de um Texto Filosófico? Etapas da leitura: • Leitura impressiva. Começa por fazer uma primeira leitura repousada, sem preocupações técnicas. Se trata apenas de apreender a ideia geral, o problema que está a ser abordado pelo autor. De que é que ele está a falar? • Leitura Explicativa. Trata-se de: Entender o significado das palavras e das frases utilizadas pelo autor. Nesta tarefa podes e deves recorrer a Dicionários ou Histórias da Filosofia. Dialogar sobre o assunto. Precisar a ideia central do texto e algumas das questões que a mesma envolve. • Leitura Compreensiva. Nesta leitura se trata de apreender a ideia central do texto e de compreendê-lo no seu conjunto. Como é que o autor pensa. Como desenvolve o tema? Que ideias secundárias apresenta? Como justifica as suas posições? Quais as ideias que procura refutar? O nosso ponto de vista. Quais as ideias que consideramos principais e secundárias? Cada leitor não deixa de ter a sua própria perspectiva do texto, de acordo com as suas vivências, saberes, etc. Este fato traduz-se em diferentes perspectivas sobre o mesmo assunto, contribuindo desta forma para uma compreensão mais ampla e multifacetada do próprio texto. • Comentário Crítico. Existem muitas formas de fazer um comentário crítico. Passos recomendados: Contextualizar o texto. Relacionar o texto com outros textos, criando um verdadeiro diálogo intertextual. A quem pertence e em que época viveu? Quais as ideias do seu tempo? Qual o lugar do texto no conjunto da Obra do autor? Em que contexto histórico foi escrita? Que circunstâncias históricas rodearam a sua elaboração? O texto dialoga com que ideias do seu tempo? etc. É fácil perceber que muitas destas questões podem ser colocadas logo no início, no meio ou no fim da Leitura do texto. Em todo o caso, devem ser repensadas no final. • Avaliar o texto. Com base nos elementos anteriores, deve analisar-se agora a própria relevância do texto. O que é que ele trouxe de novo? O que é que avança em relação ao pensamento de filósofos anteriores ou contemporâneos? Os argumentos expostos são convincentes? Possuem lacunas e incoerências? Que valor tem estas ideias para o nosso tempo? Ao longo deste processo estamos sempre a incorporar as nossas próprias ideias sobre o assunto, nomeadamente pela forma como destacamos umas questões em vez de outras, como encadeamos as perguntas, etc. • Dissertação A dissertação filosófica é um exercício à parte, mas é o exercício filosófico por excelência. Por que é nesta fase que o aluno tem a oportunidade de apresentar um trabalho por escrito, o qual será lido, avaliado e corrigido pelo professor. • COSSUTTA, Frédéric. Elementos para a leitura dos textos filosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 1994. • SEVERINO, Antonio Joaquim. Como ler um texto de filosofia. São Paulo: PAULUS, 2008. • FOLSCHEID, D. Metodologia filosófica. São Paulo: Martins Fontes, 2002. ÉTICA E MORAL MOBILIZAÇÃO Dinâmica: E se eu fosse invisível? Música: Quatro vezes você PROBLEMATIZAÇÃO Como definir quando uma conduta é boa ou má, virtuosa ou viciosa? Por que, por exemplo, a coragem era considerada na antiguidade como uma virtude e a covardia, vício? Porque os costumes, são anteriores ao nosso nascimento e formam o tecido da sociedade em que vivemos, são considerados inquestionáveis e quase sagrados ? Por que devemos respeitar as regras morais e princípios éticos? “Toda cultura e cada sociedade estabelece uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido, e à conduta correta, válidos para todos os seus membros. Culturas e sociedades fortemente hierarquizadas e com diferenças muito profundas de castas ou de classes podem até mesmo possuir várias morais, cada uma delas referida aos valores de uma casta ou de uma classe social.” (Marilena Chaui) Somos formados pelos costumes de nossa sociedade, que nos educa para respeitarmos e reproduzirmos os valores propostos por ela como bons e, portanto, como obrigações e deveres. Dessa maneira, valores e maneiras parecem existir por si e em si mesmos, parecem ser naturais e intemporais, fatos ou dados com os quais nos relacionamos desde o nosso nascimento: somos recompensados quando os seguimos, punidos quando os transgredimos. • ÉTHOS (COM E LONGO)= PROPRIEDADE DE CARÁTER • ÉTHOS (COM E CURTO) = COSTUME (GREGO/ USO ARISTOTÉLICO) • ÉTHICOS = MORALIS = USOS E COSTUMES (LATIM) (ERNST TUGENDHAT) TRADICIONALMENTE MORAL: refere-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros. ÉTICA: estudo da ação correta e de sua fundamentação, ou seja, ela busca fornecer o princípio do que é ético. Que princípio devemos usar para justificar essas ações corretas, como fundamentar esse princípio. CONOTAÇÕES FREQUENTES LIGADAS ÁS PALAVRAS MORAL ÉTICA Comportamento Teoria, ciência Sistema fechado de normas Questionamento ou teoria aberta Religioso, confessional Secular, pluralista Conservadora Prospectiva, aberta Por que devemos respeitar normas morais? Filmes: Bem X Mal DIFERENTES RESPOSTAS NA HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA ARISTÓTELES AGOSTINHO TRATADO DE VIVER FELIZ •Busca do Bem Supremo, da felicidade, que se realiza pela virtude; •Bem Supremo = o que realiza plenamente o homem; • Educação do caráter (consciência); • É vinculada a política. • Aplicada ao cidadão da pólis. DEUS Os critérios de bem e mal estão vinculados à fé e à esperança de vida após a morte; Princípios revelados por Deus que tudo vê. (pecado, culpa, consciência) MODERNIDADE IDADE CONTEMPORÂNEA KANT NIETZSCHE APEL HABERMANS TUGENDHAT J. RAWLS UTILITARISMO DEVER RAZÃO ????????????????? A ética é a obrigação de agir segundo regras universais, comuns a todos os seres humanos por serem derivadas da razão; Se agir contra esse dever incorrerá em ato de irracionalidade; Independe do contexto social; Imperativo Categórico Nietzsche critica a moral tradicional, derivada da religião judaico-cristã, pelo fato de subjugar os instintos e as paixões à razão, considerando-a como "moral dos escravos", que nega os valores vitais e promove a passividade e o conformismo, resultando no ressentimento. NIILISMO RELATIVISMO RAZÃO COMUNICATIVA CONTRATO PELO BEM COMUM BEM DA MAIOR PARTE POSSÍVEL Trabalho em grupo com os textos: Como cada texto responde a questão ética?