Grandes catástrofes mexem conosco. Elas nos aterrorizam porque nos obrigam a enfrentar a nossa fragilidade diante do mundo. E por horas e horas ficamos atentos, entramos num solidário estado de choque, dor e medo. Mas passado o primeiro susto, voltamos a uma vida normal, porque é assim, a vida continua. E continuam também as grandes catástrofes, independentes de nós, só que em pedacinhos, sem que tenhamos consciência. Morrem muito mais pessoas de acidentes de carro por dia que quando um avião cai. Morre muito mais pessoas de fome no mundo por dia do que as que se vão quando um navio afunda. Não... isso não é um consolo! Mas precisamos tomar consciência que o terror que nos assombra dos grandes acontecimentos deveria nos deixar alertas a cada dia para o que somos e do quanto nosso coração não nos pertence. Quando nossa hora chega, ela chega, quer estejamos numa viagem ou deitamos na nossa cama. O Senhor tem nosso coração nas mãos, mas nós nos esquecemos disso. Assim, vamos vivendo como se fôssemos donos de nós, quando na verdade estamos somente cumprindo nossa parte na escritura do livro da existência. Cada dia, para cada um de nós, é um capítulo que se termina. Nossas últimas páginas, nossas últimas linhas e nosso ponto final continua um mistério. E isso deveria nos alertar para tomarmos consciência do quanto é importante sermos bons, estarmos preparados com nossa candeia acesa, nosso coração escancarado ao perdão, à compreensão e ao amor incondicional. Créditos: Texto: Letícia Thompson www.leticiathompson.net Imagens: Internet Música: Albione – Adagio Formatação: Beth Norling E-mail: [email protected]