TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

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TRANSTORNO DE ESTRESSE
PÓS-TRAUMÁTICO - TEPT
Mariângela Gentil Savoia
AMBAN - HC-FMUSP
CAISM – ISCMSP
APORTA
FCMSCSP
Hans Selye
“Estresse é a resposta do
organismo às demandas a ele
impostas” 1936
Estresse
• Todos os organismos são expostos à
riscos no curso de suas vidas:
destruição do organismo
destruição do seu “nicho” social
Conceito de estresse
• Todos organismos, de bactérias ao
homem desenvolveram
mecanismos para lidar com
mudanças significativas no seu
ambiente interno ou externo :
estressores
• O medo e a ansiedade
estados emocionais proximamente
relacionados
são um legado evolutivo, fazendo o
indivíduo evitar um perigo próximo ou
distante, e desta forma, evitar sua
destruição
A ansiedade mantém alerta para que
seja possível um desempenho
máximo sob estresse
Categorias de estressores que
os seres humanos vivenciam
EVENTOS VITAIS
EVENTOS TRAUMÁTICOS
(FORA DO CONTEXTO VIVÊNCIAL)
Eventos vitais
• Os eventos vitais constituem exigências de
adaptação à vida dos indivíduos e representam
um número comum de experiências que são
relevantes para a maioria das pessoas. Fazem
parte da experiência humana normal como
a perda de alguém que amamos muito, que,
embora não seja uma ocorrência
freqüente, faz parte da vida.
Eventos vitais
• Local de trabalho - pressões do tempo ,
conflitos inter e intrapessoais, aspectos
físicos do local de trabalho
• Assuntos pessoais - saúde, preocupações
financeiras, nascimento de filho, entre
outros
• Meio ambiente - mudança de cidade, local
onde mora
Eventos Traumáticos
FORA DO CONTEXTO VIVENCIAL NORMAL
Causaria sofrimento a todos os sujeitos a
eles expostos
Estressores crônicos X agudos
• São eventos, ou fontes, que dão origem a
um estado de tensão – estresse durante
períodos prolongados de tempo, de um
modo geral associados a depressão e
doenças médico-sistêmicas
• Agudos – pontuais – um único evento que
modula a resposta do sujeito
TEPT
Indivíduos que sofrem deste transtorno
vivenciaram um evento traumático que
normalmente não ocorre na vida da maioria
das pessoas
Histórico
• Em 1890 Seguin propõe separar o diagnóstico de
neurose traumática da histeria e neurose de
compensação
• Neurose de guerra (2ª guerra)
• Vítimas do Vietnã e vítimas de estupro – décadas
de 50 e 60
• 90 anos depois surge na DSM III o primeiro
diagnóstico específico para vítimas de
catástrofes ou violência
Dimensão do problema
• Embora veteranos de guerra tenham sido os
primeiros pacientes a receber o diagnóstico
PONTA DO ICEBERG
• 60 % dos americanos – evento traumátic
• 5 % das crianças abuso sexual
• (Mac Farlane, 2002)
• Pacientes com PTSD costumam
utilizar os serviços gerais de
saúde de maneira
desproporcional. Curiosamente,
relutam em procurar ajuda na
área de saúde mental (Solomon
and Davidson, 1997).
• O transtorno pouco é diagnosticado,
acredita-se que pela minimização e
negação dos sintomas por parte dos
pacientes, por falha na obtenção de
uma história de trauma pelos
profissionais de saúde e pelo alto
índice de quadros comórbidos
associados (cerca de 80% dos
indivíduos com PTSD sofrem de
alguma outra patologia psiquiátrica)
(Davidson and Connor, 1999).
Natureza do Trauma
• Eventos traumáticos causam uma
realidade interna e externa que destroem
ideais e crenças sobre controle, segurança
e evitação da dor e do sofrimento
• Exemplos: desastres, guerra, estupro,
tortura, violência predatória e acidentes
O enfrentamento desta questão é uma
interface entre o social o psicológico e o
biológico
Natureza do Trauma
• Evento traumático:
“um evento estressante que causaria
sofrimento a todos sujeitos”
De fato, após o trauma mais de 90 % dos
sujeitos têm sintomas característicos
Janela biológica de 4 semanas
DSM IV -TR
TEPT
• Assalto violento
• Seqüestro
• Tortura
• Catástrofes naturais: enchentes, desabamentos
• Violência sexual: abuso, estupro
• Experiências de combate: soldados, policiais,
bombeiros
TEPT
• Acidentes: carro, ônibus, avião, explosões,
incêndios
• Diagnóstico de doença com risco de morte
• Morte súbita de pessoa amada ou amigo próximo
• Estar presente em situações violentas: acidentes
graves, assassinato, brigas em estádios
• Ataques terroristas
TEPT
Revivescência intrusiva do(s) evento(s) traumático(s)
através de:
• Flashbacks
• Pesadelos
Estes são acompanhados de:
TEPT
• Ansiedade intensa
• Esquiva de qualquer situação ou lembrança
relacionada ao trauma
• Embotamento das emoções
• Aumento da excitabilidade
Eventos comuns
• acidentes (automobilísticos, náuticos, com
aeronaves ou acidentes industriais, etc);
• desastres naturais (furacões, tornados,
terremotos, maremotos, tempestades,
enchentes, etc);
• militares (servir em campo de combate,
tornar-se prisioneiro de guerra ou de
campo de concentração);
EVENTOS “INCOMUNS”
• violência sexual (tentativa de ou
estupro efetivado, incesto);
• agressão física (restrição física,
seqüestro ou encarceramento,
espancamento, assaltos, tiroteios,
tortura, inanição, terrorismo);
• perda súbita de entes queridos;
• testemunhar algum evento
traumático.
Efeito
• O impacto do evento estressor
geralmente
causa
respostas
subjetivas importantes como medo,
horror, sensação de desamparo e
impotência
(Foa, Davidson & Frances, 1999).
Dimensão do trauma
• Kessler (1995)
60,7 % dos homens > experiência traumática
51,2 % das mulheres > experiência
traumática
Tipos de eventos
1.Homens
Acidentes
Combate
Testemunhar violência e morte
2. Mulheres
Estupro ou violência sexual
Violência física
Fenomenologia do Transtorno de
Estresse Pós-Traumático
Memórias intrusivas
• Repetição aleatória ou desencadeada por
estímulos do ambiente (reais ou
simbólicos) de memórias intrusivas de
caráter aversivo
• Geralmente sob a forma de pesadelos ou
flashbacks com vivênca sensorial nítida
• Grande resposta de estresse, fisiológica e
psicológica
Evitação de estímulos e anestesia
afetiva
• Evitação fóbica de respostas emocionais
• Estado dissociativo, afeto empobrecido,
não responsivo ao meio
• Não há sensação de satisfação antes
vivênciado nas mesmas situações
• Há forte esquiva de desencadeadores de
memórias
Sintomas de hiperexcitação autonômica
•
•
•
•
•
Distúrbio de sono
Sobressaltos
Problemas de concentração e memória
Hipervigilância
Irritabilidade
Essa reação ao stress traumático pode
aparecer após um período de latência e
pode aparecer na vítima sobrevivente, em
pessoas próximas ou aquelas que prestam
socorro (bombeiros, médicos
intensivistas, paramédicos, enfermeiros).
DSM IV TR
A. Exposição a um evento traumático no qual os
seguintes eventos estiveram presentes:
• A pessoa vivenciou ou testemunhou eventos traumáticos
reais ou sob a forma de ameaça: morte, ferimentos graves,
ameaça à integridade física de si ou de outras pessoas
• Resposta de medo, impotência ou horror
DSM IV-TR
C. Esquiva de estímulos relacionados ao trauma e
embotamento da responsividade geral indicado por
ao menos três dos seguintes itens :
• Esquiva de pensamentos, sentimentos ou conversas
relacionadas ao trauma
• Esquiva de atividades, locais ou pessoas que que lembrem o
trauma
• Incapacidade de recordar algum aspecto importante do
trauma
DSM IV-TR
C. Esquiva de estímulos relacionados ao trauma e
embotamento da responsividade geral indicado por
ao menos três dos seguintes itens :
• Diminuição de interesse ou da participação nas atividades em
geral
• Sensação de distanciamento ou afastamento das outras
pessoas
• Restrição dos afetos (incapacidade de sentir carinho)
• Sentimento de um futuro limitado
DSM IV-TR
D. Sintomas persistentes de excitabilidade
aumentada indicado por ao menos dois dos seguintes
itens :
• Insônia
• Irritabilidade ou raiva
• Dificuldade de concentração
• Hipervigilância
• Sobressaltos
DSM IV-TR
E. Duração de ao menos um mês
F. Sofrimento psíquico ou prejuízo significativo em
alguma área importante da vida (trabalha, vida
acadêmica, vida social)
Especificar: agudo, crônico ou de início tardio
PREVALÊNCIA
Exposição a situações traumáticas têm
prevalência elevada:
 70% das pessoas experimentaram ao menos
um evento traumático ao longo de suas vidas
(Kessler, 2000)
PREVALÊNCIA
Ao longo da vida
ECA
NCS
1 a 2%
7,8%
Davidson e cols (1991)
Kessler e cols (1995)
•FATORES DE RISCO
•NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO DO PAÍS
•Quanto menor, maior a possibilidade de traumas
por violência social, política ou étnica
•Exemplos:
•Refugiados da Bósnia nos EEUU: 65% sofriam de
TEPT
•Crianças palestinas expostas à guerra: 73%
•
FATORES DE RISCO
TRANSTORNOS MENTAIS PREGRESSOS
• Transtornos de humor
• Outros transtornos ansiosos
• Abuso e dependência de substâncias
Aumentam o risco dos indivíduos expostos a eventos
traumáticos desenvolverem TEPT. O risco é maior
ainda em mulheres com episódio de depressão maior
anterior
FATORES DE RISCO
OUTROS
• História de trauma ou maus tratos na infância
• Transtornos de personalidade
• Ocupação: policiais, bombeiros
• Sexo: mulheres são mais vulneráveis
MODELO DA AQUISIÇÃO DO
INÍCIO DOS SINTOMAS
As manifestações clínicas do TEPT geralmente NÃO
ocorrem como conseqüência imediata do trauma
Após o evento traumático, há duas possibilidades:
1. O indivíduo se ajusta e o quadro não evolui
2. Há um comprometimento progressivo
O que levaria alguém a desenvolver TEPT?
MODELO DA AQUISIÇÃO DO
INÍCIO DOS SINTOMAS
A habilidade do indivíduo para
modular a resposta ao estresse
agudo e restabelecer a homeostase
psicológica e biológica
McFarlane, 2000
CONSEQÜÊNCIAS DA EXPOSIÇÃO
TRAUMÁTICA A LONGO PRAZO
Curso:
 Flutuante, podendo haver remissão e
recrudescimento dos sintomas ao longo de anos
 Pode haver também sintomas residuais - que não
preenchem os critérios para o diagnóstico de TEP
Neste último caso os sintomas depressivos e
ansiosos predominam em relação aos sintomas
intrusivos e de esquiva
CONSEQÜÊNCIAS DA EXPOSIÇÃO
TRAUMÁTICA A LONGO PRAZO
TRANSTORNOS COMÓRBIDOS SECUNDÁRIOS
• Transtornos de humor
• Outros transtornos ansiosos
• Abuso e dependência de substâncias
Observou-se que o risco elevado para transtornos
secundários desaparecia com a remissão do TEPT
CONSEQÜÊNCIAS DA EXPOSIÇÃO
TRAUMÁTICA A LONGO PRAZO
SUICÍDIO
Pessoas com TEPT têm uma probabilidade SEIS
VEZES maior que os controles de fazer tentativas
de suicídio (Kessler et al., 1999)
CURSO
Crônico e de longa duração - 20 anos ou mais
Boa parte das pessoas com TEPT manifestaram
episódios múltiplos do transtorno associado a
diferentes traumas
Há casos em que o quadro clínico é mais complexo,
com manifestações dissociativas graves
PREJUÍZO FUNCIONAL
TRABALHO
Prejuízo equivalente ao acarretado pela depressão
maior:
• Perda de dias de trabalho ou diminuição no
rendimento no trabalho
• Busca de ocupações menos qualificadas, com
menos responsabilidades e menor remuneração
PREJUÍZO FUNCIONAL
OUTRAS ÁREAS
• Abandono de escola
• Instabilidade no casamento
• Isolamento social
• Parto precoce
INTERVENÇÃO
 Maslow(1970) interpreta o trauma como
uma ameaça à segunda condição básica
do homem: a necessidade de segurança.
O objetivo de qualquer intervenção é criar
a percepção de que o mundo é novamente
seguro, previsível e sem perigo.
INTERVENÇÃO
A intervenção caminha na direção de quão
grave foi a reação ao trauma.
Winje (1996): não é o tipo de trauma e o
tempo de exposição a ele que determina o
efeito dos sintomas. No mesmo acidente,
indivíduos que não sofreram ferimentos
têm suas medidas de sintomas de stress
iguais às dos pacientes feridos.
 Traumas de origem humana.
INTERVENÇÃO
A hipersensibilidade psicológica é a
condição de interpretação que o indivíduo
dá aos eventos traumáticos: condição
essa multideterminada pela condição
biológica (genética e congênita) e pela
história de vida na relação com o meio.
INTERVENÇÃO
Assim, indivíduos com experiências
traumáticas anteriores podem resultar em
indivíduos com mais habilidade de
enfrentamento e maior elasticidade a
eventos traumáticos posteriores ou, ao
contrário, maior vulnerabilidade para
desenvolver respostas de stress a longo
prazo.
Informações claras e precisas são
fundamentais para compor a base do
enfrentamento imediato.
TRATAMENTO
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Objetivos do tratamento farmacológico:
Redução dos sintomas nucleares do TEPT
• Aumento da resistência ao estresse
• Melhora da qualidade de vida
• Redução da comorbidade e da incapacidade
•O uso de medicação: menos efeito do que o
esperado e alteração da auto-eficácia. Porém, pode
aliviar os sintomas. O ideal é que seja associado à
intervenção psicoterápica.
Terapia comportamental cognitiva
TERAPIA COMPORTAMENTAL COGNITIVA
OBJETIVOS
CRIAR A PERCEPÇÃO DE CONTROLE PESSOAL E
ESTABILIDADE.
REDUÇÃO DA ANSIEDADE PATOLÓGICA E
AUMENTO HABILIDADES DE ENFRENTAMENTO
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