Tema 16 – Comunicação O homem é um homo loquens, ou seja

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Tema 16 – Comunicação1
O homem é um homo loquens, ou seja, um homem da linguagem. Ele constrói
o seu mundo, suas relações, seu espaço por meio da linguagem. “É um homem
falante que encontramos no mundo, um homem que fala a outro homem, e a
linguagem faz saber a definição mesma do homem” (Émile Benveniste).
As pessoas não vivem isoladas nem são autossuficientes. Elas se relacionam
continuamente com outras pessoas ou com seus ambientes por meio da comunicação.
A palavra “comunicação” vem do latim comunicare, que significa por em
comum, “trocar experiência por meio de ideias, sentimentos e emoções”.
A
comunicação
é
um
instrumento
de
integração,
troca
mútua
e
desenvolvimento entre as pessoas em quaisquer atividades realizadas. Ela não ocorre
de forma linear; quando você franze a testa, gesticula, escreve, fala etc., está se
comunicando, portanto, quando estou emitindo uma mensagem, estou em contato
com o meio e percebendo o que acontece. Exemplificando: quando estou em sala de
aula falando sobre um conteúdo, estou também recebendo sinais. Um aluno franze a
testa: isso pode ser um sinal de que não concordou ou não entendeu. Ao perguntar o
que está acontecendo, tenho uma retroalimentação no processo.
A figura abaixo nos mostra que, ao mesmo tempo em que estamos
transmitindo uma mensagem, também estamos recebendo mensagens.
1
UNIP Interativa - Professora conteudista: Leonor Cordeiro Brandão - 2010
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Em todo o sistema de comunicação, a fonte, comunicador ou emissor fornece
sinais ou mensagens. Essas mensagens são codificadas, transformando-as em
formas ao canal. O canal leva a mensagem. O receptor procura decodificar a
mensagem. Não podemos dizer que houve comunicação só porque enviamos uma
mensagem. Para que a comunicação seja eficaz, é preciso que haja a compreensão
de seu significado.
A escolha do canal de comunicação adequado é de extrema importância, pois
os canais diferem em sua capacidade de transmitir informação. Alguns são ricos na
capacidade de:
•
administrar pistas múltiplas (gestos, postura, entonação,
•
expressões);
•
facilitar retorno rápido;
•
ser muito pessoais.
A escolha de um canal em detrimento do outro vai depender do tipo de
mensagem (rotineira ou não).
A comunicação somente se efetiva quando o destino interpreta e compreende
a mensagem. Isso significa que a comunicação é um processo de mão dupla e
envolve necessariamente um processo de retroação.
Comunicação interpessoal
Comunicação entre duas pessoas, seja em situação face a face ou em grupo,
em que as partes são tratadas como indivíduos e não como objetos. Podemos nos
comunicar de forma oral, escrita e não verbal.
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Comunicação organizacional
Comunicação entre diversos indivíduos ou grupos.
A comunicação dentro da organização pode se dar a dois, estabelecendo
contatos pessoais ou profissionais, e nos grupos de trabalho, seja dentro do próprio
grupo (comunicação intragrupo) ou de grupos de trabalho com outros grupos de
trabalho (intergrupos).
Funções da comunicação dentro de uma organização
Segundo Robbins (2004), dentro de um grupo ou organização, a comunicação
cumpre quatro funções básicas:
1. Controle: controlar o comportamento dos membros. As orientações formais
que devem ser seguidas pelos funcionários (normas, regulamentos etc.).
2. Motivação: quando esclarece o que deve ser feito, como o funcionário está se
saindo e o que pode ser melhorado.
3. Expressão emocional: grupos de trabalho são fontes de interação social, e a
comunicação que ocorre dentro do grupo permite a expressão de sentimentos;
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4. Informação: a comunicação fornece informações, permitindo a tomada de
decisão.
Como o processo de comunicação funciona como um sistema aberto é comum
ocorrer problemas. Quando ela se estabelece mal ou não se realiza entre pessoas que
estão juntas, ou entre grupos, nós dizemos que há:
•
Ruído: significa uma perturbação indesejável que tende a distorcer,
deturpar ou alterar de maneira imprevisível a mensagem transmitida.
Podemos entender ruído como alguma perturbação interna do sistema, e
interferência, como algo externo, vindo do ambiente. É o que acontece
quando uma mensagem é distorcida ou mal interpretada.
•
Filtragem: quando a comunicação é recebida em parte, a comunicação
existe, mas não é recebida por inteiro. Pode ser também que o emissor
manipule as informações e só comunique aquilo que é visto como mais
favorável.
•
Bloqueio: quando a mensagem não é captada e a comunicação é
interrompida.
Barreiras no processo de comunicação
•
Barreiras pessoais: decorrem das limitações, emoções e valores humanos
de cada um. As mais comuns em situações de trabalho são motivações,
interesses, deficiências no ouvir, efeito de halo, medo, preconceitos,
diferença de status, percepção seletiva.
•
Barreiras físicas: interferências que ocorrem no ambiente em que
acontece o processo de comunicação. Um trabalho que possa distrair,
espaço físico (paredes que se antepõem entre a fonte e o destino), ruídos,
distância.
•
Barreiras semânticas: são as limitações decorrentes dos símbolos por
meio dos quais a comunicação é feita. Palavras, símbolos, gestos.
Segundo Robbins (2004), existem alguns obstáculos organizacionais à
comunicação; dentre eles:
•
Sobrecarga de informações: grande número de informações dirigidas a
uma só pessoa.
•
Pressões do tempo: quando informações precisam ser transmitidas em
um curto espaço de tempo. A informação precisa chegar de forma precisa e
completa em ocasião apropriada.
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•
Clima organizacional: é necessário um clima de confiança para que haja
credibilidade na comunicação recebida.
•
Tecnologia: a comunicação por fax, e-mail, Internet apresenta a
possibilidade de ser menos transparente; pode causar a sensação de certo
isolamento social e, muitas vezes, é utilizada para assuntos que deveriam
ser tratados pessoalmente.
Nos últimos anos, muito se tem investido nos meios de comunicação, mas,
mesmo assim, continuamos com problemas nessa área. Temos que pensar que o
processo de comunicação envolve mais do que meios, envolve pessoas, e talvez aí
resida o grande desafio, por isso a importância do feedback, no sentido de
retroalimentar e corrigir as possíveis deficiências do processo.
Importância do feedback nas relações interpessoais
Este item é baseado em informações de Rômulo de Souza Paixão.
Significados do feedback
Feedback é um termo eletrônico que significa retroalimentação. “Qualquer
procedimento em que parte do sinal de saída de um circuito é injetada no sinal de
entrada para ampliá-lo, diminuí-lo, modificá-lo ou controlá-lo”. A expressão feedback
pode ser usada em dois sentidos diferentes. No sentido positivo ou no sentido
negativo.
No processo de desenvolvimento da competência interpessoal, feedback é um
processo de ajuda para a mudança de comportamento; é a comunicação verbal ou
não verbal dirigida a uma pessoa ou grupo, no sentido de fornecer-lhes informações
sobre como sua conduta está nos afetando. Feedback eficaz ajuda o indivíduo ou
grupo a melhorar seu desempenho e assim alcançar seus objetivos.
A forma mais simples para se usar este mecanismo corretivo é dizer o que está
ocorrendo; assim, por exemplo, “parece-me que neste momento sua atuação é um
tanto agressiva”. Para tornar-se realmente um processo útil, o feedback precisa ser,
tanto quanto possível:
1. Descritivo, ao invés de avaliativo: quando não há julgamento, apenas o
relato de um evento, reduz-se a necessidade de reagir defensivamente, e
assim a pessoa
1. pode ouvir e sentir-se à vontade para usar aquele dado como julgar
conveniente.
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2. Específico ao invés de geral: quando se diz a alguém que ele é “dominador”,
isso tem menos significado do que indicar seu comportamento em uma
determinada situação, ou seja, especificando o momento em que demonstra tal
atitude.
3. Compatível com as necessidades (motivações) de ambos: comunicador e
receptor – pode ser altamente destrutivo quando satisfaz somente as
necessidades do comunicador sem levar em conta as necessidades do
receptor.
4. Dirigido: para comportamentos que o receptor possa modificar, pois, caso
contrário, a frustração será apenas incrementada, se o receptor reconhecer
falhas naquilo que não está sob seu controle mudar.
5. Solicitado, ao invés de imposto: será mais útil quando o receptor tiver
formulado perguntas que os que o observam possam responder.
6. Oportuno: em geral, o feedback é mais eficaz se for oferecido logo após a
ocorrência da conduta, dependendo naturalmente do preparo da pessoa ou do
grupo.
7. Deve ser esclarecido para assegurar uma boa comunicação: um modo de
proceder é pedir ao receptor que repita o feedback recebido para ver se
corresponde ao que o comunicador quis dizer.
Os insucessos frequentes na comunicação interpessoal têm indicado,
entretanto, que estes requisitos, embora compreendidos e aceitos intelectualmente,
não são fáceis de serem seguidos, tanto no processo de dar como de receber
feedback.
Como superar as dificuldades
1. Estabelecendo uma relação de confiança recíproca para diminuir as barreiras
entre comunicador e receptor.
2. Reconhecendo que o feedback é um processo de exame conjunto.
3. Aprendendo a ouvir, a receber feedback sem reações emocionais (defensivas).
4. Aprendendo a dar feedback de forma habilidosa, sem conotações emocionais
intensas.
Todos nós precisamos de feedback, tanto do positivo quanto do negativo.
Necessitamos saber o que estamos fazendo inadequadamente, como também o que
conseguimos fazer com adequação, de modo a podermos corrigir as ineficiências e
manter os acertos.
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Os dados subjetivos referentes a sentimentos e emoções também são
importantes no processo de feedback. Por exemplo: “Quando você fez aquilo, senti-me
numa situação muito desagradável”. Isso não tem como invalidar os motivos da outra
pessoa, apenas indicar como a ação repercutiu em nós.
Quando recebemos feedback de uma pessoa, precisamos confrontá-lo com
reações de outras pessoas para verificar se devemos mudar nosso comportamento de
maneira geral ou somente em relação àquela pessoa.
O grupo também tem necessidade de receber informações sobre seu
desempenho. Ele pode precisar saber se a atmosfera é defensiva, se há muita rigidez
nos procedimentos, se há subutilização de pessoas e de recursos, qual o grau de
confiança no líder e outras informações sobre seu nível de maturidade como grupo. Os
mesmos problemas envolvidos no feedback individual estão presentes no de grupo,
em maior ou menor grau.
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