Sexismo é termo que se refere ao conjunto de ações e ideias que privilegiam determinado gênero ou orientação sexual em detrimento de outro gênero (ou orientação sexual). Embora seja constantemente usado como sinônimo de machismo é na verdade um hiperônimo deste, já que é possível identificar diversas posturas e ideias sexistas (muitas delas bastante disseminadas) que privilegiam um gênero em detrimento a outro. De maneira geral, o termo é usado como exclusão ou rebaixamento do gênero feminino. Trata de uma posição, que pode ser praticada tanto por homens quanto por mulheres; portanto, o sexismo está presente intragêneros tanto quanto entre gêneros. De acordo com Karin Ellen von Smigay, culturas falocráticas possuem: "um vasto conjunto de representações socialmente partilhadas, de opiniões e de tendência a práticas que desprezam, desqualificam, desautorizam e violentam as mulheres, tomadas como seres de menor prestígio social". 1 Assim, de acordo com esta autora, o sexismo acaba "legitimando a violência contra mulheres e todos aqueles que, em determinadas circunstâncias, são reconhecidos como tendo uma posição feminilizada. Mantido por um pensamento essencialista, atribui qualidades e defeitos que seriam inerentes e específicos de cada sexo".2 De acordo com esta análise, sexismo e homofobia estão estreitamente relacionados. Ações sexistas podem partir de diversos pressupostos, destacando-se os de que: Um gênero (ou uma identidade sexual) é superior a outro. Mulher e homem são profundamente diferentes (mesmo além de diferenças biológicas), e essas diferenças devem se refletir em aspectos sociais como o direito e a linguagem. Existem características comportamentais que são intrínsecas a determinado gênero, de modo que todas as pessoas deste gênero as possuem (visto em generalizações como "todo homem é mulherengo" ou "toda mulher é delicada" ou "todo homossexual é promíscuo"). Diferentes termos podem ser usados para nomear conjuntos de ideias e ações sexistas de acordo com o gênero afetado. O sexismo contra homens é chamado de misandria ou androfobia. O sexismo contra mulheres é comummente denominado de machismo, chauvinismo ou misoginia. As formas de sexismo contra LGBT podem ser genericamente nomeadas como homofobia. Para Daniel Borrillo, tanto o sexismo quanto a homofobia devem ser pensados a partir da ordem pela qual as relações sociais entre os sexos e sexualidades se estruturam: "A ordem (dita natural) dos sexos determina uma ordem social na qual o feminino deve complementar o masculino, o que se realiza com base em uma subordinação psicológica e cultural". Assim, o sexismo, portanto, poderia ser definido como "a ideologia organizadora das relações entre os sexos, no seio da qual o masculino se caracteriza por seu pertencimento ao universo exterior e político, ao passo que o feminino denota intimidade e ligação com o ambiente doméstico". 3 É comum que indivíduos promovam atitudes sexistas contra seu próprio gênero. A forma como a cultura age no imaginário coletivo permite que seja possível encontrar mulheres que defendam que "lugar de mulher é na cozinha" ou homens afirmando que "marido que não procura trabalho é vagabundo", assim como há mulheres e homens que se contrapõem a tais ideários, indistintamente. Como princípio político, o sexismo utiliza o discurso da diferença natural entre os sexos para justificar e legitimar as desigualdades em matéria de direitos políticos. Exemplos de ideias sexistas[editar | editar código-fonte] Apesar das discussões políticas, midiáticas e acadêmicas sobre igualdade de gênero travadas nas últimas décadas, muitas ideias sexistas ainda permeiam a cultura brasileira e explicam parte das diferenças sociais, econômicas, ocupacionais e comportamentais entre os gêneros. Lista de algumas ideias de caráter sexista e de problemas de ordem comportamental, sócio-econômica ou jurídica relacionadas a elas: É dever natural do homem o sustento da família o Evasão escolar precoce de grande parte dos homens, sobretudo nas classes mais pobres, que se veem pressionados a trabalhar para sustentar suas famílias enquanto suas irmãs ou esposas têm maior liberdade para escolherem entre trabalhar ou estudar. Consequente inversão no desequilíbrio educacional relativo a gênero, com as mulheres alçando níveis educacionais mais altos que os homens, em média. 5 6 o Sobrecarga ocupacional masculina (25% dos homens brasileiros economicamente ativos trabalham mais que 49 horas semanais contra apenas 12% das mulheres na mesma condição 7 ) Mulheres devem ser responsáveis pela casa o Alto percentual de mulheres sem ocupação econômica, embora já se concentrem neste gênero os mais altos índices de formação educacional e profissional 8 As mães são mais importantes na formação dos filhos que os pais o Baixíssimo índice de decisões judiciais favoráveis a que a guarda de filhos de casais separados seja dada aos pais ou seja compartilhada entre pai e mãe 9 Homens não choram/ homens devem ser fortes / homem que apanha de mulher é frouxo (e variações destes raciocínios) o Menor procura de indivíduos do sexo masculino por atenção médica em comparação às mulheres 10 o Resistência de indivíduos do gênero masculino em prestar queixa contra suas parceiras quando estes vêm a ser vítimas de violência doméstica 11 Trair é da natureza masculina (mas não da feminina) o Atitudes masculinas violentas, muitas vezes originando crimes de agressão ou contra a vida, quando de suspeita ou constatação de infidelidade conjugal o Rejeição social percebida por mulheres que traem seus companheiros, ao contrário do que ocorre aos homens infiéis. o Contaminação de mulheres casadas por doenças sexualmente transmissíveis contraídas por seus maridos. As mulheres são mais frágeis (ou inocentes) o Predisposição do judiciário a minimizar o papel de mulheres criminosas e a aplicar sobre elas penas mais brandas. o Exclusão "a priori" das mulheres de determinados campos profissionais. Gays são promíscuos/não conseguem controlar seus impulsos sexuais o Maior dificuldade de homossexuais em adotar crianças 12 13 o Dificuldade de reconhecimento por parte do Estado - muitas vezes por influência religiosa - de promulgar uma lei anti-homofobia. 14 o Dificuldade de inclusão em certos grupos sociais, por questão de sexismo ou crença religiosa. Associação errônea entre AIDS e homossexuais, pelo preconceito generalista com origem em estatísticas do Ministério da Saúde 15 o Discriminação contra homossexuais. 16 o Heterossexuais que acreditam nesta crença não dão tanta importância à prevenção de DSTs.17