RECUPERAÇÃO SEMESTRAL (1º SEMESTRE – 2011) Filosofia - ANDRE 2ª Série do Ensino Médio ROTEIRO 1. O nascimento do conhecimento racional na Grécia: Berço da Filosofia e Ciência e da Civilização Ocidental. a) Antecedentes da Civilização Grega: os mitos e a sua significação. Homero e Hesíodo: A Ilíada e a Odisséia; Teogonia, trabalho e os dias. As origens do pensamento ocidental a partir da literatura poética. b) O nascimento da Filosofia: O que significa Razão, o significado da Filosofia nascente, a exigência do raciocínio conceitual, o Universal. As origens históricas da Filosofia: a polis e a invenção da política e da Democracia. 2. O período cosmológico da Filosofia: Pré-socráticos a) Os filósofos da Phisis (natureza): a busca de um princípio primordial e material como fonte originária do mundo. b) Os novos rumos do pensamento ocidental: Vir-a-ser; O Ser Heráclito: O filósofo do Devir: movimento A luta dos contrários, o eterno movimento. A dialética. Parmênides: O filósofo do Ser. O significado do Ser. A natureza: lugar da contradição A verdade (aletheia) e a sua revelação pela Razão. A origem da Metafísica. O campo do raciocínio lógico. 3. O período antropológico ou socrático: O homem, o conhecimento e a verdade, a política e a moral. Platão: “O mito da caverna”: Explicação de sua Filosofia. O mundo das idéias e a verdade. O conhecimento: a dialética platônica= doxa e episteme. O homem: O conhecimento e a teoria da reminiscência. A política: O Rei filósofo. REFERÊNCIAS TEÓRICAS E CONTEÚDOS + Livro de conteúdo teórico + Anotações do caderno ministrado pelo professor em sala de aula + Internet: www.mundodosfilosofos.com.br Será analisado o nível de raciocínio e domínio de conteúdos a partir das questões exigidas e corrigidas pelo professor, incluindo as provas. As questões vão exigir domínio de categorias e conceitos próprios do conhecimento científico, o que exige evitar a linguagem coloquial e vulgar. 1 LISTA DE EXERCÍCIOS 01 O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia à cosmologia. Aqui se destacam os Présocráticos que têm como abordagem cosmológica o exposto nas alternativas seguintes, por isso analise-as e marque a alternativa correta. I. II. III. IV. A busca de um princípio constitutivo (archê), causa e fundamento de todas as coisas existentes, como fonte originária; essa causa encontra-se nos mitos de criação; os pré-socráticos procuram uma razão filosófica para sustentar as concepções míticas. Os pré-socráticos considerados os primeiros filósofos têm uma preocupação com uma filosofia antropológica, por isso têm como objeto de investigação os homens, nos seus pensamentos e nas suas ações, por isso refletem sobre os princípios éticos e morais da sociedade grega. Tales, Empédocles, Demócrito, Heráclito, Parmênides e outros, são chamados de pré-socráticos, pois buscam a arché, causa ou origem, princípio constitutivo de todas as coisas, baseados em fundamentos teóricos, por isso, suas reflexões são de caráter cosmológico. Esses pensadores, com seus argumentos teóricos perscrutam um princípio, (arquê), fundamento causal de todas as coisas; o pensamento deste momento se caracteriza pela preocupação e pelo desafio de conhecer a natureza do mundo exterior, o que pode-se denominar de uma filosofia da natureza ou cosmologia. Estão corretas apenas: a) II e III b) I, II e IV c) III e IV d) I e II e) III 02 As palavras Cosmogonia e Cosmologia estão presentes no estudo da origem da filosofia. No entanto, possuem características e conteúdos diferentes, porque se referem a dois tipos de discursos distintos em relação à explicação da ordem do universo/mundo. Dessas afirmações em relação à distinção entre Cosmogonia e Cosmologia podemos julgar as assertivas e marcar a alternativa correta. I. II. III. IV. a) b) c) d) A Cosmologia é baseada numa fundamentação racional do discurso teórico e conceitual entre os deuses gregos; a Cosmogonia é a explicação dada pelos filósofos do nascimento dos deuses. A palavra Cosmologia que narra a origem das coisas por meio de lutas entre Urano, Pontos, Gaia; portanto a Filosofia busca na Teogonia, ou seja, nas coisas divinas ou seres divinos a explicação da ordem (cosmo) do mundo. A Filosofia possui um conteúdo preciso ao nascer: é uma cosmologia. A palavra cosmologia é a soma de duas: cosmo significa ordem; logos significa: pensamento, discurso racional, conhecimento. A palavra Cosmogonia vem de duas palavras gregas: do verbo gennao (engendrar, gerar, fazer nascer e crescer) e do substantivo genos (nascimento, gênese, descendência). Assim, Cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a ordem (cosmo) do mundo, a partir de forças geradoras(gennao, genos) pai e mãe divinas. Estão corretas as assertivas II e IV Estão corretas as assertivas I, II e III Estão corretas as assertivas III e IV Estão corretas as assertivas II e III 03 Heráclito de Éfeso viveu os séculos VI e V A.C, e sua doutrina, apesar de criticada pela filosofia clássica, devida ao princípio do devir, foram resgatadas por Hegel, que recuperou sua importante contribuição para a Dialética. Os dois fragmentos a seguir nos apresentam este pensamento. “Este mundo, igual para todos nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida.” (fragmento 30). “Para as almas, morrer é transformar-se em água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, forma-se água, e da água a alma.” (fragmento 36). De acordo com o pensamento de Heráclito, analise as proposições abaixo e marque a alternativa correta. I. II. III. IV. As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão em perfeito acordo sobre a imutabilidade do ser. A expressão “devir” é inadequada para compreendermos a doutrina de Heráclito. Para Heráclito, a idéia de que “tudo flui” significa que nada permanece fixo e imóvel. Heráclito desenvolve a idéia da harmonia dos contrários, isto é, a permanente conciliação dos opostos. Apenas: a) III e IV b) II e III c) I e IV d) I e II e) III 2 04 Os poemas de Homero serviram de alimento espiritual aos gregos, contribuindo de forma essencial para aquilo que mais tarde se desenvolveria como filosofia. Em seus poemas, a harmonia, a proporção, o limite e a medida, assim como a presença de questionamentos acerca das causas, dos princípios e do porquê das coisas se faziam presentes, revelando depois uma constante na elaboração dos princípios metafísicos da filosofia grega. (Adaptado de: REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. v. I. Trad. Henrique C. Lima Vaz eMarcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994. p. 19. ) Com base no texto e nos conhecimentos acerca das características que marcaram o nascimento da filosofia na Grécia, considere as afirmativas a seguir. I. II. III. IV. A política, enquanto forma de disputa oratória, contribuiu para formar um grupo de iguais, os cidadãos, que buscavam a verdade pela força da argumentação. O palácio real, que centralizava os poderes militar e religioso, foi substituído pela Ágora, espaço público onde os problemas da polis eram debatidos. A palavra, utilizada na prática religiosa e nos ditos do rei, perdeu a função ritualista de fórmula justa, passando a ser veículo do debate e da discussão. A expressão filosófica é tributária do caráter pragmático dos gregos, que substituíram a contemplação desinteressada dos mitos pela técnica utilitária do pensar racional. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e III b) II e IV c) III e IV d) I, II e III e) I, II e IV 05 Leia o fragmento com atenção “Parmênides negava a existência do movimento, pois para ele não existia o espaço vazio; sustentou que tudo o que existe é um e que permanece imóvel em si mesmo, sem que encontre algum lugar onde movem-se; estabeleceu também um princípio para o discurso e a ciência da natureza, a partir destes versos: necessário é dizer e pensar que só o ser é; pois o ser é, e o nada ao contrário, nada é: afirmação que bem deves considerar...’ (Fragmentos extraídos de Spinelli, Miguel. Filósofos pré-socráticos. Porto Alegre: Edipucrs, 1998). De acordo como pensamento de Parmênides, assinale a seguir a única alternativa incorreta. a) b) c) d) e) No poema Sobre a Natureza Parmênides afirma que apenas o Ser pode ser dito e pensado. Parmênides, baseando-se em exigências lógicas, conclui que a multiplicidade e a mudança são absurdas. Parmênides, ao contrário de Heráclito, afirma que o que existe não pode estar em movimento e, portanto, a natureza — captada pelos sentidos - não existe verdadeiramente (os sentidos enganam). Podemos concluir a partir do texto que é impossível conhecer aquilo que não existe e, portanto, é necessário determinar que só o Ser é princípio do pensamento e do discurso. Parmênides enfoca que o movimento e a natureza captada pelos sentidos não oferecem o fundamento da verdade, do ser, essência propriamente dita. A doutrina de Parmênides provocou uma ruptura na filosofia dos pré-socráticos, pois instituiu um modo diferente de enfocar os seus problemas, estabelecendo o seguinte princípio: há duas vias de investigação: a do ser em ato e a do ser em potência. 06 O trecho a seguir, do diálogo platônico Fédon, concerne ao modo de aquisição do conhecimento. “É preciso admitir, portanto, que tenhamos conhecido a igualdade antes do tempo em que, vendo pela primeira vez objetos iguais, observamos que todos eles se esforçavam por alcançá-la, porém lhe eram inferiores.” Platão. Fédon. Trad. De Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2002, p. 275, 75 a. A partir do fragmento apresentado, marque a alternativa que expresse corretamente o pensamento de Platão sobre o conhecimento. a) b) c) d) e) Platão distingue duas ordens de realidade: o mundo sensível e o mundo dos deuses. O conhecimento só é possível porque a alma recebe uma informação divina antes que tenha percebido os objetos sensíveis, pois todo conhecimento vem dos deuses. Platão não distingue a realidade inteligível de outra sensível. O conhecimento é o produto das sensações. O conhecimento nada mais é do que a reminiscência dessas sensações. Platão distingue duas ordens de realidade: o mundo sensível e a alma. O conhecimento de todas as coisas só é possível porque as sensações informam a alma sobre o mundo sensível e, a partir disso, formam a reminiscência. Platão distingue uma realidade inteligível de outra sensível. O conhecimento de todas as coisas só é possível porque as percepções advindas dos sentidos desencadeiam a reminiscência das Formas inteligíveis, apreendidas pela razão antes do nascimento. Platão distingue duas ordens de realidade: o mundo sensível, lugar da matéria e da multiplicidade com fundamento do verdadeiro ser, e o mundo inteligível das ideias, essências ou formas eternas sujeito a contingência, por isso realidade de pseudo-ser. 3 07 O método argumentativo de Sócrates (469-399 a.C.) consistia em dois momentos distintos: a ironia e a maiêutica. Sobre a maiêutica socrática, pode-se afirmar que: I. Tinha um caráter catártico, à medida que levava o interlocutor a confessar suas próprias contradições e ignorâncias. II. Buscava trazer à luz um conhecimento presente no interior do interlocutor que, mesmo não sendo definitivo, já superou os preconceitos e aparências, pois é fundamentado na reflexão pessoal rigorosa. III. Tornava o interlocutor um mestre na argumentação sofistica, voltada para o convencimento político e a persuasão. IV. Confirmava que o interlocutor tinha um saber fundamentado em reflexões sobre conceitos claros e precisos, legitimando certezas universais e necessárias. a) estão corretas as assertivas I e II b) estão corretas as assertivas II e III 08 c) estão corretas as assertivas II e IV d) estão corretas as assertivas III e IV Comparando-se mito e filosofia, analisando as assertivas abaixo julgue com (V) as corretas e com (F) as falsas. 1 ( ). Enquanto a função do mito é fornecer uma explicação parcial da realidade, limitando-se ao universo da cultura grega, a filosofia tem um caráter universal, buscando respostas para as inquietações de todos os homens. 2 ( ). A autoridade do mito depende da confiança inspirada pelo narrador, o poeta, o vidente e o sacerdote, ao passo que a autoridade da filosofia repousa na razão humana, especialmente daqueles que buscam a verdade, o conhecimento verdadeiro, como o filósofo. 3 ( ). Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da explicação de realidades passadas a partir da interação entre forças naturais personalizadas, criando um discurso que se aproxima do da história e se opõe ao da ciência. 4 ( ). A filosofia como conhecimento é a negação do mito, pois não aceita contradições ou fabulações, admitindo apenas explicações que possam ser comprovadas pela razão, e por observação e experiências da realidade. 09 “A filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: ‘Tudo é um’. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego”. Fonte: NIETZSCHE, F. Crítica Moderna. In: Os Pré-Socráticos. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 43. Com base no texto e nos conhecimentos sobre Tales e o surgimento da filosofia, considere as afirmativas a seguir e marque (V) e (F) para verdadeiro e falso. 1 ( ). O Pensamento de Tales gira em torno do problema fundamental da origem da virtude. 2 ( ). Com a proposição sobre a água, Tales reduz a multiplicidade das coisas e fenômenos a um único princípio do qual todas as coisas e fenômenos derivam. 3 ( ). A segunda razão pela qual a proposição sobre a água merece ser levada a sério mostra o aspecto filosófico do pensamento de Tales. 4 ( ). A proposição de Tales sobre a água compreende a proposição ‘Tudo é um’. 10 Leia o texto com atenção, julgue as assertivas abaixo e marque a alternativa correta. “Imaginem-se escravos algemados desde sempre com o rosto voltado par o fundo da caverna. O sol que brilha fora projeta sobre a superfície rochosa as sombras que passam pela abertura. Os escravos, por não terem tido outro tipo de contato com a realidade, senão com as sombras moventes não admitem a existência de outros seres além destes. Ocorre que um dos escravos se liberta e busca a luminosidade exterior. No primeiro instante, os raios do sol o cegam. Habituando-se, porém, à luz, percebe o mundo verdadeiro de quem apenas conhecia as sombras, tidas como reais. A alegria da descoberta o faz retornar à prisão para denunciar o mundo de ilusões em que todos vivem. Os companheiros, tomando-o como insolente, matam-no”. SCHULER, Donald. Literatura Grega. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985. p.6l. Apud NADAI, Elza e Neves, Joana. História Geral: Antiga e Medieval. São Paulo: Saraiva. 1994, p.l 29) O mito da caverna é a ilustração de como Platão, filósofo grego, concebia o mundo, analise as proposições e marque a alternativa verdadeira com (V) e a alternativa falsa com (F). 1 ( ). Para Platão, é permitido aos homens comuns libertarem-se do mundo das visões superficiais, para verem as coisas como realmente são. 2 ( ). Na visão alegórica platônica, o sol simboliza a luz da verdade, a caverna e as sombras moventes representam a nossa concepção superficial do mundo, denominada de realidade sensível, material. 3 ( ). O texto piloto sugere que a multidão prefere ver apenas aquilo que lhe interessa, sem se preocuparem a superar a aparência das coisas, portanto, de modo algum esse texto pode ser aplicado aos dias atuais. 4 ( ). As narrativas míticas gregas, ou de qualquer outra cultura no tempo e espaço, não podem ser vistas como algo vazio, sem sentido, pois expressam sempre uma tentativa de resposta aos anseios humanos. 4 11 Leia atentamente o texto, analise as assertivas e julgue-as as com (V) e (F) para as verdadeiras e falsas em relação à filosofia dos respectivos filósofos. Fragmentos 1. “Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio porque suas águas são as mesmas e nós não somos os mesmos”. “O que se opõe a si mesmo está em acordo consigo mesmo; harmonia de tensões contrárias como as do arco e da lira”. “Para as almas, morrer é água; para a água, morrer é terra; da terra, porém, forma-se a água e da água, a alma”. “O fogo vive a morte da terra e o ar vive a morte do fogo; a água vive a morte do ar e a terra a da água”. Fragmentos 2. “é preciso que de tudo te instruas, do âmago inabalável da verdade (aletheia) bem redonda, e das opiniões (doxa) dos mortais, em que não há fé verdadeira. (...) ...eu te direi, e tu, recebe a palavra que ouviste, os únicos caminhos de inquérito que são a pensar: o primeiro, que é; e, portanto, que não é não ser, de Persuasão é caminho, pois à verdade acompanha. O outro, que não é; e, portanto, que é preciso não ser. Eu te digo que este ultimo é atalho de todo não crível, Pois nem conhecerias o que não é, nem o dirias... (...) Pois o mesmo é a pensar e portanto ser. (...) Necessário é o dizer e pensar que o ente é; pois é ser. E nada não é. Isto eu te mando considerar”. CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré- Socráticos a Aristóteles. São Paulo: Brasiliense, 1994, pp. 66-73. 1 ( ). Os fragmentos acima exprimem o pensamento de dois dos mais importantes filósofos do chamado período pré-socrático, os primeiros atribuídos a Heráclito de Éfeso, que compreendia a realidade como fluxo ou devir permanente e eterno, e, os segundos, a Parmênides de Eléia, para quem a realidade é aquilo que permanece sempre idêntico a si mesmo e imutável. 2 ( ). Embora a concepção do Ser ou da realidade seja para Heráclito e Parmênides bastante distinta e até mesmo oposta, é necessário reconhecer que, tanto para um quanto para outro, os sentidos e o senso comum não alcançam o verdadeiro conhecimento, mas engendram apenas a opinião (doxa). Para ambos, apenas o pensamento (logos) pode conhecer a verdade. 3 ( ). Como Heráclito e Parmênides pensavam apenas por metáforas (linguagem figurada), pode-se dizer que estavam muito mais próximos dos poetas, como Homero e Hesíodo, do que dos filósofos e da busca da verdade. 4 ( ). A tese sobre a realidade ou o Ser de Heráclito pode ser expressa, em síntese, da seguinte maneira: “O ser é (existe) e o não-ser não é (não existe)”. Já, a tese de Parmênides se resumiria assim: “O não-ser é (existe) e o ser não é (não existe)”. 12 Com Sócrates inaugura-se o período antropológico do pensar filosófico: a reflexão sobre a condição e a conduta humana, o conhecimento e a Verdade. Como ponto de partida para a busca do saber em Sócrates e a sua herança para o Ocidente. Diante dos seus conhecimentos julgue as assertivas abaixo e marque com (V) as verdadeiras e com (F) as que lhe são impróprias. 1 ( ). 2 ( ). 3 ( ). 4 ( ). Os princípios da filosofia socrática revelam a fraqueza e a fragilidade da natureza humana que sempre depende de algo superior, pois o homem é um ser no mundo, mutável como as coisas, sujeito ao ser e ao não-ser, portanto a verdade somente é encontrada numa realidade exterior, isto é, nas esferas do mundo celestial, morada dos deuses. Segundo a filosofia socrática, a vida humana e seus valores estão submetidos ao domínio da razão. Se o homem é fundamentalmente alma racional, o que o aperfeiçoa é o conhecimento. Nessa perspectiva, Sócrates formulou uma ética racionalista em que a virtude se identifica com o conhecimento. A finalidade do diálogo socrático é universal, pois é ético e educativo: leva a um exame da alma, em que a nova concepção do herói não é aquele capaz de vencer inimigos ou perigos externos, mas aquele que sabe vencer os inimigos interiores; daí a necessidade de exame e auto-reflexão da própria vida. A ironia e a maiêutica como constituinte do diálogo socrático representa um método que tem como ponto de partida a arte de interrogar e reconhecer a própria ignorância do não-saber e, num segundo momento, que é a maiêutica, tem-se o “partejar”, dar à luz novas idéias. A alma só pode atingir a verdade se desejar realmente romper com as aparências, o saber de opinião. 13 O pensamento de Platão (428-347 a.C.) busca superar o contraditório entre as afirmações de Parmênides e Heráclito sobre o Ser. É correto afirmar sobre a filosofia de Platão, os seguintes argumentos analisados abaixo e marcando (V) para os verdadeiros e (F) para os falsos. 1 ( ). Platão vai afirmar o pensamento de Heráclito sobre o fluir de todos os seres e concluir que a aparência sensível das coisas em permanente mudança é que pode nos dar a sua essência. 2 ( ). Platão fará uma distinção ontológica entre o mundo sensível e o mundo inteligível; o mundo sensível, das aparências, é uma ilusão, uma cópia do mundo das idéias, das essências ou formas puras, que é a verdadeira realidade. 3 ( ). Platão volta-se para a afirmação de Parmênides sobre o Ser: que é puro pensamento; mas recusa a afirmação de um só Ser, há seres, que são as idéias. 4 ( ). O mundo sensível só tem existência na medida em que participa como cópia do mundo das ideias. 5 14 Considere a citação abaixo: “Sócrates: Tomemos como princípio que todos os poetas, a começar por Homero, são simples imitadores das aparências da virtude e dos outros assuntos de que tratam, mas que não atingem a verdade. São semelhantes nisso ao pintor de que falávamos há instantes, que desenhará uma aparência de sapateiro, sem nada entender de sapataria, para pessoas que, não percebendo mais do que ele, julgam as coisas segundo a aparência?” Glauco – “Sim”. Fonte: PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 1997. p. 328. Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre a mímesis em Platão, assinale a alternativa verdadeira com (V) e a alternativa falsa com (F). 1( 2( 3( 4( 15 ). ). ). ). A poesia e a pintura são criticadas por Platão porque são cópias imperfeitas do mundo das ideias. Para Platão, os poetas e pintores têm um conhecimento válido dos objetos que representam. Tanto os poetas quanto os pintores estão, segundo a teoria de Platão, afastados um grau da verdade. Platão critica os poetas e pintores porque estes, à medida que conhecem apenas as aparências, não têm nenhum conhecimento válido do que imitam ou representam. Leia estes dois fragmentos de Heráclito. I. E necessário saber que a guerra é comum e que a justiça é discórdia e que tudo acontece mediante discórdia e necessidade. II. A guerra é o pai de todas as coisas e de todas ela é soberana, e a uns ela apresenta-os como deuses, a outros, como homens; de uns ela faz escravos, de outros, homens livres. (Fragmentos extraídos de Kirk, Raven e Schofield. Os filósofos pré-socráticos. Lisboa: Calouste Gulbenkian. 199.) Analise as assertivas e assinale a alternativa correta com (V) e a incorreta com (F). 1 ( ). Os dois fragmentos indicam sob a forma de aforismo que a natureza, e que todas as coisas que existem, se revelam e se realizam no movimento constante dos contrários. 2 ( ). Os dois fragmentos indicam que a natureza foi criada pela guerra dos contrários e será extinta por este mesmo desequilíbrio: no final, tudo tende ao caos, à desordem. 3 ( ). Quando Heráclito, no primeiro fragmento, afirma que a guerra é comum e que a justiça é discórdia, indica assim que a manifestação ininterrupta dos contrários, onde cada um tende ao seu oposto, é que assegura o fluxo eterno do devir. 4 ( ). O segundo fragmento indica que a guerra é soberana e que, portanto, não pode haver vencedor definitivo entre os combatentes, pois embora todas as coisas passem, a realidade é idêntica em si mesma: eterna, imutável, imperecível, ingênita. 16 Todos os povos na história da humanidade construíram conhecimentos, o mais primitivo deles foi o mito, denominado posteriormente de conhecimento pré-científico. Muito tempo depois, depois de uma longa noite de predomínio do sobrenatural, uma luz vislumbrou no horizonte da humanidade, essa Luz, foi a Razão, inaugurada por uma civilização original, que descobriu uma nova forma de entender a realidade e a si mesmos como humanos. a) Comente a seguinte afirmação: “A Filosofia grega nasceu procurando desenvolver o logos em contraste com os mitos”. Procure esclarecer o sentido de Logos e Mito. b) A passagem da concepção mítica para a concepção filosófica, ou idade da Razão, na Grécia ocorreu entre os séculos VII-VI a.C como um processo histórico gradativo de mudanças qualitativas na civilização grega de então. Quais seriam esses fatores históricos que possibilitaram o nascimento da Razão (logos), consequentemente da Filosofia na Grécia Antiga? 17 O primeiro período do pensamento filosófico é denominado de pré-socrático, ou período cosmológico, surgem os primeiros filósofos, ou como serão também chamados, físicos, filósofos cientistas. a) O que significa esse período e qual a preocupação e reflexão desses filósofos? b) Quais as diferenças das abordagens da realidade feitas pela Filosofia e pelas ciências em contraste com a da mitologia? 18 Leia com atenção os fragmentos de Heráclito. “Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos.”. (49” Heráclito, Alegorias, 24.) “Não de mim, mas do logos tendo ouvido é sábio homologar: tudo é um” (50. Hipólito, Refutações, IX, 9) “Não compreendem como o divergente consigo mesmo concorda; harmonia de tensões contrárias, como de arco e lira.” (51. Hipólito, Refutações, IX. 9) a) Qual a concepção de realidade segundo o Filósofo? b) O que representa o Logos segundo Heráclito em relação a realidade a verdade em relação ao conhecimento? 6 19 O pensamento de Parmênides constitui uma das mais profundas doutrinas dos filósofos da Physis. Seu poema possui uma estrutura bem definida em três partes: prólogo, caminho da verdade e caminho da opinião. Fragmento 7: “(...) afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação, e nem te deixe arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecedor ou pela língua; mas com a razão decide da muito controvertida tese, que te revelou minha palavra.” BORNHEIM, G. Os Filósofos Pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1993, p.55. Acerca deste poema, responda as seguintes questões. a) O poema de Parmênides pertence a qual período da História da Filosofia? b) Em qual dos temas seguintes o fragmento do poema de Parmênides melhor se encaixa: política, lógica, estética ou Metafísica? Justifique a sua resposta. c) A que parte do poema refere-se o fragmento abaixo: Caminho da Verdade ou Caminho da opinião (doxa)? Justifique sua resposta. 20 Sócrates se indispôs com os poderosos de seu tempo, sendo acusado de não crer nos deuses e corromper a juventude, por isso, foi condenado e morto. Sua condenação, a defesa e morte são contadas no diálogo de Platão, Apologia de Sócrates. O que se pode revelar é que, ao criticar o saber dogmático daqueles que dizem ter esse saber (sofistas, políticos e outros) não quer com isso dizer que ele próprio é detentor de um saber. O filósofo desperta as consciências adormecidas, mas não se considera um “farol” que ilumina; o caminho novo deve ser construído pela discussão, que é intersubjetiva, e pela busca criativa de soluções. Preocupado com o método do conhecimento, Sócrates parte sempre do pressuposto “só sei que nada sei”, que consiste justamente na sua sabedoria. a) Nesse contexto, em que sentido “só sei que nada sei” seria uma atitude filosófica? b) “o caminho novo deve ser construído pela discussão, que é intersubjetiva, e pela busca criativa de soluções.” Nesse contexto o que significa a indagação, a ironia e a maiêutica? 21 Platão é conhecido na história da Filosofia, como o filósofo que propôs a hipótese da existência de uma ordem de realidade inteligível que é, ao mesmo tempo, distinta dos seres sensíveis e em relação com eles. - Logo – prosseguiu Sócrates – não compreendo nem posso admitir aquelas outras causas científicas. Se alguém me diz por que razão um objeto é Belo, e afirma que é porque tem cor ou forma, ou devido a qualquer coisa desse gênero – afasto-me sem discutir, pois todos esses argumentos me causam unicamente perturbação. Quanto a mim, estou firmemente convencido de um modo simples e natural, e talvez até ingênuo, que o que faz belo um objeto é a existência daquele belo em si, de qualquer modo que se faça a sua comunicação com este. O modo porque essa participação se efetua não examino neste momento, afirmo apenas, que tudo que é Belo, é belo em virtude do Belo em si. Platão. Fédon 100 c-d Trad. e notas de Jorge Paleikat e João Cruz Costa 5º ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p. 107 (Os Pensadores) A partir do trecho do Fédon explicite: a) A hipótese proposta por Platão b) A relação entre essas duas ordens de realidade. 7