O caminho da opinião

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AS ORIGENS DA FILOSOFIA
Os filósofos pré socráticos
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O homem, diante do mistério da realidade, busca por
uma razão de ser que justifique a sua existência e a
do mundo. Foi nessa busca que surgiu a Filosofia.
A Filosofia teve sua origem na cultura grega e será
uma das mais importantes contribuições dos gregos
para o mundo ocidental.
Os primeiro filósofos foram, o que hoje chamamos de
pré-socráticos e Aristóteles, em sua metafísica,
chamou-os de físicos, pelo fato de se dedicarem ao
conhecimento da physis, ou natureza. Porém esta
natureza não deve ser tomada em termos técnicos,
como é comum hoje em dia.
A Physis
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Será a partir da Physis que os pré-socráticos irão
ampliar a compreensão da totalidade do real: do
cosmos, dos deuses, do homem, da verdade, do
movimento, da justiça.
A physis deve ser, portanto, entendida como aquilo
que por si surge e desenvolve-se; designa o que é
primário, fundamental e persistente. Opõe-se ao
secundário, derivado e transitório. Compreende a
totalidade de tudo o que é. Ela é a aurora, o
crescimento das plantas, o nascimento de animais e
homens.
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Até bem pouco tempo, os pré-socráticos era
considerados
filósofos
“menores”.
Ficavam
escondidos atrás do pensamento de Platão e
Aristóteles, que eram tomados como a única medida
do pensamento grego.
Porém, de Nietzsche a Heidegger, muitas foram as
interpretações sobre os pré-socráticos, e que
ampliaram as perspectivas sobre os problemas
filosóficos.
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Algumas dificuldades são encontradas no estudo dos
pré-socráticos: a linguagem utilizada por eles, parece
muitas vezes fugir ao rigor pretendido pela filosofia,
aparentando ser enigmática e mitológica. Além disso a
maior dificuldade se dá pelo fato de não conhecermos
a obra completa de nenhum deles. Só o que nos
restam, são fragmentos.
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Porém, pensamento pré-socrático chega a ser até
mesmo profético, e por isso supera todas as
dificuldade
apresentadas
em
seu
estudo.
Encontramos nos fragmentos desses filósofos, muitos
fundamentos
que
determinaram
o
curso
do
pensamento ocidental. Sendo assim, estão mais
próximos de nós do que muitas vezes imaginamos.
Tales de Mileto
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Mileto era a mais importante cidade da Jônia. Berço
dos epos homéricos. Tornava-se famosa pela
atividade comercial de seus navegadores.
Sobre a vida de Tales pouco se sabe. Mas atribui a
ele a previsão do eclipse total do sol de 28 de maio de
585 a.C., o que permititiu aproximações sobre sua
data de nascimento – 624 a.C. – e de morte – 547
a.C..
Participou ativamente da vida política e militar de sua
cidade.
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Não há registro de que tenha escrito sua filosofia, mas
era reconhecido por Aristóteles como o pai da
filosofia.
Diz que a água é a origem de todas as coisas e que
deus é a inteligência que faz tudo a partir da água.
Anaxímenes de Mileto
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Nasceu provavelmente em 585 a.C e morreu durante
a 63ª Olimpíada, ou seja, 528 e 525 a.C.. É tudo o
que se sabe sobre sua vida.
O ar seria o elemento que constituiria todas as coisas a
partir de sua condensação e rarefação: o fogo é ar
rarefeito; pela condensação forma-se o vento, as
nuvens, a água, a terra e finalmente a pedra.
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Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe a sua luz do
Sol.
Único Fragmento: Como nossa alma, que é ar, nos
governa e sustém, assim também o sopro e o ar
abraçam todo o cosmo.
Xenófanes de Cólofon
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Acredita-se que tenha vivido 120 anos (580-577 a.C.
até 460 a.C.)
Rapsodo. Escreveu exclusivamente em versos.
Os elementos originários de todas as coisas são a
terra e a água.
Combate a visão antropomórfica dos deuses e
defende a existência de um deus único, distinto do
homem, não gerado, eterno, imóvel, puro pensamento
e que age pelo pensamento.
Fragmentos
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15- Tivessem os bois, os cavalos e os leões mãos, e
pudessem, com elas, pintar e produzir obras como os
homens, os cavalos pintariam figuras de deuses
semelhantes a cavalos, e os bois semelhantes a bois,
cada (espécie animal) reproduzindo a sua própria
forma.
16 – Os etíopes dizem que os deuses são negros e de
nariz chato, os trácios dizem que tem olhos azuis e
cabelos vermelhos.
29 – Tudo o que nasce e cresce é terra e água.
Pitágoras de Samos
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O que se conhece de seu pensamento é
fundamentado em fontes posteriores, no tempo de
Platão, não sendo possível avançar além das
conjeturas. Atingiu o ápice de sua existência em 530
a.C.
Defendia uma doutrina muito mais religiosa do que
filosófica. Afirmava a imortalidade da alma que
transmigra de uma a outra espécie animal. Diz-se que
Pitágoras passava diante de um pequeno cão que era
castigado, sentiu piedade e mandou que parasse de
bater, pois havia reconhecido a alma de um amigo ao
ouvir os gemidos.
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1.
2.
3.
Há contudo três pontos que são inquestionáveis à sua
autoria:
O número é o princípio de tudo e o seu estudo reflete no
comportamento humano;
A teoria dos opostos;
A descoberta de verdades matemáticas. Vale lembrar o
famoso teorema cujo nome lhe é atribuido.
Heráclito de Éfeso
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Nasceu na cidade de Éfeso. Sobre sua data de
nascimento, o que se sabe ao certo é que está uma
geração após Xenófanes e uma antes de Parmênides.
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Os filósofos de Mileto já haviam dito sobre o
dinamismo universal: as coisas nascem, crescem e
perecem, porém foi Heráclito que levou a fundo essas
idéias.
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Tudo se move, tudo escorre, nada permanece imóvel
e fixo, tudo muda e se transmuta, sem exceção.
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Fragmento: 91 - Não se pode entrar duas vezes no
mesmo rio. Dispersa-se e reúne-se; avança e se
retira.
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O rio é aparentemente o mesmo, mas na verdade é
constituído por águas sempre novas e diferentes, que
sobrevem e se dispersam.
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1.
2.
O eterno devir dar-se-á pela eterna passagem de um
contrário a outro: as coisas frias, esquentam, as
quentes esfriam, o jovem envelhece, o vivo morre, e
do que está morto surgirá outra vida e assim seguese.
Na harmonia, os opostos se coincidem:
A ladeira que sobe é também a mesma ladeira que
desce;
No círculo, o início e o fim se coincidem;
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Há uma unidade fundamental de todas as coisas.
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Fragmento: 10 – Correlações: completo e incompleto,
concorde e discorde, harmonia e desarmonia, e de
todas as coisas, um, e de um, todas as coisas. Esta
passagem de um contrário a outro é o devir.
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Heráclito já traz alguns elementos sobre a
verdade e o conhecimento: é preciso
atentar aos sentidos, visto que eles se
detém as aparências das coisas. A
verdade consiste em alcançar a
inteligência governante de todas as
coisas, que está para além dos sentidos.
Parmênides de Eléia
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Natural de Eléia, acredita-se que o ápice de
sua vida tenha sido entre 500 a.C. e 475 a.C.
Seus primeiros contatos com a filosofia deu-se
na escola pitagórica.
O pensamento de Parmênides nos foi deixado
em um poema, que se divide em três partes:
O poema de Parmênides
1.
2.
3.
Prólogo: ele é conduzido até a deusa, que lhe
promete revelar “a verdade”. Aqui distingue-se “o
coração inabalável da verdade bem redonda” das
“opiniões dos mortais”. A Distinguirá dois caminhos
de investigação do ser: o da verdade e o da opinião.
O caminho da verdade: – considerado o caminho
da certeza, pois conduz a verdade. É o caminho do
ser.
O caminho da opinião: é o caminho das inverdades
criadas pelos mortais, pois foge ao ser. É o caminho
do não-ser. Para ele só existe um único caminho: o
ser é e o não ser não é.
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O grande princípio da verdade de Parmênides é: o ser
é e não pode não ser; o não ser não é e não pode ser
de modo algum.
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O ser é o positivo puro e o não ser é o negativo puro,
um é completamente contraditório ao outro.
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Tudo o que alguém pensa e diz, é. Não se pode
pensar, nem dizer o que não é.
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O ser é incriado, visto que se tivesse sido gerado,
teria sido a partir de um não-ser.
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De igual forma, o ser também não pode se corromper,
visto que caminharia para o não-ser.
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O ser não tem passado nem futuro: é um eterno
presente.
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O ser é imutável e imóvel, pois a mutabilidade e a
mudança presumem um não ser para o qual devem
se transformar ou mudar.
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O ser é limitado e finito, ou seja, completo e perfeito.
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A única verdade é o ser incriado, incorruptível,
imutável, imóvel, igual e uno.
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Ao contrário de Heráclito não admite a contradição.
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O caminho da verdade é o caminho da razão e o
caminho do erro é o caminho dos sentidos. Os
sentidos afirmam o não-ser.
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O poema de Parmênides, junto com os fragmentos de
Heráclito, nos oferece a doutrina mais profunda de
todo o pensamento pré-socrático.
Referências
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ANTISERI, Dario. REALE, Giovanni. História da
filosofia: Antiguidade e Idade Média, V.1. 3º
ed. São Paulo: Paulus, 1990. p. 693, pp. 29-70.
BORNHEIM, Gerd A (org.). Os filósofos présocráticos. 15ª ed. São Paulo: Cultrix, 1997. p.
128.
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