4. O Brinquedo: educativo / pedagógico O brinquedo educativo data dos tempos do Renascimento, mas ganhou força com a expansão da educação infantil, especialmente a partir do século XX. Também designado como evolutivo, criativo ou inteligente, o brinquedo educativo se autodefine como agente de transmissão de conhecimentos e habilidades. Possui o objetivo de oferecer conteúdo pedagógico ao entretenimento da criança. Entendido como recurso que ensina desenvolve e educa, o brinquedo educativo materializou-se em alguns objetos como: o jogo de quebra-cabeça, destinado a ensinar formas ou cores, os brinquedos de tabuleiro, que exigem a compreensão de operações matemáticas, os brinquedos de encaixe, que trabalham noções de: seqüência, de tamanho e forma; e em outros, cuja concepção está voltada para o desenvolvimento infantil.(Brougère, 2004) Segundo Brougère (2004), tal definição é bastante reflexiva pelas seguintes razões: 1. O que caracteriza o brinquedo é a atitude que envolve a sua utilização. Um brinquedo pedagógico com as letras do alfabeto impressas em cubos de madeira, por exemplo; estas podem ser utilizadas para representar um trenzinho, e um trenzinho de brinquedo pode ser usado como instrumento de alfabetização, a partir do momento que a criança se interessa em ler o nome do seu fabricante na embalagem, por exemplo. 2. A educação é um processo global e contínuo. Cada etapa de seu desenvolvimento, cada momento da vida de uma criança tem prioridades diferentes que a atuação pedagógica precisa atender. Por exemplo: um ursinho de pelúcia é o mais pedagógico que se pode oferecer em certos momentos, como uma bola de futebol pode ser em outros. Seguindo esta linha de pensamento poderíamos dizer que o brinquedo pedagógico é todo objeto que atende à necessidade da criança no momento em que ela o utiliza. 3. Todo brinquedo pode ser pedagógico, dependendo das circunstâncias, assim como também o mais educativo dos brinquedos pode deixar de ser em determinada situação, pois o valor do brinquedo está diretamente relacionado com o que se consegue provocar na criança. Brinquedos do acervo: Laboratório de Pedagogia- LAB - BrinquedotecaUniversidade Paulista -UNIP campus Sorocaba e Campinas –SP / Brasil PARE E PENSE: O que é e o que não é pedagógico? Será que a Pedagogia se restringe a ensinar formas, cores, números e letras? O brinquedo, a criação e imaginação O brinquedo proporciona o aprender fazendo e, para ser bem aproveitado, é conveniente elaborarmos atividades dinâmicas e desafiadoras e que exijam a participação ativa da criança. A riqueza do brinquedo está em sua capacidade de instigar a imaginação infantil. Se a criança não pode participar do processo de criação dos objetos com que irá brincar e se muitos desses objetos dificultam a possibilidade da escolha infantil no desenvolvimento da brincadeira, como propiciar e estimular a criatividade e imaginação dessas crianças? Pião de Números . Brinquedos do acervo: Laboratório de Brinquedo Pedagógico LAB -Brinquedoteca- Universidade Paulista -UNIP campus Sorocaba e Campinas – SP / Brasil. Brinquedos do acervo: Laboratório de Brinquedo Pedagógico LAB Brinquedoteca- Universidade Paulista -UNIP campus Sorocaba e Campinas –SP / Brasil. O brinquedo artesanal O brinquedo artesanal é assim denominado por tratar-se de um objeto construído com diversos materiais: como madeira, lata, borracha, papelão, arame e outros recursos extraídos do cotidiano, inclusive material denominado de “sucata”. Os brinquedos artesanais sempre terão espaço importante na formação social das crianças, são produtos da habilidade manual, da fantasia e da capacidade criadora de cada pessoa. O uso criativo e diversificado do brinquedo artesanal dependerá da imaginação e da sensibilidade de quem o manipula; aliado à ação lúdica ele se torna potencialmente criativo. Carrinhos de rolimã, bonecas de pano, pipas, balões, brinquedos confeccionados com material reciclado como garrafas pet, tampas, lata etc. ainda se fazem presentes numa sociedade dominada pela automação e pela informática, oferecendo às crianças um tipo de brinquedo em cuja confecção prevalece a criatividade de quem o elaborou. Brinquedos de material reciclável- confeccionados pelos alunos do curso Pedagogia -UNIP Brinquedos do acervo: Laboratório de Pedagogia LAB Brinquedoteca- Universidade Paulista -UNIP campus Sorocaba e Campinas –SP / Brasil. Diferente da arte popular, que recicla os materiais devido a necessidades econômicas, os brinquedos feitos de sucata, numa realidade urbana, adquirem outras formas. Trata-se da arte que aproveita o “lixo” de uma sociedade de consumo, dando origem a objetos construtivos e expressivos. Segundo Weiss (1989), entre os materiais denominados de sucata, há praticamente dois tipos: • A sucata natural - constitui-se de sementes, pedras, conchas, folhas, penas, galhos, pedaços de madeira, areia, terra etc. • A sucata industrializada – que inclui todos os tipos de embalagens, copos plásticos, chapas metálicas, tecidos, papeis, papelões, isopor, caixas de ovos etc. Para essa autora, o emprego da sucata envolve pesquisa e organização do material, possibilitando o seu uso através de múltiplas combinações e construções. Quando os materiais são colocados nas mãos das crianças, não há a mesma preocupação de acabamento dos objetos, pois, o brinquedo é construído para ser imediatamente utilizado, ou seja, a criança constrói seus brinquedos para com eles brincar. Portanto, o professor não precisa ser um artista plástico, mas uma pessoa com sensibilidade, curiosidade e flexibilidade, não se esquecendo do aspecto lúdico do objeto que a criança constrói. Brinquedos artesanais- confeccionados pelos alunos do curso PedagogiaUNIP Brinquedos do acervo: Laboratório de Pedagogia LAB - BrinquedotecaUniversidade Paulista -UNIP campus Sorocaba e Campinas –SP / Brasil. A DIMENSÃO LÚDICA DA CRIANÇA Definição de termos relativos à cultura lúdica A palavra lúdico vem do latim ludus de que se originaram as palavras: aludir, iludir, ludibriar, eludir, prelúdio etc; refere-se, originalmente, ao brincar. Já a palavra jocus é reservada para as brincadeiras verbais: piadas, enigmas, charadas etc. Assim, o lúdico assume diversas dimensões: o estado de espírito de brincar e suas eventuais manifestações em brincadeira verbal, de ação e de jogos. Brougère (apud kishimoto, 2002), defende a idéia da existência de uma cultura lúdica definida como um conjunto de procedimentos que permitem tornar o jogo possível, ou seja, ela é composta de um certo número de esquemas que permitem iniciar uma brincadeira. Para esse autor “brincar não é uma dinâmica interna do indivíduo, mas uma atividade dotada de uma significação social precisa que, como outras, necessita de aprendizagem” (p.20). A criança adquire e constrói sua cultura lúdica brincando; portanto ela não está isolada da cultura geral. A experiência de construção da cultura lúdica ocorre pela participação das crianças em jogos com outros parceiros, pela observação de seus pares e pela manipulação cada vez maior dos objetos do jogo. O ambiente, as condições materiais, as ações dos familiares e mestres, o espaço, na cidade e no lar, irão influenciar a experiência lúdica da criança. No entanto, alguns elementos incidem de uma maneira especial sobre a cultura lúdica. Trata-se da cultura veiculada pela mídia, que transmite conteúdos e valores que modificam a própria cultura geral. Percebemos essa influência nos brinquedos e produtos relacionados aos filmes de entretenimento infantil. Geralmente, esses brinquedos e produtos integram representações que os adultos fazem das crianças, de como elas brincam, suas preferências e desejos. O profissional da educação infantil deve conhecer a relação entre o jogo e a possibilidade evolutiva da criança, a fim de fazer escolhas que facilitem a construção da cultura lúdica infantil. Curiosidade No século XIII, jocus e ludus são usadas como sinônimas: “As palavras ou ações - diz Tomás em II-II, 168, 2, c - nas quais só se busca a diversão chamamse lúdicas ou jocosas” e “a distração se faz pelas brincadeiras (ludicra) de palavra e ação (verba et facta)”.