TÍTULO: Brinquedo Terapêutico na Sala de Preparo Cirúrgico do Paciente Pediátrico: Relato de Experiência AUTORES: Luciana Cristina Santos Ribeiro Orientador: Dr Antônio Gonçalves de Oliveira Filho RESUMO: Introdução: A vivência diária cuidando de crianças no contexto de centro cirúrgico, nos permite constatar o quanto estas chegam agitadas e ansiosas na sala de preparo para aguardarem o momento do ato cirúrgico. Percebemos ainda, nos olhos das crianças, a expressão do medo do desconhecido “o que acontecerá comigo”, muitas vezes demonstrado através do choro, irritação e impaciência. O centro cirúrgico é um ambiente gelado devido a necessidade do ar condicionado, sem nenhuma evidência de aconchego e simpatia, somente o vai e vem de médicos e enfermeiros que por muitas vezes, não dispõem de tempo para acolher aos pacientes. Para as crianças é um ambiente que não faz parte da sua rotina, o que pode ser um momento marcado por estresse e sofrimento. Objetivos: Demonstrar o uso do brinquedo terapêutico como ferramenta de enfermagem no acolhimento da criança em situação cirúrgica, verificar a resposta imediata do entendimento da mesma e a percepção da família sobre o preparo da criança para procedimentos e o ambiente do centro cirúrgico. Método: Os dados foram coletados em um hospital publico, da Universidade Estadual de Campinas -UNICAMP, após ter sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa- CAAE 0892.0.146.000-10. Foram utilizados 2 bonecos, de material lavável, em situação semelhante à das crianças que ali chegavam; tinham acesso com soroterapia, curativos em diferentes locais de incisões, demonstrando passar pela mesma situação que esses pequenos pacientes esperavam acontecer. Após o preenchimento do Termo de Consentimento Livre Esclarecido pelo responsável acompanhante, o brinquedo era oferecido, explicados os procedimentos pelo qual o boneco passou e que seriam os mesmos que este receberia. A criança permanecia com o boneco na sala de preparo e o levava na maca até a sala operatória e o momento da indução anestésica. Foram avaliadas 15 crianças de 2 a 9 anos, durante um período de 2 anos, de especialidades como otorrinolaringologia, ortopedia, uropediatria, gastropediatria e cirurgia geral pediátrica. As crianças faziam parte do mapa de cirurgias eletivas, e por sorteio eram selecionadas. Os horários das cirurgias eram variados, então dois bonecos foram suficientes para coleta dos dados. Após a anestesia, o acompanhante era procurado na sala de espera familiar, para responder ao questionário estruturado, contendo questões como o acompanhante caracteriza o comportamento da criança após o uso do BT: calmo, ansioso, com medo, chorando? Percebeu se a criança entendeu sobre o que seria realizado no Centro cirúrgico de forma mais clara após o uso do BT? . Resultados: Por se tratar de Instituição tradicional onde alguns dos docentes médicos ainda entendem o tratamento focado na doença, houve no início certa resistência por parte dos mesmos, principalmente anestesistas, para a aceitação do BT dentro da sala operatória, mas com muita conversa e baseada em evidências e artigos científicos, a pesquisadora conseguiu a aprovação de todos do setor que após algum tempo até perguntavam “cadê o boneco?”. Tanto o familiar, quanto a pesquisadora e a equipe do setor envolvido, notaram a melhora do comportamento das crianças em relação aos procedimentos e ao ambiente cirúrgico. Na perspectiva atual, a assistência à criança hospitalizada deve ser de maneira integral, atendendo as suas necessidades tanto de diagnóstico como terapêutica. Compreender o choro, o medo, a dor, a passividade ou até mesmo a agressão. Diante de fatos como esses é que se faz importante compreender as necessidades e saber o significado do brincar na vida da criança, a atividade lúdica é berço obrigatório das suas atividades. A situação do cliente pediátrico cirúrgico é mais angustiante que a do adulto, ainda mais quando a criança e seus familiares se deparam com as inúmeras exigências e enfrentamentos que requerem o período pré-operatório, ou seja: tempo de espera, jejum prolongado, ansiedade e medos, dentre outros. O preparo da criança para procedimentos ainda é raramente implantado. Para a maioria das crianças hospitalizadas ainda são ocultadas informações em relação aos procedimentos em que serão submetidas, e não raro, outras são enganadas tanto pelos pais como pela equipe hospitalar, quanto ao procedimento e ao seu propósito. Este estudo, assim como outros encontrados que falam sobre o assunto, mostra que a verdade deve estar presente, a criança pode saber o motivo de estar hospitalizada e o que será feito para melhorar o seu estado de saúde atual. Para a enfermeira, o brinquedo pode tornar-se um instrumento de intervenção e uma forma de comunicação, possibilitando detectar a singularidade de cada criança. Quanto ao hospital, altera a visão existente de que é apenas espaço de sofrimento e dor. Quando instrumentalizados, os profissionais de saúde adquirem habilidades que facilitarão a assistência, ajudando no processo saúde-doença. A criança precisa de atividades lúdicas para se desenvolverem como pessoa. O fato de adquirir uma doença já se constitui em uma experiência desoladora, ser submetida a procedimento em unidade específica como é o centro cirúrgico, faz com que a criança perceba sua situação de forma mais negativa, ou não sendo capaz de entender o que está acontecendo, podendo ser o início da separação dos amiguinhos e das brincadeiras. O uso do BT, neste caso de forma Instrucional, é sem dúvida uma das ferramentas de enfermagem para se aproximar e acolher os pacientes pediátricos, trazendo para a criança não somente a informação do que irá acontecer, mas também devolvendo-lhes a oportunidade do brincar/brinquedo. Considerações Finais: Levar a brincadeira para a vivência da internação traz a criança mais próxima da sua realidade, mostrando que é possível brincar e usar o “faz-de-conta” como forma de aliviar a tensão e que trata-se de um processo transitório , que em breve a criança estará de volta ao ambiente domiciliar. O presente estudo está em fase de conclusão e trouxe à pesquisadora, a certeza de que o trabalho da enfermagem não se limita a procedimentos e gerenciamento e que para falarmos em humanização do serviço ao paciente, tem-se que antes, humanizar os profissionais. PROTOCOLO CEP: CAAE: 0892.0.146.000-10 / Parecer CEP: 1142/2010 EMAIL E INFORMAÇÕES DO AUTOR CORRESPONDENTE: [email protected] Fone: (19)-99244-6230/ 3305-8361 [email protected]