JULIANA BARBOSA CAÇÃO IMPORTÂNCIA DO PRONTUÁRIO ÚNICO NO MUNICIPIO DE CORGUINHO/MS: FERRAMENTA PARA QUALIDADE DA SAÚDE. CORGUINHO/MS NOVEMBRO/2011 JULIANA BARBOSA CAÇÃO IMPORTÂNCIA DO PRONTUÁRIO UNICO NO MUNICIPIO DE CORGUINHO/MS: FERRAMENTA PARA QUALIDADE DA SAÚDE. Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de pós graduação a nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientador: Prof. Especialista em Saúde Pública Luciano Rodrigues Trindade. CORGUINHO/MS NOVEMBRO/2011 DEDICATÓRIA Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso a duas pessoas Neiva e Manuel, que em nenhum momento mediram esforços para a realização dos meus sonhos, que me guiam pelos caminhos corretos, me ensinam a fazer as melhores escolhas, me mostram que a honestidade e o respeito são essenciais na vida, e que devemos lutar pelo que queremos. A eles devo a pessoa que me tornei, sou extremamente feliz e tenho orgulho por chamá-los de mãe e pai. AGRADECIMENTOS A Deus, meu refúgio e força, onde sempre encontrei respostas para os meus problemas. Aos meus familiares, que também fazem parte dessa trajetória, que me ajudam a não desistir diante das barreiras. Obrigada pelo amor e compreensão. Ao querido, adorável e grande amigo Valdinei, por me entender, por me ajudar, por me dar força, na verdade você fez a pós comigo, sempre que eu tinha alguma dificuldade era você que me ouvia e aconselhava. Obrigada por confiar em mim, pela dedicação, por me acalmar quando muitas vezes o desespero falou mais alto, ah se não fosse você. Companheirismo e amizade são poucos para me referir a você, fiel e escudeiro, irmão, quantas vezes teria desistido se não fosse sua fé, sua motivação e sua alegria. Ao Tutor Luciano Trindade, pela orientação, por estar sempre pronto a nos atender, pelo carinho, dedicação, respeito e acima de tudo por acreditar em nossa capacidade. Quero ser igual a você quando crescer. A Secretaria Municipal de Saúde de Corguinho-MS, por ter contribuído para o nosso crescimento. A equipe de ACS (Agente Comunitário de Saúde) e Enfermagem que contribuem arduamente pelas conquistas em nossa vida profissional. Enfim, a todos que direta ou indiretamente fizeram parte dessa história. Meu carinho e respeito, obrigada! “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível”. Charles Chaplin RESUMO Na atual conjuntura o sistema de Prontuário Eletrônico tem suas ações subsidias com grandes avanços na tecnologia, revolucionando a interação das pessoas com os computadores, portanto, devemos considerar a informação como um elemento essencial para ação com qualidade. Na Atenção Básica proporciona a intersetorialidade necessária para a assistência em saúde norteada por princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, integrando as ações de diferentes profissionais com o intuito de proporcionar um mecanismo com grande poder expressivo representando informações sobre o processo saúde/doença da nossa população. O município esta se organizando em estruturar a base de dados, onde toda a informação clinica do cliente estará cadastrada e sendo utilizada por atores envolvidos na assistência. O desejo dos profissionais é demonstrado pelo anseio de fundamentar a criação do sistema de Prontuário Único (eletrônico), que realmente seja capaz de prover as informações necessárias para permitir o apoio integral de todos os atores envolvidos na assistência ao cliente. Os profissionais da equipe de enfermagem têm envidado esforços para integrar todas as informações da assistência prestadas dentro das unidades de saúde. Com este trabalho queremos implementar com sucesso um sistema para transmissão, arquivamento, recuperação, processamento e armazenamento das informações relacionadas a assistência prestada garantindo informações sólidas e capazes de assegurar ações eficazes de vigilância em saúde, evidenciando uma excelência na arte de cuidar, certamente contribuindo, para qualificar nossas ações, inserindo ações humanizadas. A construção do prontuário único implica a experiência de desenvolver um mecanismo funcional e completo, incluindo um controle de acesso, exames laboratoriais, laudos, documentos e mesmo sinais vitais de tempo real, discutindo ainda a modelagem permitindo acesso imediato com segurança na informação, contribuindo de forma didática para os profissionais da saúde, com a finalidade de oferecer subsídios técnicos em relação à assistência prestada na atenção básica de forma a facilitar a prática dos profissionais em todo esse complexo Sistema de Saúde. O PRONTUARIO ÚNICO disponibilizara instrumentos que promova o alcance melhorias nas condições gerais de vida da nossa população, como instrumento apóie, garanta e descreva as práticas dos profissionais de saúde. Palavras-chave : prontuário eletrônico; atenção básica; prontuário único. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................04 2. JUSTIFICATIVA...................................................................................05 3. OBJETIVOS...........................................................................................06 3.1. Objetivo Geral........................................................................................................06 3.2. Objetivos Específicos...............................................................................................06 4. HISTÓRICO.....................................................................................07 4.1 Definição...................................................................................................................07 4.2 Importância................................................................................................................08 4.3 Componentes do Prontuário..........................................................................................09 5. METODOLOGIA...................................................................................14 6. RESULTADOS ESPERADOS...............................................................15 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................16 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................17 1. INTRODUÇÃO Na atual conjuntura, a complexidade de informações efetuadas ressalta a necessidade de oferecer subsídios técnicos para facilitar a prática dos profissionais de saúde atuantes na assistência da nossa comunidade. O prontuário, considerado um instrumento valioso de informação, útil para compreensão e a intervenção da assistência assume papel importante para a construção e consolidação do SUS, que estabelece entre o profissional de saúde e seus clientes a qual assiste um vínculo de confiança e respeito, provocando transformações que contribua para a produção de saúde. Este trabalho tem como objetivo estruturar e esclarecer a vital importância do serviço de prontuário dos pacientes assistidos pela equipe multiprofissional, pois é imprescindível que cada profissional envolvido neste cenário busque desenvolver uma empatia, ou seja, ter uma habilidade de compreender, conhecer, planejar e atuar, considerando os diferentes contextos da comunidade, estabelecendo parcerias, desenvolvendo comprometimento com todos os usuários, e promover ações de forma integrada com todos os outros profissionais de saúde envolvidos na assistência. Toda proposta de intervenção está diretamente ancorada em bases que fundamentam as ações, portanto, estruturar este documento de fundamental importância na assistência, que contem informações padronizadas, ordenadas e concisas de todos os profissionais envolvidos, é uma realidade desafiadora neste cenário de incertezas, falta de comprometimento e responsabilidade vivida pelo município de Corguinho, pois o prontuário não é apenas um registro da anamnese do cliente, mas de todas as ações referentes aos cuidados prestados pertinentes a essa assistência. Trata-se, portanto, de um documentário de grande valor, elaborado por diversos profissionais. À medida que os conhecimentos da administração se difundem, aparece o valor e importância fundamentais de prontuários estruturados de forma organizada. 2. JUSTIFICATIVA O tratamento e o cuidado da saúde da população, para qual devemos constantemente estudar e conhecer a respeito das condições reais que vivem e do mesmo modo seus potenciais, mas não só de uma pessoa, assim como das situações como grupo e famílias e comunidades quando doentes ou sadias, que necessitam de um atendimento com qualidade conservando a saúde. Para dar suporte às ações de saúde no município de Corguinho devemos ter um conjunto de intervenções, essencialmente para o sucesso da assistência centrada em sua qualificação, expansão e adequação, garantindo a eficiência, eficácia, efetividade e otimização dos recursos que serão aplicados, estabelecendo compromissos e permitindo um atendimento integral deixando uma presença marcante em todos os níveis da assistência. Adotar um avanço com uma forma expressiva em um sistema de padrão voltado para qualidade de vida de seus cidadãos em suas múltiplas dimensões. A melhoria das condições de trabalho dos profissionais envolvidos em todo este cenário constitui desde então um grande objetivo estratégico, com padrão de desenvolvimento comprometido voltando-se para a qualidade de vida da população, contribuindo para o SUS e que de forma definitiva é percebido como um patrimônio da sociedade brasileira. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivos gerais O reconhecimento de todo este cenário vivido aqui no município de Corguinho, pressupõe a implantação deste prontuário único que articula-se como um conjunto altamente dinâmico de ações que podem relacionar com o padrão de desenvolvimento buscando o crescimento e garantindo respaldo legal para os profissionais envolvidos em todo o atendimento vinculado com a promoção, prevenção e assistência contribuindo para o fortalecimento da Atenção Básica. Neste processo de transformação apontamos recomendações, compromissos relativos à unificação do prontuário contextualizando a imprescindível forma de trabalho, buscando focar uma prática no cliente e em sua família como sujeitos das nossas ações. 3.2 Objetivos específicos Qualificar e ampliar as ações para a inserção do prontuário unificado garantindo de forma compartilhada com os distritos, a expansão e sustentabilidade cobrindo toda a população usuária do SUS integralmente no município de Corguinho; Expandir e estruturar o prontuário único dando cobertura aos distritos; Implementar o programa de avaliação e qualidade dos sistemas inseridos; Reduzir os números de prontuários repetidos do mesmo paciente; Estabelecer uma ação integrada com os gestores para suprir a deficiência de profissionais capacitados, visando garantir a capacidade eficiente de todo o sistema inserido; Contribuir na execução de serviços na área da vigilância epidemiológica, sanitária, alimentação, nutrição e saneamento básico; Realizar o cadastramento nacional dos usuários do SUS, de acordo com a estratégia do Cartão Nacional de Saúde, visando inserir a clientela a oferta de serviços de forma sistematizada; 4. HISTÓRICO Desde os primórdios, alguns dados eram gravados em murais e que, provável mente, antecederam 25.000 anos antes de Cristo. Papiro documento antigo que foi atribuído ao primeiro médico egípcio Inhotep, considerado pelos estudiosos como sendo o patriarca da medicina. Em 1943, no Brasil, o renomado Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, foi o precursor na implantação de um Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME), permanecendo até a década de 1960, onde poucos hospitais contavam com esse serviço de forma eficaz e sistematizada. Na década de 1970, houve uma grande melhoria de forma significativa nos registros de prontuários, pontuando a instituição de convênios com a Previdência Social, que se fazia um órgão exigente, principalmente em hospitais particulares. Hoje este documento sofre uma forte tendência de tornar informatizados em bancos de dados eletrônicos, evitando assim problemas no manuseio e na conservação de dados, anotações ilegíveis, documentos extraviados, desorganização, rasuras, perdas, roubos, uso irregular e falta de controle de uso que eram freqüentes, surgindo como uma estratégia imprescindível para assistência em um novo milênio de bonança digital. 4.1 Definição: Conjunto de documentos padronizados, ordenados e concisos, destinados ao registro de todas as informações referentes aos cuidados assistências prestados ao paciente por uma equipe multiprofissional. As anotações no prontuário ou ficha clínica devem ser de forma legível, permitindo identificar os profissionais de saúde envolvidos neste cenário. Importante ressaltar que todo profissional está obrigado a assinar e carimbar. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), pela Resolução nº 1.638/02, define prontuário como “documento único, constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registrados, gerados a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e cientifico que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo.” 4.2 Importância: É um instrumento inserido no contexto hospitalar de grande valor para diversos segmentos da sociedade, como: paciente, hospital equipe de saúde, ensino e pesquisa. Para o paciente os dados contidos no prontuário possibilita um atendimento, diagnóstico e tratamento de forma integral, rápido, eficiente e econômico, sempre que houver necessidade de reiteração ou transferência de setores de outras especialidades. As anotações dos profissionais dispensam ou simplificam interrogatórios e exames complementares, reduzindo o custo do atendimento e o tempo de permanência no ambiente hospitalar, além de representar como um grande instrumento de defesa, em caso de possíveis prejuízos e de reivindicação de direitos perante a equipe multiprofissional, o hospital e os poderes públicos. No ambiente hospitalar a existência de bons prontuários permite maior rotatividade de pacientes, diminuindo a média de permanência, reduzindo o uso indevido dos equipamentos e serviços, evitando a realização de exames de forma desnecessária. Este instrumento também pode ser usado na defesa da instituição contra possíveis acusações. Possibilita o conhecimento exato do tratamento e do resultado alcançado, além de demonstrar o padrão do atendimento oferecido pela unidade hospitalar. A equipe de saúde que é constituída por vários profissionais que prestam assistência, visando à recuperação do cliente na forma de um serviço compromissado e responsável, tem o prontuário como instrumento que estabelece uma comunicação, interação entre esses profissionais fornecendo informações necessárias para o atendimento do cliente, tomada de decisão e na conclusão de diagnósticos, aumentando a eficiência e efetividade de todo esse processo. No ensino e pesquisa há uma possibilidade de conhecimento de inúmeros casos em todas as variáveis antecedentes, concomitantes e conseqüentes das enfermidades, facilitando o estudo do diagnóstico e avaliação terapêutica. Ainda no campo da pesquisa é fonte dos mais diversos dados estatísticos de incidência e prevalência, de morbidade e mortalidade. Neste cenário torna possível verificar e comparar as diferentes condutas terapêuticas e estabelecer uma analise comparativa da eficiência dos cuidados oferecidos. 4.3 Componentes do prontuário De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o prontuário conterá nome do cliente, data de nascimento, idade, sexo, estado civil, registro de internação e alta, hipótese diagnóstica, relatório de intervenções cirúrgicas, descrição/evolução do estado de saúde desde a admissão até a alta e o motivo desta, causa de óbito, diagnóstico principal. Os componentes básicos de um prontuário são: Atendimento ambulatorial; Atendimento de urgência; Evolução médica; enfermagem e de outros profissionais envolvidos na assistência; Partograma (em obstetrícia); Prescrição médica; de enfermagem e de outros profissionais envolvidos na assistência; Exames complementares (laboratoriais, radiológicos, ultrassonográficos entre outros) e seus respectivos resultados; Descrição cirúrgica; Anestesia; Débito do centro cirúrgico ou obstétrico (gasto de sala); Resumo de alta; Boletins médicos. Devemos observar que todo documento gerado no pronto-socorro e no ambulatório deverão ser arquivados junto com o prontuário, em caso de internação, pois partimos do principio que este instrumento dará a continuidade da assistência e suas informações são necessárias para o prognóstico da pessoa assistida. Não justifica registrar e arquivar separadamente, pois toda a assistência deste setor deve ser registrada com anamnese, exame físico, diagnóstico e resultados de exames laboratoriais, conduta terapêutica prescrita e efetuada, bem como a evolução e alta. Vale ressaltar que no caso de uma internação, as prescrições devem ser diárias, com data e horário em todos os componentes citados, não devendo usar lápis, líquido corretor e deixar folhas em branco e realizar anotações que não sejam do cliente. Componentes obrigatórios: Identificação do paciente; Anamnese; Exame físico; Hipótese diagnóstica; Diagnóstico(s) definitivo(s); Tratamento(s) efetuado(s); O prontuário do paciente é de manutenção permanente através dos profissionais e a instituição de saúde, podendo ser utilizado pelos interessados como meio de prova até que transcorra o prazo prescricional de 20 (vinte) anos para efeitos de ações que possam ser impetradas na justiça. Todos os componentes originais que compõem o prontuário devem ser guardados pelo prazo mínimo de 10 (dez) anos, a fluir da data do último registro de atendimento da paciente. Ao final desse tempo, o prontuário pode ser substituído por métodos de registro capazes de assegurar a restauração plena das informações nele contidas (microfilmagem, por exemplo) e os originais poderão ser destruídos. É de competência dos profissionais que atendem em consultórios, e aos diretores clínicos e/ou diretores técnicos nos estabelecimentos de saúde, a responsabilidade pela guarda dos documentos. De uma maneira geral o acesso ao prontuário segue as seguintes recomendações com bases em leis, decretos e implementação dos conselhos regionais e federais das classes profissionais: Solicitação pelo próprio paciente. É importante salientar que o prontuário pertence ao paciente e que, por delegação deste, pode ter acesso ao mesmo o médico. Portanto, é um direito do paciente ter acesso, a qualquer momento, ao seu prontuário, recebendo por escrito o diagnóstico e o tratamento indicado, com a identificação do nome do profissional e o número de registro no órgão de regulamentação e controle da profissão (CRM, Coren, etc.), podendo, inclusive, solicitar cópias do mesmo. Solicitação dos familiares e/ou do responsável legal do paciente. Quando da solicitação segue do responsável legal pelo paciente – sendo este menor ou incapaz – o acesso ao prontuário deve ser assegurado, permitido e, se solicitado, fornecer as cópias ou elaborar um laudo que contenha o resumo das informações lá contidas. Na hipótese de que o paciente não tenha condições de expressar sua solicitação ou tenha ido a óbito, as informações devem ser dadas sob a forma de laudo ou até mesmo cópias. No caso de óbito, o laudo deverá revelar o diagnóstico, o procedimento do médico e a "causa mortis". Solicitação por outras entidades: neste caso há uma grande procura pelos convênios, médicos e as companhias de seguro são os principais solicitantes. Salvo com autorização expressa da paciente, é vedado aos profissionais de saúde fornecer tais informações. Conforme o artigo 102 do código de ética médica (CEM), sem o consentimento do paciente, o profissional envolvido na assistência não poderá revelar o conteúdo deste instrumento, salvo pro justa causa, isto é, quando ocorrer um estado extremo de necessidade. Haverá justa causa quando a revelação for o único meio de conjurar perigo atual ou iminente e injusto para si e para outro. Podemos elencar algumas situações como: Para evitar casamento de portador de defeito físico irremediável ou moléstia grave e transmissível por contágio ou herança, capaz de por em risco a saúde do futuro cônjuge ou de sua descendência, casos suscetíveis de motivar anulação de casamento, em que o profissional esgotará primeiro, todos os meios idôneos para evitar a quebra do sigilo; Crimes de ação pública incondicionada quando solicitado por autoridade judicial ou policial, desde que estas, preliminarmente, declarem tratar-se desse tipo de crime, não dependendo de representação e que não exponha o paciente a procedimento criminal e defender interesse legítimo próprio ou de terceiros. Inserido dentro deste contexto temos o dever legal que deriva não vontade de quem o confia a outrem, mas de condição profissional, em virtude da qual ele é confiado e na natureza dos deveres que, no interesse geral, são impostos aos profissionais. Diretores técnicos ou clínicos que autorizarem a saída de prontuário das suas instituições violam o artigo 108 do CEM. A resolução CFM nº 1614/01 esclarece que o acesso ao prontuário pela auditoria enquadra-se no princípio do dever legal, já que tem ele atribuições de peritagem sobre a cobrança dos serviços prestados pela entidade, cabendo ao mesmo opinar pela regularidade dos procedimentos efetuados e cobrados, tendo, inclusive, o direito de examinar a paciente, para confrontar o descrito no prontuário. Todavia, esse acesso sempre deverá ocorrer dentro das dependências da instituição de assistência à saúde responsável por sua posse e guarda não podendo a instituição ser obrigada, a qualquer título, a enviar os prontuários aos seus contratantes públicos ou privados. Este conceito vem apresentando uma evolução importante através dos tempos. No período Hipocrático, não era considerado como um direito do doente, mas antes um dever do médico, no entanto, estava sujeito a um processo de "blindagem" forte, pelo que se equiparava ao segredo da confissão. Não existiam neste período quaisquer bases jurídicas capazes de proteger o doente. Durante o século XIX, houve um gradual processo de desconstrução da blindagem existente até aí, aproximando-se o segredo profissional da esfera jurídica, pelo que poderia ser facilmente revogado sempre que qualquer autoridade o pretendesse. No século XX emerge uma nova preocupação pela proteção do sigilo profissional, passando a estar consagrado no âmbito do direito do cidadão (não apenas como dever do profissional), sendo protegida na constituição da República Portuguesa, Convenção sobre os direitos do Homem, e vários códigos deontológicos, bem como no código Civil e Penal. Desta forma a defesa do segredo profissional passa a ser tanto um direito como um dever. Transcende também a esfera médica, pelo que ficam obrigados a respeitá-lo todo o pessoal com acesso direto ou indireto a informação de caráter confidencial, devido à sua profissão/função. O segredo profissional é uma resultante da manutenção de informações valiosas cujo domínio de divulgação deva ser fechado, ou seja, restrito a um cliente, a uma organização ou a um grupo, sobre a qual o profissional responsável possui inteira responsabilidade, uma vez que a ele é confiada a manipulação da informação. Entretanto, ocorrendo às hipóteses de "justa causa" (circunstâncias que afastam a ilicitude do ato), "dever legal" (dever previsto em lei, decreto, etc.) ou autorização expressa do paciente, o profissional estará liberado do segredo. Assim, com as exceções feitas acima, aquele que revelar as confidências recebidas em razão de seu exercício profissional deverá ser punido. Diante desta configuração acredito que os profissionais de saúde são vítimas desse quadro enfrentado pelo município de Corguinho, mas a situação é pior para os pacientes que já estão fragilizados diante dos problemas de saúde que enfrentam. Com esta percepção as ações para a saúde se inserem no processo dinâmico, numa perspectiva abrangente, aprofundando e atualizando o grande objetivo que é a criação de um prontuário único para o município de Corguinho, agregando novos desafios e dimensões para que os objetivos das diretrizes e princípios do Sistema Único de Saúde possam se concretizar. Hoje o município conta com uma forma de registrar as ações médicas, enfermagem, fisioterapeutas entre outros profissionais que necessitam de fazer uso do prontuário, muito retrógado, ineficiente com pouca informação sobre história clinica dos clientes/pacientes, e muitas vezes a perda de acompanhamentos importantes para a vida desses. Além de observar essa perda de informações sobre os clientes, indicamos também que um mesmo usuário dos serviços oferecidos possui dois ou mais números de prontuário dificultando a assistência, pois se for atendido na Unidade Mista de Saúde é um prontuário, se buscar atendimento na Unidade de Saúde da Família Urbano é aberto outro prontuário, e se porventura for por algum motivo buscar atendimento em um distrito será aberto outro prontuário, daí nasce à preocupação com todo sistema de informação e registro das ações oferecidas aos clientes, onde resulta em oferta dos serviços de saúde incompleta, deficiente, sem credibilidade. Portanto, as equipes de saúde não podem estar alheias aos acontecimentos, devem de forma emblemática mobilizar o gestor, prefeito e o conselho municipal a implantar um novo sistema, em defesa do direito à saúde efetivando práticas inovadoras fundamentadas na concepção da saúde, assumindo esta transformação e tornando um município forte e eficiente. Para que isso ocorra à avaliação deve ser entendida como um processo permanente, principalmente para manter sob controle a execução de um prontuário único em direção aos objetivos propostos. Portanto, não se esgota apenas num processo árduo de avaliações dos resultados alcançados em um determinado momento, mas trata-se de uma atividade contínua, inerente e necessária ao exercício da função gerencial e para qual podem ser usados distintos mecanismos e procedimentos. Precisamos ser mais atuantes, ter iniciativa para resolver as carências deste sistema retrógado, que depois de estruturá-lo será uma ferramenta fundamental para o sucesso da assistência de qualidade e compromissada, contribuindo para construção de um vínculo sólido subsidiando um relacionamento entre os profissionais e pacientes, no qual devemos considerar como primeiro passo para este atendimento almejado. 5. METODOLOGIA Este trabalho visa dar a capacidade técnica e operacional à implantação e implementação do prontuário único no município de Corguinho, por meio da capacitação dos profissionais envolvidos nas ações de estruturação associados com esforços dos serviços terceirizados já existentes no município, habilitando para a prevenção, a detecção e encaminhamentos de eventuais problemas na rede de informação. O processo de trabalho será desenvolvido em todas as unidades urbanas e rurais em construção de situações reais que promovam um aprendizado, favorecendo a resolução dos problemas pertinentes à prática, avaliando o sistema dia-a-dia. O contexto onde será desenvolvido o treinamento favorece o avanço na compreensão do processo de trabalho, construindo uma ação participativa, onde cada um contribui com seu talento, resultando em comprometimento individual e coletivo, integrando a possibilidade de avançar no aprendizado e na produção de conhecimentos que, de fato, viabiliza a inserção, com qualidade e eficiência, proporcionando à experimentação, o pensamento, a ação e a reflexão sobre o cuidado. 6. RESULTADOS ESPERADOS A preocupação com manutenção da qualidade na assistência fundamenta o propósito de garantir a necessária segurança, eficácia e eficiência utilizando este instrumento como uma medida que engloba todos esses princípios com a importância para todos os atores envolvidos: usuários, profissionais e gestores cada qual assumindo seu papel e responsabilidade. Ou seja, é de fundamental importância entender toda a funcionabilidade do prontuário na sua totalidade, como um conjunto de informações que precisam estar bem articuladas, para que o acesso aconteça com foco nas necessidades dos clientes de forma qualificada considerando uma escolha que conta com argumentos racionais que justifica seu uso. A existência de uma estrutura de prontuário unificado entre as unidades de saúde no município de Corguinho é um passo importante na construção de um instrumento eficiente para o desenvolvimento de um processo de trabalho integrado, possibilitando transformações das perspectivas de cada profissional, priorizando as ações de prevenção e promoção, que consequentemente antecipa os eventos que causam danos a população, direcionando a atenção a saúde para responder e superar a prevalência dos problemas de saúde permitindo organizar as respostas do sistema de saúde às necessidades da população, melhorando os serviços e aumentar a resolutividade ao sistema. Acreditamos que é a única forma de organizar os enfretamentos com relação ao registro de informação é dar importância a este instrumento e contar com a participação dos usuários, profissionais de saúde, gestores e serviço que oferece assistência terceirizada (QUALITY) na busca de melhorar a capacidade de atuação das unidades de saúde que representa o município na construção do SUS, portanto é uma estratégia que não pode ser negligenciada, pois é a melhor maneira de alterar a realidade, que não se altera somente com as ações dos envolvidos, mas através de um processo de planejamento, que com sua ausência o que é pretendido não terá direção sem sentido. Por isso é que devemos entender que o desafio de mudança não somente na forma de oferecer a assistência, mas também de instrumento que ofereça uma continuidade integral de todas as ações dos profissionais envolvidos, assim como de maneira integrada de avaliar seu desempenho. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com este trabalho queremos implementar com sucesso um sistema para transmissão, arquivamento, recuperação, processamento e armazenamento das informações relacionadas a assistência prestada garantindo informações sólidas e capazes de assegurar ações eficazes de vigilância em saúde, evidenciando uma excelência na arte de cuidar, certamente contribuindo, para qualificar nossas ações, inserindo ações humanizadas. A construção do prontuário único implica a experiência de desenvolver um mecanismo funcional e completo, incluindo um controle de acesso, exames laboratoriais, laudos, documentos e mesmo sinais vitais de tempo real, discutindo ainda a modelagem permitindo acesso imediato com segurança na informação, contribuindo de forma didática para os profissionais da saúde, com a finalidade de oferecer subsídios técnicos em relação à assistência prestada na atenção básica de forma a facilitar a prática dos profissionais em todo esse complexo Sistema de Saúde. 8. 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