Relatoria VER SUS

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Maira Pitta de Farias, vivente, VER SUS Verão 2016
Relatoria 21/01
No primeiro dia foi marcado a chegada dos viventes ao Núcleo de apoio à
eventos (NAE) às 9 hrs, onde durante a manhã foi para acomodação.
À tarde fomos para a abertura oficial do VER-SUS no auditório do departamento
de enfermagem da UFPE, onde compôs a mesa Camile, secretária de gestão em
saúde do Recife; Juliana, psicóloga e residente em saúde coletiva e Tainã, assistente
social. Foi falado um pouco do histórico do VER-SUS e da sua importância. Esse
momento inicial trouxe muitas expectativas para os próximos dias, pois foi colocado
para nós a importância do profissional de saúde ser um militante do SUS, pois assim
fortalecemos o sistema.
Voltando para o NAE, à noite fizemos uma atividade onde cada um desenhou o
que era o SUS para si. Nesse primeiro momento, desenhei uma comunidade com um
Posto de Saúde da Família (PSF) e vários profissionais da área de saúde, pois eu
imaginava que esse tinha sido meu grande primeiro contato com o SUS, por na minha
faculdade (FENSG-UPE) passarmos todo o primeiro período indo duas vezes por
semana para comunidade e PSF. Muitas pessoas desenharam filas em hospitais,
pessoas sem tratamento, já outras desenharam uma rede interligada, espaço de lutas,
etc.
Logo após esse momento, fomos divididos em 5 Núcleos de Base (NB´s), onde
seriamos divididos para as atividades dos próximos dias que eram: alvorada, mística,
limpeza, relatoria e cultural. Cada NB criou um nome para ser sua identidade, o meu
composto por: Maira Pitta, Daniele Melo, Bárbara Angelica, Braynner Ezequyel,
Renata Pimentel e como facilitador Edgar. O nome escolhido foi "AvanSUS, avante, à
frente, à luta!" pois reflete a necessidade de avançar e não cessar a luta por um SUS
não só público, mas também de qualidade.
Uma reflexão importante do dia foi que muitos que possuem plano de saúde não
sentem vontade nem a necessidade de lutar pelo SUS pois acham que não usam
desse sistema e quando não temos o sentimento que algo não é nosso não zelamos e
lutamos por ele, a falta de informação é um dos maiores problemas para fazer com
que mais pessoas não abracem a causa e reconheçam que o SUS é de todos e para
todos. Mesmo os que tem plano usam o SUS todos os dias e não têm a consciência
disso, pois acham que o SUS são apenas os hospitais e postos públicos.
Relatoria 22/01
Eixo: Sociedade
O NB3 foi responsável pela mística do dia, iniciando com a leitura do poema de
Bertolt Brecht, "Perguntas de um trabalhador que lê", depois da leitura foi feita uma
encenação onde cada integrante mostrou a fala de uma pessoa que realiza trabalhos
invisíveis, como, gari, cortador de cana, doméstica, bordadeira, entre tantos outros.
Vivemos num país onde só é valorizado o trabalho que é realizado por quem tem
diploma, por quem faz o esforço mental, o que não deveria ser assim, pois o
esforço físico é tão importante quanto. O ter ou não um diploma não faz ninguém pior,
ou melhor, o que seriam dos engenheiros se não existissem os pedreiros e peões para
levantar seus projetos? Das indústrias de combustível e açúcar sem os cortadores de
cana? Não existe trabalho mais ou menos importante, existem pessoas diferentes que
executam atividades diferentes, apenas.
Depois foi feita a leitura do texto "O papel do trabalho na transformação do macaco em
homem" de Friederich Engels, onde mostra como o homem se apropriou da natureza
no decorrer dos anos e utilizou dela para fazer capital. O homem necessita do trabalho
para viver, esse trabalho pode ser físico ou mental, ele e a transformação intencional
das coisas, é quando fazemos ago e esperamos um resultado.
À tarde foi realizada a dinâmica da mais valia, onde foi conduzida por Tainã
onde pudemos entender como se dá o sistema capitalista e como ele se mantêm. Uma
dinâmica muito chocante, pois todos nós sabemos que vivemos numa sociedade
capitalista, onde trabalhadores são explorados todos os dias, mas a dimensão disso é
maior do que muitos pensam. A classe trabalhadora precisa se reconhecer como
classe e se organizar, porem o modelo de vida atual não permite que isso aconteça,
fazendo que o proletariado produza cada vez mais para manter a burguesia.
De noite assistimos ao vídeo "se os tubarões fossem homens" que usa uma
linguagem metafórica onde os detentores de poder são os tubarões e a grande massa
peixinhos que vivem o tempo todo para no fim cair nas bocas dos tubarões. Logo após
confeccionamos um peixinho de origami e o enfeitamos.
Relatoria 23/01
Eixo: Opressões
Iniciamos com a mística que trouxe frases que escutamos e reproduzimos no
dia a dia, como, "tão linda para ser sapatão", "pode ate ser gay, mas precisa ser
afeminado?", "até que aquela negra é muito bonita", entre várias outras. Nesse
momento pudemos reconhecer muitos preconceitos que passam "despercebidos" e
que nós reproduzimos muitas vezes. Logo após assistimos um vídeo com o objetivo
de nos fazer conhecer mais sobre as religiões de matrizes africanas e quebrar os préconceitos. O mais encantador que foi mostrado no vídeo é a forma que eles se
preocupam com o corpo, com a saúde, não só física mas também espiritual. Ainda de
manhã fomos à um terreiro de candomblé no bairro de Jardim Brasil, em Olinda. Essa
experiência foi muito rica, pois tiramos inúmeras duvidas sobre a religião, quebramos
tabus, conhecemos um pouco dos ritos e ao fim ainda participamos de uma oficina de
dança.
À tarde foi feita a reflexão da visita feita de manhã e discutida a importância do
profissional enxergar o próximo com amor, independente de religião, orientação
sexual, raça, classe social. Como estudantes devemos disseminar isso, pois não são
todos na academia que tem acesso à esse tipo de informação, fazendo com que não e
formem profissionais humanizados.
No fim da tarde foi feita a dinâmica da liberdade, onde tivemos as mãos
amarradas e de olhos fechados guiado pelos facilitadores sentamos e nos
perguntavam "quem é você?". Foram feitos muitos relatos pessoais de opressões
vividas por cada um.
Durante a noite foi feita uma discussão sobre feminismo, colocando temas
como, o “bum” do feminismo em 2015, aborto, empoderamento, entre outros. Essa
discussão foi muito importante pois muitos desconhecem termos feministas e pensam
que o feminismo é o contrário de machismo.
Relatoria 24/01
Eixo: Homofobia, sexualidade e direito à saúde e DSS (determinantes sociais de
saúde)
Nesse dia foi discutido o preconceito existente com as diferentes orientações
sexuais. É muito importante para o profissional de saúde ter a consciência, pois no dia
a dia vamos lidar com pessoas de todas as orientações sexuais e muitos ainda veem
isso como tabu. Poucas são as pessoas que conhecem e sabem diferenciar os termos
cis e trans, o que é sexo biológico e sexualidade e o que é identidade de gênero,
quando temos a compreensão desses termos é muito mais fácil ver o próximo como
pessoa, apenas. A discussão de gênero é muito importante pois passamos 5 ou mais
anos na academia e não é falado o assunto, e quando é falado, muito
superficialmente.
À tarde tivemos como convidado o professor Itamar Lages que trouxe a
discussão de DSS.
Relatório 25/01
Eixo: Promoção à saúde (atenção básica)
De manhã fomos para uma aula de funcional com o professor Emerson na
Academia da cidade do bairro de Engenho do meio. Logo após a aula ele nos falou um
pouco como funciona o projeto academia da cidade dentro da atenção básica de
saúde e as dificuldades encontradas no decorrer, falta de alguns equipamentos, por
exemplo. Foi notado e também relatado pelo professor a participação da comunidade
no projeto, lá é muito valorizado.
No segundo momento da manhã fomos ao Centro de triagem e
aconselhamento (CTA) localizado no bairro da Boa Vista. Esse CTA existe desde 1996
e é o único de Recife, atendendo toda a população das 8:00 às 12:00 e das 14:00 às
18:00. Ele atende 50 pacientes por dia, sendo 25 durante a manhã e 25 a tarde. Lá é
feito o exame para diagnóstico de HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.
O que encantou nesse centro foi a forma que o diagnóstico é dado, é usada a técnica
do aconselhamento, onde qualquer paciente, sendo diagnosticado com o HIV ou não,
passo atendimento psicológico antes do resultado e depois. Esse atendimento é de
extrema importância, pois mesmo que o teste dê negativo, para o paciente ter
procurado o serviço, em algum momento ele esteve em situação de risco. O centro
precisa de algumas melhorias na estrutura física, porém é um ambiente iluminado e
muito organizado.
Durante a tarde Tainã foi nossa orientadora. O objetivo era construir um
momento de troca, onde cada grupo de vivencia colocasse para o grande grupo sobre
sua experiência durante a manhã e onde Tainã pôde nos falar sobre a atenção básica
e seus atributos. Cada GV deveria escolher alguns atributos para representar o serviço
visitado anteriormente, escolhemos primeiro contato como algo positivo, pois é muito
bem feito e é um serviço exclusivo pois não encontramos na rede privada esse tipo de
atendimento e longitudinalidade como o defeito, pois o serviço é muito bom mas o
vínculo com o paciente é quebrado logo, pois o tratamento não é feito lá no caso do
resultado positivo, o paciente é encaminhado.
Durante a noite continuamos a discussão e relatos sobre cada serviço visitado.
Relatoria 26/01
Eixo: Programa mais médicos
De manhã fizemos a leitura da lei do mais médicos onde foi esclarecida muita
coisa que não sabíamos, por exemplo, que prioridade é para brasileiros, que a lei não
se resume a trazer médicos estrangeiros mas também incentiva a abertura de
faculdades de medicina na rede privada e que essas faculdades terão que ter uma
formação voltada para o SUS. O programa visa trazer médicos de fora para preencher
vagas onde os médicos brasileiros não querem ir, pois nossa formação atualmente
valoriza mais os médicos de especialidades e não o medico de atenção básica, que é
um serviço de baixa densidade porém alta complexidade.
À tarde fomos para vitória, onde encontramos todos os versusianos (Bezerros,
Vitória e Recife) e assistimos uma palestra com o professor Paulo Santana, médicos
cubanos e brasileiros. Lá pudemos entender ainda mais o porque da maior parte dos
médicos trazidos para o Brasil são cubanos, pois em Cuba a saúde é voltada
totalmente para a atenção básica, a formação de um médico cubano é totalmente
diferente de um médico brasileiro, não desmerecendo o brasileiro, mas a sociedade
capitalista influencia totalmente, principalmente na formação. Outra coisa que
esclareceu muito foi a forma que os médicos estrangeiros são escolhidos e a
preparação deles antes de vir para cá e a continuação da preparação aqui, eles não
vão para um lugar sem preparação e sem saber com o que vão lidar.
Relatório 27/01
Eixo: PúblicoXPrivado
Durante a manhã assistimos ao documentário SICKO SOS SAÚDE onde
pudemos ver como funciona o sistema de saúde em vários países do mundo, com o
olhar crítico para perceber q países que julgamos como desenvolvidos e de primeiro
mundo deixa muito a desejar no quesito saúde. Depois tivemos uma discussão com o
grande grupo para colocarmos nosso olhar na saúde pública e privada brasileira.
Durante a tarde tivemos Marciana como convidada onde ela continuou a discussão
sobre público e privado e falou sobre OSC, OSS E OCIP´S, Nobs 91,92,93 entre
outros.
De noite assistimos ao documentário políticas públicas no Brasil com o objetivo
de construir uma linha do tempo mostrando essa evolução.
Relatoria 28/01
Eixo: Saúde Mental
Durante a manhã fomos divididos em GV's onde fomos para uma Unidade de
Acolhimento (UA) localizada no bairro de Boa Viagem. Lá pudemos conhecer como é
o funcionamento dessas unidades. Eles trabalham com a redução de danos, que é
sempre tentar diminuir o álcool e outras drogas mas com o desenvolver do paciente.
Lá eles não têm o objetivo de isolar o paciente do meio externo e sim mostrar a ele
que é possível ter uma vida mesmo depois do vício. É indicado ficar internado numa
UA pacientes que estão em situação de risco, como moradores de rua ou pessoas
com o vínculo com a família quebrado e também só é indicado para pacientes que
querem o tratamento. De tarde tivemos a visita do psicólogo Vinicius onde ele nos
falou sobre a importância da luta anti manicomial e como funciona RAPS e seus
equipamentos. De noite tivemos a visita do pessoal do consultório na rua onde eles
nos falaram sobre o projeto e como funciona.
Ao fim assistimos a um vídeo com relatos de moradores de rua falando como o
projeto os ajuda.
Relatoria 29/01
Eixo: Movimentos Sociais
Tivemos como convidada a estudante de enfermagem da UFPE Mylena que trouxe
temas já vistos por nós antes como, feminismo, luta antimanicomial, MST e UNE, mas
nos mostrou formas que podemos nos organizar para lutarmos por causas que
achamos justas.
De tarde fomos ao assentamento Chico Mendes na cidade de Paudalho. Assim que
chegamos um assentado chamado Fantasma nos recebeu e contou um pouco da
história de lutas deles. Ficamos na casa de Dona Maria que nos recebeu muito bem.
Relatoria 30/01
Eixo: Movimentos Sociais
Fomos divididos em GV’s para conhecermos com alguns assentados o seu modo de
vida, como é o dia a dia no MST. Que nos recebeu foi Dona Jecinda que nos mostrou
a sua casa e todas a sua área de plantio. O que nos chamou atenção nela é que é
relata não gostar de ir ao médico e ao posto de saúde por não se sentir bem lá, pois
relata que médicos e profissionais da saúde sempre vão dar atenção à pessoas ricas.
Outro fato importante é que ela sempre evita tomar medicação, sempre optando por
chás e diz que dor é algo natural do corpo e logo passa, não precisamos tomar
remédios para qualquer dor.
Após esse momento voltamos para a casa de Dona Maria, fomos à um açude
perto para conhecer a área depois almoçamos e votamos para o alojamento no NAE.
De noite foi feita uma discussão colocando para o grande grupo todos os
pontos, positivos e negativos, da nossa vivencia no MST.
Relatoria 31/01
Eixo: Papel social do graduando
Durante a manhã foi feita uma dinâmica chamada “corredor do cuidado”, onde
foi muito importante para todos nós, pois sentimos o que é cuidar e o que é ser
cuidado pelo próximo, foi um momento de muito amor e carinho entre nós.
De tarde tivemos a convidada Paulette, professora da UPE, onde foi discutido o
movimento social e a importância do graduando estar nesses espaços
Relatoria 01/02
Nesse dia fizemos a avaliação do que foi o VER SUS para nós, para isso
usamos o “que bom, que pena e que tal”, onde todos puderam falar como foi essa
experiência. Sem dúvidas cresci muito como pessoa e quanto profissional nesses
doze dias de vivencia. Cada tema abordado nos fez crescer e enxergar tudo com
outros olhos, com a visão crítica. Problematizar no último dia de vivencia já tinha
virado algo muito natural de tão “instigados” que fomos esses doze dias. Que bom que
tive a oportunidade de fazer o VER SUS Verão 2016, que pena que esses dias
passaram tão rápido e que tal que demos continuidade a tudo isso que aprendemos e
discutimos todos esses dias.
Maira Pitta de Farias, vivente, VER SUS Verão 2016
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