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SEQUÊNCIA DIDÁTICA II. Ética: Argumentos Morais e seus usos
II.1. Introdução: O que são e para que servem os argumentos
morais.
Sensibilização:
Interprete e discuta com a sala o seguinte quadrinho:
(Disponível em/; http://www.umsabadoqualquer.com/category/filosofando/. Acesso em 29/07/2014)
Conceitualização e Problematização dialógica.
Imagine a seguinte situação, uma garota comprometida é cortejada por
um rapaz que lhe parece muito atraente, em um primeiro momento não passa
por sua cabeça trair sue namorado, mas depois ela pensa: “Por que não?” e se
ninguém ficar sabendo?
Justificativa semelhante costuma aparecer nos casos em que alguém
acha algum dinheiro na rua, “achado não é roubado”, mas será mesmo? Essa
seria a melhor justificativa para essas ações?
Existem casos ainda mais complicados em que somos compelidos a
pensar sobre a moralidade de nossas ações, “estarei sendo correto ao me
alimentar de animais?”, “devo fazer doações periódicas aos pobres?”, “Aborto e
eutanásia são corretos?”.
Como sei que estou agindo da maneira correta? Que argumentos devo
usar para justifcar minhas ações do ponto de vista moral?
Essas questões são tratadas no campo da filosofia conhecido como
Ética, onde os Filósofos discutem o que significa ser ético através de
argumentos morais.
De acordo com Hamboldt e Dwyer (2012), um argumento moral é um
argumento cuja conclusão define algo como moralmente bom ou ruim. Quando
algum argumento conclui que os políticos são corruptos, trata-se de um
argumento moral porque define que alguém pode ser moralmente ruim; da
mesma forma, um argumento que conclui que doar aos pobres é uma ação
generosa é um argumento moral porque define como uma ação pode ser
considerada boa.
Os argumentos morais são usados principalmente quando fazemos
algum juízo de valor.
Boa parte do que fazemos está baseado em proposições morais, ou
seja, atribuímos valor ao que fazemos. Se nos dedicamos aos estudos é
porque consideramos “ser estudioso” uma virtude, que estudar é uma coisa
boa. Se somos educados com outras pessoas ou nos esforçamos para nos
sairmos bem em uma tarefa é porque acreditamos que essas ações têm valor
moral.
No entanto, argumentos morais podem ser controversos e gerar
inúmeras discussões. Entender como identificar e avaliar argumentos morais
nos torna aptos a discutir melhor essas questões.
Algumas palavras indicadoras de argumentos morais:
Aprovado
Moral
Direito
Altruísta
Bom/boa
Corajoso
Apreciado
Benéfico
Ruim
Autônomo
Benevolente
Justo
Assertivo
Bravo
Inocente
Ações boas frequentemente são chamadas de “deveres” ou “corretas”
quando são boas ou “proibidas” e “erradas” quando nos referimos a ações
más, quando são moralmente indiferentes são chamadas de “permitidas”.
Também usamos as palavras “lícito” para nos referirmos a algo que é
permitido por lei e “ilícito” quando determinada é ilegal.
Algum assunto ou ação pode ser chamado de Tabu quando se trata de
questões cuja mera discussão pode ser proibida ou que envolve profundas
questões morais.
Questão Socrática: Aprofunde os conceitos de Ética, Moral, Tabu e
legalidade.
Muitas pessoas acreditam que em se tratando de questões morais, não
há verdadeiro e falso, ou seja, não existem fatos morais e, portanto, não
existem proposições morais. Como só é possível argumentar com base em
proposições, não seria possível argumentar acerca de questões morais, pois
não existem argumentos morais.
Na Filosofia chamamos de não cognitivistas aqueles que defendem
que não existem proposições morais que podem ser consideradas verdadeiras
ou falsas e de cognitivistas aqueles que acreditam existir proposições morais
verdadeiras ou falsas e que, portanto, argumentos morais são possíveis, uma
posição chamada também de realismo moral.
Mas afinal, os seres humanos possuem ou não um senso moral inato?
Essa é uma questão difícil de responder e para alguns, permanece em
aberto, O psicólogo americano Paul Bloom, por exemplo, defende ter
demonstrado em suas pesquisas que mesmo bebês possuem um certo senso
de justiça e que isso está ligado à nossa habilidade inata de perceber a dor do
outros, a empatia, principalmente aqueles que estão no pequeno circulo dos
afetivamente próximos como familiares e amigos próximos.
Infelizmente , segundo o autor, essa empatia tenderia a diminuir na
medida em que saímos desse circulo e temos uma tendência de deixar de nos
importar com pessoas que estão longe de nossa convivência mais próxima.
Se nos classificamos como cognitivistas, então assumimos que é
possível definir o que é certo ou errado. Em uma questão sobre o aborto, por
exemplo, na qual uma pessoa defende que o aborto é correto e outra, o oposto,
devemos admitir que apenas um está correto. Por outro lado, se nos
classificamos como não cognitivistas, não há como sequer discutir questões
morais.
O não cognitivismo pode ser considerado um relativismo moral, que é
a ideia de que os valores morais dependem de cultura para cultura e não há
critérios para definir quem está correto em questões morais. O relativismo
moral vai desde aquela posição de que “cada um define o que é certo e errado
para si e estão todos certos” ditos por muitas pessoas, até posições
filosoficamente mais complexas.
O Relativismo moral Religioso, por exemplo, é a concepção de que
todas as religiões estão corretas a seu modo, não podendo o praticante de uma
julgar a outra.
Já o Absolutismo moral Religioso é a concepção de que somente uma
religião está correta. Essa posição também é considerada radicalismo
religioso ou fundamentalismo, e dentre alguns dos perigos de se assumir
essa postura está a intolerância religiosa, quando alguém tenta impor à força
sua religião aos demais ou considera que somente a sua religião tem o direito
de existir e ser praticada, levando muitas vezes á violência contra outros
grupos.
Argumentos morais muitas vezes são carregados de emoções porque
envolvem questões muito profundas ligadas a valores e crenças. Quando
estamos diante de uma discussão moral queremos estar certos porque sempre
nos consideramos pessoas boas, ter nossos argumentos morais criticados ou
discutidos muitas vezes nos faz pensar que estamos sendo criticados em um
nível pessoal ou que estão julgando nosso caráter.
Entender e avaliar argumentos morais de um modo racional é uma
maneira de entender de como podemos conviver melhor com as diferenças e
pensar por outro ângulo questões tão complexas como as que envolvem
raciocínio moral.
Questão Socrática: Pergunte para a sala qual seria a postura de cada um em
relação à discussão cognitivista/não cognitivista. Ao mesmo tempo apresente
opiniões antagônicas a respeito de questões morais e pergunte se a postura
se mantém nesses casos. O objetivo é testar a compreensão dos conceitos
apresentados e mostrar as consequências práticas de cada postura.
Aplicação:
Debate:
1) Apresente a seguinte situação: um país hipotético está matando
crianças gêmeas com base na religião tradicional do país. Nessa
religião existe a crença de que gêmeos trazem o mal para a
família e para o país. A questão é: A ONU deve intervir no país
através de sanções e uso da força ou deve deixar que esse povo
viva de acordo com suas próprias regras morais?
2) Preceitos morais religiosos deveriam ser obrigatoriamente
ensinados nas escolas?
Investigação textual e leitura crítica:
Texto 1 : O Dilema de Eutífron.
(BAGGET, D. O dilema de Eutífron.in: BRUCE, Michael, BARRONE, steven
(org.). Os 100 argumentos mais importantes da Filosofia ocidental, 69-71.1ed.São
Paulo, Cultrix, 2013.)
O que é sagrado é sagrado porque os deuses aprovam ou eles aprovam
porque é sagrado? (Platão,10a)
Reconstrução do argumento:
P1.O que é moral é moral porque Deus determina ou não é.
P2.O que é moral é moral porque Deus ordena, então a moralidade é
arbitrária e vazia.
P3.Se o que é moral é moral por razoes alheias às ordens de Deus,então
Deus é supérfluo do ponto de vista da moralidade.
C1.Ou a moralidade é arbitrária e vazia ou Deus é supérfluo para a
moralidade (dilema construtivo,P1,P2,P3).
Texto 2: Fundamentalismo religioso poderá ser considerado doença mental
(http://hypescience.com/fundamentalismo-religioso-podera-ser-considerado-doencamental/,acesso em 18/07/2014)
Dizem por aí que tudo que é exagerado faz mal.
No caso do fundamentalismo religioso, esse exagero pode ser tão ruim a ponto de
ser considerado uma doença. É o que defende a neurologista Katheleen Taylor, da
Universidade de Oxford (Inglaterra).
Segundo ela, pesquisas desenvolvidas recentemente sugerem que em breve
seremos capazes de tratar o fundamentalismo religioso e outras formas de crenças
ideológicas potencialmente prejudiciais para a sociedade como uma forma de
doença mental.
Ela fez essa afirmação durante uma palestra no Festival Literário Hay, que
aconteceu no País de Gales, na última quarta-feira. De acordo com ela, as
ideologias muito radicalizadas em breve poderão ser vistas não como uma escolha
pessoal, feita com base no livre-arbítrio, mas sim como uma categoria de transtorno
mental. Katheleen também disse que os novos estudos da neurociência poderiam
considerar extremistas, por exemplo, os integrantes do Hamas (Movimento da
Resistência Islâmica), como pessoas com doença mental, ao invés de criminosos
terroristas.
Prevendo o choque da sociedade, a neurologista disse: “Uma das surpresas pode
ser a de ver pessoas com certas crenças como pessoas que podem receber
tratamento médico por conta disso”.
Muito além do islamismo…
Para Katheleen, o rótulo do que pode ser considerado “fundamentalismo” é um tanto
abrangente, e pode ir além do que você imagina. “Eu não estou falando apenas dos
candidatos óbvios, como o islamismo radical ou alguns cultos mais extremos. Estou
falando sobre coisas como acreditar que bater nos filhos é normal. Essas crenças
também são perigosas, mas normalmente não são categorizadas como doença
mental”, afirma.
Complicações morais e éticas
A questão se torna complicada na hora de classificar e rotular coisas como o
fundamentalismo. Afinal, o que é ser “fundamentalista”? Outra dificuldade é
estabelecer um limite entre o que pode ser considerado uma escolha, consciente e
feita com base no livre-arbítrio, e o resultado de uma lavagem cerebral, que pode
ser diagnosticada como doença mental.
Do ponto de vista da mente ocidental, por exemplo, a tendência para equiparar
“fundamentalismo” exclusivamente com o islamismo radical é muito tentadora,
principalmente por conta do teor das notícias que estamos acostumados a ler sobre
o que acontece no Oriente Médio. Mas fica a reflexão: quão menos
“fundamentalista” que um Osama Bin Laden é uma nação capitalista que
bombardeia impunemente regiões civis e urbanas de países como Laos, Camboja e
Coreia do Norte?
Aliás, quão menos fundamentalista é uma pessoa que aceita vender todos os seus
bens para entregar tudo o que tem a um pastor que garante a ela um terreno no
céu?
Em uma escala muito maior, e potencialmente mais frutífera, está o reconhecimento
de que todo o domínio das crenças religiosas, convicções políticas e fervor
nacionalista patriótico poderiam ser considerados não só perigosos, mas uma
ferramenta de manipulação em massa.
“Todos nós mudamos nossas crenças. Todos nós persuadimos uns aos outros para
fazer certas coisas. Todos nós assistimos publicidade. Todos nós somos educados
e temos experiências com religiões. E a lavagem cerebral, se você deixar, é o
extremo disso. É forte, é coerciva, e é como um tipo de tortura psicológica”, declara
Katheleen.
Avaliação:
Exercícios:
1-Identifique argumentos e proposições abaixo entre cognitivistas e não
cognitivistas, justificando:
a) A ONU deve interferir nos países que promovem violações aos
direitos humanos.
Portanto, punições econômicas ou intervenções militares não são
imorais.
b) Todas as pessoas nasceram livres e iguais.
Logo, a escravidão é algo que não deveria existir.
c) Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei.
d) Julgar a moralidade de outras culturas com base na nossa é a
expressão máximo de um certo tipo de imperialismo cultural.
2-Voce se considera cognitivista ou não cognitivista? Justifique.
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