2015 - APOSTILA DE ÉTICA (25696)

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Começando a falar de Ética e Cidadania
Ao falarmos de Ética e de Cidadania é necessário ter cuidado com relação ao fato
de que, embora esses dois conteúdos possam parecer iguais, eles são, no entanto,
assuntos diferentes.
É verdade que Ética e Cidadania têm muitas características em comum, como,
por exemplo, o bem da coletividade e a busca pela justiça, mas os termos não têm
sentidos únicos, e é preciso ter cuidado para não confundir todo o conteúdo da Ética
com todo o conteúdo da Cidadania.
Você pode estar se perguntando: por que em filosofia os termos podem ter
tantos sentidos diferentes? Por que é tão complicado de entender? Na verdade, quanto
à variedade dos significados das palavras, não é um “problema” da filosofia, mas sim
uma característica da linguagem.
Em qualquer dicionário comum vê-se muitas vezes a mesma palavra com
significados diferentes. No caso da filosofia, essa diferença entre significados para a
mesma palavra é algo muito importante porque o trabalho da filosofia é alcançar a
clareza conceitual e, dessa forma, é necessário sempre estar atento ao sentido
específico da palavra com que se está trabalhando.
Se buscarmos historicamente a origem do termo “Cidadania”, seremos
remetidos ao termo “política” já que, na Grécia Antiga, político era a pessoa responsável
por cuidar e tomar decisões em relação à polis (cidade, região). Quando o Império
Romano invadiu a Grécia, houve adaptação do termo grego polis para o termo latino
civis.
Desse termo surgiram palavras como cidade, civilização, civismo e cidadania. Por
causa desse fato histórico, pelo menos em termos linguísticos, o termo “cidadão” é o
equivalente, em língua latina, do termo de origem grega “político”.
Em nossos dias e em nossa língua, ser politico é antes ser um profissional da
política. Ou seja, não se diz que todos somos políticos simplesmente porque todos
somos cidadãos. A equivalência, essa igualdade entre ser político e ser cidadão, não
existe mais em nosso dia a dia. Então a pergunta é: o que é um cidadão se ele não for
político?
Ora, se separarmos a ação política do cidadão, este perde todo seu espaço e
razão de ser. O cidadão só é cidadão se cuida de sua cidade, de seu meio, ou seja, se
for político no sentido original grego da palavra.
Dessa afirmação podem-se retirar muitas discussões sociológicas, mas o que nos
interessa é compreender que o eixo da Cidadania envolve a noção de cuidado com a
coletividade. São exemplos simples dessas ações:
o não desperdício da água;
o respeito às instituições e a recursos públicos e privados;
a responsabilidade na educação das crianças;
o respeito às leis de trânsito;
o voto consciente;
a solidariedade com os mais necessitados;
a exigência de direitos e o cumprimento de deveres etc.
Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais
estabelecidos na constituição. Uma boa cidadania implica que os direitos e deveres
estão interligados, e o respeito e cumprimento de ambos contribuem para uma
sociedade mais equilibrada.
Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obrigações e lutar para
que sejam colocados em prática. Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das
disposições constitucionais. Preparar o cidadão para o exercício da cidadania é um dos
objetivos da educação de um país.
O conceito de cidadania também está relacionado com o país onde a pessoa
exerce os seus direitos e deveres. Assim, a cidadania brasileira está relacionada com o
indivíduo que está ligado aos direitos e deveres que estão definidos na Constituição.
Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais. Os direitos
e deveres de um cidadão devem andar sempre juntos, uma vez que ao cumprirmos
nossas obrigações permitimos que o outro exerça também seus direitos a toda
população.
Quanto à Ética, temos a origem do termo também na Grécia Antiga. O primeiro
tratado formal de Ética é de Aristóteles, feito na obra chamada Ética a Nicômaco, escrito
que traz uma série de considerações de como agir da melhor forma possível, da forma
mais justa, mais próxima do bem e, antes de mais nada, do bem comum.
Para Aristóteles, “o homem é um animal político”, ou seja, suas ações se referem
e devem se referir à coletividade. Portanto, a boa ação só pode ser de fato boa se
envolver a felicidade da coletividade.
“Assegurar o bem de um indivíduo é apenas melhor que nada;
porém, assegurar o bem de uma nação ou de um Estado é
uma realização mais nobre e mais divina.” (Aristóteles)
Posteriormente, a Aristóteles foram atribuídos outros pensamentos éticos, que
envolviam questões diversas. Na Idade Média, por exemplo, o foco da Ética era Deus.
Na Idade Moderna (a partir do século XVI) passou a ser o homem. Em nossos dias,
passam a ser, predominantemente, os avanços científicos e os acontecimentos da
macropolítica.
Mas a ênfase no bem comum e na justiça foi aquilo que marcou toda a trajetória
das principais éticas desenvolvidas ao longo da história do pensamento ocidental. Podese, então, de maneira resumida, dizer que o centro da ética reside na busca pela melhor
ação a ser realizada visando ao benefício do maior número de pessoas possível.
O bem coletivo, esse é ponto em comum entre a Ética e a Cidadania.
Ética x Moral
Muitas vezes, os termos Ética e Moral são usados como se fossem sinônimos, e,
de fato, em alguns momentos da história da filosofia eles chegaram a significar a mesma
coisa. Aqui, no entanto, faremos a diferenciação entre os dois conceitos no sentido de
que a Ética pode ser definida como o estudo da conduta humana em relação aos valores.
Ética é parte da filosofia que estuda o comportamento humano sempre
buscando o bem comum, o bem da coletividade.
A moral incorpora as regras que temos de seguir para vivermos em uma
sociedade, regras estas determinadas pela própria sociedade. Quem segue as regras é
uma pessoa moral; quem as desobedece, uma pessoa imoral, portanto podemos dizer
que a moral é pura e simplesmente o comportamento humano repetido e reiterado em
uma determinada sociedade.
Os conceitos de Ética e Moral podem parecer muito próximos e se não tomarmos
cuidado podemos confundi-los.
A moral tem um caráter imediato, pois é pura e simplesmente o comportamento
repetido e imposto por uma sociedade mas que não tem preocupação nenhuma com o
bem comum, o que por sua vez dentro do estudo da ética é o grande diferencial, já que
a ética vem estudar a moral (o comportamento humano) fazendo um intenso estudo
para entender e questionar se tal conduta leva ao bem da coletividade.
A ética portanto pode ser considerada uma ciência pois ela é parte da filosofia
que estuda a moral (o comportamento humano), isto é reflete sobre as regras morais.
A reflexão ética pode inclusive contestar as regras morais vigentes, entendendo-as, por
exemplo, ultrapassadas ou não.
Embora seja possível ser ético e moral ao mesmo tempo, é notório também
saber que podemos ter atitudes que não são morais mas que são éticas, por exemplo,
eu posso ser imoral quando desobedeço uma determinada regra moral imposta pela
sociedade em que vivo porque refletindo eticamente sobre ela, considero-a equivocada,
ultrapassada ou simplesmente errada, sem sentido para o bem coletivo.
Para que isso fique mais claro vamos a um exemplo. Imagine que um médico
esteja diante desta situação: para salvar a vida de uma criança, ele precisa fazer uma
transfusão de sangue nela. Porém, a criança segue uma religião em que a transfusão é
proibida e, sendo assim, os pais dela não permitem o procedimento. O médico está
diante de dois valores: o valor religioso da família da criança e o valor do juramento que
ele fez como profissional, para fazer todo o possível para salvar uma vida. Os dois valores
correspondem à Moral.
Agora, o médico terá de tomar uma decisão: precisará pesar os valores e decidir
qual deles é mais importante, para então decidir como agir. Ou seja, é o momento em
que ele começa a avaliar de maneira racional os valores envolvidos, para agir com ética
visando o bem comum.
Vejamos um outro exemplo famoso, ocorrido em 1955, quando Rosa Parks uma
costureira negra que vivia na cidade de Montgomery, no Alabama, nos Estados Unidos,
desobedeceu uma regra existente de que a maioria dos lugares dos ônibus era reservada
para pessoas brancas (podemos dizer que isso era a moral do local, uma vez que esse
comportamento era imposto e repetido, TODOS deviam respeitar a divisão dos assentos
reservado para pessoas brancas).
Já com certa idade e farta daquela humilhação moralmente oficial, Rosa se
recusou a levantar para um branco sentar. O motorista chamou a polícia, que prendeu
a mulher e a multou. Este acontecimento provocou um movimento nacional de boicote
aos ônibus e foi a gota d’agua de que precisava o jovem pastor Martin Luther King para
liderar a luta pela igualdade dos direitos civis.
Neste exemplo de Rosa Parks podemos dizer que ela teve uma atitude imoral
indo contra o comportamento humano imposto daquela época, porém ao analisarmos
e refletirmos o caso, vendo o quanto essa atitude foi boa para a sociedade e como essa
atitude pioneira ajudou a lutar contra o preconceito, podemos dizer que dentro da ética
a atitude de Rosa foi correta pois ajudou muita gente, fez uma enorme diferença e
definitivamente foi bom para o coletivo, para o bem de todos.
Temos portanto uma atitude que mesmo sendo imoral é considerada ética.
Revisando portanto, a moral incorpora as regras que temos de seguir para
vivermos em sociedade, regras estas determinadas pela própria sociedade. Quem segue
as regras é uma pessoa moral; quem as desobedece, uma pessoa imoral.
A ética, por sua vez, é a parte da filosofia que estuda o comportamento humano
(a moral), isto é, que reflete sobre as regras morais fazendo uma reflexão e sempre
buscando o bem comum. A reflexão ética pode inclusive contestar as regras morais
vigentes, entendendo-as, por exemplo, ultrapassadas.
Ética dentro das organizações modernas
O comportamento ético é priorizado no momento em que o mundo passa por
grandes mudanças. As empresas se reformam e se transformam para sobreviver a essas
mudanças e atender melhor seu consumidor. Assim, hoje, para um sucesso continuado,
e para sua sobrevivência o desafio maior das empresas é ter uma ética interna que
oriente suas decisões e permeie as relações entre as pessoas que delas participam e, ao
mesmo tempo, um comportamento ético reconhecido pela comunidade.
Se a empresa, como espaço social, produz e reproduz esses valores, ela se torna
importante em qualquer processo de mudança de perspectiva das pessoas; tanto das
que nela convivem e participam quanto daquelas com as quais essas pessoas se
relacionam. Assim, quanto mais empresas tenham preocupações éticas mais a
sociedade na qual essas empresas estejam inseridas tenderão a melhorar no sentido de
constituir um espaço agradável onde as pessoas vivam realizadas, seguras e felizes.
RESPONSABILIDADE SOCIAL DENTRO DAS EMPRESAS
A idéia da Responsabilidade Social vem ganhando destaque e popularidade a
participação das empresas em ações que beneficiam a sociedade que também é
acompanhada atentamente pelo mercado. A consequência desse movimento é que a
Responsabilidade Social passou a ser pensada na definição da estratégia empresarial e,
para a empresa ser percebida pelos consumidores, empregados e investidores, não
basta parecer ser ética e responsável. As ações precisam ser acompanhadas e divulgadas
sistematicamente, incorporando ao dia-a-dia da empresa.
É através da sociedade que a empresa se viabiliza, consome os recursos naturais
existentes, que constituem o patrimônio natural desta sociedade e utiliza os recursos de
capital, de tecnologia e de mão de obra, que são parte do seu patrimônio cultural, social
e econômico. Investindo em projetos sociais, a empresa assume a sua responsabilidade
social e oferece algo em troca ao que, por ela, foi usurpado da sociedade.
Segundo Maximiano (2004), a Responsabilidade Social se baseia em dois
princípios o da caridade e o do zelo.
Em 1889, Andrew Carnegie (1835-1919), fundador do conglomerado U.S.Steel
corporation, publicou o livro chamado “O Evangelho da Riqueza”, que estabeleceu
abordagem clássica da Responsabilidade Social das grandes empresas. A visão de
Carnegie se baseava em dois princípios: O princípio da caridade e o princípio da custódia.
Princípio da Caridade
O principio da caridade, segundo Carnegie(1889), diz que os indivíduos mais
afortunados da sociedade devem cuidar dos menos afortunados, compreendendo
desempregados, doentes, pobres, pessoas com deficiência física. Esses desafortunados
podem ser auxiliados diretamente ou por meio de instituições como igrejas, associações
da caridade ou movimentos de auxílio.
Princípio do Zelo
O princípio do zelo (stewardship), derivado da Bíblia, estabelece que as empresas
e os indivíduos ricos deveriam enxergar-se como depositários de sua propriedade,
devendo ter zelo (cuidado) para com seus funcionários, para com a população em geral
e para com o meio ambiente. Segundo Carnegie(1889), os ricos têm seu dinheiro com a
confiança do restante da sociedade e podem usá-lo para qualquer finalidade que a
sociedade julgar legítima, ajudando e zelando com TODOS os setores (seus empregados,
a população e o meio em que vive). O papel da empresa é também aumentar a riqueza
da sociedade, por meio de investimentos prudentes e uso cauteloso dos recursos sob
sua responsabilidade.
Ética Profissional
É o conjunto de normas de conduta que deverão ser postas em prática no
exercício da profissão.
A ética profissional é o conjunto de práticas que determinam a adequação no
exercício de qualquer profissão. É através dela que se dão as relações interpessoais no
trabalho, visando, especialmente, o respeito e o bem-estar no ambiente profissional.
O Código de Ética de uma profissão tem como função precípua preservar a
moralidade e a conduta ética dos profissionais
É importante lembrar que a ética é indispensável para conviver em sociedade. É
através dela que se pratica o respeito. Portanto, dentro do ambiente de trabalho ela é
ainda mais importante. Afinal, atitudes inadequadas podem afetar o desempenho e a
reputação de uma empresa.
Existe uma ética padrão?
Algumas profissões possuem conselhos responsáveis pela criação de códigos de
ética específicos, como é o caso dos médicos, dos advogados, das engenharias etc. No
entanto, estes códigos se referem a procedimentos e normas padrões das áreas, e são
necessários por uma questão de segurança. Eles preveem penas disciplinares em lei para
violações visando preservar a moralidade dentro de uma conduta ética da profissão. No
entanto, há comportamentos que devem ser adotados em qualquer que seja a área, por
contribuírem para o bom funcionamento do trabalho.
Quais são os principais fatores componentes da ética profissional?
Os elementos mais importantes da ética profissional são:
- Honestidade: É um preceito básico para a convivência tanto pessoal quanto
profissional. Falar sempre a verdade, não culpar colegas por erros seus e assumir falhas
próprias são atitudes honestas e de valor para uma vida profissional ética e reta.
- Honra: Ter a idéia de que a profissão é honra para o ser humano, e que qualquer
decisão tomada de maneira errada pode influenciar na vida das outras pessoas.
- Sigilo: Alguns assuntos são confidenciais por segurança, e não é nada ético sair
falando aos quatro ventos sobre coisas que não dizem respeito a determinados públicos.
Informações sigilosas geralmente estão protegidas por lei e, caso algum funcionário
quebre este protocolo, a pena é certa.
- Competência: A competência envolve também o compromisso, a organização
e a capacidade de ajudar os demais, tudo com a finalidade de realizar um bom trabalho
de forma geral.
- Prudência: Ter noção da hierarquia, cuidado com comentários, brincadeiras e
atitudes que podem até mesmo ofender os demais. É importante ainda ter prudência
na realização das tarefas, fazer tudo da forma mais correta possível, sem “atalhos” ou
“jeitinhos”.
- Humildade: Perguntar quando há dúvidas, no caso do empregado. É ouvir os
subordinados, no caso do líder. Ou, para ambos, reconhecer erros e aprender com eles.
- Imparcialidade: Tratar a todos de maneira igual, independentemente do cargo
que ocupam. Ser imparcial é mais importante ainda para os gestores. É comum as
relações profissionais extrapolarem os limites do escritório, mas é imprescindível saber
separar a relação pessoal da profissional.
A ética profissional vale para todos, independentemente de cargo.
Comportamentos antiéticos praticados por líderes invariavelmente abalam o clima
organizacional, prejudicando o rendimento da equipe.
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