Uma PROPOSTA DE modelo experimental para estudo do

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UMA PROPOSTA DE MODELO EXPERIMENTAL PARA ESTUDO DO
COMPORTAMENTO DE RECORDAR EVENTOS
Verônica Bender Haydu (1), Juliana Barboza Caetano de Paula (2),
Leila Cristina Ferreira Omote(3), Priscila Vicente(4) e Natalia Maria Aggio (5)
Estudos experimentais têm demonstrado que diversas variáveis afetam a formação de
classes de estímulos equivalentes. No entanto, a manutenção das classes ao longo do tempo tem
sido menos investigada, mas diversas pesquisas foram realizadas por Haydu e colaboradores
(por exemplo, Rocha e Haydu, 2002) para testar a hipótese formulada por Saunders, Wachter e
Spradlin (1988), os quais sugeriram que a manutenção das classes equivalentes pode estar
relacionada com o tamanho das mesmas. Ou seja, quanto maior o número de estímulos,
membros da classe, maior a estabilidade das relações entre estímulos. Eles sugeriram também
que novos membros podem ser mais facilmente adicionados, e classes maiores podem ser mais
provavelmente recuperadas.
São descritos aqui três estudos que visaram avaliar o efeito do número de membros
relacionados em classes equivalentes sobre a manutenção destas, após um intervalo de seis
semanas. No Estudo 1, foi controlado o número de estímulos por classe; no Estudo 2, controlouse, também, o número de tentativas de teste das relações emergentes; e no Estudo 3 foram
controladas variáveis relativas aos participantes com um procedimento intragrupo.
Método
Participantes
Estudo 1 - 24 estudantes universitários distribuídos aleatoriamente em quatro grupos.
Estudo 2 - 40 estudantes universitários distribuídos aleatoriamente em quatro grupos.
Estudo 3 – 21 estudantes universitários distribuídos aleatoriamente em seis grupos.
Materiais
Um microcomputador Pentium, o Software Equivalência e estímulos não-familiares.
Procedimento
O treino de relações condicionais foi realizado por meio do procedimento de escolha de acordo
com o modelo, com e estrutura de treino CaN. Foi ensinada uma relação de cada vez e relações
novas eram acrescentadas, em novas fases, após o participante ter atingido o critério acertos nos
testes das relações emergentes. Em cada bloco de treino ou teste, o critério de acertos era sempre
de 90%. No final de cada fase havia um Teste Misto que envolvia todas as relações de linha de
base e as emergentes. Após um intervalo de seis semanas, era aplicado o Teste de Manutenção
2
igual ao Teste Misto da última fase. A Tabela 1 apresenta a seqüência do procedimento de cada
estudo.
Tabela 1. Seqüência de treino e testes, e as relações treinadas ou testadas nos blocos de cada dos
Estudos 1, 2 e 3. As relações estão representadas com diferentes letras para especificar que a
organização dos estímulos nas classes foi diferente em cada estudos.
Relações Envolvidas
Seqüência do
Procedimento
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Treino
Teste de LB e S
Treino
Teste de LB e S
Equivalência
Teste Misto
Treino
Teste de LB e S
Equivalência
10 Teste Misto
11 Treino
12 Teste de LB e S
13 Equivalência
14 Teste Misto
Estudo 3
Estudo 1
BA
BA*
CA
CA*
BC*
(BA,CA,BC)*
DA
DA*
(DB,DC)*
(BA,CA,BC,DA
,DB,DC)*
EA
EA*
(EB,EC,ED)*
(BA,CA,BC,DA
,DB,DC,EA,EB,
EC,ED)*
15 Treino
FA
16 Teste de LB e S
FA*
17 Equivalência
(FB,FC,FD,FE)*
(BA,CA,BC,DA
,DB,DC,EA,EB,
18 Teste Misto
EC,ED,FA,FB,F
C,FD,FE)*
Estudo 2
Classes c/ 3
estímulos
Classes c/ 4
estímulos
Classes c/ 5
estímulos
NM
QP
UT
HG
NM*
QP*
UT*
HG*
OM
RP
VT
IG
OM*
RP*
VT*
IG*
NO*
QR*
UV*
HI*
(HG,IG,HI)* (NM,OM,NO)* (QP,RP,QR)* (UT,VT,UV)*
--SP
XT
JG
--SP*
XT*
JG*
--(SQ,SR)*
(XU,XV)*
(JH,JI)*
(QP,RP,QR, (UT,VT,UV,
(HG,IG,HI,JG,
--SP,SQ,SR)* XT,XU,XV)*
JH,JI)*
----ZT
KG
----ZT*
KG*
----(ZU,ZV,ZX)*
(KH,KI,KJ)*
(UT,VT,UV,
(HG,IG,HI,JG,
XT,XU,XV,
----JH,JI,KG,KH,
ZT,ZU,ZV,
KI,KJ)*
ZX)*
------LG
------LG*
------(LH,LI,LJ,LK)*
(HG,IG,HI,JG,J
H,JI,KG,KH,KI
------,KJ,LG,LH,LI,
LJ,LK)*
Obs.: LB = Linha de Base, S = Simetria, * implica as relações simétricas.
No Estudo 1, foram ensinadas aos participantes dos quatro grupos relações condicionais
para a formação de três classes com três, quatro, cinco e seis estímulos, de acordo com o grupo.
3
No Estudo 2, o procedimento foi semelhante ao do Estudo 1, exceto que foi mantido
constante o número mínimo de tentativas de teste para cada relação e para todos os grupos,
variável não controlada no estudo anterior.
No Estudo 3, o procedimento foi semelhante ao do Estudo 1, exceto que foram treinadas
relações condicionais para a formação de classes com três, quatro e cinco estímulos. Além disso,
o delineamento era intragrupo - todos os participantes foram submetidos às condições que
envolviam classes de diferentes tamanhos o que, nos outros estudos, variou entre os grupos.
Resultados
Verifica-se nas Figuras 1, 2 e 3 que correspondem, respectivamente, aos Estudos 1, 2 e 3,
que o tamanho das classes não afetou a formação das relações de equivalência.
No Estudo 1, o desempenho dos participantes no Teste de Manutenção não teve relação
com o tamanho das classes (ver Figura 1). Um maior número de participantes do Grupo 2
(classes com quatro estímulos) atingiu o critério de 90% de acertos no teste de manutenção em
comparação com os demais grupos. Observou-se ainda, por meio de dados adicionais, que as
relações mais erradas foram aquelas ensinadas por último e repetidas um menor número de
vezes. No Estudo 2, a probabilidade de manutenção e de recuperação de relações enfraquecidas
no período de seis semanas esteve diretamente relacionada ao tamanho das classes (ver Figura
2). No Estudo 3, três, dois e oito participantes atingiram o critério de acertos quando as classes
eram compostas por três, quatro e cinco estímulos, respectivamente (ver Figura 3).
Manutenção
Grupo 1
Grupo 2
Teste Misto
Grupo 3
Grupo 4
100
% de acertos
80
60
40
4C
4D
4E
4F
4A
4B
3E
3F
3A
3B
3C
3D
2C
2D
2E
2F
2A
2B
1F
0
1A
1B
1C
1D
1E
20
Participantes
Figura 1. Porcentagem de acertos de cada participante no teste misto e no teste de manutenção.
4
Manutenção
Grupo 1
Teste Misto
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
100
% de acertos
80
60
40
20
44
45
47
49
41
42
48
46
43
40
38
32
35
39
33
34
36
30
37
31
28
29
24
20
23
21
25
27
26
22
19
13
18
10
14
16
12
11
15
17
0
Participantes
Figura 2. Porcentagem de acertos dos participantes no Teste Misto e no Teste de Manutenção
Classes com 3 estímulos
Manutenção
100
80
Teste Misto
60
40
20
0
11 12 13 14 21 22 23 24 31 32 33 41 42 43 51 52 53 54 61 62 63
Classes com 4 estímulos
% de acertos
100
80
60
40
20
0
11 12 13 14 21 22 23 24 31 32 33 41 42 43 51 52 53 54 61 62 63
Classes com 5 estímulos
100
80
60
40
20
0
11 12 13 14 21 22 23 24 31 32 33 41 42 43 51 52 53 54 61 62 63
Participantes
Figura 3. Porcentagem de acertos dos participantes nos Teste Misto e no Teste de Manutenção.
Discussão
Ao se controlar o número de apresentações das relações, nos testes das relações de linha
de base e emergentes, os resultados indicam que o número de membros das classes equivalentes
5
foi a variável que provavelmente contribuiu para a manutenção destas por um período de seis
semanas, o que pode ser considerado uma evidência a favor da hipótese formulada por Saunders,
Wachter e Spradlin (1988). Esses autores quanto mais membros forem adicionados a uma classe,
mais estáveis ela se torna. Se uma classe de estímulos equivalentes tem três membros, tendo sido
formada pelas relações de linha de base BA e CA, e se uma variável qualquer reduzir a força de
uma das relações, a classe inteira será, em decorrência, desfeita. No caso de uma classe formada
por um número de membros acima de três, há uma rede maior de relações, sendo as relações de
equivalência multideterminadas. Com isso, se uma das relações é desfeita com a passagem do
tempo, a classes equivalente não será necessariamente desfeita , pois as relações que
permaneceram intactas podem manter a classes estável.
O procedimento de escolha de acordo com modelo com atraso pode considerado como
um modelo experimental de estudo e uma definição operacional para memória de curto prazo
(Mackay, 1991). O procedimento de formação de classes de estímulos equivalentes com
variação do número de estímulos por classes e com o controle do número de tentativas de testes
das relações de linha de base e das emergentes está sendo sugerido a partir dos estudos aqui
resumidos como um modelo de análise experimental do comportamento de recordar eventos.
Isto porque outras variáveis como o tipo de estímulo, o intervalo entre as etapas de ensino e o
teste de manutenção, o tipo de participante (com ou sem problemas de recordação de
informações e eventos) e o teste de estratégias adicionais de ensino podem ser combinados para
essa análise.
Referências
Rocha, M. M., & Haydu, V. B. (2002). Procedimentos de ensino e manutenção do aprendizado:
estratégias derivadas das pesquisas sobre formação de classes de estímulos equivalentes, IV
ANPEd Sul - Na Contracorrente da Universidade Operacional. CD-ROM, Florianópolis.15p.
Mackay, H. A. (1991). Conditional stimulus control. In I. R. Iversen, & K. A. Lattal. (Orgs.).
Experimental Analysis of Behavior (pp. 301-450), Amsterdam: Elsevier.
Saunders R. R., Wachter, J., & Spradlin, J. E. (1988). Establishing auditory stimulus control over
an eight-member equivalence class via conditional discrimination procedure. Journal of the
Experimental Analysis of Behavior, 1 (49), 95-115.
Autores (1), (2), (3), (4) e (5) - Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Psicologia
Geral e Análise do Comportamento, Londrina, PR.
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