UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE EDUCAÇÃO Karina Caixeta Scalco Maria Fernanda Campos Mendonça Rafael Salgado Silva Renata Savarino Lavenhagen Perspectiva da Aprendizagem Significativa na Organização do Ensino São Paulo 2012 Karina Caixeta Scalco Maria Fernanda Campos Mendonça Rafael Salgado Silva Renata Savarino Lavenhagen Perspectiva da Aprendizagem Significativa na Organização do Ensino Trabalho requisito apresentado para aprovação como na disciplina “Conhecimento em sala de aula: a organização do ensino” ministrada na Universidade de São Paulo. Prof. Dr. Manoel Oriosvaldo de Moura São Paulo 2012 Perspectiva da Aprendizagem Significativa na Organização do Ensino Introdução Existem três tipos gerais de aprendizagem: a cognitiva, a afetiva e a psicomotora. Aprendizagem cognitiva é aquela em que há organização de informações na mente do aprendiz, é a aprendizagem de informações no nível das ideias; aprendizagem afetiva é aquela em que há sinais internos, identificadas por experiências, relacionada ao sentir (dor, prazer, alegria, ansiedade, tristeza); aprendizagem psicomotora é a que envolve respostas musculares, está relacionada a treinos e práticas. Enquanto a aprendizagem afetiva é concomitante com a cognitiva, alguma aprendizagem psicomotora depende da aprendizagem cognitiva. A teoria abordada – Teoria da Aprendizagem Significativa – focaliza o âmbito cognitivo, principalmente. O foco da teoria é entender como ocorre a aprendizagem na sala de aula e no dia-a-dia da grande maioria das escolas. Para Ausubel (1980), aprendizagem significa organização e integração do material na estrutura cognitiva. E estrutura cognitiva é o “conteúdo total de ideias de um certo indivíduo e sua organização; ou conteúdo e organização de suas ideias em uma área particular de conhecimentos”. Novas informações e ideias podem ser aprendidas na medida em que os conceitos relevantes estiverem disponíveis na estrutura cognitiva para ancoragem do novo conhecimento. Aprendizagem significativa é um processo em que há interação da nova informação com a estrutura cognitiva do aprendiz. O conhecimento já presenta na estrutura cognitiva, é chamado de subsunçor e pode ser conceitos ou proposições relevantes. Ausubel afirma que as informações organizam-se de maneira hierárquica. Os conceitos iniciais vão tornando-se cada vez mais elaborados e inclusivos, facilitando a próxima aprendizagem. Aprendizagem significativa não é somente quando a nova informação apresenta estrutura lógica e relaciona-se com os subsunçores disponíveis havendo assimiçação, diferenciação, elaboração e estabilidade, mas ela deve, também, modifica-los, tornandoos mais inclusivos, através da interação. Em oposição à aprendizagem significativa, Ausubel define a aprendizagem memorística ou mecânica. Essa ocorre quando os novos conceitos são aprendidos sem estabelecer relação com os conceitos subsunçores. A nova informação é armazenada arbitrariamente. Cabe ressaltar que essa divisão não é dicotômica, e sim um contínuo. Uma aprendizagem significativa pode ter o início de maneira memorística. Por exemplo, a aprendizagem durante a alfabetização e o letramento. A maioria dos indivíduos foi alfabetizada através dos pares silábicos, que não estabelecem nenhuma relação com a estrutura cognitiva, mas com sua utilização e prática de leitura e escrita, significados foram atribuídos, tornando uma aprendizagem significativa. Outro exemplo é o início da aprendizagem de cada indivíduo. Como não existe nenhum conceito na estrutura cognitiva para estabelecer relações com o que será aprendido, a primeira aprendizagem (cognitiva, emocional ou psicomotora) é mecânica, e recebe o nome de “formação de conceitos”. À medida que novas informações são aprendidas, elas vão estabelecendo relações entre si, e criando significações para o sujeito, que vai se apropriando de maneira interpessoal para intrapessoal. A aprendizagem mecânica é necessária quando as informações adquiridas são de uma área completamente nova para o sujeito. Requisitos da Aprendizagem Significativa Para que a aprendizagem ocorra de maneira significativa, como proposta por Ausubel (1980), alguns requisitos são necessários. O primeiro deles, é que os conhecimentos prévios devem ser levados em consideração. Para Ausubel, conceitos prévios são os conhecimentos sobre o conceito a ser assimilado que o aluno já tem em sua estrutura cognitiva (corretos ou não) e que são influenciadores para a nova informação ser ancorada. Como citado anteriormente o fator que mais influencia na aprendizagem significativa é o que o aluno já sabe (aspecto relevante em sua estrutura cognitiva, podendo ser um símbolo, conceito ou proposição). Para Vigotski, conhecimentos prévios são aqueles que possuem forte ligação com a experiência cotidiana do sujeito, influenciando ou não a nova aprendizagem. Eles são instrumentos de mediação e, portanto, o professor ao conhecê-los, tem acesso ao objeto do aluno, possibilitando que sua ação pedagógica seja situada e consciente. A partir do momento que o professor os identifica, é possível que ele faça a mediação de tal maneira que o aluno se aproprie dos conhecimentos científicos, de tal forma que ambos (professor e aluno) possam ter acesso ao mesmo objeto e participar da mesma atividade (CAMILO, 2011). Outro requisito, é que o material instrucional seja potencialmente significativo. Isso é, deve haver possibilidade da nova informação ser assimilada pela estrutura cognitiva de maneira não-arbitrária e não-literal. Ou seja, o novo conhecimento deve se relacionar à estrutura cognitiva estabelecendo relações com os conhecimentos já existentes de maneira que o indivíduo atribua significados a eles. Para se afirmar sobre a potencialidade significativa do material, deve-se observar duas coisas: a natureza do material a ser aprendido e a natureza da estrutura cognitiva do aprendiz. A natureza do material deve ser “logicamente significativa”, ou seja, relacionável de maneira substantiva ao domínio da capacidade humana de aprender. Quanto à natureza da estrutura cognitiva do aluno, nela devem estar presentes os subsunçores, que são os conceitos específicos relevantes, aos quais a nova informação irá se relacionar. O terceiro requisito é que o aluno demonstre predisposição em aprender significativamente. Ele deve aprender os novos conceitos e assimilá-los estabelecendo relações significativas com os conhecimentos subsunçores. Se o material instrucional for potencialmente significativo e a intenção do aluno for memorizar o novo conhecimento – literal e arbitrariamente, a aprendizagem não ocorre de maneira significativa. Da mesma forma, o vice-versa é verdadeiro. Se o aluno demonstrar interesse de aprender significativamente, mas o material instrucional não for potencialmente significativo, e só for possível de ser incorporado à estrutura cognitiva ao acaso e literalmente, a aprendizagem também não será significativa. Para deixar mais claro como se dá a organização do processo de significação, Ausubel propõe a hipótese da assimilação. Assimilação é o processo que ocorre à medida que o novo conceito é relacionado a uma ideia ou conceito mais inclusivo. Dessa maneira, tanto a nova informação como o conceito relevante já existente na estrutura cognitiva, são modificados pela interação. Essa relação entre o novo e o já presente permanece nas ideias do aprendiz. Ambos são modificados, e tornar-se-ão mais inclusivos, como um novo subsunçor (MOREIRA, 2006). De acordo com Ausubel (1980), a assimilação exerce efeito facilitador sobre a retenção dos novos conceitos. Durante certo período, as novas informações permanecem dissociáveis das idéias-âncoras e, por isso, reproduzíveis individualmente, facilitando a retenção da nova informação. Após determinado período de tempo, chamado de tempo de retenção, ocorre um mecanismo de esquecimento, visto como vantajoso, já que facilita a aprendizagem e a retenção de novas informações. As novas ideias tornam-se reduzidas pelos significados mais estáveis das relações, ou seja, menos dissociáveis da estrutura cognitiva. Quando o grau de dissociabilidade é nulo, afirma-se que houve a assimilação obliteradora; o conhecimento adquirido passa por uma tendência reducionista da organização cognitiva: é mais simples e econômico reter apenas as ideias, conceitos e proposições mais gerais e estáveis do que as novas ideias assimiladas (MOREIRA, 2006). Após esse processo, o subsunçor não volta à sua forma inicial, ele permanece alterado e com maior potencial de inclusão. Moreira ainda ressalta que descrever o processo de assimilação em termos de uma única interação “é uma simplificação, pois, em menor escala, uma nova informação interagem também com outros subsunçores e o grau de assimilação, em cada caso, depende da relevância do subsunçor”. Os cinco elementos da educação e a negociação dos significados A educação pode ser compreendida pela associação de cinco elementos, os quais são compreendidos como professor, aluno, conhecimento, avaliação e o contexto. Podese observar que a interação destes cinco elementos leva a construção do significado das experiências (MOREIRA, 2006; NOVAK, 1998; MOREIRA, 1999). Isso pode ser observado na figura 1. Figura 1: Um mapa conceitual com os cinco elementos de Novak Fonte: MOREIRA, M. A. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999. 195 p . (Moreira, 1993). Assim, o que se observa é que no meio educacional não podem ser considerados apenas partes do sistema para se analisar o ensino. Verifica-se na figura 1 a interação entre aluno, professor, conhecimento e contexto que, juntos são interagidos no processo de avaliação. A interação de todos estes elementos faz com que o ensino contribua para construção de significados. A avaliação é um ponto importante a ser considerado. Muito do que se passa no ensino ou aprendizagem depende da forma de avaliação utilizada. Nesse aspecto, sua interação com os outros elementos se torna de total importância, e ela se destaca por ser parte da vida das pessoas de modo geral, onde o ser humano passa por diversos tipos de avaliações em suas vidas. Ela é considerada como um elemento-chave para a educação (NOVAK, 1998). É a partir da avaliação que se pode compreender o desempenho do professor, a aprendizagem do aluno, o grau de significância do conhecimento e também o efeito do contexto neste processo de ensino-aprendizagem (figura 1). É preciso que o meio onde o aluno vive (contexto) seja levado em consideração, pois este meio acarreta ao aluno sentimentos, emoções, e, quando ele é considerado, pode então ser uma ferramenta para o ensino. Conhece-se o aluno pelo contexto em que este vive. A figura 2 mostra a variedade de fatores envolvidos no contexto da educação. Figura 2: A variedade de fatores envolvidos na criação do contexto da educação. Fonte: NOVAK, J. D. Aprender, criar e utilizar o conhecimento. 1. ed. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, LTDA, 1998. p.154. O contexto, então, inclui o físico, o emocional e o cultural. Todos estes três aspectos incluem o meio onde o aluno está inserido, quais os instrumentos utilizados no processo de ensino, a relação entre os pares (aluno-aluno, aluno-professor e alunos-pais) e também o contexto cultural, envolvendo raças, cultura e gênero (NOVAK, 1998). A interação destes elementos, então, pode gerar um processo onde a aprendizagem pode ser significativa. Nesse sentido, a visão interacionista social de Gowin pode ser utilizada para a aprendizagem significativa, observando a figura 3. Figura 3: A aprendizagem significativa na visão interacionista social de Gowin. Fonte: MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa: da visão clássica à visão crítica. V Encontro Internacional sobre Aprendizagem Significativa, Espanha, Setembro de 2006 . Nesta figura entende-se que há uma relação triádica (aluno, professor e materiais educativos), onde essa relação está associada aos significados compartilhados entre eles. E esta perspectiva novamente leva em consideração o contexto onde o processo de ensino está associado (MOREIRA, 2006). Ensinar e aprender são casos que devem ser interagidos, envolvem pensamentos, sentimentos e ações do professor e do aluno. Nesse sentido, quando há uma interação dos elementos do professor e do aluno, há uma negociação de significados. Essa negociação é compreendida como uma troca de significados e sentimentos entre o aluno e o professor, como visto na figura 3. A figura 4 também ilustra como ocorre esse processo. O professor (medicação humana) é quem domina os significados aceitos no âmbito da matéria de ensino e o aprendiz é aquele que busca captar tais significados. O professor deve buscar evidências se o aluno está captando e ao aluno compete verificar se o que está captando são aqueles aceitos no âmbito da matéria de ensino. Este processo de negociação ocorre, então, no meio social, no contexto. Neste processo, o ensino se consuma quando o aluno compreende o que o professor queria que ele captasse e que são conceitos já aceitos no meio cientifico. Nesse sentido, há um compartilhamento de significados e, a partir daí, o aluno decide se aprende ou não significativamente (MOREIRA, 2006). Figura 4: Esquema do processo de negociação de significados. Os conceitos científicos, conforme Vigotski, são também construções e negociações dos indivíduos da comunidade científica, onde os significados podem ser distintos em diferentes contextos. Nesse sentido, a experiência única do indivíduo com o mundo se transforma a medida que ele se relaciona com este, modificando seus significados e partilhando-os de maneira coletiva (CAMILO, 2011). O currículo e o ensino na perspectiva da teoria da aprendizagem significativa. Ao se optar por metodologias construtivistas como orientadoras do ensino, é preciso abandonar a ideia de que o aluno é um mero receptor de informações, e que a forma como ele armazena ou organiza o conhecimento em sua mente, sejam irrelevantes para a sua aprendizagem. Em contrapartida, para que se compreenda como esta ocorre, é importante conhecer como o estudante constrói o conhecimento, em termos de atribuição de significados, compreensão, transformação, armazenamento e uso das informações em diversas situações. Em termos de uma visão construtivista para o ensino, deve-se destacar o papel desempenhado por professores e alunos, uma vez que, são os atores do dispositivo educativo. O aluno, no contexto da matéria de ensino, é o agente no processo de construção de seu conhecimento. De modo que se manifeste intencionalmente a fim de relacionar as novas informações com aquelas já existentes em sua estrutura cognitiva, de forma substantiva e não- arbitrária. O professor atua como mediador neste processo, no sentido em que deve auxiliar os estudantes na assimilação da estrutura dos materiais de ensino, bem como na reorganização da própria estrutura cognitiva deles, por meio da aquisição de novos significados que permitam gerar conceitos e princípios (AUSUBEL, NOVAK E HANESIAN, 1980). Partido destes pressupostos, e conforme definido por Gowin (1981, apud MOREIRA, 1990), o ensino é um momento de compartilhamento de significados, onde professores e alunos, por meio do uso de materiais educativos do currículo, buscam significados em comum. O professor deve fazer com que o aluno confira aos materiais os significados que ele objetiva que este adquira. O aluno por sua vez, deve fazer com que os significados que ele atribuiu aos materiais sejam aqueles esperados pelo professor. Assim sendo, após tais tarefas e o compartilhamento de significados, pode-se dizer que ocorreu um episódio de ensino. Quanto aos materiais educativos, estes podem ser entendidos, segundo Ausubel e col (1980), como recursos educacionais utilizados pelo professor, tais como, slides, filmes, televisão, exercícios, aula e outros, ou seja, instrumentos que sirvam de veículo para a aprendizagem. Mediante as perspectivas apresentadas, e tendo por base a Teoria da Aprendizagem Significativa, elabora por Ausubel e ampliada por Novak e colaboradores, entende-se que a aprendizagem significativa consiste em um processo por meio do qual o aluno vai adquirindo o conhecimento de forma organizada e progressiva. E o fator de maior importância para a aprendizagem dos alunos são os conhecimentos que eles já possuem em suas estruturas cognitivas. Assim, cabe ao professor conhecê-los para então basear seus ensinamentos. Segundo Vygotsky (1993, apud, CAMILO, 2011), os conceitos cotidianos, também denominados conceitos espontâneos, são formados a partir da vivência de situações concretas. Já os conhecimentos científicos, são construídos de forma intencional, através da instrução, principalmente, nas instruções de ensino. O autor ainda ressalta que apesar de tais conceitos terem um processo evolutivo diferente, eles se relacionam. Pois, para desenvolver os conceitos científicos é preciso que alguns conceitos cotidianos estejam formados. Assim, os conceitos científicos necessitam dos conceitos espontâneos, e, ao serem denominados, também elevam os conceitos cotidianos. Desse modo, os conceitos científicos reorganizam os conhecimentos espontâneos. Neste sentido, para que a aprendizagem se efetive, deve haver uma consonância entre os conceitos a serem ensinados (uma decisão de currículo) e o tipo de material de ensino que poderia ser mais significativo para um dado grupo de alunos (decisão de planejamento de ensino). Pois, qualquer decisão tomada de forma arbitrária no planejamento do currículo em termos da sequência de conceitos a serem expostos poderá trazer graves consequências como um ensino indesejável e desmotivante (AUSUBEL, NOVAK E HANESIAN, 1980). Tendo como base a perspectiva de que aprendizagem resulta da construção de significados e de que o ensino consiste no compartilhamento de significados, no qual se faz uso de materiais educativos do currículo, é necessário o entendimento o entendimento deste. Segundo Gowin (1981, apud MOREIRA, 2006), o currículo é determinado como um conjunto de conhecimentos ou uma estrutura de conhecimento existentes em um curso, livro, artigo, experimento de laboratório, ou em outra fonte. Neste momento, cabe destacar que existe uma diferença entre atividade curricular e ação instrucional. A primeira volta-se para a aplicação de critérios para a análise, seleção e ordenação do conhecimento, bem como para especificação de resultados pretendidos de aprendizagem. Já a segunda, parte destes últimos, para definir quais as tarefas específicas para o professor e o aluno (MOREIRA, 2006). Assim, os assuntos do currículo estão relacionados aos conteúdos a serem ensinados e os assuntos educacionais à abordagem de ensino. Conforme discutido no parágrafo anterior, pode-se dizer que o planejamento do currículo também será diferente do planejamento de ensino. Durante o planejamento do currículo o olhar está voltado para as estruturas conceituais e metodológicas da disciplina. No planejamento do ensino o olhar orienta-se para a seleção de atividades de aprendizagem que melhor se conectem com a estrutura cognitiva existente do aluno e incorporem os conceitos e habilidades identificadas no plano do currículo (AUSUBEL, NOVAK E HANESIAN, 1980). Apesar das tais diferenças entre o currículo e o ensino, no planejamento de ambos, deve-se levar em consideração que, a coisa mais importante que influencia a aprendizagem é o que o aluno já sabe. Johnson (1967, apud AUSUBEL et. al, 1980), elaborou um modelo para currículo e ensino, conforme representado na Figura 5. Figura 5: Versão simplificada do modelo de Johnson (1967) para currículo e ensino. Fonte: AUSUBEL, et. al. Psicologia Educacional, p. 295, 1980. A partir da Figura 5, pode-se evidenciar a diferença entre o desenvolvimento do currículo, à esquerda, e do ensino. Isto se dá por meio da diferenciação entre os assuntos relacionados com o status do conhecimento disciplinar e finalidades da sociedade para a escola (aspectos curriculares) e os assuntos em que o foco está nos alunos e nos métodos para aperfeiçoar o aprendizado (aspectos educacionais). A avaliação funciona como um feedbeck, uma vez que os “resultados de aprendizagem planejados” (RAPs), possam ser atingidos como “resultados de aprendizagem reais” (RARs), possibilitando a reformulação do currículo a partir dos dados obtidos. A relação entre os elementos da Figura 5 pode ser entendida, mais facilmente, na explicação de Ausubel e cols. Aqui vemos que o currículo (uma série estruturada de resultados de aprendizagem planejados) é o produto de um sistema de desenvolvimento de currículo no qual critérios de seleção e critérios de ordenação são usados para selecionar conhecimento da cultura disponível e organizar este conhecimento num “currículo”. O produto do sistema de desenvolvimento de currículo é usado, por sua vez, no processo de planejamento de ensino. Ao extrairmos atividades e exemplos específicos da cultura disponível, desenvolvemos um programa de ensino. Quando os alunos estão envolvidos no programa de ensino, o aprendizado acontece e “resultados de aprendizagem reais” podem ser avaliadas. Os resultados de aprendizagem reais são um produto do sistema de ensino, tal como manifestado pelos alunos. A informação obtida pela avaliação pode, por sua vez, ser usado para replanejar o currículo e/ou componentes do ensino (AUSUBEL, et al, p. 96, 1980). Em momentos anteriores, neste trabalho, foi abordada a teoria da assimilação, como base para a explicação de como se dá a aprendizagem humana, mais especificamente, a aprendizagem significativa. Para tal tomou-se como objeto de estudo a estrutura cognitva do aluno. Esta teoria, associada a outros elementos da teoria cognitivista de Ausubel, tais como, organizadores prévios, a diferenciação progressiva, a aprendizagem superordenada e a reconciliação integradora, serão de grande importância para a copreensão de como planejar o currículo e o ensino, partindo-se da Teoria da Aprendizagem Significativa. Antes de aprofundarmos nas etapas de planejamento do currículo e do ensino, faz-se necessário discutir sobre cada um destes novos elementos. Iniciemos pelos organizadores prévios. Estes são materiais introdutórios que são apresentados anteriormente ao material a ser aprendido. Dessa forma, funcionam como uma espécie de âncora para a nova aprendizagem, a fim de permitir o desenvolvimento de conceitos subsunçores que facilitem a aprendizagem subsequente (MOREIRA; MASINI, 2001). Uma vez que os alunos já possuem em sua estrutura cognitiva, os subsunçõres, necessários para a ancoragem da nova aprendizagem, é possível a ocorrência de interação entre eles. A este processo dá-se o nome de aprendizagem subordinada, em que, a nova informação adquire significado por meio da interação com o susbsunçor (MOREIRA, 1999). Por outro lado, a aprendizagem superordenada, segundo relatado por Moreira (1999), ocorre quando um conceito ou proposição potencialmente significativo A, mais geral e inclusivo do que ideias ou conceitos já existentes na estrutura cognitiva a1, a2. a3, é obtido a parir destes e passa a assimilá-los. As ideias a1, a2. a3, são identificadas como instâncias mais específicas de uma nova ideia superordenada A, definida por um novo conjunto de atributos Além dos dois tipos de aprendizagem significativa citados, existe também a aprendizagem combinatória. Esta envolve a aprendizagem de proposições e, em uma escala menor, a aprendizagem de conceitos que não apresentam uma relação de subordinação ou superordenação com proposições ou outros conceitos específicos, mas sim com um conteúdo um pouco mais amplo, relevante de uma maneira geral, presente na estrutura cognitiva, ou seja, a nova proposição pode ser então assimilada por outras já existentes na estrutura cognitiva e que sejam capazes de assimilá-la (MOREIRA, 1999). Á medida em que acontece a aprendizagem significativa há necessariamente o desenvolvimento e elaboração de conceitos de integradores. O aprimoramento dos significados conceituais na estrutura cognitiva, que dá mais exatidão e especificidade a tais conceitos, é denominado diferenciação progressiva. Quando novas inter-relações entre os conceitos na estrutura cognitiva são possíveis, surge uma outra forma de diferenciação cognitiva, a reconciliação integradora (NOVAK, 1998). A diferenciação progressiva ocorre em resultado do processo de interação e ancoragem entre o novo conceito ou proposição e o conceito subsunçor, levando também, á modificação deste. Trata-se de um processo quase que na maioria das vezes presente na aprendizagem significativa subordinada (MOREIRA, 1999). Na verdade, conforme apresentado por Novak (1998), a diferenciação progressiva é entendida como um princípio programático da matéria e ensino, segundo o qual ideias, conceitos, proposições mais gerais e inclusivos do conteúdo devem ser apresentados no início da instrução e, progressivamente, diferenciados em termos de detalhe e especificidade. Em relação à aprendizagem superordenada (ou na combinatória), as ideias estabelecidas na estrutura cognitiva, podem no curso de novas aprendizagens, ser reconhecidas como relacionadas. Dessa forma, a novas informações são adquiridas e os elementos existentes na estrutura cognitiva podem reorganizar-se e adquirir novos significados. Tal recombinação de elementos previamente existente na estrutura cognitiva é compreendida como reconciliação integrativa (MOREIRA, 1999). Em termos de instrução e conforme salientado por Novak (1998), deve-se explorar relações entre ideias, apontar similaridades e diferenças importantes e reconciliar discrepâncias reais ou aparentes. A partir das discussões realizadas, podemos dar início sobre os critérios que podem ser adotados para a elaboração do currículo e do ensino, com base nos pressupostos de Ausubel (1980) e segundo os elementos da Figura 5. O conhecimento a ser ensinado aos alunos encontra-se na herança cultural, a seleção e a ordenação destes para a elaboração do currículo, não ocorrem de forma aleatória. Ausubel e col (1980) consideram a subsunção de novas informações como um processo um pouco mais fácil do que a aquisição de novos conceitos, como aqueles mais gerais. Neste sentido, ao planejar o currículo é importante introduzir no início do curso, os conceitos ou proposições que sirvam de subsunçores para a aprendizagem subsequente. Tendo em vista que há uma grande variedade de informações a serem aprendidas em uma determinada disciplina, deve-se pensar nos conceitos mais gerais, os mais inclusivos, que atuaram como base para uma ampla variedade de situações de aprendizagem. Novak (1998), afirma que não é fácil determinar dentre um amplo corpo de conhecimento quais são os conceitos mais gerais. Assim, o autor sugere que antes da elaboração do currículo, seja realizada uma análise dos conceitos na área do conhecimento em estudo. Após a análise pode-se propor algumas relações ente os conceitos, de modo a servirem como ilustração de quais seriam os conceitos mais gerais e superordenados, e quais os mais específicos e subordinados. A seleção dos conceitos discutidas no parágrafo anterior está em consonância com a teoria da assimilação, por meio da qual, deve-se começar com o que é mais geral e inclusivo. Assim, o elemento importante da teoria da assimilação que contribui para o planejamento do currículo está no fato de que a que a aprendizagem seja significativa, requer uma diferenciação progressiva de conceitos e proposições da estrutura cognitiva. Após a seleção dos conceitos é importante a organização dos mesmos. Esta pode ser realizada seguindo um esquema hierárquico ou relacional (AUSUBEL et. al., 1980). Para tal, pode tirar-se partido das dependências sequenciais naturais existentes na disciplina e do fato de que a compreensão de um dado tópico pressupõe, geralmente, o entendimento prévio de algum tópico relacionado. Quanto aos passos a serem seguidos para a elaboração do currículo, de forma resumida temos que, (...) devemos primeiramente identificar os conceitos e as relações hierárquicas entre eles para, então, sequenciar o conteúdo (coerentemente com as relações hierárquicas conceituais) em ordem descendente de inclusividade (tanto entre unidades como dentro de cada unidade), tirando vantagem das dependências sequenciais naturais entre tópicos. Além disso, a fim de promover a reconciliação integrativa, esforço explícito deve ser feito para explorar relações entre conceitos ou ideias e apontar similaridade e diferenças (MOREIRA; MASINI, p.49, 2001). Vale destacar que outro fator também está relacionado à elaboração do currículo, refere-se aos alunos. Assim, A seleção do que vai ser ensinado e de como devemos ensinar, deve levar em consideração a possibilidade de atingir a maior parte de indivíduos possíveis, seja de um mesmo grupo, ou de grupos diferentes. Além do mais, qualquer assunto disciplinar pode ser significativamente aprendido por qualquer aluno, de modo que devemos nos assegurar de que todas as habilidades motoras e abstrações primárias (anterior ao ensino formal, baseada em experiência concreto-empírica) e secundárias (desenvolvem-se a partir das experiências concreto-empírica), necessárias em qualquer estágio da sequência do aprendizado estejam disponíveis (AUSUBEL, et. al., 1980). Retomando à Figura 5, percebemos há uma inter-relação entre as decisões de planejamento de currículo e de ensino. Isso revela que um planejamento bel sucedido requer um movimento cíclico através dos sistemas de planejamento de ensino e de currículo. Assim, o planejamento de ensino é guiado pelo planejamento de currículo. Mediante tais colocações, e tomando por base as considerações de Ausubel e cols,o planejamento do ensino inicia-se com a escolha de um ou mais conceitos principais para serem ilustrados, assim como aspectos motivacionais. De acordo coma a teoria da assimilação, os exemplos utilizados devem satisfazer a uma série de condições, tais como: (a) disponibilidade de habilidades motoras, ainda que elas estejam em desenvolvimento, (b) disponibilidade de abstrações primárias relevantes, ainda que seja necessário ensiná-las, (c) que as condições (a) e (b) não sejam ignoradas pelas abstrações secundárias, e (d) que seja possível uma associação explícita entre o novo aprendizado e a estrutura cognitiva existente (uso de organizadores antecipados). Tratase de proporcionar ao aluno situações que sejam potencialmente problemáticas e desequilibradoras, mas que estejam dentro das possibilidades de resolução do aluno. Ainda segundo os autores, um dado conjunto de exemplos de ensino pode ilustrar dois ou mais conceitos. Ao se escolher atividades ou exemplos para o ensino, é relevante considerar até onde o resultado final máximo pode ser atingido através do desenvolvimento de um ou mais conceitos significativos. Além disso, no planejamento do ensino, bem como na organização dos planos de exercício, a quantidade de material contido em uma dada tarefa, é um fator a ser considerado, uma vez que, o tamanho da tarefa influencia a estrutura do material e sua dificuldade, assim como a motivação do aluno. No processo de ensino e aprendizagem, Ausubel e cols (1980), relatam que as condições que influenciam e alteram a estrutura cognitiva são caracteristicamente cruciais tanto para o domínio de uma tarefa em particular, quanto para propósitos de transferência (o aprendizado de novas tarefas relacionadas). Dentre todas as condições cabíveis de aprendizagem que afetam a estrutura cognitiva, a organização do material é a mais efetiva. Neste sentido, o material deve ser organizado de modo a causar mudanças desejáveis na estrutura cognitiva do aluno, de modo a contribuir para a aprendizagem deste e retenção do material de ensino. A estrutura cognitiva do aluno pode ser influenciada de duas formas, conforme discutido por Moreira (1999), substantivamente e programaticamente. A primeira se dá pela apresentação, ao aluno, de conceitos e princípios unificadores e inclusivos, com grande poder explanatório e propriedades integradoras. A segunda, por sua vez, é caracterizada pelo emprego de métodos adequados de apresentação do conteúdo e utilização de princípios programáticos apropriados na organização sequencial da matéria de ensino. Podemos dizer que tais considerações serão fundamentais para a organização dos materiais instrucionais, refletindo nas funções a serem exercidas pelos recursos educacionais. Estes consistem nos meios que o professor usa para propósitos de ensino, além da comunicação oral, podendo ser livros-texto, livros de exercícios, diagramas e modelos esquemáticos, demonstrações, aula de laboratório, filmes, televisão, data show e outros. A organização de tais recursos pelo professor ocorrerá em consonância com os princípios da diferenciação progressiva, reconciliação integrativa e organizadores prévios (AUSUBEL, et. al., 1980). A teoria de Ausubel, aplicada ao contexto de ensino, apoia-se fortemente naquilo que o aluno já sabe como o fator isolado de maior importância para a aprendizagem seguinte. Assim, no planejamento da instrução dá maior ênfase à organização potencialmente significativa da matéria de ensino. Porém os métodos de ensino e os sistemas de avaliação também ser consistentes com a programação do conteúdo (MOREIA; MASINE, 2001). Em relação à organização do material instrucional, Ausubel e cols (1980), afirmam que primeiramente faz-se a apresentação de informação mais detalhada ou específica para em seguida introduzir um princípio mais geral ou inclusivo ao qual possa ser relacionado ou ao qual possa estar subordinada. As vantagens que se tiram dessa organização, incluem o fato de tornar a nova informação mais significativa e a capacitação do aluno em relacionar especificações mais facilmente esquecidas e generalizações mais facilmente lembradas, bem como possibilitar a integração de fatos relacionados em termos de um princípio comum ao qual todos podem ser subordinados. Os princípios da diferenciação progressiva e reconciliação integrativa, até o momento foram utilizados como critérios não só para organização dos conceitos (questão de currículo), mas também como critério para a organização do material instrucional (questão do planejamento de ensino). Outro fator de grande relevância para este último é que uma utilização melhor de tais princípios pressupõe o seu uso constante na apresentação continua do material temático, associado ao uso de uma série hierárquica de “organizadores” antecipados (AUSUBEL, et. al., 1980). Os organizadores, conforme já discutido, tem por objetivo acentuar a discriminabilidade do novo material de aprendizagem quanto às ideias relacionadas aprendidas anteriormente. Assim, também, propiciam a diferenciação progressiva e a reconciliação integrativa, de modo que a inclusão do próprio material de aprendizagem seja maior. A eficiência dos organizadores dependerá de quão familiares dos alunos, forem a linguagem e os conceitos utilizados em sua formulação, como o uso de ilustrações e analogias apropriadas, se necessário, ao seu desenvolvimento (AUSUBEL, et. al., 1980). Além do uso dos organizadores na apresentação do material instrucional, tem-se êxito em sua utilização na organização intramaterial (recursos de organização dentro do corpo do material) e sobre qualquer subsunçor existente na estrutura cognitiva do aluno. Na primeira aplicação, os organizadores fornecem sucessivamente a base necessária e a diferenciação de novas ideias num nível particular, pouco antes de cada nova ideia ser encontrada. Na segunda, contribuem para resgatar os subsunçõres que existem espontaneamente na estrutura cognitiva que, carecem de relevância particularizada para o novo material, uma vez que, o aluno não pode possivelmente antecipar sua natureza exata (AUSUBEL, et. al., 1980). Obviamente, os próprios princípios gerais devem ser expressos em termos e conceitos já familiares ao aluno. Dessa forma uma exposição introdutória explícita das novas ideias principais a serem consideradas no capítulo, como no caso de matérias textuais, expressas num alto nível de generalidade e poder de inclusão, às quais as informações mais detalhadas do capítulo possam ser relacionadas, poderia ser bastante útil para a aprendizagem destas últimas. Ao se trabalhar com alunos do ensino médio, por exemplo, os organizadores devem ser a eles apresentado num nível de mais baixa abstração e deve-se fazer uso mais extensivo de bases concreto-empíricas. Levando em consideração as preconcepções existentes na estrutura cognitiva dos alunos. Tais preconcepções são oriundas quase que frequentemente de elementos do folclore cultural, amplamente aceitos. Ausubel e cols (1980) explicitam que as preconcepções são muito resistentes devido a fatores tais como primazia e frequência, e tambémpor estarem ligadas a preconcepções de natureza inclusiva altamente estáveis, relacionadas com as primeiras, que a precedem. Os autores atribuem a elas ainda as seguintes características(AUSUBEL, et. al., 1980). [...] São inerentemente estáveis (são, por exemplo, gerais; não qualificadas; indicativas de uma relação positiva ao invés de uma relação inversa; baseadas em causalidades ao invés de múltipla ou em variabilidade dicotômica ao invés de variabilidade contínua). Além disso, parece ser característico do aprendizado humano uma resistência à aceitação de novas ideias contrárias a crenças predominantes (AUSUBEL, et. al., p. 311, 1980). Tendo por base todas as características citadas, e o fato de estas preconcepções não estabelecer raízes fortes na estrutura cognitiva dos alunos, elas não podem ser simplesmente ignoradas. Ao contrário, as concepções erradas precisam ser superadas para que não se tornem mais elaboradas e estáveis como um resultado do ensino. Vale destacar que, Ausubel e cols (1980) alertam que, bases pautadas no aspecto concreto-empírico dever ser utilizada apenas em período de primeiro grau, para promover um tipo intuitivo de aprendizagem significativa – exceto nos primeiros estágios em que se apresenta uma nova disciplina não familiar ao aluno. Nos momentos seguintes a função atribuída a tal aspecto é de apenas facilitar e esclarecer o aprendizado abstrato de conceitos e proposições. A seguir apresentamos um exemplo de uma organização de um material instrucional no ensino de uma unidade de biologia, definida como estratégia R (MASINI, 1976, apud, MOREIRA; MASINE, 2001). Para a montagem da estratégia R, os recursos facilitadores de aprendizagem utilizados forma: (a) determinação do conteúdo sobre célula que deveria ser ensinado aos alunos da 1ª série do ensino médio; (b) levantamento dos conceitos que já haviam sido ensinados aos alunos em outras unidades de ciências, necessários para ancoragem dos novos conceitos sobre célula; (c) hierarquização conceitual do conteúdo selecionado, estabelecimento dos conceitos básicos mais abrangentes que deveriam ser salientados e, sob os quais seriam assimilados, constituindo a estrutura da matéria em corpo organizado de conhecimentos. Na figura 6, pode-se identificar seis conceitos básicos que forma estabelecidos, fazendo-se corresponder à cada um uma subunidade da matéria e (d) foram utilizados organizadores prévios no início de cada subunidade, seguindo os princípios da diferenciação progressiva e reconciliação integrativa. Figura 6: Identificação e hierarquisação dos conceitos básicos; sequência de subunidades. Fonte: Moreira, M. A.; Masini, E. F. S. Aprendizagem significativa, p. 78, 2001. Podemos concluir que o currículo, enfatiza primariamente a organização do conhecimento na disciplina, que podem ser estruturados a partir de mapas conceituais. Estes foram propostos inicialmente por Novak e colaboradores (1998) como o objetivo de organizar hierarquicamente os conceitos e proposições que representassem a estrutura cognitiva. Com relação ao uso dos mapas conceituais como instrumento avaliativo, Moreira (2006) destaca que estes possibilitam avaliar o conhecimento do aluno quanto aos termos conceituais, ou seja, a maneira como estrutura, hierarquiza, diferencia, relaciona, discrimina e integra os conceitos referentes à determinada unidade de estudo, tópico, disciplina, e outros, evidenciando o significado das relações entre os conceitos. Além do mais, possibilita acompanhar as mudanças na compreensão conceitual dos alunos. Mapas conceituais podem ser traçados para toda uma disciplina, para uma subdisciplina, para um tópico específico de uma disciplina e assim por diante. Assim podem também ser utilizados para a elaboração do currículo e no planejamento do ensino, com base nos princípios ausbelianos. Segundo estes princípios a diferenciação progressiva deve ser levada em conta ao se programar o conteúdo, em que se inicia com os conceitos mais gerais e mais inclusivos da disciplina, para posteriormente serem progressivamente diferenciados. Vale destacar que na programação do ensino não devem ser considerados apenas a diferenciação progressiva, deve-se também enfatizar as relações entre proposições e conceitos e conceitos, mostrando as diferenças e similaridades importantes de modo a reconciliar inconsistências reais ou aparentes. Isso é feito para se atingir a reconciliação integrativa (MOREIRA; MASINI, 2001). Detalhando um pouco mais sobre o uso deste recurso na instrução, eles podem ser utilizados para demonstrar relações hierárquicas entre os conceitos que serão ensinados em uma única aula, numa unidade de ensino ou em todo o curso. Os mapas conceituais mostram a relações de subordinação e superordenação que possivelmente afetarão a aprendizagem de conceitos. Assim, apresentam representações concisas, que estão sendo ensinadas e, como tal, provavelmente facilitarão a aprendizagem dessas estruturas. Considerações finais Segundo Ausubel, a aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir de um conhecimento prévio, ou seja, o professor deve se preocupar com o conhecimento anterior do aluno, e utilizá-lo para passar o conhecimento que é ministrado por ele, dessa forma o aluno conseguirá aprender significativamente. O conceito central da teoria de Ausubel é a maneira pela qual uma informação nova irá relacionar-se com um aspecto especificamente importante da estrutura do conhecimento do indivíduo, dessa maneira Ausubel criou o termo subsunçor para denominar os conhecimentos prévios que o aluno possui, que irão ser somados a novos conhecimentos, ocorrendo a modificação dos conhecimentos anteriores. Porém, mesmo o professor levando em consideração o conhecimento prévio do aluno, este deve estar disposto a relacionar o conhecimento transmitido pelo professor à sua estrutura cognitiva, pois se não houver o interesse, mesmo que o material seja potencialmente significativo, ocorrerá por parte do aluno somente uma aprendizagem mecânica, ou seja, o aluno deve estar predisposto a aprender. Pode-se concluir que ao adotar a teoria da Aprendizagem Significativa, como norteadora do trabalho docente, referente ao planejamento do ensino, é importante que o professor, investigue quais são os saberes prévios de seus alunos, visando estabelecer correlações destes com os conhecimentos novos a serem ensinados. Neste sentido, é relevante que se faça uma análise crítica da matéria de ensino, focada no aluno, uma vez que, de nada adianta o conteúdo ter boa organização lógica, cronológica e epistemológica, e não ser psicologicamente aprendível. Assim, o material proposto não deve conflitar fortemente com aquele já disponível na estrutura cognitiva do educando, devendo conectar-se a ela. Referências Bibliográficas AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia Educacional. 2 ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. 625 p. CAMILLO, J. Experiências em contexto: A experimentação numa perspectiva sóciocultural-histórica. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, 2011. MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa: da visão clássica à visão crítica. V Encontro Internacional sobre Aprendizagem Significativa, Espanha, Setembro de 2006. MOREIRA, M. A. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999. 195 p. MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem Significativa. São Paulo: Centauro, 2. ed. 2006. 111 p. NOVAK, J. D. Aprender, criar e utilizar o conhecimento. 1. ed. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, LTDA, 1998. 252 p.