universidade federal de santa maria

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PLANEJAMENTO DA UNIDADE ESCOLAR:
EM BUSCA DE UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA
Amilson Machado da Silva
RESUMO
O presente trabalho de pesquisa “Planejamento da unidade escolar: em busca de
uma gestão democrática” pretendeu pesquisar e refletir acerca das metodologias de
planejamento, na busca de importantes subsídios necessários a construção e prática
de uma gestão democrática e participativa no ambiente escolar. Considerando que a
educação tem papel ativo e significativo de transformação social, acredita-se que o
planejamento e em decorrência, a avaliação educacional, são elementos
imprescindíveis no processo de busca de subsídios para a melhoria e
aperfeiçoamento da qualidade da instituição escolar. Ao proporcionar um espaço
participativo, o gestor está garantindo a ampliação da compreensão de todos os
envolvidos, sobre a realidade escolar através do debate democrático. Dessa forma,
a pesquisa justifica-se pela necessidade de rever conceitos e práticas educativas
nas instituições de ensino referente às formas de planejamento, mediante uma
gestão democrática que tanto se almeja concretizar nos dias atuais. As leituras para
fundamentação teórica e o apontamento da visão de autores constituíram as etapas
básicas da metodologia da pesquisa. Este poderá vir a auxiliar o trabalho
pedagógico dos docentes e gestores, pois se fundamenta numa proposta que
contribuirá na melhoria da qualidade do ensino, também vem cooperar na área da
Pedagogia, uma vez que retrata de forma clara e precisa aspectos relacionados a
compreensão da conjuntura do planejamento no campo escolar.
Palavras-chave: Planejamento. Gestão Democrática. Educação.
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1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos o debate sobre o processo de planejamento participativo e
avaliação da unidade escolar ganhou importância entre os teóricos que postulam a
descentralização do sistema educacional como um caminho para a democratização
da gestão da educação e a consequente melhoria da qualidade do ensino.
Entender o significado da escola e suas relações no sistema educacional,
bem como com a sociedade, tornou-se uma exigência imprescindível para garantir
um planejamento realmente participativo. Nessa perspectiva, a contribuição da
escola é a de implementar um projeto de educação comprometido com o
desenvolvimento das competências e habilidades que permitam ao indivíduo intervir
na realidade para transformá-la. Para tanto, é necessário conceber sua função social
para propiciar ao aluno a compreensão da realidade em que vive.
O entendimento que hoje se tem do trabalho escolar é de que a ênfase deve
estar no processo de ensino e aprendizagem, finalidade maior de todo esforço a ser
despendido.
Essa
visão
representa
um
novo
olhar
para
a
escola
e,
consequentemente, uma nova postura diante da clientela e do que deve ser
realizado, pois subordina o caráter administrativo ao pedagógico. Afinal, a principal
razão de ser da escola é a aprendizagem de todos os alunos.
Partindo do princípio que cada escola possui uma realidade específica, tornase necessário a discussão de um processo de planejamento que incorpore os
diferentes "olhares" presentes no dia-a-dia da unidade escolar através da efetiva
participação de pais, alunos, professores, funcionários e especialistas nas decisões
sobre os rumos da escola.
O processo de aprendizagem é socializador e assim sendo deve ser visto
como fruto de um trabalho coletivo, pois como na vida prática, também na escola é
preciso saber trabalhar em equipe. O ato de ensinar e aprender são funções tanto
do professor quanto do aluno e quanto mais prazerosa for essa troca, mais rápida e
eficiente será a aprendizagem.
Esta pesquisa intitulada “Planejamento da unidade escolar: em busca de uma
gestão democrática” pretendeu pesquisar e refletir acerca das metodologias de
planejamento, na busca de importantes subsídios necessários a construção e prática
de uma gestão democrática e participativa no ambiente escolar.
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É meta, também, proporcionar uma breve reflexão acerca do tema
abordando a questão do planejamento participativo, da construção coletiva, da
avaliação e da reestruturação das ações da unidade escolar numa perspectiva de
gestão democrática. Dessa forma, a pesquisa justifica-se pela necessidade de rever
conceitos e práticas educativas nas instituições de ensino referente às formas de
planejamento, mediante uma gestão democrática que tanto se almeja concretizar
nos dias atuais.
Esta irá contribuir para estudos na área pedagógica, na medida em que
envolve a compreensão da conjuntura do planejamento no âmbito escolar. Diante do
acima exposto, é possível afirmar que a presente pesquisa possui relevância social,
pois os conhecimentos apresentados através da discussão e análise dos resultados
finais, não ficarão restritos ao meio acadêmico.
Transformar a prática de gestores e educadores significa questionar a
educação desde as suas concepções, seus fundamentos, sua organização, suas
normas burocráticas, significa mudanças conceituais, redefinição de conteúdos, das
funções docentes, entre outras. Necessita-se, portanto, uma reestruturação da
unidade escolar na perspectiva do desenvolvimento integral do aluno que viabilize o
seu convívio em sociedade.
Na sociedade brasileira muitas são as concepções referentes à educação,
ensino, aprendizagem, metodologia, avaliação, bem como inúmeras distorções são
feitas em relação às tendências pedagógicas educacionais. Nesse sentido, o
trabalho do gestor junto à escola é um indicador substancial e tem significativas
implicações na qualidade do ensino. Portanto, perante uma perspectiva de gestão
participativa, questiona-se qual é a importância do planejamento para o
desenvolvimento de uma gestão democrática, voltada às reais necessidades da
unidade escolar? Decorrente disso, professores, alunos, funcionários e a família são
integrantes e co-responsáveis na dinâmica das relações sociais e no rumo da
instituição educacional em si.
Diante desta perspectiva, é que se envolveu a presente pesquisa, pois o
estudo desta temática poderá ajudar a compreender melhor e descobrir como o
planejamento institucional pode auxiliar o gestor ao dirigir a escola, o professor em
seu fazer pedagógico e a criança em seu processo de aprendizagem.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Uma instituição escolar que visa à transformação social deve ser capaz de
perceber e organizar uma prática educativa voltada ao interesse da comunidade na
qual está inserida. A presença do debate democrático possibilita a produção de
critérios coletivos na orientação do processo de planejamento, que por sua vez,
incorpora significados comuns aos diferentes agentes educacionais, colaborando
com a identificação desses com o trabalho desenvolvido na escola.
A execução das ações tornar-se-á muito mais produtiva e eficaz se for
realizada a partir de compromissos construídos e firmados entre aqueles
diretamente relacionados com o processo educacional (pais, alunos, educadores,
equipe diretiva, funcionários e comunidade). Assim se concretiza o que relata
Cândido (1987, p.3):
Enquanto uma unidade social os elementos que integram a vida escolar
são, em parte, transpostos de fora; em parte, redefinidos na passagem, para
ajustar-se às condições grupais; em parte, desenvolvidos internamente. Ao
ser um reflexo da vida da comunidade, as escolas têm uma atividade
criadora própria, que faz de cada uma delas um grupo diferente dos demais,
assim cada uma organiza suas ações de modo que considerar mais
apropriado.
Para o autor, analisar a realidade particular de cada escola torna-se uma
tarefa fundamental no processo de planejamento e execução das ações. Nesse
sentido, a realidade de cada escola deve ser pensada e planejada segundo as suas
características específicas, pois, cada instituição escolar mostra uma forma diferente
de atuar.
Sendo assim, a participação coletiva deve ser entendida como um processo
de aprendizagem que demanda espaços sociais específicos para a sua
concretização, tempo para que ideias sejam debatidas e analisadas, bem como, e
principalmente, o esforço de todos aqueles preocupados com a formação do cidadão
e de uma escola de qualidade. Como diz Libâneo (2001), a participação é
fundamental por garantir a gestão democrática da escola, pois é assim que todos os
envolvidos no processo educacional da instituição estarão presentes, tanto nas
decisões e construções de propostas (planos, programas, projetos, ações, eventos)
como no processo de implementação, acompanhamento e avaliação de tais ações.
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Um gestor dinâmico, consciente de sua responsabilidade, não pode esperar
que a equipe se mobilize para realizar em conjunto as mudanças necessárias para
um melhor desempenho da escola. Ele precisa viabilizar esse caminho com o grupo.
Pensar junto possibilita transformar sonhos em realidade. Planejar em equipe
permite pensar mais sobre conteúdos, objetivos e procedimentos, as decisões são
mais demoradas, mas o debate é proveitoso. Assim afirma Ferreira (1989, p.34):
Podemos identificar três fases no processo de planejamento institucional: a
preparação do Plano Escolar, entendido como o registro sistematizado e
justificado das decisões tomadas pelos agente educacionais que vivenciam
o dia-a-dia da escola; o acompanhamento da execução das operações
pensadas no Plano Escolar, de forma a fazer, caso seja necessário, as
alterações nas operações de forma que essas alcancem os objetivos
propostos; e a revisão de todo o caminhar, avaliando as operações que
favoreceram o alcance dos objetivos e aquelas operações que pouca
influência
tiveram
sobre
o
mesmo,
iniciando-se
assim
um
novo
planejamento.
Dessa maneira, considerando que a educação tem papel ativo e significativo
de transformação social, acredita-se que o planejamento e em decorrência, a
avaliação educacional, são elementos imprescindíveis no processo de busca de
subsídios para a melhoria e aperfeiçoamento da qualidade da instituição escolar e
em especial da aprendizagem e da formação global do aluno.
Uma prática educativa comprometida com o desenvolvimento integral dos
alunos não se restringe à elaboração de atividades dirigidas, exige sim, uma
superação da fragmentação dessas atividades de ensino em sala de aula. Para se
assegurar aos aprendizes o pleno desenvolvimento de suas potencialidades, é
fundamental, dentre outros aspectos, que a ação educativa se baseie em uma
orientação teórico-metodológica, que se definam os objetivos de ensino, a
organização do trabalho pedagógico, o tipo de abordagem que se quer dar ao
conhecimento e, por fim, que se considere a realidade sociocultural dos alunos e o
contexto da escola.
De maneira mais ampla, o planejamento é um processo de busca de
equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor
funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais
e outras atividades humanas, já em educação, o ato de planejar é sempre processo
de reflexão e de tomada de decisão sobre a ação pedagógica. Assim se efetiva o
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que dissipa Padilha (2001, p.30): “Planejamento é um processo de previsão de
necessidades e racionalização de emprego de meios e recursos disponíveis, visando
à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir
dos resultados das avaliações”.
Diante desse pressuposto, planejar em sentido amplo é um processo que visa
dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua
superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo
necessariamente o futuro, mas considerando as condições do presente, as
experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico,
cultural, econômico e político de quem planeja e com quem se planeja. Ainda de
acordo com Padilha (2001, p.33):
Planejar é uma atividade que está dentro da educação, visto que esta tem
como características básicas: evitar a improvisação, prever o futuro,
estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a
execução da ação educativa, prever o acompanhamento e a avaliação da
própria ação. Nesse sentido, planejar e avaliar andam de mãos dadas.
Para o autor, a ação de planejar é um processo contínuo que se preocupa
com o 'para onde ir' e 'quais as maneiras adequadas para chegar lá', tendo em vista
a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da
educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as do indivíduo.
Muitos se esquecem de que planejar o desenvolvimento da escola é condição
imprescindível para que as perspectivas que se tem sejam traçadas, visando
intervenções responsáveis e conscientes em benefício da coletividade.
O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e da
sociedade amplia-se ainda mais a cada momento que passa e aponta para as
necessidades de se construir uma escola voltada para a formação do cidadão.
A lei máxima do nosso sistema educacional LDB nº 9.394/96 (BRASIL,1997)
reflete um processo e um projeto político para a educação brasileira. Essa,
reconhece na escola um importante espaço educativo e nos profissionais da
educação uma competência técnica e política que os habilita a participar da
elaboração do seu projeto pedagógico.
Nesse aspecto democrático, a Lei amplia o papel da escola diante da
sociedade, coloca-a como centro de atenção das políticas educacionais e sugere o
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fortalecimento de sua autonomia, pois quando a escola é capaz de construir,
implementar e avaliar o seu projeto pedagógico, ela propicia uma educação de
qualidade e exerce uma autonomia pedagógica. Nessa perspectiva Veiga (2004, p.
40) afirma que:
Construir um projeto pedagógico significa enfrentar o desafio da mudança e
da transformação, tanto na forma como a escola organiza seu processo de
trabalho pedagógico como na gestão que é exercida pelos interessados, o
que implica o repensar da estrutura de poder da escola.
Ao exercer essa autonomia, a escola, certa de sua missão, pratica um
processo compartilhado de planejamento e responde por suas ações e resultados.
Assim, amplia os espaços de decisão e participação da comunidade atendida pela
escola, criando e desenvolvendo interesses coletivos.
É importante salientar que quando a autonomia da escola aumenta, também
cresce o seu nível de responsabilidade em relação à comunidade na qual está
inserida e, nesse sentido, o papel do gestor é parecido com o de um maestro que
coordena uma orquestra para que tudo saia no tom certo, com base na colaboração
do grupo de músicos. Nesse sentido, afirma Freire:
O educador ou o coordenador de um grupo é como um maestro que rege
uma
orquestra.
Da
coordenação
sintonizada
com
cada
diferente
instrumento, ele rege a música a todos. O maestro sabe e conhece o
conteúdo das partituras de cada instrumento e o que cada um pode
oferecer. A sintonia de cada um com o outro, a sintonia de cada um com o
maestro, a sintonia do maestro com cada um e com todos é o que possibilita
a execução da peça pedagógica. Essa é a arte de reger as diferenças,
socializando os saberes individuais na construção do conhecimento
generalizável e para a construção do processo democrático. (FREIRE,
1996, p.68).
Assim, um planejamento participativo é o processo de organização do
trabalho coletivo da unidade escolar e tem por função transformar essa realidade.
Para tanto, é necessário a implementação de uma Proposta Pedagógica, onde
ocorram mudanças políticas, pedagógicas e administrativas na realidade escolar,
pois, de outra forma, não passa de mera formalidade legal do sistema educacional.
Novas formas de produção do planejamento, novos conteúdos, grandes e belos
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objetivos serão em vão se surgirem de um processo que não contempla a
participação efetiva dos agentes educacionais.
Ao fundamentar o seu trabalho na discussão coletiva, a escola pode melhorar
a qualidade dos serviços que presta à comunidade e estimular ações compartilhadas
entre os seus membros, com o objetivo de garantir ações solidárias entre os sujeitos,
na perspectiva do desenvolvimento integral do aluno o qual viabilize o seu convívio
em sociedade.
Nessa perspectiva, Prais (1992) menciona que a gestão democrática possui
um duplo significado: pedagógico, porque pode levar a escola pública a ajudar na
construção da cidadania, educando com responsabilidade; e político, por buscar o
equilíbrio entre decisões de vários agentes, sem renunciar ao princípio da unidade
de ação.
O Projeto Político Pedagógico da escola pode ser inicialmente entendido
como um processo de mudança e de antecipação do futuro que estabelece
princípios, diretrizes e propostas de ação para melhor organizar, sistematizar e
significar as atividades desenvolvidas pela escola como um todo. Sua dimensão
político-pedagógica pressupõe uma construção participativa que envolve ativamente
os diversos segmentos escolares.
Ao proporcionar um espaço participativo no qual pais, alunos, professores,
funcionários e a própria comunidade expliquem e planejam as ações da escola, o
gestor está garantindo a ampliação da compreensão desses sobre a realidade
escolar através do debate democrático. Posturas divergentes sobre eventuais
problemas devem ser discutidos dentro dos limites éticos, prevalecendo o respeito à
diferença, possibilitando um diálogo que viabilize propostas coletivas para a melhoria
da qualidade política, pedagógica e administrativa da escola.
Nesse sentido, avaliar tais ações constitui-se ponto chave para verificar se a
instituição escolar está alcançando determinados objetivos. Nesse caso, a finalidade
da avaliação é a busca do aperfeiçoamento ou melhoria da escola ou do sistema.
Aperfeiçoamento ou reconstrução implica, necessariamente, melhoria da qualidade
(do ensino, da aprendizagem, da gestão). Portanto, a avaliação institucional não
visa, imediatamente, à punição nem à premiação. Pelo contrário: porque busca o
conhecimento, a ação central é de reconstrução.
A qualidade da educação que todo o gestor deve buscar é o sucesso no
processo de ensino e aprendizagem, passando pela metodologia adequada, pelo
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currículo voltado as reais necessidades, pelas famílias interessadas em seus filhos,
pela escola, proporcionando oportunidades e recursos e por um quadro de
professores responsáveis, comprometidos e capacitados para proporcionarem uma
boa educação, para a formação de cidadão capaz de ser, agir, e pensar de forma
responsável por seus atos em favor de uma sociedade mais justa, humana e
igualitária, desencadeando assim, uma gestão/educação realmente democrática.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia exerce importante papel na produção científica, na medida em
que apresenta os caminhos a serem seguidos a fim de efetivar a pesquisa. Assim,
este projeto de pesquisa utiliza, como procedimento metodológico, uma abordagem
qualitativa, com procedimentos que envolvem uma pesquisa bibliográfica em fontes
de referência significativas de vários autores, os quais abordam sobre a importância
do planejamento no contexto escolar.
Segundo Minayo (1996, p.10):
O método qualitativo é aquele capaz de incorporar a questão do significado
e da intencionalidade como inerentes aos atos, as relações, e as estruturas
sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua
transformação, como construções humanas significativas.
Portanto, a abordagem qualitativa permite adotar técnicas e procedimentos
diversificados, com o propósito de aprofundar a compreensão e interpretação das
ideias propostas para discussão temática na literatura pedagógica consultada, a
partir do registro dessas reflexões, pelo próprio(a) pesquisador(a), nesse processo
de releitura e aprendizados.
Em relação aos procedimentos técnicos de pesquisa, a serem utilizados na
efetivação desta, os mesmos envolveram-se em torno de uma pesquisa bibliográfica
para o levantamento de dados escritos de diferentes acervos (livros, revistas, dados
de pesquisas, textos online, entre outros) a fim de embasar e referenciar o tema em
estudo.
Dessa forma, ao viabilizar melhor compreensão da temática central, essa
pesquisa objetiva ampliar conhecimentos quanto à apropriação e articulação do
planejamento nas instituições de ensino em busca de uma gestão mais democrática.
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Espera-se que este material venha auxiliar o trabalho pedagógico e metodológico
dos educadores e nesse caso, de maneira especial aos gestores. Dessa maneira,
esta pesquisa poderá dar um novo enfoque ao trabalho administrativo-pedagógico,
pois permitirá uma reflexão referente à atividade gestora realizada atualmente nas
escolas.
4 CONSIDERAÇÔES FINAIS
O planejamento da unidade escolar é o fruto da interação entre os objetivos e
prioridades estabelecidas pela coletividade, que estabelece, através da reflexão, as
ações necessárias à construção de uma nova realidade. É, antes de tudo, um
trabalho que exige comprometimento de todos os envolvidos no processo educativo:
professores, equipe técnica, alunos, seus pais e a comunidade como um todo, em
busca de uma gestão democrática.
De acordo com Araújo (2000), a gestão democrática pode ser considerada
como meio pelo qual todos os segmentos que compõe o processo educativo
participam da definição dos rumos que a escola deve produzir à educação e a
maneira de implementar essas decisões, num processo contínuo de avaliação de
suas ações.
A questão da avaliação merece ênfase na gestão escolar. Para retratar a sua
importância, pode-se utilizar o que diz Luckesi (1998, p.118) a esse respeito:
A avaliação poderia ser compreendida como uma crítica de percurso de
ação, seja ela curta, seja prolongada. Enquanto o planejamento dimensiona
o que se vai construir, a avaliação subsidia essa construção, porque
fundamenta novas decisões. [...] a avaliação como crítica de percurso é uma
ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos
resultados que planificou produzir, assim como o é no redimensionamento
da direção da ação.
Ainda sobre avaliação, e quando se fala em avaliação institucional, entendida
como aquela que a escola faz de si mesma, a auto-avaliação, considerando o seu
todo pedagógico e administrativo e suas relações externas, o Projeto Político
Pedagógico, reveste-se de uma importância vital para a sua realização, como bem
mostra o relato de FREITAS (2004, p. 68-69):
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A peça chave na questão da avaliação institucional é o projeto político
pedagógico da escola e suas relações com a gestão escolar. Tem como
pressuposto a gestão escolar democrática e participativa e articula seus
compromissos em torno à construção do projeto pedagógico da escola.
Neste sentido, parte de uma concepção de educação aceita pelo coletivo e
que deve unir as ações deste na escola. Inclui não só a comunidade interna
da escola, mas envolve relações com a família e com a comunidade externa
mais ampla. A escola não pode pensar a si mesma desconhecendo suas
relações com seu entorno.
A escola é um espaço educativo e o seu trabalho não pode ser pensado nem
realizado no vazio e na improvisação. O Projeto Político Pedagógico é o instrumento
que possibilita à escola inovar sua prática pedagógica, na medida em que apresenta
novos caminhos para as situações que precisam ser modificadas, ou seja, nomeia a
intencionalidade como instituição, indicando seu rumo e sua direção.
É verdade que, partindo-se da ideia de que não há escolas iguais, também
não existe uma “receita” ou uma “fórmula mágica” para construir o Projeto Político
Pedagógico. Na verdade, o que existe são princípios gerais que devem ser
discutidos pela escola em função de sua própria realidade, visando orientar a
construção do seu projeto.
Com base nesses preceitos, Freitas (2004, p.69) afirma:
O projeto pedagógico não é uma peça burocrática e sim um instrumento de
gestão e de compromisso político e pedagógico coletivo. Não é feito para
ser mandado para alguém ou algum setor, mas sim para ser usado como
referência para as lutas da escola. É um resumo das condições e
funcionamento da escola e ao mesmo tempo um diagnóstico seguido de
compromissos aceitos e firmados pela escola consigo mesma – sob o olhar
atento do poder público.
Dessa forma, a escola necessita de uma gestão que, partindo da construção
do Projeto Político Pedagógico, possibilite alcançar sua finalidade, concretizando
sua função social: a promoção da cidadania, o desenvolvimento pleno e o sucesso
dos alunos. E para concretizar o que pretende, a escola necessita de um
planejamento que organize o seu trabalho escolar e sua prática pedagógica, de
modo que as ações praticadas se articulem, promovendo uma educação de
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qualidade conforme o proposto no Projeto Político Pedagógico construído pelo
coletivo da escola.
O planejamento institucional visa tornar a equipe escolar capaz de constituir
uma proposta de ação que seja, de fato, significativa para a instituição e o contexto
no qual a escola está arraigada. Sendo assim, a participação e a construção de uma
educação que tenha a cara da realidade e dos sonhos, não é apenas resultado das
leis que criam novas formas de funcionamento e de organização da educação. É
fruto também do compromisso com um projeto de sociedade e de educação e da
ação concreta no dia-a-dia, na escola e no contexto das políticas educacionais.
Afinal, é o Projeto Político Pedagógico que confere identidade à escola,
apontando o rumo que ela deve tomar. Ele depende, sobretudo, do empenho das
pessoas envolvidas, da gestão democrática e participativa, da ousadia de cada
escola em assumir-se como tal, partindo do seu cotidiano, ou seja, do contexto
histórico em que ela se insere.
Sua dimensão político-pedagógica pressupõe uma construção participativa
que envolve ativamente os diversos segmentos escolares. Ao desenvolvê-lo, as
pessoas ressignificam suas experiências, refletem sobre suas práticas, resgatam,
reafirmam e atualizam valores, explicitam seus sonhos e utopias, demonstram seus
saberes, dão sentido aos seus projetos individuais e coletivos, sancionam suas
identidades, estabelecem novas relações de convivência e indicam um horizonte de
novos caminhos, possibilidades e propostas de ação. Esse movimento visa à
promoção da transformação necessária e desejada pelo coletivo escolar e
comunitário.
Nessa proposta educativa diferenciada encontra-se a alavanca para os
educadores buscarem, na ação-reflexão-ação, o sentido da profissão. O desafio,
então, consiste no movimento dinâmico de educar-se para reaprender a olhar, a fim
de romper paradigmas, em que a busca pelo novo projeta a realidade, enquanto
desafio: educar, metamorfosear a educação e, consequentemente, a sociedade.
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