1 - SemeAd

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VI SEMEAD
ENSAIO
FINANÇAS
O processo de Internacionalização de Grandes Grupos Empresariais
Brasileiros através das Fusões e Aquisições Transacionais
Rodrigo Maimone Pasin
Mestrando em Finanças pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade Universidade de São Paulo
Rua Padre Antônio Link, 113 – apto 42B – Jardim Ferreira – São Paulo/SP
CEP 05524-160. Contato: (11) 9432-3030 ou (11) 3089-6604 e [email protected]
Prof. Dr. Wadico Waldir Bucchi – [email protected]
Professor Doutor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade –
Universidade de São Paulo
Gilson de Oliveira Silva Calais – [email protected]
Aluno Especial da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade –
Universidade de São Paulo
O processo de Internacionalização de Grandes Grupos Empresariais
Brasileiros através das Fusões e Aquisições Transacionais
Resumo
As fusões e aquisições (F&A) são responsáveis por aproximadamente 76% de todos os
Investimentos Diretos Estrangeiros e constituem a forma mais rápida de entrada em novos países
e indústrias.
O processo de internacionalização da economia brasileira foi marcado pela grande quantidade de
empresas nacionais adquiridas por estrangeiras: das 2308 transações de fusões e aquisições
realizadas na década de 90, 61% envolveram o capital externo.
Porém, internacionalização nem sempre significa desnacionalização. Em tese, este processo
poderia ter ocorrido também com forte participação das empresas brasileiras no fluxo comercial
internacional e na realização de investimentos no exterior.
Considerando que não existem artigos publicados nem bancos de dados existentes sobre a
ocorrência de aquisições de empresas estrangeiras envolvendo empresas brasileiras, este trabalho
objetivou identificar quais grupos empresariais brasileiros estão se internacionalizando através
dos processos de F&A, através de um ranking de tais transações, mostrando as F&A realizadas,
os países investidos e os valores envolvidos.
Palavras-Chave: Internacionalização, Fusões e Aquisições Transnacionais e Empresas
Brasileiras.
1. Introdução
Os processos de fusões e aquisições (F&A) entre empresas representam uma oportunidade
rápida de penetração em novos mercados e países, pois o investidor compra uma empresa em
operação, com carteira de clientes, marca estabelecida e ativos em pleno funcionamento.
Para Miranda e Martins (2000), a instalação de filiais ou construção de novas plantas no
exterior constituíam a forma usual de conquista de mercados nas décadas anteriores, porém,
atualmente as fusões e aquisições transfronteiriças constituem o principal instrumento de
penetração em novos mercados e de consolidação de market share global das empresas
transnacionais.
As Fusões e Aquisições Transnacionais (FATs), de acordo com dados da UNCTAD
(2001), foram responsáveis por aproximadamente 76% de todo o Investimento Direto Estrangeiro
(IDE) mundial na década de 90, deixando claro que estes processos representaram a principal
forma de internacionalização dos maiores grupos empresariais mundiais.
Segundo Agami (2001), o número e o valor das fusões e aquisições entre empresas
transnacionais (cross-border mergers and acquisitions) tem aumentado significativamente nos
últimos anos como resultado do aumento na competição, crescimento dos mercados globais e
rápidas mudanças tecnológicas. De acordo com dados da Thomson Financial Securities Data,
empresa especializada em prestar informações sobre F&A, o montante total das fusões e
aquisições aumentou de aproximadamente US$ 400 bilhões em 1994 para US$ 2,9 trilhões em
2000 e US$ 1,6 trilhão em 2001.
No Brasil, as F&A foram responsáveis por aproximadamente 80% do fluxo de
investimentos diretos no país na década passada e o capital estrangeiro participou de
2
aproximadamente 61% das 2308 transações de F&A ocorridas neste período, de acordo com
dados da KPMG (2001).
O debate sobre a internacionalização de uma economia traz a tona questões de ordem
estrutural, porém uma economia internacionalizada não pode ser confundida com uma economia
desnacionalizada. A primeira pode ocorrer através da aquisição de empresas no exterior por
empresas nacionais e a segunda significa a aquisição de grande parte das empresas locais por
grupos estrangeiros.
2. Objetivos
A internacionalização de internacionalização de uma empresa pode ser entendida como
um processo crescente e continuado de atuação desta em outros países que não o de sua origem.
Normalmente, o processo de internacionalização de uma empresa começa com a atividade
de exportação, evoluindo para a formação de alianças estratégicas e joint ventures com empresas
estrangeiras e finalmente, o estágio mais avançado de internacionalização: a construção de
unidades fabris no exterior, a aquisição de empresas em outros países e/ou a realização de
fusões com empresas estrangeiras com participação significativa no capital por parte da empresa
nacional.
Considerando que grande parte dos investimentos estrangeiros diretos ocorrem através das
F&A, e que estas transações são a forma mais rápida de entrada em novos países, este trabalho
objetiva identificar os níveis de internacionalização dos grandes grupos empresariais brasileiros
através dos processos de fusões e aquisições transnacionais, criando um ranking inédito com as
operações que envolvem empresas brasileiras no exterior, os valores envolvidos e a localização
dos investimentos.
Como não existe nenhum ranking elaborado no país com tais transações, este trabalho
contribuirá na análise do processo de internacionalização das empresas nacionais através de tais
transações e na identificação dos grupos mais ativos e adiantados em tais processos.
É importante mencionar que este trabalho não objetiva comparar o nível de
internacionalização das empresas americanas, européias ou asiáticas com o das brasileiras; pois o
processo de internacionalização das empresas destes países começou muito antes do que para as
de países emergentes, contribuindo para que sejam muito maiores que as brasileiras: No ranking
das 500 maiores empresas mundiais da Revista Fortune apenas três empresas brasileiras estão
listadas, enquanto os Estados Unidos têm 180, a Europa 150 e o Japão 90.
3. Metodologia de Pesquisa
Considerando que não existem dados consolidados publicados sobre a ocorrência de tais
operações no exterior, a metodologia utilizada para se levantar tais informações foi a realização
de uma extensa pesquisa em jornais, revistas e sites das empresas.
Devido a necessidade de se limitar o número de empresas a serem pesquisadas, este
trabalho buscou a ocorrência de fusões e aquisições no exterior realizadas pelas “500 Maiores &
Melhores Empresas do Brasil”, da Revista Exame de junho de 2002 ou de empresas com
faturamento acima de US$ 100 milhões por ano que os autores não tenham identificado no
referido ranking.
Apesar da dificuldade no levantamento de tais dados, as informações obtidas permitiram
importantes constatações a respeito da ocorrência das FATS e a criação de um ranking destas
transações que auxiliam no entendimento do grau de internacionalização dos grandes grupos
empresariais brasileiros.
3
É válido destacar ainda que não se pretende que as FATS apresentadas neste artigo sejam
entendidas como a totalidade das operações ocorridas, e sim apenas aquelas retratadas pela
imprensa especializada que os autores tiveram acesso.
4. Revisão da Literatura
4.1 Fusões e Aquisições Transnacionais
Do ponto de vista teórico, as fusões e aquisições constituem uma alternativa interessante
para a adequação do porte e da estrutura organizacional das empresas ao mercado e à conjuntura
econômica mundial. De acordo com Matias e Pasin (2001), muitos investimentos diretos de
empresas estrangeiras dão-se por meio de aquisições, pois a multinacional reduz custos com
aprendizado, entrando já com participação de mercado e com ativos em pleno funcionamento.
Em nível internacional, os processos de fusões e aquisições se devem à globalização e à
competição internacional, fazendo que as empresas negociem visando ao domínio de mercado e à
liderança. Para Matias, Barreto e Gorgatti (1996), as grandes empresas estão atentas a possíveis
novas configurações; os concorrentes se unem para somar esforços e maximizar resultados; as
empresas estão se internacionalizando, virando “players” globais, que não reconhecem fronteiras
e barreiras - precisando apenas de estabilidade política e econômica para investir em um país.
4.1.1 Os Motivos e as Vantagens das Fusões e Aquisições Transnacionais
Samuels e Wilkes (1996) enumeraram alguns motivos que podem gerar ganhos para as
empresas e explicar as causas das F&A. Abaixo estão apresentados os motivos, que de forma
adaptada podem ser aplicados as FATS. São eles:
 economias de escala de produção em termos mundiais – a presença em vários países
permite que a empresa escolha aonde produzir seus principais produtos e adquirir seus
insumos em função dos custos destes nos diversos países em que está presente;
 poder de mercado - a maior participação de mercado pode aumentar o poder da
empresa em relação a seus concorrentes internacionais;
 diversificação do risco, a atuação em diversos países pode diminuir o impacto das
crises locais nas receitas de uma empresa. Além disso, receitas em moedas fortes
podem servir como um hedge natural para o endividamento de empresas localizadas
em países emergentes;
 entrada em novos mercados e novas indústrias - é a forma mais rápida de penetração
em novos mercados e indústria, podendo proporcionar o tamanho crítico ou ideal para
o entrante e servindo para a compradora como um antídoto contra possíveis tentativas
de aquisição ou takeover.
Ferrari (1996), elaborou uma lista com as principais vantagens das transações de F&A.
Novamente, abaixo estão apresentadas apenas as que podem ser aplicadas às fusões e aquisições
internacionais:
 Viabilizar a expansão em prazo mais curto – em vez de construir uma fábrica, adquirese uma em operação;
 reduzir o custo da expansão – normalmente as aquisições possuem custos menores que
os start-ups;
 conhecer o funcionamento do setor e das especificidades de cada país com a aquisição
de uma empresa local. Isto não ocorre quando uma empresa resolve se instalar em
outros países construindo fábricas.
 obter patente, tecnologia ou licença para fabricar ou comercializar novos produtos;
4


remover concorrentes em potencial – a aquisição de empresas locais pode diminuir a
concorrência nestes mercados;
aumentar as barreiras de entrada para novos concorrentes – a existência de
concorrentes bem posicionados em um país pode diminuir o apetite de novos
entrantes;
No caso das empresas brasileiras, pode-se afirmar que a aquisição de empresas em países
desenvolvidos é uma forma de se combater ou diminuir o protecionismo comercial de muitos
setores, como o siderúrgico e o citrícola. O acesso a empréstimos, captações e financiamentos
bancários com custos bem menores pode ser considerado como uma outra vantagem para as
empresas nacionais que possuem empresas no exterior.
4.2 As Decisões de Investimentos e o Fluxo de Dividendos
Considerando que as empresas não apresentam recursos ilimitados para investirem em
novos projetos e/ou países e que estas procuram as alternativas mais lucrativas e com menores
riscos, a decisão sobre a destinação dos investimentos deve ser tomada em função das alternativas
estratégicas existentes e da rentabilidade e dos riscos de cada projeto/país.
Segundo Lemes, Rigo e Szabo (2002), a empresa adquirente deve, acima de tudo,
verificar o retorno esperado do investimento na aquisição de ativos, porque o desembolso
resultante das aquisições deverá proporcionar retornos maiores no futuro.
Sendo assim, a escolha dos melhores projetos podem contribuir para o aumento do fluxo
de dividendos para as empresas investidoras, que podem resultar em novas aquisições e no
aumento do grau de participação destas companhias nos mercados locais ou internacionais. Sendo
assim, as companhias nacionais deveriam ser incentivadas a investir no exterior, principalmente
através das F&A, pois assim, poderão adquirir maior competitividade em relação aos seus
principais concorrentes mundiais.
4.3 A Internacionalização
No que se refere à classificação das empresas internacionalizadas, encontra-se
normalmente na literatura (veja Canals, 1994; Dyment, 1987; dentre outros) os seguintes tipos:
 Empresa exportadora – Fase inicial do processo de internacionalização, caracterizase pela concentração das atividades em um único país;
 Empresa multinacional – Pretende explorar as vantagens competitivas importantes
domesticamente diversificando atividades em outros países. O objetivo da empresa
multinacional seria a reprodução quase exata da empresa matriz em cada uma das
filiais no exterior;
 Empresa global – O modelo multinacional demonstrou alguns problemas e no final
dos anos 70 houve uma tendência oposta, na qual a empresa adotava estratégias
coordenadas com todos os países onde operava, no intuito de adquirir vantagem
competitiva. As atividades críticas se concentravam em um ou poucos países.
 Empresa transnacional – É a empresa que combina adequadamente uma máxima
eficiência econômica, uma máxima capacidade de responder a mercados locais e uma
flexibilidade para transmitir as experiências que surgem em alguns países para toda a
organização.
Para Johanson e Vahlne em Rodrigues (2002), o modelo de internacionalização apresenta
quatro estágios de envolvimento internacional:
Estágio 1 – não existência de atividades regulares de exportação;
5
Estágio 2 – exportação feita através de representantes independentes;
Estágio 3 – estabelecimento de uma subsidiária de venda no exterior;
Estágio 4 – unidades de operações no exterior (produção, por exemplo).
4.4 Internacionalização e Desnacionalização
A internacionalização de uma economia não significa necessariamente a sua
desnacionalização. Para Ferraz e Iootty (2000), no caso de economias onde empresas estrangeiras
participam ativamente de F&A, além de aumentar a concentração econômica, estes processos
podem ainda acentuar a internacionalização patrimonial de um país.
Se é certo que o capital estrangeiro vem assumindo uma participação cada vez mais
relevante na estrutura patrimonial emergente, não é ainda tão conhecida a extensão da
contribuição efetiva que o mesmo pode conceder para o desenvolvimento da economia do país.
As perspectivas de contribuição do capital estrangeiro são em suma contraditórias.
Ferraz e Iootty (2000) acreditam que as empresas transnacionais facilitam a incorporação
de novas tecnologias, especialmente em regimes abertos de comércio e correspondem
simultaneamente ao grupo que possui maior capacidade para introduzir novos produtos para o
portfolio de exportações do país. Entretanto, por outro lado, estes fatores não garantem a
localização de competências duradouras do ponto de vista da competição, principalmente a
capacitação tecnológica.
Outro desvantagem da desnacionalização de uma economia advém do fato de que as
empresas transnacionais não operam a partir da ótica dos países em que estão presentes, uma vez
que as decisões de expansão de capacidade, investimento tecnológico, escolha de produtos,
comércio internacional e remessa de lucros são tomadas em consonância com uma lógica global,
de acordo com a importância relativa que a subsidiária representa dentro da estratégia
competitiva da empresa como um todo.
Embora possa parecer óbvio, Lacerda (2000), ressaltou que a relação entre
internacionalização e desnacionalização da economia não é necessária. Trata-se, na verdade, de
uma especificidade do processo de internacionalização recente da economia brasileira, assim
como de algumas outras economias periféricas.
Para Lacerda (2000), o processo de internacionalização poderia ocorrer, como de fato
ocorreu em alguns países asiáticos, com forte participação de empresas de capital nacional na
ampliação dos fluxos de comércio e de investimentos externos. A internacionalização das
empresas nacionais, através da aquisição de ativos no exterior e/ou de seu maior envolvimento
nos fluxos comerciais poderia ter sido uma alternativa à transferência de propriedade, à redução
de market share das empresas nacionais no mercado doméstico e global e à desnacionalização da
economia.
5. Resultados Observados
Este trabalho pesquisou a ocorrência de F&A de empresas estrangeiras envolvendo as
“500 Maiores e Melhores Empresas do Brasil” da Revista Exame de junho de 2002 e empresas
com faturamento acima de US$ 100 milhões por ano que os autores não identificaram no referido
ranking. As pesquisas realizadas identificaram que existem apenas 19 grupos empresariais
brasileiros que adquiriram empresas ou plantas industriais no exterior. Os grupos identificados
neste trabalho são: Petrobrás, CSN, Gerdau, Ambev, Votorantim, Companhia Vale do Rio Doce,
Weg, Sabó, Tigre, Alpargatas Santista, Marcopolo, Busscar, Embraco, Suzano, Cutrale,
Citrosuco, Klabin, Usiminas e Duratex.
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5.1 Ranking de F&A de Empresas Brasileiras no Exterior
Tabela 1: Ranking das Fusões e Aquisições Transnacionais
130 contratos de exploração de petróleo em 8 países.
Lasmo Oil Colômbia – Petroleira
South Australian North Territories Oil Services
(Santos) – Petroleira
58,6% da Perez Companc e 47,1% da Petrolera
Companc –
Petrolera Santa Fé
70% das Refinarias Santa Cruz e Cochabamba
34% da Companhia Mega
Ativos da Repsol YFP –Refinaria Eg3 e 700 postos de
combustível
Diversos
Valor – US$ milhões
Vários 262
Colômbia
Austrália
1998
1998
150
80
Argentina
2002
3.364
Argentina
Bolívia
Argentina
Argentina
2002
1999
2001
90
N.O.**
715
500
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
Siderúrgica Laisa
Courtice Steel
Indac
Aza
Puntana
38% da Sipar
MRM Steel
75% da Ameristeel
Birmingham Southeast
Co-Steel (Fusão)
Uruguai
Canadá
Chile
Chile
Argentina
Argentina
Canadá
E.U.A
E.U.A
E.U.A
1981
1989
1992
1995
1997
1998
1999
2002
2002
2002
N.O.
N.O.
N.O.
N.O.
N.O.
N.O.
N.O.
262
N.O.
N.O.
1.
2.
3.
4.
5.
Cervecería Nacional
Salus
95,3% da Cervecería Paysandú
Cervecería Internacional
37,5% da Quilmes
Venezuela
Uruguai
Uruguai
Paraguai
Argentina
1994
1999
1999
2001
2002
N.O.
N.O.
89
12
597
1.
2.
Blue Circle – St. Marys Cement
Suwannee - Flórida
Canadá/EUA 2001
EUA
2002
1.
2.
3.
SEAS – Unidade de Ferro Ligas da Usinor
França
California Steel Company
E.U.A
50% da GIIC – Gulf Industrial Investment Corporation Bahrain
1995
1999
2000
765
100
N.O.
N.O.
183
1.
2.
4.
1.
2.
Morbe
Intermática
Fábrica de Motores da ABB
Todaro
Kaco
Argentina
Argentina
México
Argentina
Alemãnha
2000
2000
2002
1992
1993
30
N.O
N.O
N.O.
N.O.
1.
2.
3.
Fanaplas
Três Empresas não identificadas
Santorelli
Chile
Chile
Argentina
1997
1999
1999
N.O.
N.O.
10
Grafa
Machasa
Argentina
Chile
1995
1999
N.O.
N.O.
México
1999
N.O.
Empresa
Nº *
Concessões, Fusões e Aquisições
Petrobrás
1º
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
Gerdau
30º
Ambev
4º
Votorantim
18º
CVRD
Weg
Sabó
17º
125º
-
Países
Ano
Tigre
186º
Alpargatas
Santista
247º
1.
2.
Marcopolo
192º
1.
Busscar
374º
1.
2.
Omnibus Integrales
Empresa não identificada
México
Cuba
2000
2000
10
8
Embraco
178º
1.
2.
Aspera
Snowflake Electric
Itália
China
1994
1995
N.O
N.O
Suzano
123º
1. 30% da Portucel, em parceria com o Grupo Sonae
Portugal
2001
30
Cutrale
-
1. Duas fábricas na Flórida
EUA
1997
N.O.
Citrosuco
213º
1. Uma fábrica na Flórida
EUA
1997
N.O.
Klabin
380º
1.
2.
Argentina
Argentina
1997
1997
N.O.
N.O.
Polomex
Bernai
Pillar
7
Usiminas
32º
CSN
28º
Duratex
288º
1.
1.
1.
Participação acionária na Sidor
Heartland Steel
Deca Piazza
Venezuela
1996
N.O
EUA
2001
50
Argentina
1997
N.O.
Fonte: Os autores. * - Ranking das 500 Maiores Empresas da Revista Exame. ** Não Obtido
5.2 Principais Grupos Investidores
Conforme dados da tabela acima, foi possível identificar os grupos nacionais que mais
realizaram fusões e aquisições com empresas estrangeiras: Petrobrás, Gerdau e Ambev.
A Petrobrás, maior empresa estatal do Brasil, é também a empresa que mais investiu no
exterior e que realizou o maior número de aquisições. Foram identificados mais de US$ 5,2
bilhões investidos em terras estrangeiras pela Petrobrás, compreendendo os investimentos na
obtenção de concessões de 130 contratos de exploração de petróleo, 7 aquisições e assunção de
dívidas das empresas adquiridas.
A Gerdau, maior produtor de aços longos da América Latina, foi a primeira empresa
brasileira a iniciar o processo de aquisições no exterior: já na década de 80 a Gerdau realizou 2
aquisições, na década de 90 mais 5 transações e em 2001/2002 outras 3 transações, sendo que
uma delas, a fusão com a Co-Steel, contribuiu para fortalecer a presença da Gerdau na América
do Norte e transformá-la numa das 20 maiores siderúrgicas do mundo, com faturamento de US$
4,5 bilhões.
A Ambev, empresa que nasceu da fusão Brahma e Antártica em 1999 com o objetivo de
ser uma multinacional brasileira, está sendo bem sucedida em seu projeto de internacionalização:
desde sua criação já realizou 4 aquisições, sendo que a última, a aquisição de 37,5% da Quilmes,
tornou a cervejaria brasileira a terceira maior indústria de bebidas do mundo, detendo
aproximadamente 50% do mercado de bebidas da América Latina.
No Anexo 1, estão detalhados os históricos de fusões e aquisições de todos os grupos
nacionais pesquisados.
5.3 Principais Países das Empresas Alvo
Tabela 2: Destinação dos Investimentos das Empresas Brasileiras em FATS:
Países
Nº de Transações
América do Sul
30
México e América Central
4
Estados Unidos e Canadá
11
Europa
4
Outros países
3
Total
52
Conforme os dados da Tabela 2, fica claro que a América do Sul é o principal alvo das
empresas brasileiras em transações de FATs: das 52 operações observadas, 30 ou 58% foram para
esta região. A Argentina foi o país que mais atraiu as empresas brasileiras em seus projetos de
internacionalização com 15 transações, seguida pelo Chile com 7, Uruguai com 3, Venezuela
com 2 e Bolívia, Paraguai e Colômbia que atraíram uma transação.
A posição de destaque do Brasil como maior economia regional, a criação do Mercosul, a
crise econômica em alguns países vizinhos e a proximidade geográfica destes são os principais
motivos que explicam está concentração de investimentos.
8
A América do Norte é a segunda região que mais têm atraído as empresas brasileiras, que
visando a consolidação de uma posição competitiva mais forte para fazer frente a concorrência
mundial e a criação da ALCA (Zona de Livre Comércio das Américas), estão iniciando um
processo de aquisições de empresas nesta região. Foram identificadas 14 transações (27% do
total) na América do Norte, sendo 11 nos Estados Unidos e Canadá e 3 no México.
5.4 Principais Tipos de Transações
As 52 transações de FATS destacadas neste trabalho podem ser divididas da seguinte
forma:
 aquisição do controle acionário ou da totalidade das ações – 46 transações realizadas,
mostrando que este tipo de aquisição é o principal mecanismo utilizado pelas
empresas nacionais para se tornarem transnacionais.
 fusão com empresas estrangeiras: 1 transação - Gerdau/Co-Steel. Esta fusão contribuiu
de forma significativa na internacionalização da Gerdau.
 aquisição de participação minoritária – 5 transações.
5.5 Principais Setores
Devido a existência de apenas 19 grupos brasileiros que fizeram aquisições no exterior,
fica difícil verificar a existência da concentração destas transações em alguns setores. Porém,
pode-se constatar que os setores siderúrgicos (com CSN e Gerdau), o citrícola (com Citrosuco e
Cutrale) e o encarroçador de ônibus (com Marcopolo e Busscar) são os únicos que apresentaram
duas empresas realizando transações de F&A no exterior.
6. Conclusão
O processo de internacionalização da economia brasileira foi marcado pela grande
quantidade de empresas nacionais adquiridas por estrangeiras: das 2308 transações de F&A
realizadas na década de 90, 61% envolveram o capital externo.
Entretanto, pode-se dizer que está forma de internacionalização é característico de
algumas economias periféricas, e que em tese, este processo poderia ter ocorrido também com
forte participação das empresas brasileiras no fluxo comercial internacional e na realização de
investimentos no exterior.
Considerando que grande parte dos investimentos estrangeiros diretos ocorrem através das
F&A, e que estas transações são a forma mais rápida de entrada em novos países, este trabalho
objetivou identificar os níveis de internacionalização dos grandes grupos empresariais brasileiros
através dos processos de fusões e aquisições transnacionais (FATS), mostrando quais são os
grupos empresariais brasileiros que estão adquirindo empresas no exterior.
Em suma, este artigo buscou identificar o movimento inverso, o menos usual e o menos
pesquisado, pois existem muitos artigos e bancos de dados sobre fusões e aquisições de empresas
brasileiras, porém, nenhum trabalho sobre a ocorrência de F&A de empresas estrangeiras
envolvendo grupos brasileiros foi encontrado.
A parte prática deste trabalho identificou 52 transações de F&A de empresas e plantas
industriais no exterior envolvendo 19 empresas brasileiras. Os Grupos Petrobrás, Gerdau e
Ambev foram os mais ativos nestes processos, sendo responsáveis por 22 das 52 transações
identificadas.
Quanto a destinação dos investimentos brasileiros, nota-se uma forte presença da América
do Sul com 30 transações, seguida pela América do Norte/Central com 15 transações. Estes
9
resultados indicam que as empresas brasileiras estão buscando assumir uma posição competitiva
mais forte nos dois mais importantes blocos comerciais em que atua/atuará, o Mercosul e a Alca.
Para as aquisições realizadas no primeiro bloco, pode-se afirmar que estas transações
contribuíram para manter o Brasil numa posição hegemônica dentro do Mercosul. Já para as do
segundo bloco, nota-se uma tentativa das empresas brasileiras de fazer frente às barreiras
comerciais, ao protecionismo americano e a busca de um maior grau de competitividade para
concorrer com as empresas americanas e canadenses em melhores condições, principalmente em
função da possibilidade de implantação da Alca.
Fica como sugestão para novos trabalhos a realização de um estudo comparando os níveis
de internacionalização, os mecanismos utilizados para se internacionalizar e os resultados obtidos
por um grupo nacional com os dos maiores “players” mundiais do mesmo setor.
7. Bibliografia
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EXAME. As 500 maiores empresas do Brasil/ Melhores e maiores. São Paulo: julho, 2002.
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