Texto de apoio ao curso de Especialização

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
Efedrina
Prof. MS. Reinaldo Tubarão Bassit
A efedrina é obtida do extrato vegetal de Ma-Huang (farmacopéia Chinesa, Indiana e
Japonesa, dos ramos jovens de Ephedra sinica, Ephedra equisetina e Ephedra gerardiana
(Ephedraceae), que contém não menos de 1,25% de alcalóides na forma de efedrina. É
encontrada na forma de grânulos ou cristais brancos, que se decompõem na presença de luz,
devendo ser armazenada em frascos opacos. É solúvel em água, álcool, clorofórmio e éter.
Possui atividade alfa e beta-agonista com
capacidade de aumentar a liberação de
norepinefrina dos neurônios simpáticos. É uma droga que estimula o aumento da freqüência
cardíaca e o débito cardíaco, e invariavelmente aumenta a resistência periférica, dessa forma,
podendo elevar a pressão arterial. A ativação de receptores b-adrenérgicos, nos pulmões,
promove broncodilatação. Além disso, a efedrina é um potente estimulante do sistema
nervoso central (SNC), sendo que após sua administração oral, seus efeitos podem persistir
por várias horas. É eliminada na urina em sua forma íntegra, tendo uma meia vida de
aproximadamente 3 a 6 horas.
O extrato vegetal de Ma-Huang vem sendo utilizado a centenas de anos pelos Chineses,
primariamente para o tratamento de indisposição provocada pela febre tifóide, dores
articulares, tosses, inchaço dos tornozelos, asma, e contra os sintomas da gripe e de
resfriados. É fato que, hoje em dia vários medicamentos descongestionantes e outros que
atuam contra os sintomas da gripe, contêm efedrina. No entanto, seu uso com a finalidade de
controlar o peso ou aumentar a "energia corporal" tem crescido dramaticamente, conforme
podemos observar nas prateleiras de lojas de suplementos, onde a maioria dos produtos para
controle do peso contem efedrina.
De fato, a efedrina, entre outras, parece ser uma droga que apresenta o melhor efeito na
produção do aumento do gasto calórico através do processo denominado de termogênese
(produção de calor), que de forma grosseira significa "queimar" gordura para produzir calor.
Em outras palavras, com a ingestão de efedrina, ocorre aumento do metabolismo que por sua
vez aumenta a temperatura corporal central. Isso acelera o gasto calórico, que facilita a perda
de gordura corporal. De forma científica, a efedrina interage com os receptores b-adrenérgicos
presentes na superfície dos adipocitos (celulas que armazenam gordura na forma de
triacilglicerois). Essa interação entre o agonista b-adrenérgico (efedrina) e os receptores
adrenérgicos presentes na superfície da célula de gordura é que irão dar inicio a uma
seqüência de eventos, dentro da célula, que resultarão em aumento da lipólise, ou seja,
"quebra de gorduras".
Em programas de perda de peso para obesos o extrato de Ma-Huang é utilizado como
adjuvante, apresentando certo grau de segurança, sem a presença de efeitos colaterais
detectáveis. Atua através de dois mecanismos, supressão do centro nervoso ligado ao apetite
e aumento da oxidação de ácidos graxos de cadeia longa. Essa substância pode ser
associada com a ingestão de cafeína, dentro das recomendações adequadas (200mg/dia),
visto que juntas (cafeína e efedrina) atuam sinergisticamente promovendo a perda de gordura
de maneira mais eficaz. A cafeína tem a capacidade de aumentar as concentrações
plasmáticas de adrenalina, que por sua vez aumenta a oxidação de gorduras. Em outras
palavras, quando ocorre a combinação dessas duas substâncias o efeito produzido é maior do
que quando somamos os efeitos que cada uma delas tem individualmente. Além disso, a
combinação da cafeína/efedrina ou de suas ervas equivalentes (guaraná/efedra), com aspirina
ou sua erva equivalente (willow bark) parecem potencializar ainda mais esses efeitos,
principalmente no que se refere à supressão do apetite. Assim, a utilização de doses
contendo o equivalente a 20 - 25mg de efedrina, considerando-se a pureza do extrato
utilizado, com a ingestão de 200 mg de cafeína, e 300 mg de aspirina, parece ser a melhor
combinação. Essa dose de efedrina pode ser obtida pelo consumo de 2 cápsulas da maioria
dos produtos comercializados, e pode ser usada com segurança em intervalos de 6h, ou seja
3 vezes ao dia. Aparentemente, a ingestão de efedrina (20-25mg) não é capaz de produzir
efeitos colaterais em indivíduos sadios, mesmo se associada à até 200mg de cafeína, outra
substância simpatomimética.
Um lado considerado benéfico para praticantes de atividade física com a suplementação
combinada de efedrina, cafeína e aspirina, é o "sentimento" do aumento da energia e
disposição para a prática de atividades físicas, podendo levar o indivíduo a suportar o
aumento da intensidade do esforço. Além disso, essa combinação parece exercer um grande
efeito de supressão do apetite, considerado benéfico para aqueles que pretendem diminuir a
ingestão calórica com o objetivo de perda do peso. Dessa forma, suprimindo o apetite e ao
mesmo tempo dando a sensação de se ter maior energia, não é de se espantar que a
combinação desses elementos está se tornando cada vez mais popular.
Alguns pesquisadores classificam doses de até 150mg de efedrina como seguras, quando
utilizadas em obesos. No entanto o seu uso deve ser evitado por crianças e adolescentes (12
meses aos 17 anos de idade); lactentes (criança de zero a onze meses de idade); lactantes,
uma vez que a efedrina é capaz de ser encontrada no leite; cardiopatas, incluindo-se aqueles
que se utilizam de inibidores da enzima monoamina oxidase (MAO- para depressão ou
supressão do apetite); e mulheres grávidas, por falta de estudos que comprovem segurança.
Entretanto, mesmo se tomando as devidas precauções, o uso dessas substâncias deveria
obedecer algumas regras para se evitar o efeito da exposição crônica, que tem como
conseqüência a saturação dos receptores b-adrenérgicos. Isso implica na diminuição da
sensibilidade à droga (efedrina e cafeína), fazendo com que o indivíduo aumente a dosagem
ingerida. Esse comportamento torna-se perigoso, uma vez que as doses elevadas podem
causar aumento da temperatura corporal, perda da eficiência termorregulatória, e aumento da
pressão arterial e da freqüência cardíaca. Adicionalmente a isso, a maior capacidade de
resistir ao esforço físico e a capacidade de elevar a intensidade do mesmo, acima do que
normalmente o indivíduo está acostumado, contribui para esses aumentos supracitados,
colocando a maioria dos indivíduos numa situação de perigo, podendo levar à morte.
Para ilustrar essa situação, um exame médico realizado no início do mês de julho de 2003,
atribuiu a contribuição de um produto à base de efedrina à morte de um jogador de beisebol
de 23 anos, Steve Bechler, da equipe Baltimore Orioles. Bechler morreu um dia após sua
temperatura corporal ter subido bruscamente para 42ºC durante um treinamento. O legista
responsável pela autópsia, Joshua Perper, chegou a conclusão de que houve falência múltipla
de órgãos, e que isso poderia estar relacionado ao uso de um medicamento conhecido pelo
nome de "Xenadrine". Foi constatado que o jovem atleta utilizava o medicamento para perder
peso. O jogador pesava 107 Kg, porém, sofria de hipertensão.
Sabe-se que a indústria de suplementos gera 1 a 3 bilhões de dólares anualmente, pelas
vendas de produtos a base de efedrina. Um estudo realizado por pesquisadores, em São
Francisco, revelou que as pessoas que consomem essa droga tem um aumento 200 vezes
maior na ocorrência de efeitos colaterais do que aquelas que tomam outros tipos de
suplementos.
Deve ser ressaltado que existem diferenças individuais em resposta a ingestão de efedrina,
ou seja, alguns indivíduos ingerindo a dose considerada segura (20-25mg) não irão
apresentar qualquer tipo de efeito colateral indesejável como por exemplo: taquicardia;
aumento excessivo da temperatura corporal e do suor, do estado de euforia, da freqüência
cardíaca e da pressão arterial. Por outro lado, outros irão apresentar um ou mais desses
sintomas mesmo ingerindo doses abaixo do considerado seguro.
Atualmente, várias organizações médicas proeminentes, incluindo a American Medical
Association e a Health Canadá, têm recomendado a proibição da venda de efedrina. As
organizações esportivas, incluindo a National College Athletics Association (NCAA), o
International Olympic Committee (IOC) que considera doping uma concentração acima de
10mg/ml encontrada na urina, e a National Football League (NFL), proíbem o uso de produtos
contendo efedrina. Adicionalmente, a FDA (Food and Drug Administration) tem publicado
inúmeras advertências sobre os possíveis efeitos colaterais dessa droga. Dessa maneira, por
haver um risco substancialmente maior com o uso da efedrina em comparação a outros
produtos a base de ervas (Ginkgo Biloba, Echinacea, Ginseng, Kava Kava, Yohimbe, St.
John´s Wort), sua utilização deveria ser restrita ou evitada a fim de prevenir as sérias reações
adversas que pode acometer grande parte dos usuários.
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