PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL SUPERVISÃO ESCOLAR, ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DA EDUCAÇÃO CAMPUS VIAMÃO JAMIR BERTON AS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM E SEUS ENTORNOS: uma proposta educacional participativa. Viamão 2009 JAMIR BERTON AS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM E SEUS ENTORNOS: uma proposta educacional participativa. Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Gestão da Educação– Campus Viamão - Faculdade de Educação, apresentado junto a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como prérequisito para obtenção de grau de Especialista em Gestão da Educação. Orientador: Prof. Me. Domingos Kimieciki Viamão 2009 JAMIR BERTON AS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM E SEUS ENTORNOS: uma proposta educacional participativa. Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Gestão da Educação– Campus Viamão - Faculdade de Educação, apresentado junto a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como prérequisito para obtenção de grau de Especialista em Gestão da Educação. Aprovada em_______de____________de2009, pelo orientador, Obtendo o grau:_______________ ________________________________________ Prof. Me. Domingos Kimieciki Aprovação com as normas da ABNT, Grau final:_____________. Agradeço a Deus, por seu infinito amor e pela sua presença constante ao meu lado! Você é a luz que ilumina meu caminho e a energia que me faz caminhar. Ao meu professor, orientador, Domingos Kimieciki pelo seu exemplo de relação dialógica, paciência, dedicação e empenho. A Paulo Freire pela sua utopia, esperança e a proposta de uma educação libertadora que se renova e se concretiza diariamente em minha ação educativa Às irmãs de minha comunidade, que souberam acolher e compreender e proporcionaram todo apoio e incentivo para este tempo de estudo e reflexão. A todos os educadores que impregnam de sentido os atos da sua vida cotidiana. O CONSTANTE DIÁLOGO Há tantos diálogos Diálogo com o ser amado o semelhante o diferente o indiferente o oposto o adversário o surdo-mudo o possesso o irracional o vegetal o mineral o inominado Diálogo consigo mesmo com a noite os astros os mortos as idéias o sonho o passado o mais que futuro Escolhe teu diálogo e tua melhor palavra ou teu melhor silêncio. Mesmo no silêncio e com o silêncio dialogamos. Carlos Drummond de Andrade, poeta, contista e cronista brasileiro. (1902 a 1987) RESUMO O presente trabalho tem como objetivo refletir o tema sobre Comunidades de Aprendizagem e a sua importância para o processo de construção do conhecimento. O aporte teórico que serviu para respaldar este estudo fundamenta-se em pensadores como Jürgen Habermas e Paulo Freire e outros que acreditam em uma educação participativa, dialógica e transformadora. O diálogo representa a base de todo o método da educação libertadora, em que prevê uma ação comunicativa e dialógica entre o educador e o educando de forma horizontal, para a constituição de um processo educativo reflexivo-crítico, resultando na práxis transformadora. Os princípios das Comunidades de Aprendizagem proporcionam que o educador realize a ação – reflexão – ação e que a escola possa ser um espaço de construção de saberes, oportunizando a constituição de sujeitos críticos e criativos. É possível afirmar que as ações comunicativa e dialógica atuam como possibilidades de interação entre os sujeitos, educador e educando, para a construção de relações que produzem conhecimentos, pois todo o aprendizado solidário provém de momentos de diálogo e serve ao aprofundamento de nossa capacidade de viver e conviver com e entre diálogos. Os profissionais que atuam como educadores ao agir de forma solidária, cooperativa, dialógica, respeitosa, comprometida com a vida coletiva, possibilitam a legitimação do processo educacional. Palavras-Chave: Comunidades de Aprendizagem, Agir Comunicativo e Ação Dialógica, Construção de Conhecimento. RESUMEN El presente trabajo tiene como objetivo reflejar el tema sobre Comunidades de Aprendizaje y su importancia para el proceso de construcción del conocimiento. El aporte teórico que sirvió para respaldar este estudio se fundamenta en pensadores como Jürgen Habermas y Paulo Freire y otros que creen en una educación participativa, dialógica y transformadora. El diálogo representa la base de todo el método de la educación libertadora, en que prevé una acción comunicativa y dialógica entre el educador y el educando de forma horizontal, para la constitución de un proceso educativo reflexivo crítico, resultando en la praxis transformadora. Los principios de las Comunidades de Aprendizaje proporcionan que el educador realice la acción – reflexión – acción y que la escuela pueda ser un espacio de construcción de saberes, oportunizando la construcción de sujetos críticos y creativos. Es posible afirmar que las acciones comunicativa y dialógica actuan como posibilidades de interacción entre los sujetos, educador y educando, para la construcción de relaciones que producen conocimientos, pues todo el aprendizado solidario proviene de momentos de diálogo y sirve al profundizaje de nuestra capacidad de vivir y convivir con y entre diálogos. Los profesionales que actúan como educadores al actuar de forma solidaria, cooperativa, dialógica, respetuosa, comprometida con la vida colectiva, posibilitan la legitimación del proceso educacional. Palabras-Llave: Comunidades de Aprendizaje, Actuar Comunicativo y Acción Dialógica, Construcción de Conocimiento. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 8 2 GESTÃO E PARTICIPAÇÃO ESCOLAR ........................................................... 11 2.1 COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: UMA PROPOSTA EDUCATIVA E PARTICIPATIVA. .............................................................................................................. 14 2.2 AS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM E SUA COMPREENSÃO .............. 15 2.3 OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DAS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM. .22 2.3 A AÇÃO-REFLEXÃO-AÇÃO COMO METODOLOGIA PEDAGÓGICA ........... 34 3 O GESTOR ESCOLAR E O COMPARTILHAMENTO DA LIDERANÇA 37 4 A RELAÇÃO ESCOLA – FAMÍLIA ..................................................................... 39 5 OS EDUCANDOS COMO SUJEITOS DO CONHECIMENTO ....................... 41 6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 45 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 47 8 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo refletir e aprofundar o tema sobre Comunidade de Aprendizagem e a sua importância para a construção de Conhecimento. Em relação a este tema surgem alguns questionamentos para os quais se buscará a resposta ao longo do trabalho: O que são Comunidades de Aprendizagem? O que é fundamental para uma instituição se tornar uma comunidade de aprendizagem? Como o gestor, pode facilitar o compartilhamento de informações, recursos e objetivos? Qual o papel da família no desenvolvimento da capacidade de aprender? Como este segmento da comunidade escolar pode ser integrado nas comunidades de aprendizagem? De que forma as teorias da Ação Comunicativa e da Ação Dialógica podem contribuir para uma educação mais adequada às reais necessidades do sujeito, inseridos nos contextos da sociedade? Assim, o presente trabalho propõe uma reflexão sobre as Comunidades de Aprendizagem e seus entornos, como forma de propiciar uma participação efetiva no espaço escolar, destacando o diálogo igualitário, proposto pelo projeto Comunidades de Aprendizagem à luz de Jürgen Habermas e Paulo Freire. Numa sociedade em que o cotidiano põe o indivíduo em contato com a pluralidade de informações, é preciso operar os novos conhecimentos de uma forma global, dentro de uma visão interdisciplinar, a fim de atender às exigências de renovação. As competências fundamentais para o enfrentamento dos desafios de uma sociedade em constante transformação exigem a capacidade de compreender problemas, de criar soluções, saber argumentar, trocar pontos de vista e aprender permanentemente. O cidadão contemporâneo deve transitar em diversas áreas do conhecimento, o que exige da escola uma proposta de atuação interdisciplinar e contextualizada, que assegure a construção da organização do pensamento para o aprofundamento da reflexão. A ampliação dos saberes, diante do atual desenvolvimento tecnológico e do paradoxo da necessidade de relacionar o global à especialização exigem, que se preparem os educandos para enfrentar os desafios das constantes modificações do mundo, tornando-os competentes críticos e reflexivos. É necessária, também, a compreensão da responsabilidade de cada um por suas ações sobre o meio em que vive, tanto pelo mundo físico e concreto, quanto pelas relações interpessoais e com os diversos grupos sociais. Neste sentido é de suma importância 9 a presença do educador dialógico, pois é o momento de orientar para o compromisso com a construção do conhecimento e de incentivar o desenvolvimento pelo prazer de aprender. O presente trabalho busca fundamentar-se em teorias que conferem significado para um processo educacional, condizente com a teoria das Comunidades de Aprendizagem. Entre os teóricos a serem destacados despontam Jürgen Habermas e Paulo Freire. Habermas do ponto de vista da sua teoria, possibilita através do diálogo a busca do consenso, que se dá a partir do questionamento da validade dos valores e das verdades existentes no sistema. É possível utilizar os conhecimentos e habilidades em qualquer situação de diálogo, de tomada de decisão e de aprendizagem, bem como desenvolver novos conhecimentos e criar significados através das interações e da construção em conjunto, por meio da ação comunicativa. Paulo Freire, por sua vez, defende a educação como ato dialógico, destacando a necessidade de uma razão dialógica comunicativa onde o ato de conhecer e de pensar estariam diretamente relacionados. O conhecimento é apresentado como um ato histórico, gnosiológico, lógico e também dialógico. No desenvolvimento da sua teoria aparece fortemente o diálogo que acontece de uma forma horizontal e não vertical entre as pessoas envolvidas em uma relação. A metodologia utilizada no desenvolvimento das idéias, inclui a coleta de dados em referências diversas que abordam os temas ligados aos fundamentos da proposta das Comunidades de Aprendizagem, bem como, a visita realizada em duas escolas que fazem parte do Centro de Investigação, em Barcelona. Os dados coletados serão analisados de forma critica e reflexiva, sempre levando em consideração aspectos vivenciais do cotidiano, onde são aplicados os princípios básicos da referida proposta. Portanto, baseando-se em pensadores que partilham de uma prática pedagógica voltada para a construção do Conhecimento e que tenha sentido para a vida, este Trabalho de Conclusão de Curso se organiza em cinco capítulos. O primeiro aborda o sentido da gestão e a participação. O envolvimento das pessoas, na participação e na cooperação de todos os segmentos escolares na busca de uma qualidade pedagógica. Para que seja uma gestão eficaz é preciso antes de tudo, que seja criado um ambiente estimulador, que envolva todos os componentes no sentido de participação e tomada de decisão. O Capítulo dois contempla as Comunidades de Aprendizagem como uma proposta educativa e participativa. A proposta destas Comunidades de Aprendizagem surge com o 10 objetivo de superar o fracasso escolar e melhorar o convívio entre toda a comunidade. Neste capítulo ainda, abordam-se os pressupostos teóricos das Comunidades de Aprendizagem, os quais destacam-se Habermas e Freire. No capítulo três reflete-se sobre o gestor escolar e o compartilhamento da Liderança. O gestor escolar deve ser um líder pedagógico facilitador e estimulador da participação que apóia o estabelecimento e o desenvolvimento das prioridades, avaliando, participando na elaboração de programas de ensino, incentivando a sua equipe a descobrir o que é necessário para avançar, auxiliando os educadores a melhor compreenderem a realidade educacional em que atuam, cooperando na solução de problemas pedagógicos, estimulando os docentes a refletirem sobre sua prática pedagógica e a experimentarem novas possibilidades, bem como enfatizando os resultados alcançados pelos alunos O capítulo quatro aborda a relação escola e família e a importância do diálogo na formação e construção de valores. A participação da família é essencial para o sucesso da gestão participativa, por se construir um processo de abertura nas discussões sobre o papel da escola, na própria estrutura social em que está inserida. O capítulo cinco enfatiza os educandos como sujeitos do conhecimento, pois o conhecimento é construído pelas interações do sujeito com outros indivíduos, as interações sociais são as principais desencadeadoras do aprendizado e o conhecimento está vinculado ao contexto sociocultural do educando. A relação com o saber é a relação de um sujeito com o mundo, com ele mesmo e com os outros. Este trabalho finaliza com algumas reflexões referentes a proposta das Comunidades de Aprendizagem com uma metodologia pautada na ação – reflexão – ação para que aconteça a construção do conhecimento e uma aprendizagem significativa para educandos e educadores. 11 2 GESTÃO E PARTICIPAÇÃO ESCOLAR Estudar e investigar sobre a gestão democrática é importante nos processos educativos porque propicia o fortalecimento dos procedimentos de participação na comunidade escolar, incluindo as etapas de planejamento, tomada de decisões e a avaliação dos resultados alcançados. Esta forma de gestão, tem características e exigências próprias e, para efetivá-la, devemos observar procedimentos que promovam o envolvimento, o comprometimento, a participação e atuação das pessoas envolvidas, descentralizando o poder e dividindo responsabilidades. Aliás, a partir das determinações democratizadoras da Lei de Diretrizes e Bases(9394/96) para a educação, se faz necessário ter um novo olhar para organizar e gerir a escola, pois é imprescindível que os gestores tenham um perfil inovador, que executem novas práticas de participação em contextos de mudanças e inovações constantes. O sentido etimológico do termo gestão vem do “gestio", que por sua vez vem de "gerere" que significa “trazer em”, “produzir”. Gestão é o ato de administrar um bem fora-desi (alheio), mas também algo que traz em si porque nele está contido. E o conteúdo deste bem é a própria capacidade de participação, sinal maior da democracia e participação. Neste sentido, a gestão democrática e a participativa tem por objetivo envolver todos os segmentos interessados na construção de uma proposta coletiva de educação. A gestão participativa pressupõe o envolvimento de todos os integrantes da Comunidade Escolar de uma organização no processo decisório. Educandos, Educadores, Funcionários e Gestores são envolvidos em todas as suas ações no estabelecimento dos objetivos, na solução de problemas, na tomada de decisão, na manutenção de padrões de desempenho, na garantia que a organização escolar esteja atendendo adequadamente as necessidades dos seus membros. Heloísa Luck (2000) ressalta que os objetivos da gestão participativa é melhorar a qualidade pedagógica do processo educacional nas escolas, para garantir ao currículo escolar maior sentido de realidade e autoridade; para aumentar o profissionalismo do professor; para combater o isolamento físico, administrativo e profissional dos diretores e professores; para motivar o apoio comunitário às escolas e para desenvolver objetivos comuns na comunidade. Para que uma gestão seja eficaz é preciso então, antes de tudo, que seja criado um ambiente estimulador, que envolva todos os componentes da comunidade escolar no sentido de participação na tomada de decisão. Neste sentido a autora entende ser preciso criar uma 12 visão de conjunto associada a uma ação cooperativa, promover um clima de confiança, valorizar as capacidades e aptidões dos participantes, associar e integrar esforços e desenvolver a prática de assumir responsabilidades em conjunto. Uma gestão escolar democrática e descentralizada é aquela em que se promove a redistribuição das responsabilidades que objetivam intensificar a legitimidade do sistema escolar, ou seja, uma gestão onde o poder de decisão não esteja centrado somente no diretor. O papel do gestor na escola não requer somente executar decisões, mas sim, preparar condições, estimular, organizar as mudanças que advirem no decorrer do processo administrativo e pedagógico. Como reflete (LUCK, 2000, p. 19): O princípio de descentralização é um processo que se delineia, à medida que vai sendo praticado, constituindo, portanto, uma ação dinâmica de implantação de política social, passando de ações centrais, de comando e controle, para a coordenação e orientação. A descentralização do poder de gestão conduz a escola, no sentido de construir sua identidade institucional participativa e sua capacidade de elaborar seu projeto educacional, mediante a gestão compartilhada. A prática da gestão democrática requer a participação efetiva de pais, educadores, alunos e funcionários da escola. Todos juntos trabalham em prol de uma educação melhor, procurando solucionar os problemas da escola e buscando sempre desenvolver uma consciência crítica no aluno, a fim de que o mesmo desperte o seu potencial e haja com autonomia no momento de uma tomada de decisão. Cabe ressaltar, que a partir das exposições feitas, os princípios da gestão participativa são: a democratização, a descentralização e a autonomia as quais estão interligadas, pois conforme Luck, (2000, p. 26) “a autonomia implica gestão democrática e a gestão democrática implica a participação de todos os segmentos da unidade escolar num processo coletivo”. Assim, a democratização dos processos de gestão da escola e a construção da autonomia necessitam e demandam o desenvolvimento do espírito de equipe e a gestão compartilhada nas instituições de ensino. A construção da gestão democrática deve ser realizada de modo interativo, pois a participação cultiva relações horizontais, fortalece princípios comuns de orientação, conduzindo para a construção de uma autonomia competente e responsável, tendo como objetivo a qualidade do ensino. Através do planejamento participativo, os diversos segmentos que compõem a comunidade escolar são chamados a planejar, a realizar e a avaliar a proposta de educação a ser desenvolvida na 13 escola. A responsabilidade desta forma é compartilhada com o coletivo, tornando a possibilidade de sucesso bem maior. A escola vista como uma organização social, através de uma rede de relações,deve pensar os objetivos, as ações, a tomada de decisões com o propósito de alcançar as situações desejadas,com a participação de todos os integrantes da comunidade educativa. Segundo Gandin (1999) o conceito de participação varia de acordo com a organização. Nas instituições sociais, onde estão inseridas as escolas, a participação é fator primordial e deve constituir direito de todos os componentes envolvidos na escola, principalmente o educador. O Planejamento Participativo é a ferramenta mais eficaz, dentro da lógica da gestão democrática, na construção de ideais coletivos em escolas. Acredita-se que o Planejamento Participativo deve ser assumido como um processo participativo no desenvolvimento da aprendizagem na comunidade escolar, onde toda a ação deve estar integrada, alicerçada e coerente com a proposta pedagógica. Danilo Gandin, defende a idéia de Planejamento Participativo, valorizando as relações sociais, interação e produção do grupo para compreensão e transformação da realidade, tendo em vista uma educação libertadora e transformadora. Neste sentido, Gandin (1999, p. 47) afirma que: A participação não é simplesmente aquela presença, aquele compromisso de fazer alguma coisa, aquela colaboração, aquele vestir a camisa da empresa nem mesmo a decisão em alguns pontos esparsos e de menor importância; participação é aquela possibilidade de todos usufruírem os bens, os naturais e os produzidos pela ação humana [...] então, participação no planejamento participativo inclui distribuição do poder, inclui possibilidade de decidir na construção não apenas no “como” ou no “com que” fazer,mas também no “o que” e no “para que” fazer. A gestão de uma instituição educativa deve proporcionar aos envolvidos neste processo,condições de transformação e de realização dos desafios educacionais para que possa cumprir sua função maior, que é o aprendizado do aluno. Os pais podem ser colaboradores no melhoramento do rendimento escolar de forma significativa, para que haja uma distribuição de responsabilidade na escola, que deve ser compartilhada por todos os segmentos.Essa ação integrada entre escola e comunidade é fundamental para que os pais confiem no trabalho do professor e vejam a instituição como um ambiente favorável e dialógico para a aprendizagem, onde existe a oportunidade de tomar decisões conjuntas para a 14 busca de soluções eficazes. A participação dos educandos junto com a comunidade escolar, podem estabelecer um novo tipo de relacionamento através da abertura de espaços de discussões para a participação nas decisões, modificando as relações de hierarquia. Os alunos são fonte de informação das suas necessidades de aprendizagem, que se vão constituir no núcleo das preocupações da escola. São eles, de fato, o alvo de todo esse esforço. 2.1 AS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: UMA PROPOSTA EDUCATIVA E PARTICIPATIVA. As Comunidades de Aprendizagem são um meio privilegiado para vivenciar esta proposta de gestão e participação das Escolas, pois uma gestão democrática não se constrói sem um planejamento participativo, que conte com o envolvimento dos segmentos representativos da comunidade escolar, tanto nos processos de tomada de decisão, bem como na definição de metas e estratégias de ação e avaliação. A participação dos diferentes segmentos da comunidade escolar nesse processo é fator relevante para o seu sucesso, pois agrega ao planejamento o compromisso e a co-responsabilidade na consecução de metas e objetivos definidos. Conforme Alarcão (2001, p. 11): Nessa escola, acredita-se que formar é organizar contextos de aprendizagem, exigentes e estimulantes, isto é, ambientes formativos que favoreçam o cultivo de atitudes saudáveis e o desabrochar das capacidades de cada um com vistas aos desenvolvimento das competências que lhes permitam viver em sociedade, ou seja, nela conviver e intervir em interação com os outros cidadãos. Nesta seção do desenvolvimento do Trabalho de Conclusão do Curso, busca-se, então, apresentar a compreensão sobre Comunidades de Aprendizagem, a seguir desenvolvem-se os pressupostos teóricos desta proposta e por fim, apresenta-se a ação-reflexão-ação como metodologia pedagógica. 15 2.2 AS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM E SUA COMPREENSÃO. A concepção de Comunidades de Aprendizagem é um processo complexo. Seu surgimento inicia-se à base de aspirações comuns, e nelas tem que ser propiciado um clima organizacional caracterizado pela valorização da dignidade de cada pessoa participante, bem como do ensino voltado para a aprendizagem qualificada dos educandos. As relações humanizantes de respeito, acolhida, amizade e abertura ao outro, são próprias deste clima de organização para que flua a energia criadora dos educandos. O intercâmbio com os outros e também com o meio se apresenta como pressuposto básico para a relação de respeito, não de domínio, mas de liberdade que é o maior fundamento de uma cultura solidária de aprendizagem. Neste sentido, a concepção de interatividade1 aqui apresentada, é derivada da teoria sóciointeracionista de Vygotsky2. O sóciointeracionismo compreende que os sujeitos se constroem na interação dialética deles entre si e com o meio sócio-cultural, mediados por ambientes técnicos e contextos práticos diversos, assim como também por sistemas de signos, de maneira que, ao interagirem (sujeito e meio), transformam-se mutuamente, fazendo com que a aprendizagem, e de fato a própria vida, seja o resultado dessa interação contínua. O socioconstrutivismo propõe a construção do saber valorizando a realidade e a relação dos alunos com a família e em sociedade. o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e interpessoais. É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da própria consciência. Assim, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo ensinoaprendizagem. A educação que se quer construir a partir da estruturação das Comunidades de Aprendizagem só é possível em organizações caracterizadas como comunidades que buscam aprender solidariamente, que aprendem da diversidade de seus membros e aprendem do meio ao redor. Cada integrante da comunidade tem uma forma pessoal de perceber a realidade, 1 A interatividade compreendida aqui a partir do materialismo histórico que se aproxima do próprio conceito de zona proximal de aprendizagem, cunhado a partir da abordagem dialética da educação realizada por Vigotsky. (VYGOTSKY, 1998; REGO, 1995). 2 Para Vygostsky (1988), a interação social é a base do desenvolvimento do processo educacional. O conhecimento é construído ao longo da história social do homem, em sua relação com o mundo, através de mediações. 16 diferente das dos demais e em alguns casos, contraditória. É preciso acolher essa diversidade e possibilitar, mediante o diálogo, o desenvolvimento de uma visão compartilhada a partir da qual se potencializa o intercâmbio entre todos os sujeitos envolvidos. A transformação da sociedade como finalidade da educação é uma opção para se construir uma visão de mundo compartilhado entre todos(as). Segundo Gadotti, (2004) a Carta das Cidades Educadoras, chamada de Carta de Barcelona de 1990, é um documento central para essa concepção. Neste documento, afirma-se que a cidade educadora é um sistema complexo, em constante evolução, que sempre dará prioridade absoluta ao investimento cultural e à formação permanente de sua população. Ela será educadora quando reconhecer, exercitar e desenvolver, além de suas funções tradicionais, uma função educadora, quando assumir a intenção e responsabilidade cujo objetivo seja a formação, promoção e desenvolvimento de todos os seus habitantes, começando pelas crianças e pelos jovens. A Instituição de Ensino que se propõem educar nesta ótica, devem se transformar em um espaço onde os seres humanos se encontram e se sentem felizes pelo encontro, pelo diálogo e pelas condições que lhes são oferecidas para desenvolverem participativamente seu trabalho, onde um se interessa pelo bem-estar do outro, onde a relação de respeito e solidária entre as pessoas se harmoniza perfeitamente com o ambiente. Na organização educativa que visa estruturar-se como Comunidade de Aprendizagem, não basta que se intensifiquem as aprendizagens individuais, mas se busque proporcionar condições para que todo o grupo aprenda como uma inteligência coletiva. Na gestão dos processos a serem promovidos nas Comunidades de Aprendizagem, terão que se envolver todas as partes de forma participativa e será, então, para tal, necessária a liderança de pessoas que sejam mediadoras, sensíveis à diversidade, as capacidades, aos interesses das partes. Será necessária, também, a presença de profissionais capazes de suscitar conversações e de coordenar ações de forma cooperativa. Trabalhar em grupo é imprescindível nas Comunidades de Aprendizagem e exige compartilhar idéias, informações, reflexões e ações; respeitar e preservar a individualidade e as produções do outro, como um sujeito único e importante para o grupo, exige acolher o outro, autonomia e iniciativa para emitir opiniões e críticas, comprometimento com a realização das atividades, enfim, exige avaliar ações e atitudes de forma dialogada, com ética e respeito. Os educadores das Comunidades de Aprendizagem utilizam, os pressupostos da ação dialógica, cujas bases remetem, à teoria do Agir Comunicativo do filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas e do educador brasileiro Paulo Freire. A aprendizagem dialógica é princípio 17 central nas Comunidades de Aprendizagem. Tal conceito baseia-se nas teorias sociais de Habermas e Freire e busca uma educação igualitária ante os principais desafios da sociedade. De forma específica Habermas trata das condições onde os sujeitos a partir de uma situação ideal de fala, buscam resolver seus impasses, utilizando-se do discurso argumentativo, onde livre de coerções, permite-se chegar a um entendimento e suscitar o consenso por meio do diálogo. Habermas desenvolve um conceito de racionalidade baseada no diálogo e mediada que liberta os sujeitos de situações escravizadoras, tornando-os capazes de emancipação. Nessa perspectiva, a escola apresenta-se como o espaço onde uma ação comunicativa, ao ser desenvolvida sistematicamente, coincide com os objetivos de uma educação que visa à formação de indivíduos críticos, reflexivos e participativos. Por sua vez Freire, consagrado por desenvolver uma pedagogia que discute a contradição opressores-oprimidos, valendo-se do método materialista-dialético de análise da realidade, propõe uma educação problematizadora, que visa, em última instância, a superação da situação de opressão. Tem, na práxis do diálogo (dialogicidade), um importante princípio educativo. Considera que “o diálogo é esse encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu. Educador e educando se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos ” (FREIRE, 2005, pág. 78). A educação para Freire é uma educação para a liberdade e para a responsabilidade política e social. Ainda, Paulo Freire (1967, p. 107) no seu livro Educação como Prática da Liberdade” afirma que: [...] a educação é uma relação horizontal. Nasce de uma matriz crítica e gera criticidade. Nutre-se do amor, da humildade, da esperança, da fé, da confiança. Por isso, só o diálogo comunica [...] E quando os dois pólos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé um no outro, se fazem críticos na busca de algo. As Comunidades de Aprendizagem na prática se apresentam como grupos onde os educadores se formam, pesquisando sobre sua prática educativa. Para isso, implementam grupos de estudos nos quais utilizam a metodologia de ação-reflexão-ação, visando uma educação que conduz à formação de sujeitos de encontro, transformadores sociais o que implica ações pedagógicas tais como as pedagogias da relação e as pedagogias críticas. A decisão de retomar à prática educativa como objeto de investigação é sinal do compromisso explícito com a transformação da realidade existente. A instituição comprometida com a qualidade do ensino deve proporcionar ambientes de troca de experiências entre a equipe 18 docente, visão compartilhada, aprendizagem em equipe, O principal papel da instituição é fazer a gestão da aprendizagem, ou seja, organizar a equipe e uma infra-estrutura que possa garantir que os alunos avancem cada vez mais no processo ensino-aprendizagem. A organização da gestão escolar nos contextos da teoria das Comunidades de Aprendizagem está ligada com a maneira de dirigir, planejar, orientar e conduzir os serviços necessários à educação através de uma ação participativa e compartilhada. Constrói-se essa direção participativa e democrática quando o gestor assume a posição de mediador e facilitador das atividades desenvolvidas no espaço educativo, compreendendo a ele mediar e coordenar o encaminhamento das decisões coletivas. Este modelo de gestão, então é, um constante processo de aprendizagem, de pesquisa, de estudo e de planejamento. Esta é uma tarefa a ser realizada em parceria com coordenadores pedagógicos para criar um ambiente de formação e de contato com novas idéias, criar uma comunidade de aprendizagem. Quando uma escola faz a opção de tornar-se Comunidade de Aprendizagem, ela se compromete em propiciar a aprendizagem máxima para todos, superar seus obstáculos por meio do diálogo igualitário, promover mudanças sociais e culturais, estabelecendo relações dialógicas. É nesta perspectiva que o projeto (CA) de Comunidades de Aprendizagem, desenvolvido pelo Centro Especial de Investigação em teorias e práticas superadoras de desigualdades(CREA), da Universidade de Barcelona, Espanha, é apresentada como possibilidade de construção de escolas de qualidade, baseadas no diálogo igualitário e na participação. No Brasil, o (NIASE) Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa(Universidade de São Carlos) também desenvolve ações de pesquisa, ensino e extensão em que são consideradas as diferentes práticas sociais e educativas, com o objetivo de contribuir para a superação de situações de exclusão social, cultural e educativa e proporcionar uma educação de qualidade e com significado. Tendo origem em experiências norte-americanas e espanholas, na década de 80 do século XX, a proposta de Comunidade de Aprendizagem implica sair da perspectiva isolada que caracteriza as ações curriculares, para a construção de uma comunidade na qual,além dos professores e especialistas, os próprios alunos, os pais e os demais membros da comunidade tomem parte ativa nas decisões e nos projetos que definem, planejam, avaliam, acompanham as trajetórias educativas que os alunos percorrem em seus anos de vida escolar. Cada educando nesta perspectiva tem a sua práxis vinculada à prática social da comunidade ou do grupo a que pertence, pois a prática social é rica de todos os tipos de conhecimentos, ou seja, desde o senso comum até os elementos científicos e tecnológicos. É nessa interação 19 que o aluno participa do conhecimento e vai construindo, modificando, enriquecendo e diversificando os seus esquemas a respeito de diferentes conteúdos. De acordo com Gadotti (2002), cabe à escola: [...] amar o conhecimento como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural; cabe-lhe selecionar e rever criticamente a informação; formular hipóteses, ser criativa e inventiva (inovar): ser provocadora de mensagens e não pura receptora; produzir, construir e reconstruir conhecimento elaborado. E mais: numa perspectiva emancipadora da educação, a escola tem que fazer tudo isso em favor dos excluídos. Não discriminar o pobre. Ela não pode distribuir poder, mas pode construir e reconstruir conhecimentos, saber, que é poder. A tecnologia contribuiu pouco para a emancipação dos excluídos se não for associada ao exercício da cidadania. A escola deixará de ser “lecionadora” para ser “gestora do conhecimento”. A educação tornou-se estratégica para o desenvolvimento. Mas para isso não basta modernizá-la. Será preciso transformá-la profundamente. [...] A escola precisa dar o exemplo, ousar construir o futuro. Inovar é mais importante do que reproduzir com qualidade o que existe. A matéria prima da escola é sua visão do futuro. Em visita realizada ao Centro de Investigação que funciona hoje junto as escolas da Catalunha, de Aragão e do País Basco, tomou-se conhecimento de como esta Instituição está buscando incentivar, apoiar e compartilhar sua transformação para relações mais democráticas e do diálogo igualitário entre os sujeitos. Nesta oportunidade foram visitadas duas escolas em Catalunha que realizam este projeto de Comunidades de Aprendizagem, em Terrassa o Centro Mare de Déu de Montserrat e em Barcelona, Escola de Personas Adultas La Verneda Sant Martí, que é onde se inicia a alternativa educativa das Comunidades de Aprendizagem. Na primeira escola visitada, o Centro Mare de Déu, observou-se a experiência realizada na formação de grupos interativos, que são uma forma de organização do trabalho escolar, a partir da qual divide-se a turma em pequenos grupos, que são acompanhados por adultos voluntários ou não. Estes recebem orientações da professora da sala, que é quem prepara as atividades, para estimular a interação entre as crianças e para colaborar na aprendizagem. Veja-se na ilustração abaixo como ocorre a interatividade dos integrantes. 20 Figura 1 - Educandos interagindo e aprendendo juntos(as). É importante perceber, nesta perspectiva, que as práticas desenvolvidas são inovadoras e despertam no educando a curiosidade, o gosto pela aprendizagem e o prazer pela construção do conhecimento. Neste aspecto, o educador tem um papel fundamental de contribuir, ressaltando sempre a auto-estima, o potencial e as habilidades de cada um, proporcionando uma aprendizagem significativa. O trabalho se dá de forma cooperativa, que propõe levar em consideração o ritmo individual de aprendizagem e do desenvolvimento. Proporciona um processo de construção da autonomia na condução e apropriação do conhecimento; garante atividades vivenciais e experimentais pelos conteúdos. Figura 2 – O trabalho cooperativo, proporcionando uma aprendizagem significativa. 21 A segunda escola visitada, Escola de Personas Adultas, define-se como um centro educativo plural, participativo, democrático, integrado no bairro e que trabalha pela igualdade no campo educativo e cultural das pessoas adultas. Na ocasião, participamos de uma tertúlia literária. Essa atividade reúne pessoas em torno da leitura de livros da Literatura Clássica Universal e Nacional. A partir das leituras, cada pessoa pode ler, ouvir e comentar o parágrafo ou capítulo lido e relacioná-lo com passagens e lembranças da própria vida. O objetivo da atividade não está em entender o que pretende dizer o autor com o seu escrito, mas sim envolver o direito de cada pessoa se expressar dialogicamente e comunicar o aprendizado adquirido a partir da leitura. De acordo com a proposta, a Tertúlia Literária Dialógica dedica-se a criar e a garantir esse espaço de reflexão e partilha. As reflexões são orientadas a vincular literatura e mundo da vida, leitura do mundo e leitura da palavra. A prioridade neste estabelecimento de ensino é dada, principalmente, às pessoas e grupos que vivem processos de exclusão social: mulheres, pessoas pertencentes a minorias e grupos discriminados, pessoas com pouca escolaridade, de forma que se garanta assim uma participação mais igualitária. No grupo há uma pessoa que exerce a função de Moderadora da Atividade, que vai organizando as falas e garantindo a participação de todas as pessoas. Conforme foi observado, ela não impõe a sua idéia, mas sim permite que todas as pessoas possam colocar seus argumentos, refletir e discutir com a intenção de se chegar ou não a um consenso sobre o argumento. A Moderadora estimula cada participante a destacar o trecho que gostaria de comentar com os demais (lê o trecho em voz alta e explica o sentido significativo para sua vida, e que o levou a querer compartilhá-lo com os/as demais). As pessoas deixam de ser receptoras passivas do conhecimento e se colocam numa postura ativa, ou seja, gerando, produzindo, construindo conhecimento com o outro/a. 22 Figura 3 – O Grupo formado de pessoas de diversas culturas e classes, realizando a tertúlia literária. Percebeu-se nos educandos que o medo e a insegurança de falar é substituído pelo desejo de compartilhar experiências de vida significativas em torno de leitura. Quando é proporcionado o diálogo, as pessoas com diferentes culturas possuem igual valor e podem dialogar entre si, “entre iguais,” construindo novos saberes a partir da inteligência cultural, em relação que considera que as diversas culturas são apenas diferentes umas das outras – não havendo cultura melhor que outra. Flecha (1997, p. 27) afirma sobre isto que: [...] El diálogo igualitário derrumba muros personales. Salir de casa y hacer sus proprias amistades más Allá del hogar, atreverse a hablar en público, sentir seguridad em uma conversación familiar o social sobre temas culturales. Nessa compreensão se apresenta a discussão acerca da importância das propostas educacionais de Paulo Freire para os nossos dias. Freire, consagrado por desenvolver uma pedagogia que discute a contradição opressores-oprimidos, valendo-se do método materialista-dialético de análise da realidade, propõe uma educação problematizadora, que visa, em última instância, a superação da situação de opressão. Tem, na práxis do diálogo, um importante princípio educativo. Paulo Freire, como principio de sua atuação destacou a importância do diálogo, caracterizando-o como uma atitude de amor, humildade e capacidade de ter fé, acreditar nas pessoas, no poder de criação e recriação do ser humano. Para ele não havia educação neutra, pois educar é essencialmente um ato político que visa à superação da consciência ingênua, substituindo-a pela consciência crítica, de pessoas responsáveis pela construção e reconstrução da realidade em que estão inseridas, comprometidas com uma educação plena de princípios que promovem a igualdade, o diálogo e o respeito ao outro. 2.3 OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DAS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: HABERMAS E FREIRE A aprendizagem dialógica é o fundamento das Comunidades de Aprendizagem e envolve sete princípios. Ramon Flecha(1997) considera que a vivência destes princípios são válidos para uma grande diversidade de contextos educativos, desde a primeira infância até a 23 fase adulta. As tertúlias estão alicerçadas nas reflexões de Habermas, sobre Ação Comunicativa, e em Freire, a abertura para o diálogo, ou seja a ação dialógica. Flecha (1997) assim denomina e descreve os sete princípios: - Diálogo igualitário: Nesta perspectiva todos aprendem, professores, alunos, famílias, pois a base são os argumentos expressados e não a posição de poder. Os diversos comentários realizados não são classificados como melhores ou piores, mas vistos como diferentes. - Inteligência cultural: as diversas culturas são apenas diferentes umas das outras – não havendo cultura melhor que outra. As interações humanas, baseando-se no diálogo igualitário. - Transformação: Através da transformação do contexto cultural conseguiremos superar o fracasso escolar e melhorar a convivência escolar, pois a aprendizagem dialógica transforma as relações entre as pessoas e no seu entorno, levando-as a uma profunda modificação, de excluídas para criadoras culturais, atuantes e participantes. - Dimensão instrumental: Conhecimentos e habilidades que são fundamentais no desenvolvimento da aprendizagem dialógica e da ação comunicativa. - Criação de sentido: O conhecimento se esvazia de sentido, do ponto de vista da participação, se não contribuir para formar pessoas que ajam de forma solidária, cooperativa, dialógica, respeitosa, comprometida com o grupo social. Significa dar sentido as nossas ações pedagógicas. -Igualdade das diferenças: a aprendizagem dialógica é baseada na igualdade das diferenças, pois a verdadeira igualdade inclui o mesmo direito da pessoa viver de modo diferente, contrariando a concepção homogeneizadora da igualdade e sua redução à igualdade de oportunidades, considera-se geralmente apenas o fato de que todas as pessoas têm as mesmas condições de chegar as mesmas posições, sem levar em conta as desiguais oportunidades e apoios que alguns setores sociais têm historicamente em detrimento de outros. - Solidariedade: Segundo Flecha (1997), as práticas educativas igualitárias só podem se fundamentar em concepções solidárias. “A comunidade também constitui um espaço solidário, quando um grupo participa das lutas e esforços para melhoria de todo mundo, a solidariedade é demonstrada pelo interesse que as pessoas do coletivo demonstram principalmente pelas pessoas que não podem participar na sociedade com as mesmas condições, portanto as vozes dessas pessoas abrem possibilidades para todos (as)” (FLECHA. p.38 -39). 24 Os princípios referidos e descritos resultam primeiramente da teoria da ação comunicativa de Habermas e em segundo lugar do método dialógico do educador Paulo Freire. O diálogo na Teoria da Ação Comunicativa está presente em Habermas a partir de seu edifício teórico no campo da linguagem e da comunicação. Habermas é considerado um dos mais importantes filósofos alemães do século XX, nasceu em Gummersbach, a 18 de Junho de 1929, e é considerado, por muitos estudiosos, como o principal herdeiro da Escola de Frankfurt. Entre 1955 e 1959 o filósofo foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Sociais em Frankfurt e assistente de Theodor Adorno. No início dos anos 1960, realizou uma pesquisa empírica sobre a participação estudantil na política alemã, intitulada 'Estudante e Política' (Student und Politik). Em 1981, Habermas publicou a obra, "Teoria da Ação Comunicativa", considerada sua obra mais importante, principalmente nas ciências humanas. Habermas concebe a razão comunicativa e a ação comunicativa ou seja, a comunicação livre e crítica como alternativa à razão instrumental e superação da razão iluminista aprisionada pela lógica instrumental, que encobre a dominação. Ao pretender a recuperação do conteúdo emancipatório do projeto moderno, no fundo, Habermas está preocupado com o restabelecimento dos vínculos entre socialismo e democracia. A partir da Teoria da Ação Comunicativa pode-se desenvolver uma nova possibilidade de transformação social, onde se possibilita a comunicação, o diálogo e a construção de valores, respeitando a condição e a dignidade de cada pessoa. Por meio da Ação Comunicativa as pessoas têm a possiblidade de emancipação, ou seja, a comunicação é a interação entre os sujeitos como forma de garantir a participação e a democracia nas decisões através da argumentação. A comunicação estabelece uma (inter) relação entre diversos campos do conhecimento. A comunicação é a ferramenta mais importante na vida do ser humano, pois é por meio dela que trocamos informações, melhoramos a nossa maneira de interagir, onde transmitimos nossas intenções, sentimentos, emoções, desejos, conhecimentos e experiências. A escola deverá atuar no processo de interação e construção do sujeito, assim o seu dever de atuação nas práticas sociais e espaço de construção de conhecimento será o caminho para o desenvolvimento e estímulo da verdadeira comunicação. Promover os encontros onde as trocas de informações se tornem possíveis é aproximar todos do objetivo comum da escola. Enquanto compartilham espaços, as trocas ocorrem naturalmente. E é nesta interação informal que a comunicação flui de forma autêntica promovendo a interlocução 25 entre todos. Comunicar é ter habilidade de relacionar-se, sugere a idéia de comunhão, onde afetivamente existe a troca de idéias, informações e sentimentos. A teoria da ação comunicativa parte do principio de que as pessoas são capazes de ação e portanto, utilizam-se da linguagem para se comunicarem, buscando um entendimento. A ação comunicativa propicia um conhecimento, fruto da liberdade e entendimento alcançados através das condições de uma socialização comunicativa e interativa entre os indivíduos. Constata-se, portanto, na teoria de Habermas três dimensões que sempre estão presentes nas interações dos grupos sociais: O Mundo Objetivo, o Mundo Social, e o Mundo Subjetivo. O Mundo Objetivo, são as pretensões de validade referentes à verdade das afirmações feitas pelos participantes, também chamado de o Mundo da Ciência, o mundo do conhecimento técnico. O Mundo Social, seria a adequação das normas, das leis das regras, ou seja, o mundo formal e o Mundo Subjetivo, seriam as vivencias e sentimentos, os vínculos estabelecidos com os seus semelhantes, onde as relações intersubjetivas se organizam, também considerado de mundo das artes. É interessante, também, ressaltar como se caracterizam sociedade e pessoa nesta perspectiva. Para Habermas há dois mundos que se relacionam. O Mundo da Vida, onde o processo comunicativo se dá, onde as relações se estabelecem de forma intuitiva, onde ocorrem as partilhas, discussões de valores e das regras. O Mundo do Sistema se caracteriza pela organização estratégica, econômica e política, onde não há como prioridade a linguagem, a discussão e a participação. No livro de Zitkoski no capítulo sobre Como Habermas fundamenta a razão comunicativa, o autor discute que a razão comunicativa é a base para orientar novos processos socioculturais, é a comunicação cotidiana que brota do Mundo da Vida enquanto lugar socialmente partilhado por todos os sujeitos. O Mundo da Vida, seria, portanto a base para o agir comunicativo, voltado ao entendimento intersubjetivo, porque serve de força coordenadora em relação à ação, garantindo o consenso. A reconstrução comunicativa das estruturas do mundo da vida é o que permite ao sujeito aprender e validar, junto às comunidades cultural, social e cientifica, as suas expectativas de uma vida melhor e de qualidade. A partir do pressuposto da interação do mundo da vida se explicita, que o sujeito enquanto agente se reconhece como membro efetivo e ativo da práxis social comunicativa. O próprio Habermas, citado por Gonçalves, (1999, p. 136) afirma que para assegurarse um diálogo franco, aberto, correto e claro é necessário seguir algumas condições: 26 A primeira condição é que todos os participantes das discussões têm a mesma chance de se comunicar por meio de atos da fala, argumentando, questionando e respondendo às questões. A segunda é de que todos os participantes do discurso devem ter igual oportunidade de fazer interpretações, argumentações, problematizações. A terceira é que para participar do processo discursivo, os agentes devem expressar seus sentimentos, desejos, necessidades, devendo ser verdadeiros em suas manifestações. A quarta condição é a exigência de que no processo discursivo, os falantes devem ter a mesma oportunidade de empenhar atos de fala regulativos, de opor-se, permitir, proibir sem qualquer repressão. Percebe-se que as idéias de Habermas nos auxiliam e nos desafiam a buscar os fundamentos para a explicitação das possibilidades de uma prática emancipatória que repouse na reconstrução permanente dos valores e princípios, reconhecidos por intermédio dos consensos produzidos pelos próprios participantes através dos processos de argumentação. De acordo com Hermann, (1999) a teoria de Habermas oferece um novo impulso à educação, porque afirma que toda “ação social é uma interação”, pois a educação como interação, traz o agir pedagógico entendido como um agir com os outros, fundamentado na cooperação e no envolvimento. Dessa maneira, como esclarece Hermann (1999, p. 19). O sujeito não é mais definido como no modelo da filosofia da consciência, mas como aquele que tem de se entender com os outros sobre o que é conhecer e dominar objetos. Assim, no paradigma da comunicação, é fundamental o enfoque performativo, presente no entendimento intersubjetivo entre sujeitos capazes de falar e agir. A racionalidade se manifesta em acordos e consensos que são obtidos pelos sujeitos em comunicação. Dessa forma a linguagem apresenta um caráter normativo universal, e a racionalidade existe na conversação. Neste aspecto, a ação educativa assume a forma de um agir comunicativo, que requer uma atitude voltada para o entendimento. Os sujeitos de fala e ação, na perspectiva traçada por Habermas, na medida em que, se orientam para o entendimento, estabelecem entre si planos de ação que, compartilhados, permitem estabelecer acordos, circunscrevendo interesses comuns mediante argumentações lingüísticas. A escola como formadora de sujeitos, necessita de uma ação pedagógica coordenada pela ação comunicativa, ou seja, o encontro com o outro num mundo em que se compartilham significados e onde se reconhece o sujeito constituidor de seu próprio conhecimento e reconhecimento de sua dignidade. 27 A mesma autora afirma que na perspectiva habermasiana (HERMANN, 1999, p. 87): [...] a escola, na medida em que pode restabelecer os nichos de uma racionalidade comunicativa, tanto pode descentrar sua potencialidade, como torná-la submetida aos imperativos sistêmicos e burocráticos. Como a promoção de uma racionalidade comunicativa depende do desenvolvimento de um processo argumentativo, baseado na competência do eu, a teoria de Habermas recorre ao utópico e o pedagógico da modernidade. Ainda segundo Hermann (1999, p. 83), a racionalidade comunicativa [...] aposta na possibilidade de uma razão dialógica que, de certa forma, recupere a unidade da razão na multiplicidade das vozes interpretativas. [...] No campo educativo, não bastam a tomada de consciência e a crítica individual, mas, sim, a promoção de uma consciência que se articula com os diversos discursos, com as diversas culturas, que busca uma responsabilidade conjunta. O entendimento, mediado lingüisticamente, supõe um sujeito interativo, posicionado numa relação sujeito – sujeito, capaz de argumentos racionais depurados no processo comunicativo da conversação. Acredita-se que a educação é um processo de transformação, no qual o próprio educando é agente principal. Em interação com os demais, ele desenvolve a capacidade reflexiva e crítica. O Conhecimento nasce da prática com o mundo, enfrentando os seus desafios e resistência, e só terá sentido pleno na sua relação com a realidade. Segundo Herman(1999, p.82) [...] a subjetividade, que se constitui pela intersubjetividade, está dependente da inserção de sujeitos num mundo compartilhado, onde há saberes e normas que são acordadas e regulam nossas ações. [...] É uma interação que permite outra relação do sujeito consigo próprio. Um segundo pressuposto das Comunidades de Aprendizagem surge da proposta de Educação dialógica em Paulo Freire, o autor nasceu em Recife(PE), em 19 de setembro de 1921 e faleceu em São Paulo, no dia 2 de maio de 1997. Alfabetizou-se em casa, debaixo da sombra de uma mangueira. Sua história de vida foi marcada por três períodos, caracterizados por desiguais referências de espaço e tempo. As etapas em que se divide a biografia de Paulo Freire são o Tempo de Recife, o Tempo de Exílio e o Tempo de São Paulo. O primeiro e mais longo dos três períodos da vida de Paulo Freire, entre 1921 a 1964, teve Recife e Jaboatão como cenários. Anos de infância e adolescência, de formação escolar e consolidação das raízes afetivas e intelectuais de seu pensamento. Formou-se em advocacia, mas não chegou a exercer a profissão. Os anos 60 foi para Paulo Freire o delineamento de um pensamento político-pedagógico dialógico e libertador, condicente a atitudes indicativas da autonomia e 28 do intercâmbio dos saberes entre o aprendiz e o educador. Com o golpe de estado de 1964, a utilização do “método Paulo Freire” em Angicos e no Programa Nacional de Alfabetização, do MEC, contribuiu, sem dúvida, para a prisão de Paulo e seu posterior exílio. Paulo Freire falava numa educação popular, a qual enfatizava que o aluno além de se conhecer, deveria conhecer também os problemas sociais e o mundo que o cercava. Paulo Freire tinha 43 anos de idade quando partiu para o exílio. Retornou quase 16 anos após. Em 1980, Freire, vindo da Europa, chegava com o desejo de reaprender o Brasil, assim no mesmo ano de seu retorno decidiu, pela primeira vez, filiar-se a um Partido Político: o Partido dos Trabalhadores (PT), do qual foi um dos fundadores. De 1989 a 1991, ocupou o cargo de Secretário da Educação da Cidade de São Paulo. Contribuiu para a construção do Instituto Paulo Freire, de São Paulo, e a mais completa fonte bibliográfica para o estudo de sua história e do seu pensamento: Paulo Freire – uma biobibliografia, Organizada por Moacir Gadotti e Colaboradores. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial. A obra de Freire é composta de inúmeros livros, ensaios, entrevistas, jornais, rádios, televisão, conferências, debates, enfim uma série de trabalhos muito importantes. Educação como prática da liberdade (1967) e Pedagogia do oprimido (1970), já foi traduzido em diversos idiomas e até hoje vem sendo publicada.Foi escrito no exílio e é uma reflexão sobre a sua prática. Algumas das referências maiores para se compreender Paulo Freire, pode-se destacar: Pedagogia da esperança (1992), Cartas a Cristina (1994), À sombra desta mangueira (1995), e Pedagogia da autonomia (1997). Deixou, ainda, simbolicamente, inconclusos, cartas e textos que foram reunidos por Ana Maria Araújo Freire em um livro emblemático: Pedagogia da Indignação (2000) e Pedagogia dos sonhos possíveis (2001). As suas maiores contribuições foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários, chegando a influenciar em movimentos como os das Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs). Freire morreu no dia 2 de maio de 1997, em São Paulo, mas a sua obra e o seu espírito continuam vivos e presentes em nossas práticas educativas. Constata-se através da sua própria vida um ideal de educador que antecipou o movimento de denúncia sobre os processos de injustiça, de desigualdade e de desrespeito ao outro. A sua influência está nas mais diversas áreas do saber: pedagogia, filosofia, teologia, história, sociologia, etc. É considerado um dos mais importantes educadores do século XX, 29 influente escritor na área da pedagogia, principalmente na discussão sobre a relação teoria e prática da educação crítica. Segundo Brandão, Freire foi um pensador criativo que nos deixou uma grande contribuição através das suas idéias, de seus escritos e a proposta de um sistema de educação, assim como criou um método de ensino revolucionário na área de alfabetização, principalmente de jovens e adultos. Sem dúvida, a educação na ótica freiriana tem um papel extremamente relevante no processo reconstrutivo da sociedade, em especial, na busca de uma melhor qualidade de vida para a humanidade. A pedagogia de Paulo Freire adquiriu sentido universal a partir da relação entre oprimido e opressor. Freire tinha a compreensão da educação enquanto ato político, educação enquanto prática democrática que respeita o educando, a sua linguagem, a sua identidade cultural, educação enquanto aquela que desvela e que desafia. Em diversos de seus trabalhos, Freire constantemente explicita sua preocupação com a humanização. Considera que esta é a vocação ontológica (a ontologia trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres, de homens e mulheres. (FREIRE, 2005, p.56). A autodesvalia é outra característica dos oprimidos. Resulta da introjeção que fazem eles da visão que deles têm os opressores. De tanto ouvirem de si mesmos que são incapazes, que não sabem nada, que não podem saber, que são enfermos, indolentes, que não produzem em virtude de tudo isto, terminam por se convencer de sua “incapacidade”. Falam de si como os que não sabem e do “doutor” como o que sabe e a quem devem escutar. Os critérios de saber que lhe são impostos são os convencionais. Não se percebem, quase sempre, conhecendo, nas relações que estabelecem com o mundo e com os outros homens, ainda que um conhecimento ao nível da pura doxa. Opondo-se à educação bancária, no processo educativo que ocorre por meio de relações dialógicas, considera-se que não apenas o(a) educador(a) tem conhecimento, mas também os(as) educandos(as). Assim, o processo educativo não se restringe à transmissão de conhecimento do primeiro ao segundo, mas a uma construção conjunta entre todos os agentes educativos. Desta forma, não deve existir educador(a) do(a) educando(a), mas sim educadoreducando com educando-educador. Como indica o autor, em “Pedagogia da Autonomia”, “[...] quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se ao ser formado. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1996, p.23). 30 Freire denuncia, em relação à educação bancária, a falta de liberdade, a impossibilidade de autonomia do(a) educando(a) e a ausência de experiência. “Se o educador é o que sabe, se os educandos são os que nada sabem, cabe àquele dar, entregar, levar, transmitir o seu saber aos segundos. Saber que deixa de ser de ‘experiência feito’ para ser de experiência narrada ou transmitida.” (FREIRE, 2005, p. 68). No anúncio do educador, deve estar uma proposta que vê a educação como processo destinado a tornar as pessoas capazes de ler e interpretar o mundo, potencializando-as para a eliminação dos meios geradores de opressão e exclusão. Porém, a afirmação do valor que possuem tais saberes nunca implicou que Freire considerasse que os educandos deveriam permanecer presos a tais conhecimentos, mas posicionou-se firmemente a favor de que todas as pessoas têm o direito de saber melhor o que já sabem e também de construir aquilo que ainda não sabem. (FREIRE, 2003, p.70-71): [...] partir do saber que os educandos tenham não significa ficar girando em torno deste saber. Partir significa pôr-se a caminho, ir-se, deslocar-se de um ponto a outro e não ficar, permanecer. Jamais disse, como às vezes sugerem ou dizem que eu disse, que deveríamos girar embevecidos, em torno do saber dos educandos, como mariposas em volta da luz. Partir do ‘saber de experiência feito’ para superá-lo não é ficar nele. Paulo Freire defende a educação como ato dialógico, destacando a necessidade de uma razão dialógica comunicativa onde o ato de conhecer e de pensar estariam diretamente relacionados. O conhecimento seria um ato histórico, gnosiológico, lógico e também dialógico. Os educandos são sujeitos ativos que também atuam na construção do conhecimento. O diálogo necessita, portanto, fazer parte essencial do trabalho pedagógico porque ele não envolve apenas modalidades, mas crenças, essência, existência, modo de vida, (FREIRE, 2005, p.91): O diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes. O diálogo é fundamental, como ensinou Paulo Freire. O professor não é mais o que sabe e o aluno o que aprende. Ambos, aprendem e ensinam o que juntos descobrem. Assim, a 31 formação dos indivíduos críticos e conscientes de suas possibilidades de atuação no contexto social implica a relação dialógica. Portanto, dado que o conhecimento não se constrói apenas na perspectiva do educador, mas deste com os sujeitos é necessário disponibilidade para criar situações de diálogo intersubjetivo. Paulo Freire destaca o diálogo como a forma mais segura para a educação e a libertação dos homens e mulheres, opressores e oprimidos. A forma imperativa de transmissão do conhecimento, característica do modelo tradicional, só faz, segundo ele, reforçar a dominação cultural e política, impedindo a conscientização dos homens e das mulheres. Em sua teoria fica claro que o diálogo consiste em uma relação horizontal e não vertical entre as pessoas envolvidas em uma relação. Atribui importância ao momento pedagógico, mas com meios diferentes, como práxis social, como construção de um mundo refletido entre educadores e educando. Para Paulo Freire o diálogo é o elemento chave onde o professor e aluno sejam sujeitos atuantes. Acredita na arte do diálogo, na contraposição de idéias que leva a outras idéias. Neste sentido, para Freire o diálogo assume papel fundamental na constituição da consciência, pois esta é essencialmente dialógica pelas relações estabelecidas com os outros e com o mundo. No diálogo, a tomada de consciência se transforma em conscientização. Para Paulo Freire, é no diálogo e na comunhão que os homens e as mulheres se conscientizam, ou seja, o diálogo é a chave para a conscientização e a humanização dos homens, das mulheres e do mundo. Em relação ao valor da experiência no processo educativo, Paulo Freire soube não só reconhecer a importância que possuem os educandos, como também demonstrou com sua própria vida que o ato reflexivo sobre as experiências auxilia no processo formativo, proporcionando a ação, reflexão, ação. Outro aspecto importante na filosofia de educação de Freire é a formação do professor. Isto porque para ele ninguém nasce educador ou marcado para ser. Faze-se educador(a), aprende-se como educadores, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática. Uma das premissas básicas da metodologia freireana é a de que o educador desafie aos alunos a perceberem que aprender os conteúdos significa apreender os mesmos enquanto objeto de conhecimento. 32 Em sua obra, Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire (1996) apresenta inúmeras reflexões, das quais destacam-se alguns argumentos que orientam os educadores comprometidos com a liberdade e a autonomia. Paulo Freire procura mostrar a postura do educador quanto a sua prática educativa e dialógica, visando sempre o respeito ao educando, libertando seu pensamento de tradições desumanizantes e estimulando a curiosidade. Ressalta nos seus escritos que o ensino é muito mais que uma profissão, é uma missão que exige saberes no seu processo dinâmico de promoção da autonomia do ser de todos os educandos(as). Segundo Paulo Freire, (1996, p. 85) “Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino.[...] A construção ou a produção do conhecimento do objeto implica o exercício da curiosidade”. Mais adiante, na mesma obra Freire (1996, p. 93) fala sobre a competência docente, “autoridade coerentemente democrática está convicta de que a disciplina verdadeira não existe na estagnação, nem no silêncio dos silenciados, mas no alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga e na esperança que desperta’. Assim, a competência docente implica, como diz Freire (1996, p. 136): Viver a abertura respeitosa aos outros e, de quando em vez, de acordo com o momento, tomar a própria prática de abertura ao outro como objeto da reflexão crítica deveria fazer parte da aventura docente. A razão ética da abertura, como experiência fundante do ser inacabado. Para Freire o ser humano é um ser em construção, ou seja, inacabado. Esta incompletude lhe permite construir e desconstruir sua própria história e ao mesmo tempo trilhar caminhos diferenciados em busca de seu próprio aprimoramento. Na educação, isso vai refletir na maneira como ele concebe o mundo, a sociedade, o ser humano e a cultura a qual pertence. O diálogo para ele é fundamental na culminância de um mundo melhor e a possibilidade de ir ao encontro do outro estabelecendo relações harmoniosas com ele. Um professor que se fecha ao diálogo pode ser considerado um transgressor, isto é, aquele que transgride uma qualidade essencial dos seres humanos. O ser humano está predeterminado a se dialogar. Dialogar se torna, por conseguinte, um bem, uma qualidade e uma essencialidade. É, portanto, pelo diálogo que os seres humanos mantém relação entre si, e conhecimento de si e do mundo a que pertence, pois conforme afirma, Paulo Freire (1996, p. 136) “o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente movimento na História”. Frente à nova realidade do paradigma da complexidade, o educador tem sido desafiado a ultrapassar seu papel autoritário, de dono da verdade, para se tornar um investigador, 33 articulador e pesquisador crítico e reflexivo. Para trabalhar o conhecimento na dinâmica da sociedade multimídia, da globalização, da multiculturalidade, das transformações constantes do mercado, necessita-se de uma permanente formação para educar e promover a formação dos alunos, crianças, adolescentes e jovens, já que, também, eles estão em constante processo de formação cultural, de valores e de interesses. Neste contexto, além de um profissional competente, o docente precisa tornar-se um cidadão autônomo e criativo que saiba solucionar problemas e manter constante iniciativa para questionar e transformar a sociedade. Nesta lógica, é necessário estimular criatividade, espírito de equipe, inovação e ousadia, habilidade de lidar com as diferenças, e isto implica espaço de escuta, diálogo e a crítica como forma de construção de novas abordagens, metodologias de ensino, reflexão, mediação entre teorias aplicadas no cotidiano escolar, atenção às transformações e inserção social, dedicação à educação inclusiva, o pedagógico como sustentação e o desafio do manejo didático e relacional. Os novos desafios pedagógicos requerem novas posturas e atitudes. Precisa ser inserida nesta lógica do planejamento contínuo e sistemático, a pesquisa, a qualidade dos serviços em educação, de vida, a iniciação científica, o resgate da ética, da solidariedade, da esperança, da humanidade, da busca pela excelência, da autonomia, do conhecimento com reflexão crítica e construtiva na educação sustentável e de aperfeiçoamento contínuo, formando cidadãos com visão de responsabilidade social e ambiental e sujeitos de transformação das comunidades onde vivem. Para Paulo Freire (2005, p. 89), essa construção se dá a partir do diálogo, que sendo fenômeno humano, caracteriza-se a partir da palavra, e apresenta, assim, duas dimensões: ação e reflexão, uma em completa interação com a outra, pois não há palavra verdadeira que não seja práxis: “Daí que dizer a palavra verdadeira seja transformar o mundo”. Ainda Freire (2005. p. 90-91): Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Mas, se dizer a palavra verdadeira, que é trabalho, que é práxis, é transformar o mundo, dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos os homens. Precisamente por isso, ninguém pode dizer a palavra verdadeira sozinho, ou dizê-la para os outros. É importante, nesse sentido, reconhecer que o trabalho pedagógico é essencialmente um trabalho político, onde o professor poderá perceber-se como ser social, inserido numa determinada realidade histórica, percebendo, assim, a relação entre a teoria e a prática. 34 2.3 A AÇÃO-REFLEXÃO-AÇÃO COMO METODOLOGIA PEDAGÓGICA Hoje discute-se que a educação, muito mais do que transmissão de informações ou qualificação profissional, tem o dever de transmitir o legado cultural acumulado pela humanidade historicamente. Essa é uma tarefa verdadeiramente desafiadora, porque envolve mobilização de professores e alunos na apropriação de saberes construídos em diversas áreas, desde a arte até a linguagem, desde a música até a matemática. A escola seria, então, o lugar ideal para dar um vislumbre da grandeza humana, de sua produção cultural, de suas idéias e aspirações, do desenvolvimento das técnicas a serviço da qualidade de vida. A construção da identidade docente, a sua história individual e o seu trabalho, contêm entrelaçamentos sóciohistórico-culturais. O sujeito-educador se constitui a partir do lugar em que está inserido. É nessa complexidade que se dá o trabalho do professor. Antes de refletir sobre a postura pesquisadora do educador, a sua ação – reflexão-ação é necessário refletir sobre a formação do professor como um projeto único, englobando a inicial e a contínua, pois “a verdadeira aprendizagem é aquela construída com esforço próprio através da elaboração pessoal.” (DEMO, 2001, p. 64). A formação é um processo, que envolve a autoformação do professor, a partir da reelaboração constante dos saberes que realiza na prática, confrontando, assim, com suas experiências nos contextos escolares. É importante, nesse sentido, reconhecer que o trabalho pedagógico é essencialmente um trabalho político, onde o professor poderá perceber-se como ser social, inserido numa determinada realidade histórica, percebendo, assim, a relação entre a teoria e a prática. Sendo assim, o próprio professor, através do processo de auto-reflexão, assume o compromisso e a responsabilidade pelo seu desenvolvimento. Candau, (1997, p. 64), afirma que: [...] a educação continuada não pode ser concebida como um meio de acumulação(de cursos, palestras, seminários, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal e profissional, em interação mútua. E é nessa perspectiva que a renovação da formação continuada vem procurando caminhos novos de desenvolvimento. 35 Neste sentido, é importante preparar professores que assumam cada vez mais uma atitude reflexiva em relação ao seu ensino e às condições sociais que influenciam na sua prática educativa. Acredita-se que, para trabalhar o conhecimento na dinâmica da sociedade multimídia, da globalização, da multiculturalidade, das transformações constantes do mercado, necessita-se de uma permanente formação para educar e promover a formação dos alunos, crianças, adolescentes e jovens, já que, também, eles estão em constante processo de formação cultural, de valores e de interesses. O grande desafio é inserir pesquisa e elaboração própria em um espaço de aprendizagem virtual. O professor deve exercer sempre uma postura observadora, reflexiva, pesquisadora, inovadora e de aprendizagem com os outros, com os alunos e com as experiências do dia a dia. Desta forma, a formação deve se estender como aperfeiçoamento continuado e permanente durante todo o percurso da vida pessoal e profissional do professor. Acredita-se que o educador deverá estar sempre em formação, pois um trabalho essencial como o de ser mestre exige sempre a melhor preparação, o acompanhamento, a mudança e o conhecimento do ser humano, de si mesmo e da realidade que o cerca. O professor que continuamente busca aperfeiçoar-se, retorna sempre, dialogicamente, da prática à teoria e da teoria à prática. Nesta perspectiva, a pesquisa deve perpassar toda a vida do professor e do aluno, pois é através do ato de pesquisar e de refletir que somos capazes de produzir instrumentos e procedimentos para a nossa prática educativa de forma criativa e crítica. Conforme Freire (1996, p.32): Fala-se hoje, com insistência, no professor pesquisador. No meu entender o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou atuar que se acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. O que se precisa é que, em sua formação permanente, o professor se perceba e se assuma, porque professor, como pesquisador. Percebe-se, porém, que ainda é necessário desmitificar o conceito de pesquisa, pois este processo na maioria das vezes é reservado para algumas “pessoas iluminadas” que manejam a estatística e a informática,.e ainda, alguns apenas pesquisam e outros dão aulas, administram, atendem os alunos. Contudo, a desmitificação principal está na crítica à separação artificial entre ensino e pesquisa. No oposto, conforme Demo (2001), está a soberba do pesquisador exclusivo, que considera ensino como atividade menor, contribuindo para a separação cada vez maior da teoria e da prática. (DEMO 2001, pág. 27): Teoria e prática detêm a mesma relevância científica. Não se pode realizar prática criativa sem retorno constante à teoria, da mesma forma não se pode 36 fecundar a teoria sem confronto com a prática. A pesquisa prática é modo salutar de produção de conhecimento, que possui a vantagem de puxar para o cotidiano a ciência. Acredita-se que a ação, reflexão e ação é o processo que deve aparecer em todo trajeto educativo, como princípio educativo. A pesquisa empírica deve estar envolvida com os horizontes da teoria, do método e da prática. Se quisermos criatividade, consciência crítica, cidadania de sujeitos capazes de história própria individual e coletiva, é importante cuidar que o processo se marque principalmente pelo desafio educativo e formativo. É importante que o professor motive o aluno para que ele seja investigador e pesquisador, pois ele precisa ser construtor de conhecimento novo e agente transformador da sociedade. Se a criança, por exemplo, é levada a buscar seu material, a fazer sua elaboração, a se expressar argumentando, a buscar fundamento no que diz, a fazer uma crítica ao que vê e lê, cresce como sujeito capaz de uma construção própria. Com isso, vem à tona também a maneira como ela vê o mundo e, consequentemente, forma-se sua autonomia, à medida que elabora o seu conhecimento. Conforme afirma (DEMO, 2001. p. 90), “essencial é motivar a elaboração própria, dentro dos respectivos contextos, ou seja, de modo aproximativo, crescente, atrativo, passando pela pesquisa como método essencial”. O desafio de se aprimorar e de se estar no processo contínuo de formação são imprescindíveis para o educador de hoje no que significa o processo de formação sólida e contínua, pois acredita-se que o educador deve continuamente refletir, agir e refletir a sua prática pedagógica e assumir um espaço formativo de atuação como agente que também é aprendiz. Diante destes aspectos, a proposta das Comunidades de Aprendizagem é de que o Gestor escolar assuma uma gestão democrática e participativa, onde aconteça uma efetiva participação, tanto nas soluções de problemas como na tomada de decisões que influenciam diretamente a escola. A organização da gestão escolar está ligada com a maneira de dirigir, planejar, orientar e conduzir os serviços necessários à educação através de uma ação participativa e compartilhado do processo pedagógico. 37 3 O GESTOR ESCOLAR E O COMPARTILHAMENTO DA LIDERANÇA A implementação de uma gestão escolar participativa democrática, é hoje uma exigência da sociedade, que entende-se esta como um dos possíveis caminhos, para a organização de uma escola que eduque, integrando seus alunos em uma sociedade mais participativa. A gestão democrática põe em funcionamento na escola movimentos importantes de participação de alunos, funcionários, professores e pais, atuando diretamente na desconstrução das relações hierárquicas de poder. Neste sentido, a democratização do processo de gestão deve garantir, através do exercício permanente de análise e de ações participativas a todos os segmentos da comunidade escolar e a aceitação da diversidade de opiniões e interesses. A organização da gestão escolar está ligada com a maneira de dirigir, planejar, orientar e conduzir os serviços necessários à educação através de uma ação participativa e democrática. Obtém-se essa direção participativa e democrática quando o gestor assume a posição de mediador e facilitador das atividades desenvolvidas no espaço educativo, compreendendo a ele dirigir e coordenar o encaminhamento das decisões coletivas. Segundo Libâneo (2001), em se tratando de gestão democrática, a escola prevê a participação de todos na tomada de decisões, professores, direção, pais e alunos, concebendo a escola como uma comunidade democrática de aprendizagem, gerando um processo dinâmico e reflexivo. Com esta dinâmica democrática na sociedade e na educação, é possível discutir de que maneira as políticas podem ser criadas para favorecer a formação de uma sociedade e de uma escola que leve em consideração os modos de vida. O trabalho da gestão participativa é algo intenso, que exige do gestor-líder responsabilidade, para que o mesmo não centralize o poder de liderar, mas sim que as várias pessoas envolvidas no processo possam assumir a liderança e desenvolver suas qualidades e habilidades. As Características de um líder participativo, são de um facilitador e estimulador da participação dos pais, alunos, professores e demais funcionários, na tomada de decisão e implementações de ações; promotor da comunicação aberta; construtor de equipes participativas; incentivador da capacitação e desenvolvimento das habilidades de todos os integrantes da escola; criador de clima de confiança e receptividade; mobilizador e dinâmico. 38 O líder em educação lidera líderes e líderes em potencial. Um dos seus importantes papéis é mobilizar pessoas para que aprendam, constantemente, aprimorem seu desempenho e atuem como líderes na implementação da gestão educacional. De acordo com Libânio (2001. p. 89), afirma que o diretor é um líder, é uma pessoa que consegue aglutinar as aspirações, os desejos, as expectativas da comunidade escolar e articular a adesão e a participação de todos os segmentos da escola na gestão, de um projeto comum. Um diretor capaz de exercer liderança educacional pode determinar a diferença entre uma escola estagnada e uma escola em movimento. A Revista Nova Escola em seu site3, apresenta contribuições básicas para o exercício do diretor líder. Seguindo estas lições, o diretor líder: […] vai além do gerenciamento e coloca as pessoas em primeiro plano; está em contato permanente com os docentes; constrói um sonho e faz com que sua equipe embarque nele; faz com que sua equipe sinta que tem poder para realizar e transformar; transforma a escola em comunidades de aprendizagem, onde profissionais aprendem uns com os outros, cooperando para solucionar problemas pedagógicos; sabe fazer alianças, buscando promover mais e melhor aprendizagem na escola. Na escola, a atuação de todos os envolvidos deve acontecer com competência, para que o ensino realmente se faça e que a aprendizagem se realize, que ocorra diálogo, companheirismo, ética construindo assim um ambiente favorável à aprendizagem. Libâneo (2004) esclarece que os alunos têm uma presença significativa no processo de solução de problemas e de tomada de decisões. Enfatiza também que os estudantes devem estar ativamente envolvidos na elaboração e no desenvolvimento das práticas decisivas que dizem respeito à sua vida na escola, vivenciando momentos de reflexão e ação junto a equipe escolar. As práticas de gestão incluem, segundo o autor, formas de participação pedagógica, sociais e culturais. A função do Gestor na escola é, portanto de ser um articulador com os diferentes profissionais, que atuam no espaço escolar, através de um trabalho em equipe, proporcionando condições de aprendizagens, através do saber diferenciado, tanto para os professores, como também para os alunos. 3 Vide site: <http://revistaescola.abril.uol.com.br/gestao-escolar/diretor/lst_diretor.shtml>. 39 4 A RELAÇÃO ESCOLA – FAMÍLIA A escola é o encontro de pessoas e é também um lugar de representações sociais, assim como instituição social, ela tanto contribui para a manutenção, quanto para a transformação social. Na perspectiva transformadora ela tem um papel essencialmente crítico e criativo. Os integrantes da Comunidade escolar não são seres perfeitos, mas, seres inacabados, incompletos, em constante processo de aprendizagem. O que aprendem depende das condições de ensino que são proporcionadas ao longo da nossa vida. O que se aprende depende do local, ou seja da comunidade de aprendizagem a que se pertence. Na evolução da educação de cada um, a primeira comunidade de aprendizagem a que se pertence é a família, o grupo social de origem. Daí a importância desse núcleo social no desenvolvimento da criança, pois nele ocorrem as primeiras interações com os outros. A escola, como segunda comunidade de aprendizagem da criança, precisa levar em conta o seu entorno, isto é, todos os saberes herdados na família. A escola tem como função social “formar o cidadão”, isto é, construir conhecimentos, atitudes e valores que permitam ao estudante ouvir, pensar, analisar, questionar, opinar, entender, decidir, resolver, ser ético, solidário e participativo, o que lhe permitirá ir ao encontro de seus anseios futuros que se fundam na convivência harmoniosa com os demais. O papel da escola na vida e na formação das pessoas é muito importante e nessa perspectiva é necessário valorizar os saberes trazidos da família para promover a construção da cidadania. A ampliação continuada dos saberes, o atual desenvolvimento tecnológico, o paradoxo da necessidade de relacionar o global à especialização exige que se prepare os alunos para enfrentar os desafios das constantes modificações do mundo, tornando-os competentes para compreender problemas, criar soluções, argumentar, trocar pontos de vista e aprender permanentemente. Outra referência que Freire costuma fazer em relação à influência da família para a sua formação foi a importância do diálogo. Em “Conscientização: Teoria e Prática da Libertação” (1980), Freire afirma que “com eles aprendi o diálogo que procuro manter com o mundo, com os homens, com Deus, com minha mulher, com meus filhos [...] As mãos de meu pai não haviam sido feitas para machucar seus filhos, mas sim para ensinar-lhes a fazer coisas” (FREIRE, 1980, p. 13-14). 40 É justamente o diálogo, que experienciou na relação com os pais e foi capaz de compreender sua importância, que Freire considera como sendo central para a concretização de processo educativo. Sem ele não é possível transformação, pois esta não se faz na imposição de idéias, mas na comunhão dialógica entre os seres humanos, mediatizados pelo mundo. Freire considera que a palavra possui duas dimensões. Uma delas é a ação, que sozinha torna-se puro “ativismo”; a outra é a reflexão, que desligada da ação torna-se mero “verbalismo”. Ação e reflexão, necessariamente unidas são constituintes da “práxis libertadora”. Assim, Paulo Freire afirma que dizer a palavra verdadeira implica na transformação do mundo, na “práxis”. (FREIRE, 2005, p.91): [...] o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidariza o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes. A participação dos pais e da comunidade é essencial para o sucesso da gestão participativa, por se construir um processo de abertura nas discussões sobre o papel da escola, na própria estrutura social em que está inserida. Morin (2001), tece considerações importantes sobre os saberes que serão indispensáveis à educação. Para o autor, a educação não poderá estar restrita aos campos cognitivos, mas deverá ir além desses, chegando à conscientização ecológica, de mundo e de planeta. Na visão do autor, a educação e seus processos, dar-se-á por meio de uma ampla teia de relações tecidas no âmbito das convivências humanas. Assim, os espaços de interação e de integração do ser humano, devem ser constituídos de um fazer não-linear, respeitando as especificidades de cada um, mas objetivando o bem comum e planetário e percebendo o educando como sujeito de seu próprio conhecimento. 41 5 OS EDUCANDOS COMO SUJEITOS DO CONHECIMENTO O conhecimento adquire o seu real sentido no processo de realização do ser humano, concernente à sua vocação ontológica de “Ser Mais”. O conhecimento faz parte da plenitude da vida humana, englobando a totalidade da experiência humana. Conhecer é sempre um ato dialógico, que envolve sujeitos ativos. Conforme observa-se na obra de Paulo Freire, (2005, p.79): [...] ninguém educa ninguém, como tão pouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo, pelos objetos cognoscíveis que na prática “bancária” são possuídos pelo educador que os descreve ou os deposita nos educandos passivos. A proposta pedagógica freireana requer na sua concretização um educador problematizador, pois se trata de uma pedagogia da pergunta, uma vez que “[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou sua construção”. (FREIRE, 2007, p. 47). O conhecimento é construído de forma integradora e interativa. Não é algo estático e pronto. Conhecer, portanto é descobrir, construir. Só se aprende quando aquilo que se aprende é significativo para o aprendente. Eu me educo quando aquilo que aprendo é significativo para mim. É sempre possível aprender, é o sujeito que aprende, aprende-se em contato com o outro. Por isso a grande preocupação de Freire com a identidade do outro, onde o diálogo tem como base o respeito. Libâneo (2000, p.26) por sua vez, afirma que a escola precisa estar atenta às novas exigências educacionais, pois: […] a escola precisa deixar de ser meramente uma agência transmissora de informação e transformar-se num lugar de análises críticas e produção da informação, onde o conhecimento possibilita a atribuição de significado à informação. Nessa escola os alunos aprendem a buscar a informação. O conhecimento é construído pelas interações do sujeito com outros indivíduos, as interações sociais são as principais desencadeadoras do aprendizado e o conhecimento está vinculado ao contexto sociocultural do educando, onde é igualmente essencial o que cada um realiza e como realiza. Por meio do conhecimento, os indivíduos são inseridos em sua cultura e dela se apropriam. Como afirma Coll (1994), "o desenvolvimento pessoal é o processo mediante o qual o 42 ser humano faz sua a cultura do grupo social a que pertence" e, neste processo, “os grupos sociais ajudam seus novos membros a assimilar a experiência coletiva culturalmente organizada e a se converterem, por sua vez, em agentes da criação cultural”. O desenvolvimento pessoal, em todos os seus aspectos, inclusive cognitivo, está, portanto, fortemente vinculado às experiências socializadoras e educacionais e aos conhecimentos incorporados pelos indivíduos. Para conviver em uma sociedade do conhecimento e de aprendizagem, é preciso dotar os sujeitos sociais de competência, habilidades e atitudes para a participação efetiva na vida social, econômica e cultural. As perspectivas que se abrem nos mais diversos campos do saber implicam num modelo educacional permanentemente aberto ao novo, ao dinâmico, ao interativo, atento a uma realidade que se transforma a cada momento. Conforme Libâneo (2004, p. 37); [..] A informação é necessária, mas ela vem exercendo um domínio cada vez mais forte sobre as pessoas, cada vez mais escravizadas por ela. Informação não é sinônimo do conhecimento, por si só ela não propicia o saber. A informação é um caminho de acesso ao conhecimento [...], mas ela precisa ser analisada e interpretada pelo conhecimento, que possibilita a filtragem e a crítica da informação de modo que ela não exerça o domínio sobre a consciência e a ação das pessoas. Bernard Charlot (2003), doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Paris, professor, pesquisador na Universidade de Paris VIII, realizou uma pesquisa durante vários anos nas escolas de periferia da França e desenvolveu estudos sobre a relação com o saber, relação com a escola e assuntos relacionados à territorialização das políticas educativas. Os seus estudos possibilitaram um aprofundamento, em relação ao sujeito e a sua construção do conhecimento, que se dá na relação com o mundo, com os outros e consigo. Segundo Charlot (2003), a sociologia permite compreender os modos pelos quais o lugar da criança pode conduzi-la ao fracasso escolar, enquanto a psicologia enfatiza aspectos relativos à constituição do sujeito, deixando de lado o fato de que algumas dificuldades tendem a ser mais freqüentes em determinadas classes sociais. Para o autor, a relação com o saber envolve três questões básicas: qual o sentido de ir à escola para uma criança; qual o sentido de estudar e qual o sentido de aprender. No seu entender, o pesquisador em educação não pode se restringir nem à sociologia nem à psicologia porque não pode ignorar a singularidade de cada aluno nem as diferenças sociais entre os alunos. O que é preciso compreender é a forma social de ser singular e a forma singular de ser social. O autor propõe 43 a relação de identidade com o saber e a relação social com o saber. Entender essas relações é fundamental do ponto de vista da construção do conhecimento, ou seja: a análise da relação com o saber, enquanto relação social tem que ser feita por meio das dimensões epistêmica e identitária, essa análise deve ocupar-se de histórias sociais. Assim, aprender deve ser entendido como o modo de apropriação do mundo. Muitas das reflexões apresentadas por Charlot nos remetem à discussão de Paulo Freire sobre a inconclusão do ser humano que se desenvolve numa relação dialética e dialógica com o outro e com o mundo. Como o sujeito está imerso nessas relações de saber pode-se concluir que a relação com o saber se constrói em relações sociais de saber. A relação com o saber é uma relação social e difere das relações de saber que, segundo Charlot (2003), são relações sociais do ponto de vista do aprender, ou seja, é uma relação subjetiva. A subjetividade do indivíduo é construída através de uma forma solidária de auto-reflexão, é o resultado de um processo de formação que acontece numa complexa rede de interações. A escola é o espaço por excelência para a formação de indivíduos críticos, reflexivos e participativos. Charlot propõe outros elementos para esta reflexão: o professor em relação com o saber, o como estar no mundo e imerso na cultura escolar, as representações do que seja o ensino e a aprendizagem dos alunos. Nessa relação que é social, o professor, também, se constitui como um sujeito singular, pois a sociedade não é somente um conjunto de posições, mas é um lugar de produção de sentido, tendo como referência o sujeito. Segundo o autor, a condição antropológica deverá estar na base de toda teoria da relação com o saber, pois a educação é um tríplice processo: humanização, socialização e singularização. A relação com o saber é a relação de um sujeito com o mundo, com ele mesmo e com os outros. Mundo, como um conjunto de significados simbólicos, partilhados entre seres humanos. Assim, estar em relação com o mundo é estar em relação com os sistemas simbólicos, a linguagem e o tempo. Segundo Alarcão, (2007, p 15) a escola, como organização, tem de ser um sistema aberto, pensante e flexível. Sistema aberto sobre si mesmo, e aberto à comunidade em que se insere. A exigência que se impõe ao educador é de que ele tem de aprender a gerir e a relacionar informações para transformar o seu conhecimento e o seu saber. Nesta perspectiva, Pozo (2003) destaca que uma das metas essenciais da educação, para poder atender às exigências dessa nova sociedade da aprendizagem, seria, portanto, fomentar nos alunos capacidades de gestão do conhecimento, já que, para além da aquisição de conhecimentos pontuais concretos, esse é o único meio de ajudá-los a enfrentar as tarefas e 44 os desafios que os aguardam na sociedade do conhecimento. Segundo o autor, além de muitas outras competências interpessoais, afetivas e sociais, a nova cultura da aprendizagem requer, no mínimo, ensinar aos alunos, a partir das diferentes áreas do currículo, cinco tipos de capacidades para a gestão metacognitiva do conhecimento. Veja-se então quais são, segundo Pozo(2003), estas competências: Competências para a aquisição de informação, interpretação e análise da informação, Competências para a compreensão e comunicação da informação. Portanto, a educação de qualidade é promover para todos o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos, bem como a inserção no mundo e a constituição da cidadania, como poder de participação. Neste sentido, a educação, na sociedade contemporânea tem as seguintes responsabilidades: ser agente de mudanças, capaz de gerar conhecimentos e desenvolver a ciência e a tecnologia; trabalhar a tradição e os valores, diante de um mundo globalizado; preparar cidadãos capazes de entender o mundo, seu país, sua realidade. O grande desafio é o de incluir, nos padrões de vida digna, os milhões de indivíduos excluídos e sem condições básicas para se constituírem cidadãos participantes de uma sociedade em permanente mudança. Vasconcellos (2009), afirma que de acordo com as contribuições da epistemologia dialética, da psicologia histórico-cultural e da educação dialético-libertadora, para que o educando aprenda, é necessário: ter capacidade sensorial e motora, além da capacidade de operar mentalmente; ter conhecimento prévio relativo ao objeto de conhecimento; ter acesso ao objeto de conhecimento; querer o objeto; agir sobre o objeto e expressar-se sobre o objeto. O conhecimento é uma construção que vai por aproximações sucessivas, visando a sínteses cada vez mais elevadas. Segundo Libâneo (2004) a escola tem um papel importantíssimo e “insubstituível quando se trata de preparação cultural e científica das novas gerações para enfrentamento das exigências postas pela sociedade contemporânea”. 45 6 CONCLUSÃO As Comunidades de Aprendizagem implicam em um trabalho em conjunto na construção de uma educação de melhor qualidade para todos e todas. Uma transformação da escola e de seu entorno, que transforma as pessoas que nele participam. A escola é o meio por excelência que trabalha com a infância, adolescência, a juventude e o adulto, fases diversas onde se pode despertar em cada etapa uma consciência mais humana. Nesse meio privilegiado, os educadores podem utilizar estratégias de diversas formas, construindo assim, a elaboração e a reflexão de uma vida mais harmoniosa. É importante desenvolver um trabalho para que os educandos possam ser pessoas capazes de fazer a História, gestando uma nova cultura permeada de valores, tais como: diálogo, justiça, solidariedade, paz e ética. O espaço educativo participativo proporciona um ambiente tranqüilo, organizado e estimulante para o desenvolvimento do educando no aspecto biológico, psicológico e social. É um ambiente de informação e formação sobre a cultura, levando o educando a assumir uma atitude crítica frente a realidade em que vivemos. A construção do conhecimento se dá na interação do sujeito com o objeto de conhecimento, ou seja numa ação e reflexão. O educador ao ter uma postura de investigador e pesquisador, que possa compreender o processo de desenvolvimento do educando, para melhor planejar suas aulas e perceber quais os momentos certos de intervirem no processo ensino aprendizagem dos educandos. A ação do educador é de suma importância, pois os avanços inerentes ao desenvolvimento de construção de conhecimentos dependem grande parte de nossas intervenções. Colaborar no sentido de fazer com que o educando possa agir, operar, criar, construir a partir da realidade vivida, sendo que em certos momentos interaja com desafios, para que ele consiga aos poucos ir elaborando seus próprios conceitos e elaborando conhecimentos, pois o processo de construção do conhecimento se dá na medida em que educador e educando interagem juntos, ao sujeito que se abre ao mundo e aos outros de forma dialógica. A partir da Teoria da Ação Comunicativa e da Ação Dialogica pode-se desenvolver uma nova possibilidade de transformação social, onde se possibilita a comunicação, o diálogo e a construção de valores, respeitando a condição e a dignidade de cada pessoa. Ao se organizar a ação educativa fundamentado-se em teóricos que consideram as abordagens de sujeito e de processos educativos, articula-se a realidade escolar, colaborando nas novas linguagens do conhecimento e atuando no processo ensino-aprendizagem de cada 46 educando. As contribuições teóricas de Habermas e Paulo Freire, possibilitam a partir dos seus estudos a percepção de uma nova maneira de ver o mundo e a escola e por contribuírem com uma reflexão sobre a Ação Comunicativa e Dialógica enquanto proposta teórico-prática para construir uma nova racionalidade humana. Evidencia-se, também, a necessidade de se refletir de forma critica e reflexiva em Comunidades de Aprendizagem e colocar-se a serviço das relações humanas e interativas, onde quem ensina também aprende e quem aprende também ensina. Enfim, fica evidenciado que a ação comunicativa e dialógica atuam como possibilidade de interação entre sujeitos, educador-educando, para a construção de relações que produzem conhecimentos, pois todo o aprendizado solidário provém de momentos de diálogo e serve ao aprofundamento de nossa capacidade de viver e conviver com e entre diálogos. 47 REFERÊNCIAS ALARCÃO, Isabel. Escola reflexiva e a nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001. ______. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 5. ed. São Paulo: Editora, 2007. ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E ASSISTÊNCIA SOCIAL SANTA TERESA DE JESUS. Marco Referencial 2007-2010. BRANDÃO, Carlos. In: Paulo Rosas (Org.) Paulo Freire: educação e transformação social. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2002. CANDAU, Vera Maria (Org). Magistério: construção cotidiana. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. CENTRO Paulo Freire estudos e pesquisas. Disponível <http://www.paulofreire.org.br/asp/Index.asp>. Acesso em: 15 jun. 2009. em: CHARLOT, BERNARD. 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