"A Grande Depressão de 29" "Causas, Consequencias e a

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"A Grande Depressão de 29"
"Causas, Consequencias e a correlação com a crise de 2008" O maior período de crise
econômica mundial ocorreu entre os anos de 1929 e 1933. Atingiu, em primeiro lugar, a
economia norte-americana, espalhando-se em seguida para a Europa e os países da
África, Ásia e Américana
INTRODUÇÃO
Uma crise econômica é, basicamente, um desequilíbrio entre produção e consumo,
quase sempre localizado em setores isolados da economia. Esses desequilíbrios sempre
ocorreram, mesmo antes do capitalismo, quando acontecia, por exemplo, a escassez
súbita de um bem, provocada, quase sempre, por fatores naturais (secas, inundações,
epidemias, etc.) ou acontecimentos sociais (guerras, revoluções, etc.).
na história do capitalismo, as crises econômicas se caracterizam, inicialmente, pelo
excesso de produção em relação à demanda (há mais produtos do que consumidores
dispostos a adquiri-los). Esse excesso de produção quase sempre ocorre, primeiro, no
setor de bens de capital (bens que servem para a produção de outros bens, especialmente
de consumo, como, por exemplo, máquinas, equipamentos, materiais de construção,
instalações industriais, etc.), para depois migrar ao setor de bens de consumo (por
exemplo, automóveis, eletrodomésticos, etc.). Em conseqüência, há uma queda brusca
na produção, falência de empresas, desemprego em massa - e a conseqüente redução de
salários, preços e lucros. Mas o que o que iremos tratar aqui na essência são os fatos que
marcaram a o ano de 1929 .o que caracteriza uma crise econômica? Quais as
conseqüências da crise de 29? E quais as causas?qual a relação com a crise de 2008 e
iniciando 2009 São esses fatos relevantes que esse trabalho ira mostrar a seguir.
Origens
A Grande Depressão, também chamada por vezes de Crise de 1929, foi uma grande
depressão econômica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de
1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é
considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX. Este
período de depressão econômica causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do
produto interno bruto(pib) de diversos países, bem como quedas drásticas na produção
industrial, preços de ações, e em praticamente todo medidor de atividade econômica, em
diversos países no mundo.
O dia 24 de outubro de 1929 é considerado popularmente o início da Grande Depressão,
mas a produção industrial americana já havia começado a cair a partir de julho do
mesmo ano, causando um período de leve recessão econômica que se estendeu até 24 de
outubro, quando valores de ações na bolsa de valores de Nova Iorque, a New York
Stock Exchange, caíram drasticamente, desencadeando a Quinta-Feira Negra. Assim,
milhares de acionistas perderam, literalmente da noite para o dia, grandes somas em
dinheiro. Muitos perderam tudo o que tinham. Essa quebra na bolsa de valores de Nova
Iorque piorou drasticamente os efeitos da recessão já existente, causando grande
inflação e queda nas taxas de venda de produtos, que por sua vez obrigaram o
fechamento de inúmeras empresas comerciais e industriais, elevando assim
drasticamente as taxas de desemprego. O colapso continuou na Segunda-feira negra (o
dia 28 de outubro) e Terça-feira negra (o dia 29).
Os efeitos da Grande Depressão foram sentidos no mundo inteiro. Estes efeitos, bem
como sua intensidade, variaram de país a país. Outros países, além dos Estados Unidos,
que foram duramente atingidos pela Grande Depressão foram a Alemanha, Holanda,
Austrália, França, Itália, o Reino Unido e, especialmente, o Canadá. Porém, em certos
países pouco industrializados naquela época, como a Argentina e o Brasil (que não
conseguiu vender o café que tinha para outros países), a Grande Depressão acelerou o
processo de industrialização. Praticamente não houve nenhum abalo na União Soviética,
que tratando-se de uma economia socialista, estava econômica e politicamente fechada
para o mundo capitalista. Os efeitos negativos da Grande Depressão atingiram seu ápice
nos Estados Unidos em 1933. Neste ano, o Presidente americano Franklin Delano
Roosevelt aprovou uma série de medidas conhecidas como New Deal.
Essas políticas econômicas, adotadas quase simultaneamente por Roosevelt nos Estados
Unidos e por Hjalmar Schaact[1] na Alemanha foram, três anos mais tarde,
racionalizadas por Keynes em sua obra clássica.[2]
O New Deal, juntamente com programas de ajuda social realizados por todos os estados
americanos, ajudou a minimizar os efeitos da Depressão a partir de 1933. A maioria dos
países atingidos pela Grande Depressão passaram a recuperar-se economicamente a
partir de então. Em alguns países, a Grande Depressão foi um dos fatores primários que
ajudaram a ascensão de regimes de extrema-direita, como os nazistas comandados por
Adolf Hitler na Alemanha. O início da Segunda Guerra Mundial terminou com qualquer
efeito remanescente da Grande Depressão nos principais países atingidos.
Causas da Grande Depressão
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os países europeus encontravam-se devastados,
com a economia enfraquecida e com forte retração de consumo, que abalou a economia
mundial. Os Estados Unidos por sua vez, lucraram com a exportação de alimentos e
produtos industrializados aos países aliados no período pós-guerra. Como resultado
disso, entre 1918 e 1928 a produção norte-americana cresceu de forma estupenda. A
prosperidade econômica gerou o chamado "american way of life" (modo de vida
americano). Havia emprego, os preços caíam, a agricultura produzia muito e o consumo
era incentivado pela expansão do crédito e pelo parcelamento do pagamento de
mercadorias. Porém, a economia europeia posteriormente se reestabeleceu e passou a
importar cada vez menos dos Estados Unidos. Com a retração do consumo na Europa,
as indústrias norte-americanas não tinham mais para quem vender. Havia mais
mercadorias que consumidores, ou seja, a oferta era maior que a demanda;
consequentemente os preços caíram, a produção diminuiu e logo o desemprego
aumentou. A queda dos lucros, a retração geral da produção industrial e a paralisação do
comércio resultou na queda das ações da bolsa de valores e mais tarde na quebra da
bolsa. Portanto, a crise de 1929 foi uma crise de superprodução.
Durante décadas, essa foi a teoria mais aceita para a causa da Grande Depressão, porém,
em contrapartida, economistas, historiadores e cientistas políticos tem criado diversas
outras teorias para a causa, ou causas, da Grande Depressão, com surpreendente pouco
consenso. A Grande Depressão permanece como um dos eventos mais estudados da
história da economia mundial. Teorias primárias incluem a quebra da bolsa de valores
de 1929, a decisão de Winston Churchill em fazer com que o Reino Unido passasse a
usar novamente o padrão-ouro em 1925, que causou massiva deflação ao longo do
Império Britânico, o colapso do comércio internacional, a aprovação do Ato da Tarifa
Smoot-Hawley, que aumentou os impostos de cerca de 20 mil produtos no país, a
política da Reserva Federal dos Estados Unidos da América, e outras influências.
Segundo teorias baseadas na economia capitalista concentram-se no relacionamento
entre produção, consumo e crédito, estudado pela macroeconomia, e em incentivos e
decisões pessoais, estudado pela microeconomia. Estas teorias são feitas para ordenar a
sequência dos eventos que causaram eventualmente a implosão do sistema monetário do
mundo industrializado e suas relações de comércio.
Outras teorias heterodoxas sobre a Grande Depressão foram criadas, e gradualmente
estas teorias passaram a ganhar credibilidade. Estas teorias incluem a teoria da atividade
de longo ciclo e que a Grande Depressão foi um período na intersecção da crista de
diversos longos e concorrentes ciclos.
Mais recentemente, uma das teorias mais aceitas entre economistas é que a Grande
Depressão não foi causada primariamente pela quebra das bolsas de valores de 1929,
alegando que diversos sinais na economia americana, nos meses, e mesmo anos, que
precederam à Grande Depressão, já indicavam que esta Depressão já estava a caminho
nos Estados Unidos e na Europa. Atualmente, a teoria mais em voga entre os
economistas é de Peter Temin. Segundo Temin, a Grande Depressão foi causada por
política monetária catastroficamente mal planejada pela Reserva Monetária dos Estados
Unidos da América, nos anos que precederam a Grande Depressão. A política de reduzir
as reservas monetárias foi uma tentativa de reduzir uma suposta inflação, o que de fato
somente agravou o principal problema na economia americana à época, que não era a
inflação e sim a deflação.
Um outro aspecto que vem sendo apontado como uma das possíveis causas da Grande
Depressão nos anos 1930 é o da superprodução, causada pelos grandes ganhos de
produtividade industrial, obtidos com os benefícios tecnológicos do taylorismo. Tanto
Ford quanto Keynes já vinham há tempos alertando, sem serem ouvidos, que "a
aceleração dos ganhos de produtividade provocada pela revolução taylorista levaria a
uma gigantesca crise de superprodução se não fosse encontrada uma contrapartida em
uma revolução paralela do lado da demanda", que permitisse a redistribuição dos
ganhos de produtividade causados pelo taylorismo, de forma que houvesse
redistribuição dessa nova renda gerada, para dirigí-la ao consumo. Para os que
defendem esta tese a Grande Depressão dos anos 30 foi causada por uma gigantesca
crise de superprodução, naquilo que teria sido uma trágica confirmação daquelas
previsões.( Lipietz,1989:30-31)[3]
Conseqüências
Quebra na Bolsa de Valores de Nova Iorque
Corrida aos bancos em 1933, em Nova Iorque.
Em 24 de outubro de 1929, os preços das ações na Bolsa de Valores de Nova Iorque
caíram subitamente. Estes preços estabilizaram-se ao longo do final de semana, para
caírem drasticamente novamente na segunda feira, 28 de outubro. Muitos acionistas
entraram em pânico. Cerca de 16,4 milhões de ações subitamente foram postas à venda
na terça feira, 29 de outubro, dia atualmente conhecido como Terça-Feira Negra. O
excesso de ações à venda e a falta de compradores fizeram com que os preços destas
ações caíssem em cerca de 80%. Com isto, milhares de pessoas perderam grandes
somas em dinheiro. Os preços destas ações continuariam a flutuar, caindo
gradativamente nos próximos três anos. As milhares de pessoas que tinham todas as
suas riquezas na forma de ações eventualmente perderiam tudo o que tinham.
A súbita quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque causou grande incerteza entre a
população americana, quanto ao futuro do país. Muitos decidiram cortar gastos
supérfluos. Outras pessoas, aquelas que haviam comprado produtos através de
empréstimo e prestações, reduziram ainda mais seus gastos, para assim poder
economizar dinheiro para efetuar seus pagamentos. A súbita queda nas vendas do setor
comercial americano estendeu a recessão ao setor industrial e comercial dos Estados
Unidos.
As altas taxas de juros dos Estados Unidos foram um dos fatores que estenderam a
Grande Depressão à Europa. Os países europeus — especialmente aqueles que
utilizavam-se do padrão-ouro — para manter um câmbio fixo com os Estados Unidos,
foram obrigados a aumentar drasticamente suas próprias taxas de juros, o que levou à
redução de gastos por parte dos comerciantes e habitantes, que levou a quedas na
produção industrial destes países.
A economia dos Estados Unidos da América entrou em uma fase de grande recessão
econômica que perduraria até 1933. Até este ano, a economia dos Estados Unidos
somente colapsaria. Durante este período, milhares de estabelecimentos bancários,
financeiros, comerciais e industriais foram fechados. Outros foram obrigados a demitir
parte de seus trabalhadores e/ou a reduzir salários em geral.
A Grande Depressão nos Estados Unidos da América
A Grande Depressão causou pobreza geral nos Estados Unidos e em diversos países do
mundo. Aqui, família desempregada, vivendo em condições miseráveis, em Elm Grove,
Califórnia, Estados Unidos.
Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque de 1929, bancos e investidores
perderam grandes somas em dinheiro. A situação dos bancos era agravada pelo fato que
muitos destes bancos haviam emprestado grandes somas de dinheiro a fazendeiros.
Após o início da Grande Depressão, porém, estes fazendeiros tornaram-se incapazes de
pagar suas dívidas. Isto, por sua vez, causou a queda dos lucros destas instituições
financeiras. Pessoas que utilizavam-se de bancos, temendo uma possível falência destes,
removeram destes os seus fundos. Assim, várias instituições bancárias foram fechadas.
O total de instituições bancárias fechadas durante a década de 1920 e de 1930 foi de 14
mil, um índice astronómico.
Em 17 de maio de 1930, o governo dos Estados Unidos aprovou uma lei, o Ato
Tarifário Smoot-Hawley, que aumentava as tarifas alfandegárias em cerca de 20 mil
itens não-perecíveis estrangeiros. O Presidente americano Herbert Hoover pedira ao
Congresso uma diminuição nos impostos, mas o Congresso, ao invés disto, votou a
favor do aumento dos impostos. Um abaixo-assinado, assinado por mil economistas,
pediu ao presidente americano para rejeitar este aumento. Apesar disto, Hoover assinou
o Ato em 17 de maio. O Congresso e o Presidente acreditavam que isto iria reduzir a
competição de produtos estrangeiros no país. Porém, outros países reagiram através da
aprovação de leis e atos semelhantes, assim causando uma queda súbita nas exportações
americanas. As taxas de desemprego subiram de 9% em 1930 para 16% em 1931, e
25% em 1933. Durante a década de 1930, a taxa de desemprego nos Estados Unidos não
retornaria mais às taxas de 9% de 1930, se mantendo em perto da casa dos 20%.
Uma das hoovervilles surgidas durante a Grande Depressão próxima a Portland,
Oregon, Estados Unidos.
Com o crescente fechamento de instituições bancários, menos fundos estavam
disponíveis no mercado americano, fazendo com que a produção industrial americana
continuasse a cair. Em 1929, o valor total dos produtos industrializados fabricados nos
Estados Unidos foi de 104 bilhões de dólares. Em 1933, este valor havia caído para 56
bilhões, uma queda de aproximadamente 45%. A produção de aço caiu em cerca de
61%, entre 1929 e 1933, e a produção de automóveis caiu em cerca de 70% no mesmo
período.
1933 foi o ápice da Grande Depressão nos Estados Unidos da América. As taxas de
desemprego eram de 25% (ou um quarto de toda a força de trabalho americana). Cerca
de 30% dos trabalhadores que continuaram nos seus empregos foram obrigados a aceitar
reduções em seus salários, embora grande parte dos trabalhadores empregados tenham
tido um aumento nos seus salários por hora. Outro problema enfrentado foi a grande
deflação - queda do preço dos produtos e custo de vida em geral. Entre 1929 e 1933, os
preços dos produtos industrializados não-perecíveis em geral nos Estados Unidos
caíram em cerca de 25%. Já o preço de produtos agropecuários caiu em cerca de 50%,
por causa do excedente da produção destes produtos - primariamente trigo. A
quantidade destes produtos à venda excedia largamente a demanda, o que causou uma
queda dos preços destes produtos. Os baixos preços levaram ao endividamento de
muitos fazendeiros. Era comum casos de suicídio por parte de empresários, acionistas e
investidores em geral, que haviam perdido tudo o que possuíam; E também por parte de
outros civis, que, com a crise, haviam endividado-se e/ou não possuíam forma alguma
de sustento devido ao fato de estarem desempregados.
Combate à Grande Depressão e o fim da recessão nos EUA
O Presidente americano Herbert Hoover acreditava que o comércio, se não
supervisionado pelo governo, iria eventualmente minimizar os efeitos da recessão
econômica. Eventualmente, Hoover acreditava, que a economia dos Estados Unidos iria
recuperar-se, sem que a intervenção do Governo fosse necessária. Hoover rejeitou
diversas leis aprovadas pelo Congresso, alegando que davam ao governo americano
poderes demais sobre o Mercado.
Hoover também acreditava que os governos dos estados americanos deveriam ajudar os
necessitados. Muitos destes estados, porém, não tinham fundos suficientes para tal.
Assim sendo, Hoover propôs a criação de um órgão governamental, o Reconstruction
Finance Corportation (Corporação de Reconstrução Financeira), ou RFC, em 1932. Este
órgão seria responsável por fornecer alguma ajuda financeira a empresas e instituições
comerciais e industriais chave, como bancos, ferrovias e grandes empresas, acreditando
que a falência destas instituições agravaria o efeito da Grande Depressão. No final de
1932, as eleições presidenciais foram realizadas. Os dois principais candidatos foram
Hoover e Franklin Delano Roosevelt. Muitos da população americana acreditavam que
Hoover fora o principal causador da recessão, e/ou que pouco fizera para solucionar esta
recessão. Roosevelt saiu vencedor da eleição, tornando-se Presidente dos Estados
Unidos em 4 de março de 1933.
Roosevelt, ao contrário de Hoover, acreditava que o governo americano era o principal
responsável para lutar contra os efeitos da Grande Depressão. Em uma sessão legislativa
especial, sessão conhecida como Hundred Days ("Cem Dias"), Roosevelt, juntamente
com o congresso americano, criaram e aprovaram uma série de leis que, por insistência
do próprio Roosevelt, foram nomeadas de New Deal ("Novo Acordo"). Estas leis
forneceriam ajuda social às famílias e pessoas que necessitassem, forneceriam empregos
através de parcerias entre o governo, empresas e os consumidores, e reformou o sistema
econômico e governamental americano, de modo a evitar que uma recessão deste
gênero ocorresse futuramente.
Fila de famílias esperando por ajuda financeira. Diversos programas de ajuda social
foram criados pelo governo dos Estados Unidos a partir de 1933.
Diversas agências governamentais foram criadas para administrar os programas de
ajuda social. A mais importante delas foi a Federal Agency Relief Administration,
criada em 1933, que seria responsável pelo fornecimento de fundos aos governos
estatais, para que estes empregassem tais fundos em programas de ajuda social. Outros
órgãos governamentais similares foram criados com o intuito de fundear, administrar
e/ou empregar trabalhadores na área de construção de aeroportos, escolas, hospitais,
pontes e represas. Estes projetos federais forneceram milhões de empregos aos
necessitados, embora as taxas de desemprego continuassem altas durante toda a década
de 1930.
Outros órgãos foram criados com o intuito de administrar programas de recuperação,
como a Agricultural Adjustment Administration, criada em 1933 com o intuito de
regular a produção de produtos agropecuários em uma dada fazenda. Outro órgão
similar, o National Recovery Administration, criada em 1933, passou a enforçar leis
antimonopólio, estabeleceu salários mínimos e limites na carga horária de trabalho. Esta
última agência, porém, foi fechada a mando do Congresso, em 1935, por pouco
estimular o comércio americano.
Por fim, outros órgãos federais foram criados com o intuito de supervisionar reformas
trabalhistas e financeiras. O Federal Deposit Insurance Corporation foi criado em 1933
com o intuito de promover transações e o comércio bancário. O Securities and
Exchange Commission, criado em 1934, regulava o comércio de bolsa de valores e
evitava que acionistas comprassem ações que o órgão considerassem "perigosas". O
National Labor Relations Board foi criado em 1935, com o intuito de regular sindicatos,
e de proteger os trabalhadores e seus direitos. Ainda em 1935, um ato do governo
americano, o Ato da Segurança Civil passou a fornecer pensões mensais para
aposentados, bem como ajuda financeira regular por um certo período de tempo, para
pessoas desempregadas.
O New Deal ajudou a minimizar os efeitos da Grande Depressão nos Estados Unidos da
América. A economia americana gradualmente, mas lentamente, passou a recuperar-se,
desde 1933. O governo americano também diminuiu as tarifas alfandegárias em certos
produtos estrangeiros, assim estimulando o comércio doméstico. Ao longo da década de
1930, os Estados Unidos gradualmente abandonaram o uso do padrão-ouro, decidindo
ao invés disso, fortalecer a moeda nacional, o dólar, o que também ajudou na
recuperação da economia americana. A produção de comodidades, tais como
automóveis, voltaria aos patamares de 1929, porém, somente após o fim da guerra,
como a produção de automóveis, por exemplo 1949 - a maior parte da matéria-prima na
época possuía prioridade pela indústria bélica nacional.
Porém, apesar dos programas governamentais criados com o intuito de reduzir o
desemprego, cerca de 15% da força de trabalho americana continuava desempregada em
1940. Foi necessária a entrada do país na Segunda Guerra Mundial para que as taxas de
desemprego caíssem aos níveis de 1930, de 9%. A entrada do país na guerra acabou
com os efeitos negativos da Grande Depressão, e a produção industrial americana
cresceu drasticamente, e as taxas de desemprego caíram. No final da guerra, apenas 1%
da força de trabalho americana estava desempregada.
Perto do final da guerra, os Estados Unidos e todos os outros 44 países Aliados
assinaram o que é conhecido como os Acordos de Bretton Woods, com o intuito de
evitar futuramente uma nova crise monetária e econômica da escala da Grande
Depressão.
A Grande Depressão em outros países
A Grande Depressão causou grande recessão econômica em diversos outros países que
não os Estados Unidos da América. Em muito destes países, a recessão provocada pela
Grande Depressão gerou efeitos similares na economia destes países, como o
fechamento de milhares de estabelecimentos bancários, financeiros, comerciais e
industriais, e a demissão de milhares de trabalhadores.
Os efeitos da Grande Depressão em vários países foram agravados pelo Ato Tarifário
Smoot-Hawley, um ato americano introduzido em 1930, que aumentava impostos a
cerca de 20 mil produtos não-perecíveis estrangeiros, que causou a aprovação de leis e
atos semelhantes em outros países, reduzindo drasticamente exportações e o comércio
internacional.
Em vários dos países afetados, partidos políticos extremistas, de caráter nacionalista,
apareceram. Outros partidos políticos, de cunho comunista, também foram criados. No
Reino Unido, por exemplo, tanto o Partido Comunista quanto o Partido Fascista
britânico receberam considerável suporte popular. O mesmo ocorreu com o Partido
Comunista canadense.
Outros partidos políticos menos extremistas também surgiram. A grande maioria, se não
todos, prometiam retirar o país (ou uma dada província/estado) da recessão. O Partido
do Crédito Social do Canadá, de cunho conservador ganhou grande suporte popular em
Alberta, província canadense severamente afetada pela Grande Depressão. Em alguns
destes países, partidos extremistas foram proibidos, como no Canadá. Outros partidos
políticos extremistas, porém, conseguiram chegar ao poder, notavelmente os nazistas na
Alemanha e os fascistas na Itália.
Canadá
Entre a década de 1900 e a década de 1920, o Canadá possuía a economia em mais
rápido crescimento do mundo, tendo passado por apenas um período de recessão após a
Primeira Guerra Mundial. Ao contrário dos Estados Unidos da América, onde o
crescimento exuberante da economia americana era em grande parte apenas ilusório, a
economia do Canadá prosperou verdadeiramente durante a década de 1920. Enquanto a
indústria imobiliária dos Estados Unidos havia estagnado em volta de 1925, esta
indústria continuou forte no Canadá até maio de 1929. O mesmo podia se dizer da
indústria agropecuária, que ao longo da década de 1920 esteve em pleno crescimento no
Canadá, enquanto nos Estados Unidos este setor entrara em recessão econômica.
O principal produto de exportação do Canadá, à época, era o trigo. Este produto era
então um dos pilares da economia do país. Em 1922, o Canadá era o maior exportador
de trigo do mundo, e Montréal era o maior centro portuário exportador de trigo do
mundo. Entre 1922 e 1929, o Canadá foi responsável por 40% de todo o trigo
comercializado no mundo. As exportações de trigo ajudaram a fazer do Canadá um dos
líderes mundiais do comércio internacional, com mais de um terço de seu produto
interno bruto tendo origem no comércio internacional.
O sucesso do trigo canadense era baseado, porém, em problemas que afligiam outros
países no mundo. A Primeira Guerra Mundial devastou a produção agropecuária dos
países europeus. Mais importante foi, porém, a Revolução Russa de 1917, que manteve
o trigo russo fora do mercado mundial. Em torno de 1925, a gradual recuperação da
economia e da agropecuária da Europa Ocidental, bem como uma nova política
econômica na Rússia, fez com que a produção mundial de trigo aumentasse no mundo,
assim diminuindo os preços do produto. Esperando por um rápido retorno aos altos
preços, os fazendeiros e comerciantes canadenses estocaram muito de seu trigo, ao invés
de reduzirem sua produção. A introdução de maquinário, especialmente o trator, levou
ao crescimento da produção de trigo tanto no Canadá quanto nos Estados Unidos. Todos
estes fatores em conjunto desencadearam um colapso dos preços do trigo em junho de
1929, destruindo a economia de Alberta, Saskatchewan e Manitoba, e afetando
severamente a economia de Ontário e Quebec.
À parte dos Estados Unidos da América, o Canadá foi o país mais duramente atingido
pela Grande Depressão. O Canadá, ainda oficialmente parte do Império Britânico, usava
ativamente o padrão-ouro. Isto, aliado com os estreitos laços econômicos existentes
entre o Canadá e os Estados Unidos (muito dos produtos fabricados no Canadá eram
exportados para os Estados Unidos, por exemplo), fez com que o colapso da economia
americana após a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque rapidamente afetasse o
Canadá. O colapso econômico canadense é considerado o segundo mais acentuado da
Grande Depressão, atrás somente do colapso da economia dos próprios Estados Unidos
da América.
A economia do Canadá também dependia da exportação de certos produtos
industrializados tais como automóveis. Com a Grande Depressão, as exportações
canadenses aos Estados Unidos caíram drasticamente. O colapso dos preços do trigo
fizeram com que muitos fazendeiros canadense endividassem-se pesadamente. Os
fazendeiros no Alberta e no Saskatchewan sofreram, além disso, com grandes períodos
de seca e de constante ataque de pragas tais como enxames de gafanhotos. A queda na
produção industrial canadense, por sua vez, significou a demissão de grandes
quantidades de trabalhadores.
A economia do Canadá tinha algumas vantagens sobre outros países, especialmente seu
sistema bancário extremamente estável. Antes e ao longo da Grande Depressão, apenas
um único estabelecimento bancário canadense faliu, em comparação aos nove mil que
faliram somente ao longo da Grande Depressão. A economia do Canadá foi atingida
duramente pela Grande Depressão primariamente por causa de sua dependência em
relação ao trigo e produtos industrializados, mas também por causa da dependência da
economia do canadense em relação às exportações de produtos canadenses para os
Estados Unidos. A primeira reação de vários países, incluindo os Estados Unidos,
quando a Grande Depressão teve início, foi de aumentar impostos. Isto causou mais
danos à economia do Canadá do que para outros países no mundo.
Richard Bedford Bennett, que atuou como Primeiro-ministro do Canadá entre 1930 e
1935, tentou minimizar os efeitos da Grande Depressão no país, inclusive, através da
introdução de uma New Deal semelhante aos dos Estados Unidos, implementado em
1934. Porém, a economia do país continuou mal e somente passou a recuperar-se muito
lentamente a partir de 1934.
Em 1933, 30% da força de trabalho canadense estava desempregado, deflação ocorreu,
reduzindo salários e preços de produtos e reduziu investimentos. Em 1932, a produção
industrial canadense havia caído para 58%, em relação à produção industrial em 1929.
Enquanto isto, o PIB canadense havia caído em cerca de 42%, em relação ao PIB do
país em 1929. Apesar de ter passado por um período de curto e pequeno crescimento
econômico entre 1934 e 1937 - que nem de longe foi suficiente para atenuar os efeitos
causados pela Depressão - a economia do Canadá entrou novamente em uma grande
recessão em 1937. Foi somente com a entrada do país na Segunda Guerra Mundial, em
1939, que os efeitos da Grande Depressão teriam fim no país.
Reino Unido
O Reino Unido saiu vencedor na Primeira Guerra Mundial. Porém, a guerra e a
destruição causada pela última destruíram a economia britânica. Desde 1921, a
economia do Reino Unido lentamente recuperou-se da guerra, e da recessão causada por
esta. Mas em abril de 1925, o chanceller britânico Winston Churchill, respondendo a
um conselho do Banco da Inglaterra, fixou o valor da moeda nacional ao padrão-ouro, à
taxa pré-guerra, de 4,86 dólares. Isto fez o valor da moeda britânica convertível ao seu
valor em ouro, mas causou também o encarecimento dos produtos exportados pelo
Reino Unido a outros países. A recuperação econômica do Reino Unido caiu
drasticamente, o que causou redução de salários no país inteiro, debilitando a economia
nacional.
Quando a Grande Depressão teve início nos Estados Unidos, em 1929, diversos países
no mundo inteiro criaram ou aumentaram tarifas alfandegárias, o que causou uma
grande diminuição nas exportações de produtos britânicos. A taxa de desemprego saltou
de 8% para 20% no final de 1930. O Reino Unido cortou gastos públicos - que
incluíram fundos dados para programas de ajuda social aos desempregados. Em 1931,
mais cortes em salários e programas de ajuda social foram realizadas, e o imposto de
renda nacional, foi aumentado. Estas medidas somente pioraram a situação socioeconômica do país, e em 1932, ápice da Grande Depressão no Reino Unido, as taxas de
desemprego eram de 25%. Foi somente com o abandono do padrão-ouro e a instalação
de tarifas alfandegárias para produtos importados de qualquer país que não fossem parte
do Império Britânico, que a economia britânica passou a gradualmente recuperar-se.
Alemanha
A Alemanha foi derrotada pela Tríplice Entente na Primeira Guerra Mundial. A Entente
cobrou pesadas indenizações de guerra por parte dos alemães - que em dólares
americanos atuais seriam da ordem dos trilhões de dólares - entre outras pesadas
punições impostas
pelo Tratado de Versalhes. Começa então o período da história alemã chamado por
historiadores como República de Weimar. Os anos da década de 1920 foram
caracterizadas por massiva inflação em 1923 e o grande aumento da dívida externa do
país entre 1925 e 1930.
Quando a Grande Depressão teve início em 1929, o governo alemão acreditou que
cortes em gastos públicos iriam estimular o crescimento econômico do país, assim
cortando drasticamente gastos estatais, incluindo no setor social. O governo alemão
esperava e acreditava que a recessão, inicialmente, iria deteriorar a Alemanha socioeconomicamente, esperando com o tempo, porém, a melhoria da estrutura socioeconômica do país, sem intervenção do governo. A República de Weimar cortou
completamente todos os fundos públicos ao programa de ajuda social para
desempregados - o que resultou em maiores contribuições pelos trabalhadores e
menores benefícios aos desempregados - entre outros cortes no setor social. Quando a
recessão chegou ao seu auge em 1932, a República de Weimar perdera toda sua
credibilidade junto à população alemã, fator que facilitou a ascensão do fuhrer Adolf
Hitler no governo do país, em 1933, marcando o fim da República de Weimar e o início
de um período de crescimento socio-economico alemão, conhecido como III Reich.
Outros Países.
Na França, a Grande Depressão atingiu o país um pouco mais tardiamente do que outros
países, em torno de 1931. Como o Reino Unido, a França estava ainda recuperando-se
da Primeira Guerra Mundial, tentando sem muito sucesso recuperar os pagamentos que
possuía direito da Alemanha. Isto levou à ocupação do Ruhr por forças francesas no
início da década de 1920. A ocupação francesa do Ruhr não fez com que a Alemanha
retomasse os seus pagamentos, levando à implementação do Plano Dawes em 1924, e
do Plano Young em 1929. Porém, a Grande Depressão teve drásticos efeitos na
economia local, e explica em parte os motins de 6 de fevereiro de 1934 e a formação da
Frente Popular, liderada pelo socialista Léon Blum, que venceu as eleições de 1936.
Por causa da Grande Depressão, o comércio internacional de produtos caiu
drasticamente. A Austrália, que dependia da exportação de trigo e algodão, foi um dos
países mais severamente atingidos pela Depressão no Mundo Ocidental. A taxa de
desemprego alcançou um recorde de 29% em 1932, uma das mais altas do mundo até os
dias atuais. As exportações de produtos agrários e minérios, tais como café, trigo e
cobre, de países da América Latina, caiu de 1,2 bilhão de dólares em 1930 para 335
milhões de dólares em 1933, aumentando para 660 milhões de dólares em 1940. Os
efeitos da crise fizeram com que em alguns destes países, muitos agricultores passassem
a investir seu capital na manufatura, causando a industrialização destes países, em
especial, a Argentina e o Brasil. Neste segundo país, aliás, a industrialização se acelerou
com a perda de poder político dos cafeicultores do estado de São Paulo, fenômeno
consolidado com a vitoriosa Revolução de 30.
A Ásia também foi afetada negativamente com a Grande Depressão, por causa da
dependência da economia de diversos países asiáticos em relação à exportação de
produtos agrários à Europa e à América do Norte. O comércio internacional asiático
caiu drasticamente, à medida em que os Estados Unidos e a Europa foram cercadas pela
recessão. Instalações comerciais e industriais asiáticas responderam através de
demissões e redução nos salários. O PIB do Japão, com uma base industrial em
crescimento, sofreu uma queda de 8% entre 1929 e 1930. As taxas de desemprego e de
pobreza cresceram drasticamente, afetando desproporcionalmente as classes inferiores.
Esta foi uma das causas da ascensão do nacionalismo japonês. O Japão recuperou-se da
crise em 1932.
A vida durante a Grande Depressão
O desemprego fez com que milhões de pessoas, inclusive famílias inteiras, ficassem
desabrigadas, especialmente nos Estados Unidos e no Canadá. Aqui, uma família semteto de sete pessoas, caminhando em Brawley, Condado de Imperial, Califórnia, EUA.
A maior parte da população dos países mais afetados pela Grande Depressão cortaram
todo e qualquer tipo de gasto considerado supérfluo, agravando os efeitos da recessão na
economia destes países.
Por causa da Grande Depressão, milhões de pessoas nas cidades perderam seus
empregos, nos países mais atingidos pela recessão. Sem fonte de renda, estas pessoas
não tinham mais como sustentar a si próprios e suas famílias. A maioria das residências
destas famílias, por sua vez, eram alugadas ou, ainda estavam sendo pagas através de
prestações. Como consequência, milhares de famílias eventualmente foram expulsas de
suas residências, por não terem como pagar os aluguéis ou as prestações de sua casa.
Além disso, o desemprego fez com que a subnutrição tornasse-se comum entre a
população dos países mais atingidos. Milhares de pessoas morreram por causa da
subnutrição.
Algumas pessoas e famílias sem fonte de renda mudaram-se para a residência de
parentes, quando perdiam suas residências. A maioria destas famílias, porém, instalouse em favelas. Abrigos rústicos feitos com telas de metais, madeira e papelão tornaramse comuns em áreas vadias das grandes cidades dos países mais atingidos. As condições
de vida nestas favelas eram precárias.
A indústria agropecuária de diversos países - especialmente os Estados Unidos e o
Canadá - foi duramente atingida pela Grande Depressão. Nos Estados Unidos, muitos
fazendeiros endividaram-se pesadamente, e vários foram forçados a cederem suas terras
para instituições bancárias. Na Califórnia, no centro-norte dos Estados Unidos e no
centro-oeste do Canadá, grandes períodos de seca, invernos rigorosos e pestes
agravaram a recessão econômica já existente nestas regiões. Muitos dos jovens das
áreas rurais abandonaram suas fazendas e suas famílias, e buscaram a sorte nas cidades.
Estas pessoas, juntamente com muitas das pessoas desempregadas nas cidades,
viajavam de cidade a cidade, pegando carona em trens de carga, em busca de emprego.
Esta foi uma cena muito comum nos Estados Unidos e no Canadá.
Os chefes de estado e outras pessoas importantes dos países atingidos passaram a ser
frequentemente considerados diretamente culpados pelo início da Grande Depressão por
muito da população atingida pela recessão. As favelas dos Estados Unidos foram
apelidadas de Hoovervilles, em uma sátira da população americana ao presidente
Herbert Hoover. No Canadá, muitos donos de automóveis apelidaram seus veículos de
Bennett Buggies - Carroças Bennett - em uma sátira ao Primeiro-Ministro Richard
Bennett. Isto porque estas pessoas não tinham como adquirir o combustível necessário
para abastecer seus veículos, ou cortaram a compra de combustível por considerarem
um gasto supérfluo. Estes veículos passaram a serem usados como carroças, puxados
por cavalos ou outros equinos.
Nem todos as pessoas sofreram igualmente com a Grande Depressão. Para pessoas que
conseguiram manter seus empregos (mesmo nos países mais afetados pela recessão), ou
que dispunham de uma poupança considerável, o padrão de vida não mudou muito.
Apesar que muitos trabalhadores sofreram de cortes consideráveis em seus salários, a
deflação fez com que os preços de produtos em geral caísse drasticamente. Ao longo da
Grande Depressão, os preços da maioria dos produtos de consumo manteve-se muito
baixo nos países mais afetados.
Por outro lado, muitos afro-americanos nos Estados Unidos não conseguiam emprego,
especialmente no sul americano, por causa de discriminação racial. Empregos eram
dados primariamente aos brancos. Por isto, em todo os Estados Unidos, a taxa de
desemprego entre a população afro-americana foi muito maior do que o da população
branca. Mulheres com famílias para sustentar também dificilmente encontravam
empregos, uma vez que a prioridade era dada para trabalhadores do sexo masculino, e
que a discriminação contra mulheres trabalhadoras aumentou.
Grupos étnicos minoritários - especialmente imigrantes - dos países mais atingidos
passaram a ser discriminados por muitos da população dos países mais afetados. Estes
grupos étnicos eram discriminados porque, na visão de várias pessoas dos países
afetados pela Grande Depressão, estes grupos étnicos competiam com a "população
nativa" dos países atingidos por empregos. Isto, aliado à forte recessão econômica da
década de 1930, fez com que as taxas de imigração caíssem sensivelmente no Canadá e
nos Estados Unidos.
Legado
Após o fim da Grande Depressão, muitos dos países mais severamente atingidos
passaram a fornecer maior assistência social e econômica aos necessitados. Por
exemplo, o New Deal dava ao governo americano maior poder para fornecer esta ajuda
para estes necessitados e também para aposentados.
A Grande Depressão gerou grandes mudanças na política econômica em vários dos
países envolvidos. Anteriormente à Grande Depressão, por exemplo, o governo dos
Estados Unidos da América pouco intervinha na economia do país. Executivos
financeiros e grandes magnatas comerciantes eram vistos como líderes nacionais. A
Grande Depressão, porém, mudou as atitudes de diversas pessoas em relação ao
comércio. Muitos passaram a favorecer maior controle da economia do país por parte do
governo. Outros grupos, mais extremistas, favoreciam a instalação de um regime
comunista, nazista ou fascista de governo, como solução para a crise, ou seja, governos
fortes e autoritários como o foram o de Getúlio Vargas no Brasil e Salazar em Portugal,
os governos de forma geral procuravam corrigir as distorções do capitalismo,
alinhavadas em suas obras, por Karl Marx, e solucionadas matematicamente ou
econometricamente, em suas obras, por Keynes (com políticas de intervenção na
economia, tratando-a como um todo matricial - sistêmico, sujeita a correções constantes,
dentro de necessárias políticas de desenvolvimento integrado).
Conclusão
A Crise Atual em uma Perspectiva Histórica: 1929 e 2008
A profundidade da crise que assola parte significativa do sistema financeiro mundial
terá, certamente, impacto sobre a evolução dos agregados econômicos reais (produção,
investimento, emprego etc.). Já se torna evidente que a economia mundial ingressou em
uma fase de desaceleração ou recessão, cujo desfecho é ainda desconhecido. É
inevitável, neste contexto, que surjam comparações entre o momento atual e a
experiência dramática da Grande Depressão, que subverteu o mundo, sobretudo entre
1929 e 1933.
Seguramente, o peso da riqueza financeira em relação ao produto, a sofisticação (e
opacidade) das operações financeiras e a interligação entre os vários segmentos dos
mercados em escala global, são hoje infinitamente maiores do que no final dos anos
1920s. A dimensão recente alcançada pela riqueza financeira (quase quatro vezes
superior ao PIB mundial) e a escala real ou nocional das perdas incorridas sugerem que
estamos diante de um processo monumental de desvalorização de ativos, muitas vezes
superior ao que se assistiu há quase 80 anos. A conclusão que daí poderia advir é que o
curso dos acontecimentos será, em conseqüência, mais dramático e doloroso do que em
1929-1933.
Felizmente, tal conclusão não se sustenta. É necessário assinalar, em primeiro lugar, que
face à eclosão da crise, a intervenção dos governos foi imediata. O credo liberal e a
panacéia dos mercados "eficientes" ou "auto-regulados" foram sumariamente
abandonados e o Estado assumiu, com maior (Inglaterra) ou menor (EUA) grau de
acerto, a responsabilidade pela defesa das instituições financeiras, pela provisão da
liquidez, pela garantia integral dos depósitos, e pela tentativa de evitar a todo custo o
aprofundamento da contração do crédito. Sem a pronta e contínua injeção dos recursos
públicos o colapso teria sido total. A ação dos governos, tipicamente keynesiana, tem
sido a de buscar a restauração do circuito do crédito-gasto-renda, nem que para tanto
seja necessário estatizar (ainda que parcial e temporariamente) parcela significativa do
sistema financeiro.
Uma intervenção vigorosa, como a que assistimos no presente momento, seria
impensável em 1929. Não se deve esquecer que o conventional wisdom nos anos 1920s
era determinado pelas regras do padrão-ouro. Em particular, as ações expansionistas
(sobretudo fiscais) eram vistas com suspeição por alimentar a inflação e precipitar,
dessa forma, a desvalorização cambial. Câmbio fixo e orçamentos equilibrados
conformavam uma unidade indissociável. A defesa do câmbio era o objetivo supremo,
que condicionava a política monetária e, na prática, anulava a política fiscal. Os EUA
retornaram ao padrão-ouro em 1919, a Alemanha em 1923, a Inglaterra em 1925 e a
França, de fato, em 1926. Quando da eclosão da turbulência de 1929, Hoover em
nenhum momento cogitou abandonar o padrão-ouro. Brüning (que comandou o gabinete
alemão a partir de março de 1930) procurou combater a recessão com a deflação. A
França, desde o Franc Poincaré, cultivou sua devoção ao ouro até setembro de 1936 e,
da mesma forma, insistiu na tentativa de impor a deflação como remédio para a
depressão. Mesmo após a desvalorização da libra em setembro de 1931, a Inglaterra,
apesar de praticar uma política de cheap money, permaneceu circunscrita a uma política
fiscal conservadora. Nem mesmo Roosevelt conseguiu se desvencilhar do dogma dos
orçamentos equilibrados: em 1937, sua tentativa de "sanear" as finanças públicas
redundou na "recessão na depressão" de 1938. Unicamente Hitler, desde 1933, praticou
uma política deliberada de expansão dos gastos públicos. O outrora austero Hjalmar
Schacht, que entre 1923 e 1930 foi o zeloso guardião da moeda alemã, garantiu sua
recondução ao posto em 1933 apenas mediante o compromisso explícito, assumido com
o Führer, de envolver diretamente o Reischbank no financiamento dos gastos do
governo.
A verdade, assim, é que com a exceção do experimento nazista, corações e mentes – à
direita e à esquerda – professavam naquele então sua crença mítica nas virtudes das
sound finances. Seria impensável, em 1930 ou 1931, que um economista escrevesse,
poucos dias após ser laureado com o Prêmio Nobel, que face à extensão da crise "não é
hora de pensar no déficit" (Paul Krugman). Ao contrário da experiência traumática da
Grande Depressão, a disposição à intervenção estatal é hoje, portanto, um elemento
determinante que diferencia nitidamente as iniciativas da política econômica. Este é um
fator decisivo que projeta um futuro menos sombrio para a evolução da crise atual.
Existe, de outra parte, uma clara semelhança em relação à origem dos distúrbios que
resultaram na Grande Depressão e os que estão por detrás da presente convulsão. Em
ambos os casos a débâcle foi precedida pela fragilidade da regulação e pelo relaxamento
na percepção dos riscos, o que redundou em uma febre especulativa de conseqüências
desastrosas. A inevitável proliferação de operações financeiras de lastro duvidoso,
alavancadas pela expansão desmesurada do crédito, é um traço comum dos dois
momentos históricos. Em finais dos 1920s e início dos 1930s, era ainda limitado o grau
de regulação e controle exercido pela Autoridade Monetária sobre o conjunto do sistema
financeiro. No caso dos EUA – o epicentro do terremoto de 1929-1933 – era destacada a
proliferação de bancos de pequeno e médio porte, muitos deles fora da área de
supervisão do Fed. Ao mesmo tempo, a inexistência de um "muro de contenção" entre
os bancos comerciais e os bancos de investimento permitiu que os primeiros se
envolvessem em operações de alto risco, comprometendo de modo temerário os
recursos dos depositantes.
As respostas iniciais à crise de 1929 (ao contrário das intervenções atuais) foram
completamente insuficientes e desastradas: as ações de lender of last resort, do mesmo
modo que as iniciativas no plano fiscal, eram incompatíveis com os mandamentos
sagrados do padrão-ouro. O resultado foi a propagação das quebras, a contração da
produção e a explosão do desemprego. Entre 1930 e 1933 os EUA assistiram a três
ondas de liquidação bancária que vitimaram nada menos que 11.000 bancos. Na
Alemanha, a quebra do gigante Danat em julho de 1931, face à impotência da
intervenção do Reischbank, foi um ponto de inflexão decisivo no aprofundamento do
desespero econômico que terminou por conduzir os nazistas ao poder.
Tanto nos EUA como na Alemanha a superação dos desdobramentos mais profundos da
crise passou pela imposição de critérios de regulação mais rígidos sobre o sistema
financeiro. Se Roosevelt, empossado em março de 1933, alcançou um sucesso inegável
em quebrar a espiral contracionista foi porque, desde o início, promoveu o saneamento
do setor bancário, e estabeleceu, na seqüência, as bases da regulamentação do sistema
financeiro através de um conjunto de dispositivos legais criados entre 1933 e 1935.
Hitler e Schacht, de sua parte, converteram o sistema financeiro alemão em um braço
operacional do Reischbank. Nos dois casos, a disciplina sobre as finanças privadas foi
essencial para que as economias se levantassem dos escombros da depressão.
Da mesma forma, a superação da atual crise deverá contemplar a implantação de um
novo marco de regulação para o sistema financeiro. Como se sabe, foi nos anos 1970s e
1980s que o aparato regulatório da Golden Age (a chamada "repressão financeira") foi
desmontado, em nome da imaginada eficiência das "finanças comandadas pelo
mercado". Hoje, face ao descalabro e descontrole das operações financeiras que
redundaram na atual crise, não há mais quem negue a necessidade imperiosa de
reintroduzir padrões mais rígidos e rigorosos que disciplinem na Alemanha. Com a
depressão, dada a maior sensibilidade dos preços agrícolas às variações da demanda, a
renda real da população empregada no campo despencou. No caso dos EUA, a
contração da renda real dos agricultores, entre 1929 e 1932, foi superior a 50%, o que
arrastou uma infinidade de bancos do Sul e do Meio Oeste à falência. Somente através
de uma ação tempestiva de defesa e sustentação dos preços agrícolas é que a
profundidade e a duração da depressão poderiam ser mitigadas. De fato, parcela
relevante dos recursos públicos administrados pelo New Deal e pelos nazistas foi
direcionada exatamente para a reversão do quadro devastador que se abateu sobre a
agricultura. Hoje, esta questão sequer é colocada: nem a proporção da população
empregada no campo é relevante, e nem a participação da agricultura na criação da
renda tem uma expressão econômica digna de maiores preocupações. É provável,
entretanto, que o mercado imobiliário de hoje seja a agricultura de ontem: a dimensão
da crise do subprime todavia não é mensurável. É o próprio secretário do Tesouro norteamericano quem afirma: "o problema real é que os bancos de todo o mundo fizeram
empréstimos arriscados. (...) A coisa mais espantosa é a dimensão do problema". A
cadeia de empréstimos "sujos" associados à especulação com imóveis ainda não foi
desmontada, e é possível que o socorro da intervenção pública se torne aí tão intenso e
prolongado quanto o foi para retirar a agricultura da vala da depressão nos anos 1930s.
As considerações anteriores indicam que não é previsível para a crise atual um
desdobramento semelhante ao da Grande Depressão. Nada autoriza, contudo, uma
perspectiva candidamente otimista. A extensão dos estragos é ainda desconhecida e o
impacto sobre o setor produtivo seguramente será profundo. Apenas a decidida
intervenção do Estado tem evitado um descalabro de maiores proporções. A necessidade
de retomar a regulamentação sobre o sistema financeiro é reconhecida, mas sua
implementação certamente será precedida por desacordos substanciais e demandará
tempo para ser efetivada. Da mesma forma, apesar de o ambiente internacional
favorecer a busca de soluções cooperadas, não se deve imaginar que elas sejam simples
e isentas de contradições, em particular no que diz respeito ao papel dos EUA e do dólar
no contexto mundial.
A crise de 2008 representa, na verdade, uma derrota fragorosa do liberalismo irrefletido
que contaminou os espíritos nos últimos 30 anos. A fé cega na capacidade de regulação
dos mercados é um dogma que acompanha o capitalismo desde o seu nascimento.
Desde a Fábula das Abelhas de Mandeville ("vícios privados, virtudes públicas"), até os
modelos de expectativas racionais de última geração, o suposto é sempre o mesmo: os
mercados possuem uma racionalidade imanente que garante o funcionamento ótimo da
economia. O ambiente dos anos 1920s, sobretudo nos EUA, estava carregado desta
convicção. Esta mesma convicção inundou a política, a academia e o mundo dos
negócios a partir da guinada conservadora de Tatcher e Reagan. Os roaring twenties nos
EUA culminaram com a Grande Depressão, e a euforia das finanças desregulamentadas
culminou no desastre atual. A grande lição que resta destes dois episódios dramáticos é
que, definitivamente, o capitalismo não pode ser deixado à mercê dos capitalistas...
Bibliografia
Site uol.com.br/pesquisa escolar/historia geral/crise de 29/*Rodrigo Gurgel é escritor,
crítico literário e editor de "Palavra", suplemento de literatura do Caderno Brasil do Le
Monde Diplomatique (edição virtual).
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