NISE DA SILVEIRA: GUERREIRA DA LUZ, SENHORA DAS IMAGENS! Pela primeira vez em Maceió, Nise da Silveira – Senhora das Imagens promete emocionar e instigar o público. O espetáculo é uma homenagem à psiquiatra alagoana que revolucionou a psiquiatria clássica, inaugurando métodos de tratamento que incluíam a arte e uma visão mais humana e inovadora da loucura. O Instituto Maria Augusta Monteiro – IMAM traz a Maceió, mais especificamente ao teatro Deodoro, nos dias 2 e 3 de setembro, a partir das 20 horas, o espetáculo teatral Nise da Silveira – Senhora das Imagens, numa montagem da Essencial Cia. de Teatro, do Rio de Janeiro (RJ). Trata-se de um tributo a um dos nomes mais importantes para a psiquiatria mundial: a alagoana Nise da Silveira (1905-1999) que fundou o antológico MII – Museu de Imagens do Inconsciente e a Casa das Palmeiras e revolucionou a psiquiatria tradicional, abolindo os usuais choques elétricos e outros métodos invasivos, sendo pioneira no uso das artes em terapias que abordavam pintura, escultura e modelagem. Entre os tantos que descrevem a médica alagoana com profundo respeito e admiração está Frei Betto: “Nise da Silveira é a mulher do século XX, no Brasil, por ter dado uma visão mais humana e inovadora da loucura como expressão da riqueza subjetiva de pessoas que são consideradas deficientes mentais ou portadoras de distúrbios psíquicos. Nise nos ensina a descobrir por trás de cada louco, um artista; por trás de cada artista, um ser humano com fome de beleza, sede de transcendência.” A psicoterapeuta carioca Teresa Vignoli a chama de Guerreira da Luz e ratifica: “Nise percebeu e sentiu agudamente, o quanto o ambiente hospitalar conspirava contra o que ele deveria promover: a cura. Imbuída de profunda compaixão pela dor e fragilidade daquelas pessoas, movida pelo desejo de compreender o que acontecia no seu mundo interno e de investigar os misteriosos meandros da psique humana, Nise foi, com enorme disposição e paciência, adubando a sólida árvore que plantara”. Nise revolucionou a lida com a saúde mental, por meio de sua intensa humanidade, numa época difícil, em que as opções de tratamento se assemelhavam a métodos de tortura. 1 A história da psiquiatra alagoana – primeira mulher a se formar em medicina no Brasil, entre os 156 colegas da Faculdade de Medicina da Bahia, turma de 1926 – chegou aos palcos sob dramaturgia e direção de Daniel Lobo, protagonizada pela atriz Mariana Terra. Sucesso de público e crítica, desde a pré-estréia nacional, em Brasília, Nise da Silveira – Senhora das Imagens foi considerado um dos melhores espetáculos em cartaz pela Revista Veja, em recente temporada. O projeto, cuja coreografia é assinada pela bailarina Ana Botafogo e a trilha sonora original e direção musical por João Carlos Assis Brasil, também contou com a participação, em vídeo, de Ednaldo Lucena, Gilray Coutinho e Ferreira Gullar – escritor, poeta e biógrafo de Nise; de Carlos Vereza, na voz do psicanalista Carl Gustav Jung, importante referência na vida de Nise; e com o incentivo de Marco Lucchesi, diversas vezes vencedor do Prêmio Jabuti. A cenografia e figurino são de Ronald Teixeira; o desenho de Luz de Djalma Amaral; a preparação vocal de Angela Herz e as fotografias de Jackeline Nigri. É importante salientar que a ousadia de trazer o espetáculo para Maceió só se consolidou graças à cumplicidade de patrocinadores e parceiros como a OI, Instituto Zumbi dos Palmares, Prefeitura de Maceió, Grupo Toledo, Federação das Indústrias de Alagoas, Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, Rede Globo, Sebrae/AL, Museu de Imagens do Inconsciente (MII) e Hotel Ponta Verde. A iniciativa do IMAM não é casual. As semelhanças entre a maestrina Maria Augusta Monteiro e Nise da Silveira, duas grandes alagoanas, são muitas e fascinantes para quem vai, passo a passo, percebendo o quanto foram e são importantes para a sociedade, cada qual em seu universo de atuação, mas ungidas pelo mesmo talento, ousadia e destemor. Viveram, ambas, sempre à frente de seu tempo, agregando valores as suas funções profissionais e inspirando diversas gerações pela retidão de caráter, obstinação, competência e escolha de caminhos singulares. Nise revolucionou a lida com a saúde mental, por meio de sua intensa humanidade, numa época difícil, em que as opções de tratamento se assemelhavam a métodos de tortura. A paixão pelo ofício e o respeito aos pacientes a fizeram transcender e criar alternativas que foram registradas nos anais da história e são aplicadas, ainda hoje, como resultado de estudos profundos, devoção à causa e genialidade. Maria Augusta, por sua vez, 2 empunhou e empunha a batuta do canto coral, optando por fazer cantar com todo o corpo, realizar pesquisas musicais reveladoras sobre o folclore do Nordeste e ensinar a pensar a música/arte como expressão pioneira da alma humana e caminho de felicidade. “Propomo-nos a trazer Nise da Silveira de volta para casa, nos palcos de Alagoas, pactuando um encontro inusitado entre a psiquiatra que sempre buscou o humano por trás da loucura e a maestrina que sempre foi lúcida o bastante para acreditar que a música humaniza e pode salvar o homem de si mesmo”, revela a também maestrina e produtora Fátima Menezes, presidente do IMAM. O espetáculo não é uma biografia teatral convencional, até porque a própria Nise se negava a escrever sua biografia, por considerar que a linearidade cronológica do gênero não consegue revelar o que há de profundo na existência. Nise, que viveu 94 anos, foi precursora de métodos alternativos, mudando de forma definitiva o tratamento que se fazia no Brasil na década de 40. Na década de 50, fundou a Casa das Palmeiras e o Museu de Imagens do Inconsciente no Centro Psiquiátrico Pedro II, no RJ, onde estão reunidas as obras produzidas nos ateliers. Tão revolucionárias quanto Nise, as entidades ainda hoje são referências no tratamento psiquiátrico brasileiro. Nise da Silveira – Senhora das Imagens não é uma biografia teatral convencional. Até porque, a própria Nise se negava a escrever sua biografia, por considerar que a linearidade cronológica do gênero não consegue revelar o que há de profundo na existência. O espetáculo apresenta um painel dos acontecimentos marcantes da vida da psiquiatra: a infância em Alagoas, do começo do século XX; o início de sua formação acadêmica, em Salvador; a chegada ao Rio de Janeiro, em 1927; sua paixão por Antonin Artaud; o encontro com o psicanalista suíço Carl Gustav Jung, discípulo predileto e rompido de Sigmund Freud; até a consagração internacional do trabalho que mudou os rumos da medicina. Na encenação, Mariana Terra é Nise da Silveira. A atriz é filha de Raffaele Infante, renomado psiquiatra que conviveu com Nise. PHD em psiquiatria, na Inglaterra, Infante foi também diretor do IPUB-UFRJ – Instituto de Psiquiatria da Universidade do Rio de Janeiro, além de criador da Psicodramaturgia, desenvolvendo no teatro um trabalho similar ao que Nise realizava nos ateliês. 3 A concepção multimídia, unindo linguagens artísticas como teatro, projeção de vídeo, artes plásticas, literatura e música, assinada por Batman Zavareze, propõe a imagem integrada à narrativa e não como elemento decorativo. Utilizando-se desses vários recursos, o espetáculo mostra obras do MII, além de trechos do curta-metragem “Estrela de oito pontas” – o grande vencedor do Festival de Gramado em 1996 – que apresenta a obra de Fernando Diniz, um dos internos que freqüentava o atelier de Nise. Tudo isso, pontuado pelo poema “O olhar do louco”, de José Alberto, antigo freqüentador do Museu. “O espetáculo pretende, a priori, contribuir com o enriquecimento social e cultural da sociedade. Tanto pela importância de Nise da Silveira na história da medicina, quanto pela ousadia que ela teve em unir, de forma original e transgressora, os conceitos da arte e terapia”, diz Daniel Lobo. ''A flor depende de um jardineiro. Mas um bom jardineiro sabe que, na realidade, é ele quem depende da flor'' (Nise da Silveira) Nise era conhecida como a "Senhora das Imagens". No espetáculo, essa metáfora é representada pelas imagens do inconsciente que invadem a cena e tomam conta dos espectadores. O roteiro final tem como base as inúmeras obras lançadas sobre a homenageada, prometendo conduzir o público por “caminhos de sabor único”, ao relatar o que realmente marcou e se deixou revelar sobre a existência dessa mulher singular. A montagem é considerada diferenciada por sua capacidade de ser profunda, mas acessível; enigmática e, no entanto, reveladora; propor leitura séria e, ao mesmo tempo, divertida. O espetáculo traduz conceitos junguianos de forma clara e criativa, desvinculando-os da formalidade que Nise tanto combatia. Esse entendimento da realidade fica claro quando, em um dos momentos do espetáculo Nise – magistralmente traduzida por Mariana Terra – afirma: ''a flor depende de um jardineiro. Mas um bom jardineiro sabe que, na realidade, é ele quem depende da flor.'' Detalhe: com Nise da Silveira – Senhora das Imagens, o diretor Daniel Lobo retorna a Maceió três décadas depois de ter passado pelo Deodoro, em sua estréia como ator, aos 10 anos de idade, protagonizando o espetáculo ''Tistu, o menino do dedo verde'', inspirado no clássico infantil do francês Maurice Druon: “esse é um momento muito especial para mim”, afirma. Certamente será, também, para os conterrâneos de Nise! 4 SERVIÇO: Acontecimento: espetáculo teatral Nise da Silveira – Senhora das Imagens, da Essencial Cia. de Teatro (Rio de Janeiro / RJ) Realização: Instituto Maria Augusta Monteiro Onde: Teatro Deodoro (Praça Deodoro – Centro) Quando: dias 2 e 3 de setembro, às 20 horas Duração: 90 minutos Classificação: 16 anos Venda ingressos: Teatro Deodoro: 3315-5665 / Presents: Av. Deputado José Lages, 491 – Ponta Verde 3327-0229 Informações: Direção de Comunicação IMAM: 9645-1118 (Gal Monteiro) Presidência IMAM: 9981-7437 / 8802-4237 (Fátima Menezes) Link para fotos de divulgação: https://picasaweb.google.com/daniel.lobo.ator/NISEDivulgacaoEProgramacaoVisual?auth key=Gv1sRgCI7zydqm-KOHqQE 5