Serviço Social e Saúde Mental: um estudo sobre a prática profissional

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Serviço Social e Saúde Mental: um estudo sobre a prática profissional
Social Work and Mental Health : a study on professional practice
Resumo:
O Serviço Social, enquanto profissão que intervém nas expressões da questão social
existentes na sociedade integra as equipes multiprofissionais dos serviços substitutivos
de saúde mental. O trabalho em questão tem por objetivo: analisar a prática
profissional do assistente social na saúde mental nos CAPS de um Distrito Sanitário da
cidade do Recife. Tem como população de estudo 05 assistentes sociais atuantes nos
serviços de CAPS. Baseia-se na abordagem metodológica da pesquisa qualitativa,
através da utilização da técnica do grupo focal, guiado por um roteiro de entrevista. A
análise dos dados utilizada foi a de análise de conteúdo. Como resultados, a pesquisa
demonstra revelar a importância do profissional de Serviço Social na saúde mental,
não só por este ser um profissional capaz de identificar e agir sobre as expressões da
questão social e viabilizar direitos e benefícios aos usuários com transtornos mentais,
mas também pela significância política da profissão, enquanto potencial articulador da
Rede de Atenção Psicossocial.
Palavras-chaves:
Serviço
Social.
Saúde
Mental.
Interdisciplinaridade. Centro de Atenção Psicossocial.
Prática
Profissional.
Abstract:
Social work as profession intervening in terms of social issues existing in society
integrates the multidisciplinary teams of substitutive mental health services. The work
in question aims: to analyze the professional practice of social workers in mental health
in the CAPS of a Sanitary District in the city of Recife. Its study population 05 social
workers active in CAPS services. Is based on the methodological approach of qualitative
research, through technical use of the focus group, guided by an interview script. Data
analysis used was content analysis. As a result, research shows reveal the importance
of professional social work in mental health, not only because it is a professional able
to identify and act on the expressions of social issues and enable rights and benefits to
users with mental disorders, but also for political significance of the profession as a
potential articulator of Psychosocial Care Network.
Keywords: Social Work. Mental Health. Professional Practice. Interdisciplinary.
Psychosocial Care Center.
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1. Introdução
A Reforma Psiquiátrica é um movimento que desde a década de 1970 vem
mobilizando uma série de atores na busca por usa efetivação. Alguns aspectos já foram
conquistados, como o deslocamento do cuidado para o território, o progressivo
fechamento de hospitais psiquiátricos, a quebra com o modelo hospitalocêntrico, que
tendia a excluir e fragmentar o cuidado com os usuários com transtornos mentais. No
entanto, mesmo com estas conquistas, ainda há no que se avançar para a efetivação
da Rede de Atenção Psicossocial em todo o Brasil.
Assim, a Reforma persiste na luta pelo avanço dos direitos das pessoas em
sofrimento psíquico de diferentes ordens, e pela construção de uma sociedade mais
justa em que a “doença mental” não seja alvo de preconceitos e diferenças, mas sim
de possibilidades de conquistas na promoção da autonomia e inserção social de seus
protagonistas, sejam eles trabalhadores, gestores ou usuários.
Enquanto área da saúde e, portanto, campo de prática profissional, a saúde
mental configura-se como uma área diversificada no que diz respeito ao campo de
atuação de diversas profissões. Dentre as quais, é essencial que o trabalho efetivado
compreenda uma atuação conjunta, dialogada entre os diversos saberes e, assim,
interdisciplinar. O Serviço Social, profissão que intervém nas expressões da questão
social existentes na sociedade, integra as equipes multiprofissionais dos serviços
substitutivos de saúde mental, a exemplo dos Centros de Atenção Psicossocial - CAPS.
Diante de tal lógica, o Serviço Social deve atuar numa perspectiva de
fortalecimento da rede social e da coletividade dos sujeitos, assim, pode-se permitir
uma otimização dos serviços a partir do oferecimento da assistência integral, não
fragmentadora do usuário com transtorno mental apenas em suas queixas, mas sim da
utilização da rede e dos serviços intersetoriais no qual o mesmo e sua família estão
inseridos também como um recurso de tratamento (ROSA, 2008).
O assistente social, valorizador de seu projeto ético político, tem em vista
articular sua ações numa finalidade de permitir a cidadania. Compreende-se assim que
este profissional deve atuar de acordo com o caráter de mobilização em direção à
construção de uma nova ordem societária e também desenvolvendo seu ativismo
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político, sua dinâmica de atuação e também utilizando de sua criatividade para sugerir
alternativas, transpondo barreiras que possam vir a ser impostas.
Nessa perspectiva não deixa de ser um desafio também que o assistente social
consiga participar ativamente do movimento de controle social e planejamento das
políticas, tendo em vista que a prática deve ser efetivada de modo a abranger todas as
suas dimensões.
No entanto, é visível que o processo de reestruturação produtiva do capital e de
contrarreforma
do
Estado
atinge diretamente
os
profissionais, fazendo-se
extremamente necessário desenvolver o debate e a reflexão sobre as demandas
institucionais que lhes são feitas, diante do quantitativo de usuários que devem ser
atendidos diariamente, e como isso incide no processo de trabalho destes
profissionais.
Para além das demandas, vale refletir também sobre a produção teóricoacadêmica da atuação do Serviço Social na área de saúde mental, e aqui, mais
especificamente, nos serviços CAPS. Uma vez que é visível que o avanço da inserção do
assistente social nestes serviços não teve o mesmo incentivo que a produção científica
dos profissionais atuantes na área. Em geral, a produção que se tem sobre o assunto é
de origem acadêmica, a partir de professores e estudantes de pós-graduação (NICACIO
& BISNETO, 2013).
Sendo assim, este trabalho visa não somente analisar a atuação do Serviço Social
na área de Saúde Mental, mas sim, a partir da percepção de profissionais da área,
problematizar o trabalho, os desafios e o real papel do assistente social nos CAPS.
Possibilitando assim, contribuir para oferecer uma reflexão mais aprofundada de uma
problemática vigente, porém ainda pouco contemplada pela academia.
2. Serviço Social, Interdisciplinaridade e Saúde Mental
O Serviço Social é uma especialização do trabalho da sociedade, inscrita na
divisão social do trabalho, situa-se no processo de reprodução das relações sociais e,
portanto, tem como objeto de intervenção as múltiplas expressões da questão social
(IAMAMOTO; CARVALHO, 2008). Tais expressões se estabelecem na sociedade
capitalista madura a partir das contradições inerentes à dinâmica de tal modo de
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produção, uma vez que são perpassadas por lutas e forças sociais em conflito, próprias
das lutas de classes entre capital e trabalho.
Para Yazbek (2009, p. 126, 127):
[...] o significado social da profissão só pode ser desvendado em sua
inserção na sociedade, ou seja, a análise da profissão, de suas demandas,
tarefas e atribuições em si mesmas, não permitem desvendar a lógica no
interior da qual essas demandas, tarefas e atribuições ganham sentido.
Assim sendo é preciso ultrapassar a análise do Serviço Social em si mesmo
para situá-lo no contexto de relações mais amplas que consistem a
sociedade capitalista, particularmente no âmbito das respostas que esta
sociedade e o Estado constroem, frente à questão social e suas
manifestações, em múltiplas dimensões. Essas dimensões constituem a
sociabilidade humana e estão presentes no cotidiano da prática profissional,
condicionando-a e atribuindo-lhe características particulares.
Assim, o exercício profissional dos assistentes sociais evidencia competências
teóricas e práticas, ético-políticas, técnico-operativas para serem executadas em seu
campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais. Dessa forma, reflete-se
para além do cotidiano, das rotinas institucionais, procurando, através desse
movimento da realidade, identificar possibilidades possíveis de serem executadas.
Na saúde, a intervenção da profissão se define a partir das condições históricas
do próprio desenvolvimento da saúde no Brasil e acompanha a mesma de forma
gradativa. Inclusive com o surgimento do Projeto da Reforma Sanitária, o Serviço Social
estabelece um paralelo entre tal projeto e o estabelecimento do Projeto hegemônico
da profissão, o Projeto Ético Político (COSTA, 2006).
Para além da Reforma Sanitária no Brasil, na saúde mental, existe o Movimento
de Reforma Psiquiátrica, que no Brasil surgiu influenciado pelo movimento que vinha
ocorrendo na Itália com a implantação de novos modelos de atenção à saúde mental.
A Reforma Psiquiátrica brasileira surgiu juntamente com inúmeras discussões,
encontros de trabalhadores em saúde mental e a organização de Congressos de níveis
locais até nacionais, que deram início à organização de lutas sociais a fim de se pensar
na “desconstrução” do “modelo psiquiátrico asilar”, e na criação de novos serviços
substitutivos em saúde mental.
A inserção da profissão de Serviço Social na área da saúde mental se deu de
forma gradativa e paralela ao movimento de Reforma Psiquiátrica. No pós-ditadura
militar no Brasil, a Reforma Psiquiátrica passou a conviver com o pensamento único do
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neoliberalismo e até hoje perdura entre suas correntes teóricas que entendem a
loucura enquanto fenômeno social, político e histórico pela perspectiva dialética. Em
comum com o projeto da referida Reforma, o Serviço Social é provocado nos seguintes
pontos: o debate acerca da transformação da assistência psiquiátrica e de assistência
social; bem como a ênfase no aspecto político de tais tipos de assistência; a
necessidade de realizar uma prática interdisciplinar; e de democratizar as relações de
poder entre trabalhadores e usuários nos serviços (BISNETO, 2007).
Como fruto da aprovação do Projeto de Lei de 1989 do deputado Paulo Delgado,
que tratava da progressiva substituição das instituições asilares e manicomiais por
serviços substitutivos a tal modelo hospitalocêntrico e diante da necessidade de
expansão de tais serviços, surgiram os Cetros de Atenção Psicossocial - CAPS, criados
para oferecer assistência em saúde mental. Estes são entendidos como
potencializadores do cuidado no território e foram regulados, no âmbito do Sistema
Único de Saúde, pela Portaria nº. 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002.
O CAPS é permeado por aspectos políticos, na medida em que atua num modelo
de gestão participativa e de controle social e enquanto instância de efetivação de um
projeto terapêutico que visa à humanização da saúde.
É então desde os anos 1990, com um grande número de contratação de
profissionais, que o assistente social então começa a se integrar nas equipes
multiprofissionais dos CAPS, embasado principalmente por sua formação de base
social e política, com enfoque para a ação no território a fim de privilegiar a reinserção
na sociedade das pessoas com transtornos mentais que historicamente foram
excluídas (BISNETO, 2007).
No entanto, o profissional iniciante na área esbarrava neste momento com o fato
de não ter sido capacitado em sua formação acadêmica para atuação na saúde mental,
entendendo a loucura enquanto fenômeno social e historicamente determinado, com
aspectos políticos e também de interesses econômicos e ainda o embate entre
saberes, pois mesmo com a psiquiatria querendo abrir espaço para o campo “social”,
detinha hegemonia e um mandato social estabelecido na área. Tais “restrições”
dificultam até os dias de hoje a atuação de assistentes sociais na área (BISNETO, 2007).
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Além disto, de forma geral na área de saúde, a prática profissional hoje sofre
com tensionamentos constantes que dificultam o agir sobre o direcionamento dos
ideais presentes no Projeto Ético Político Profissional, pois esbarra em condicionantes
políticos-institucionais que limitam as escolhas dos profissionais (VASCONCELOS,
2006).
Bisneto (2007), acerca da prática profissional do assistente social, enfatiza que se
faz necessária à compreensão das relações sociais contraditórias presentes nas
instituições. Será a partir desta compreensão da análise institucional que o assistente
social poderá orientar sua atuação, conhecendo a que finalidade se destina sua prática
em determinado estabelecimento.
Mas a descoberta de tais fins não é tarefa fácil, exige um desprendimento dos
fatos imediatistas postos pela realidade e uma análise crítica das demandas que se
apresentam no cotidiano.
Se as demandas com as quais trabalhamos são totalidades saturadas de
determinações (econômicas, políticas, culturais, ideológicas) então elas
exigem mais do que ações imediatas, instrumentais, manipulatórias. Elas
implicam intervenções que emanem de escolhas, que passem pelos
condutos da razão crítica e da vontade dos sujeitos, que se inscrevam no
campo dos valores universais (éticos, morais e políticos). Mais ainda, ações
que estejam conectadas a projetos profissionais aos quais subjazem
referenciais teórico-metodológicos e princípios ético-políticos (GUERRA,
2000, p. 11).
Ainda segundo Bisneto (2007), é necessário que o profissional seja capaz de ir
além das aparências e conheça os usuários, a equipe multiprofissional, a história da
instituição para qual trabalha, o fluxo de atendimento e os serviços prestados pela
mesma, a fim de direcionar-se e estabelecer relações de trabalho. Uma forma de
operacionalizar os processos de trabalho é através da prática interdisciplinar.
A interdisciplinaridade consiste em uma tentativa de “unidade do Saber”. Um
ideal de complementaridade de diversas disciplinas, que integradas podem chegar a
um objetivo em comum. Sua necessidade se torna mais evidente no campo das
Ciências Humanas.
É preciso, pois, no âmbito dos esforços com vistas ao conhecimento da
realidade humana, praticar, intencional ou sistematicamente, uma dialética
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entre as partes e o todo, o conhecimento das partes fornecendo elementos
para a construção de um sentido total, enquanto o conhecimento da
totalidade elucidará o próprio sentido que as partes, autonomamente,
poderiam ter (SEVERINO, 2010, p. 17).
A prática interdisciplinar exige que cada especialista possa abrir-se para
contribuições de outras disciplinas, que possa atuar numa relação de troca, com
recíproca, a fim de tomar o sujeito como integral e não fragmentado, excluindo-se de
sua totalidade.
A interdisciplinaridade consiste num trabalho em comum, onde se
consideram a interação das disciplinas científicas, de seus conceitos,
diretrizes, de sua metodologia e de seus procedimentos (SAMPAIO ET AL,
2010, p. 82).
Vasconcelos (2000, p. 46) define a interdisciplinaridade como uma:
[...] axiomática comum a um grupo de disciplinas conexas, definida no nível
hierarquicamente superior, introduzindo a noção de finalidade, tendendo
(mas não necessariamente) para a criação de um campo de saber
“autônomo”.
A identificação de uma problemática em comum para a atuação interdisciplinar
compreende a necessidade de fundamentação teórica básica e diretrizes de trabalho
em conjunto, que compreenderá todos os conceitos e especificidades das
especialidades envolvidas a fim de que seja possível a apreensão das mesmas, com
todas suas discrepâncias para realizar uma intersecção de saberes (VASCONCELOS,
2000).
É assim que, pela via da prática interdisciplinar, pode-se chegar à criação de
campos de saberes. Como é o caso da psicossociologia, que compreende a área da
saúde mental, na articulação da rede de cuidado às pessoas com transtornos mentais e
comportamentais.
Estes, por sua vez, são definidos pela Organização Mundial da Saúde como:
[...] condições clinicamente significativas caracterizadas por alterações do
modo de pensar e do humor (emoções) ou por comportamentos associados
com angústia pessoal e/ou deterioração do funcionamento. Os transtornos
mentais e comportamentais não constituem apenas variações dentro da
escala do “normal”, sendo antes fenômenos claramente anormais ou
patológicos (OMS, 2001, p. 18).
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No entanto definir o conceito de transtornos mentais não é fácil, pois não
representa uma categoria unitária, mas sim de uma série de transtornos com alguns
aspectos em comum.
Há um intenso debate acerca de quais condições são ou devem ser incluídas
na definição de transtornos mentais. Isso pode trazer implicações
importantes quando, por exemplo, uma sociedade está decidindo sobre os
tipos e a gravidade de transtornos mentais potencialmente qualificados para
tratamento e serviços involuntários (OMS, 2005, p.27).
Os transtornos mentais resultam de fatores biológicos, psicológicos e sociais e
sua definição se dá nas sociedades também levando em consideração as
determinações culturais, sociais e econômicas das mesmas.
Assim, existe atualmente um movimento conceitual, que parte até mesmo dos
próprios usuários do Sistema de Saúde, como também de trabalhadores da área de
saúde mental, de utilizar o termo transtorno mental ao invés de “doença mental”, pela
carga de estigma e de patoligização da pessoa, que acaba por ser reduzida ao sintoma
que apresenta. Nesse contexto, “o ICD-10 afirma que o termo “transtorno” é usado
para evitar os problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos como
“enfermidade” e “doença””.
A pessoa com transtorno mental deve ser cuidada em seu território, espaço
potencial de criação da vida e da reprodução social, é na vida cotidiana no território
que se estabelecem as relações familiares e sociais dos sujeitos sociais. Neste sentido,
deve-se pensar a pessoa com transtorno enquanto um ser social e, portanto capaz de
exercer sua cidadania, sendo necessário lutar pela garantia de sua autonomia e
liberdade. Essas são as bases preconizadas pela Reforma Psiquiátrica, influenciada no
Brasil pela figura de Franco Basaglia na Itália.
Para Basaglia (1985, p. 34), “os transtornos mentais estão ligados aos fatores
sócio-ambientais a níveis de resistência e impacto em uma sociedade que não leva em
conta o homem e suas exigências”.
Entende-se, portanto que no contexto de vulnerabilade social, a questão social é
um dos fatores que potencializam o surgimento dos transtornos mentais e é diante de
tal lógica de adoecimento que o Serviço Social tem como desafio atuar numa
perspectiva de fortalecimento da rede social e da coletividade dos sujeitos.
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3. Caracterização da Pesquisa
O trabalho aqui exposto diz respeito à pesquisa realizada com assistentes sociais
de um distrito sanitário da cidade do Recife, no ano de 2014. Teve como metodologia
para compreensão das questões que perpassam a problemática da prática profissional
do Serviço Social na Saúde Mental a abordagem qualitativa, na qual, segundo Minayo
(2000), os instrumentos de trabalho de campo têm por finalidade realizar a mediação
entre a realidade empírica e os marcos teórico-metodológicos.
A autora ainda acrescenta que o processo de investigação qualitativa requer
conhecimento e capacidade de observação e de interação dos investigadores com os
atores sociais envolvidos. Seus instrumentos costumam ser corrigidos e readaptados
durante o processo de trabalho de campo, visando às finalidades da investigação
(MINAYO, 2000).
A técnica de grupo focal foi escolhida por entender que o mesmo é viável no
sentido de que possibilita a reunião do quantitativo de profissionais necessários que
constituem o público-alvo da pesquisa, com o acréscimo de que com o diálogo, que
será facilitado com e entre os pesquisados, permita-se coletar as informações acerca
do tema em questão (NETO, MOREIRA & SUCENA, 2002).
Ainda para Minayo (2000, p. 129), o grupo focal é significante, pois se configura
como:
uma técnica de inegável importância, para se tratar das questões da saúde
sob o ângulo social, porque se presta ao estudo de representações e
relações dos diferenciados grupos de profissionais da área, dos vários
processos de trabalho e também da população.
Foi realizado 1 (um) grupo focal que durou aproximadamente 1 hora e 30
minutos, com 5 (cinco) assistentes sociais de serviços de CAPS de 1(um) Distrito
Sanitário da cidade do Recife, sendo 1(um) CAPSi - infantojuvenil, que atende crianças
e adolescentes de 0 a 15 anos incompletos, 1(um) CAPS tipo II – que atende adultos
com transtornos mentais e 1(um) CAPSad – álcool e drogas, que atende usuários com
transtornos mentais decorrentes do uso de substâncias psicoativas.
Como critério de inclusão para participação na pesquisa, a profissional deveria
estar lotado em serviço de Centro de Atenção Psicossocial há pelo menos 2 anos.
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Como critério de exclusão, não pôde participar do grupo focal, assistentes sociais de
outros serviços de saúde que não os de CAPS, mesmo que da área de saúde mental.
Pelo fato do trabalho realizado em CAPS ser considerado específico e repleto de
particularidades.
A análise dos dados utilizada compreende o bojo da análise de conteúdo, que,
segundo Franco (2003, p. 20), “permite ao pesquisador fazer inferências sobre
qualquer um dos elementos de comunicação”. Este tipo de análise tem como partida a
“mensagem”, assim, foi possível estabelecer uma relação entre os dados obtidos com
a realização do grupo focal, entendendo que as falas dos profissionais transmitem a
mensagem a respeito do problema de pesquisa em questão.
O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética do Complexo Hospitalar
HUOC/ PROCAPE da Faculdade de Ciências Medicas de Pernambuco (FCM) da
Universidade de Pernambuco (UPE) em 18 de setembro de 2014, com parecer CEP nº
812.541, sob CAAE: 36395914.6.0000.5192, aprovado em reunião de 28 de outubro de
2014 e homologado em 30 de outubro do mesmo ano.
4. A prática do Serviço Social em Serviços de Saúde Mental em um Distrito Sanitário
de Recife: problematizando saberes e desafios
4.1. Concepção sobre a atuação do Serviço Social nos Centros de Atenção
Psicossocial: desafios da prática interdisciplinar
O grupo focal foi iniciado com a discussão acerca da compreensão sobre a
intervenção do Serviço Social na Saúde Mental. Foi pedido que as participantes do
grupo ficassem bem à vontade para expressar suas opiniões e esclarecido que o
objetivo maior seria a troca de saberes e experiências, para que assim a pesquisa
pudesse atingir não somente o seu objetivo em si, mas também possibilitar um espaço
de debate entre profissionais de uma mesma área de atuação.
Para uma profissional presente, a saúde mental:
[...] é mais um campo de atuação, a presença do assistente social na saúde
mental, principalmente trabalhando nos CAPS (...) os CAPS são modelos
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substitutivos, então é uma nova proposta e o Serviço Social integrando as
equipes ele também vem dentro destas ações né, eu acho importante
porque eu acho que tem pouca coisa do Serviço Social mesmo na área de
saúde mental. (Participante 01)
Quando se trata da discussão sobre a prática profissional do assistente social na
saúde mental, percebe-se até mesmo um desconhecimento por parte de alguns
profissionais sobre o papel do Serviço Social diante da lógica psicossocial que perpassa
as intervenções no CAPS. Como podemos ver na seguinte fala:
[...] a discussão maior do Serviço Social no CAPS, na prática né, como é que é
focada a nossa prática no CAPS? Será que a gente não tá se perdendo
dentro do CAPS, da nossa prática? Que quando eu cheguei e comecei a
trabalhar, eu achei, assim, muito levada para área psicológica. Como nos
nossos estudos sobre a área diz que é uma prática psicologizante do
assistente social, aí eu vejo a gente, pelo menos na minha prática, um pouco
perdida dentro dessa lógica psicologizante, o trabalho do assistente social
um pouco perdido. (Participante 02)
A incerteza quanto à atuação profissional, presente no relato acima exposto,
representa a complexidade de um campo de atuação que fortalece os saberes voltados
para a atuação clínica. Robaina (2010) refere que, no Brasil, diante dos processos
societários
que
culminaram
na
Reforma
Psiquiátrica
e
na
lógica
de
desinstitucionalização das pessoas com transtornos mentais, antes enclausuradas em
hospitais psiquiátricos e agora tratadas em serviços de bases territoriais, terminou-se
por repercutir uma hegemonia dos saberes “psi”, presentes nas nomenclaturas e na
lógica de tratamento nos CAPS1.
As discussões abaixo, acerca da requisição de participação de assistentes sociais
em Grupos Operativos também exemplificam tal hegemonia:
Quando eu cheguei, pediram que eu fizesse grupo operativo, o que o
Serviço Social faz dentro do grupo operativo? No primeiro momento seria
eu só com uma ARD, um agente redutor de danos, mas deu trabalho para
fazer a coordenação entender que não seria uma prática do serviço social, e
assim, e foi porque eu e outra assistente social colocamos isso em questão,
entendeu, e até o momento estava se fazendo e ninguém questionava nada,
mas aí a gente disse que não era uma prática do serviço social, essa foi uma
requisição que foi da gente. (Participante 02)
[...] uma vez, eles me pediram para entrar no grupo operativo com uma
residente de psicologia, apesar de saber que a residente é um profissional.
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Algumas nomenclaturas que remetem aos saberes psi, segundo Robaina (2010): Centro de Atenção
Psicossocial, Projeto Terapêutico Singular, grupos terapêuticos, oficinas terapêuticas.
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Mas eu seria a profissional do Caps que estaria junto com a residente e aí eu
disse que não entrava, não é por desmerecimento da residente, mas eu sei
que o grupo operativo, ele pode sair por uma linha e eu sou a profissional
do Caps né, então eu disse que não entraria, e sem nenhum estresse, a
residente não ficou com raiva de mim, a psicóloga entrou junto com a
residente e eu entrei também e foi um grupo muito tranquilo. (Participante
03)
Diante deste contexto, ainda segundo Robaina (2010), existem duas matrizes de
atuação do assistente social na saúde mental. A primeira é voltada para o serviço social
e a atividade “clínica”, na qual o Serviço Social acaba por se subordinar pela força
hegemônica dos saberes “psi” e, assim, acaba por trair o mandato social da profissão,
o Projeto Ético Político Profissional e, ainda, deixa uma lacuna na Reforma Psiquiátrica,
na medida em que priva o campo da saúde mental das contribuições que a profissão
poderia oferecer na perspectiva de fortalecimento dos sujeitos.
Por outro lado, a segunda matriz é pautada na atuação que prioriza a identidade
profissional e a autonomia técnica do Serviço Social, e possibilita contribuir ao
identificar os determinantes sociais que perpassam as expressões da questão social na
saúde mental, sem negar a interdisciplinaridade (ROBAINA, 2010).
[...] eu vim para cá ouvindo muito dessa história do CAPS ser psicologizante
no Serviço Social, mas assim, uma coisa que eu procurei ampliar a visão é o
seguinte, para qualquer lugar que você for trabalhar, eu vou procurar
conhecer, então eu tenho que me situar onde eu estou e eu acho que se
isso vale para qualquer outro serviço, eu tenho que ter um mínimo de
conhecimento. (Participante 5).
Durante o debate, as profissionais destacaram a importância de apreender as
demandas e determinantes sociais postos no cotidiano profissional do Serviço Social e,
ainda, necessidade de se conhecer minimamente o objeto de intervenção de cada
profissão para que, assim, quando uma demanda seja solicitada, possa-se identificar e
encaminhar aos demais profissionais que lhe competem. Como é possível perceber nos
relatos abaixo:
[...] porque a gente escuta o usuário, mas eu acho que a gente chega um
certo momento que a gente tem que direcionar pra psicóloga, pra
enfermeira, pro médico, o que é de cada um como os outros, as outras
profissões direcionam pra o serviço social o que é dentro de um CAPS que
seja uma função do assistente social [...] Mas eu acho que a gente tem a
obrigação de dar esse limite mesmo dentro do serviço: eu não sou
psicóloga, eu não sou enfermeira, eu não sou T.O., eu não sou médica, eu
sou assistente social então tem algumas coisas que o assistente social faz e
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tem algumas coisas que o assistente social não faz, como o enfermeiro não
faz, como o T.O. não faz, como o psicólogo não faz (Participante 3)
Mas o marco, que é feito em relação ao núcleo do saber do serviço social,
que assim, eu acho muito claro, e na medida em que é claro pra a gente, a
gente compõe um grupo e é respeitado pelo grupo, é uma das coisas que
me chama atenção aqui, então, por exemplo, se até o próprio médico faz
assim: essa é uma questão social, então: uma das meninas do serviço social.
(Participante 5).
O fato de, na saúde mental, a prática ser aliada à lógica da interdisciplinaridade
não exclui as responsabilidades e intervenções específicas de cada profissão, tal como
preconiza a Lei de Regulamentação da Profissão, que especifica competências e
atribuições privativas do Serviço Social.
Conforme aponta Machado (2009, p. 244):
O trabalho “interprofissional” exige que os profissionais trabalhem na lógica
de interdependência, da integralidade e com plasticidade, o que significa
reconhecer que seus conhecimentos específicos e suas práticas
correspondem a uma parte da totalidade. Esta perspectiva rompe com
posturas “unidisciplinares” onipotentes, cedendo espaço para
estabelecimento de relações mais horizontais e democráticas entre os
saberes e intervenções das diversas profissões.
Desta forma, atuar de forma interdisciplinar não remete à obrigação da
aceitação de que a prática seja reduzida à polivalência, flexibilizada e diluída entre os
diversos saberes e especificidades, e se isso ocorre, alcança-se o objetivo do projeto
neoliberal que avança na lógica da reestruturação produtiva aos serviços (MACHADO,
2009).
Sobre a interdisciplinaridade no trabalho desenvolvido nos Centros de Atenção
Psicossocial, destacam-se as seguintes falas das participantes do grupo focal:
Dentro do CAPS essa interdisciplinaridade é mais clara do que em um
ambiente hospitalar, assim, do profissional, um considerar o saber do outro,
é mais claro no CAPS, quando eu cheguei, eu achei lindo isso! (Participante
2)
Eu acho que a gente não pode negar que tem o meu núcleo de saber, que
tem questões que me competem e que tem o núcleo de saber do outro, e
dentro da saúde mental acho que tem um campo do saber que é de todos,
por exemplo, eu que trabalho campo da saúde mental eu não posso deixar
de compreender o que é que é esquizofrenia, como é que ela se manifesta,
o que é que é um bipolar, enfim... compreender um pouco destas questões
que envolvem o transtorno, eu acho que eu tenho! (Participante 4)
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Para Bisneto (2005), apesar da valorização do “social” pela Reforma Psiquiátrica,
as categorias “psi”, detentoras da hegemonia na Saúde Mental, não desejam abrir mão
de seu espaço corporativo e assim, tomam o “social” como fruto de eventos
desencadeantes e não como fruto da reprodução das relações sociais na sociedade
capitalista, produtora de luta de classes. Neste sentido, faz-se necessário que o Serviço
Social busque a construção de alianças com categorias profissionais e/ou pessoas
progressistas, a fim de oferecer uma melhor assistência.
O Serviço Social, com seu saber interventivo nas expressões da questão social se
depara, muitas vezes, com situações de extrema vulnerabilidade. E no campo de
intervenção da saúde mental, mais especificamente nos CAPS, as decisões são
tomadas pela equipe de profissionais, chamada de equipe técnica, percebe-se uma
disputa
política-ideológica
entre
os
diversos
saberes
que
repercutem
na
operacionalização das ações desenvolvidas na instituição.
Como discutido anteriormente, o modelo médico é ainda hegemônico no SUS e o
Serviço Social tem o papel de problematizar as discussões com vistas às garantias de
direitos sociais aos usuários, como podemos ver nos relatos abaixo:
[...] quando a gente vai discutir assim, por exemplo, algum usuário está com
uma demanda de um beneficio, aí, tem os motivos secundários, será que
isso vai ser bom? Será que não vai? Aí o médico começa assim meio
resistente, porque é ele quem vai dar o atestado, e aí quando a gente entra,
a gente vai fundamentar o que é que a gente acha, por que é que teria,
porque mesmo que tenha o ganho secundário, a gente tem que olhar na
perspectiva do direito, aí a gente percebe assim como é que a gente
consegue ampliar um pouco esse horizonte daí, essa é uma das situações,
são varias situações, por exemplo, em que a gente faz a visita e que a gente
traz o conteúdo dessa dinâmica familiar, é muito interessante, porque a
equipe assim, ela revê um pouco, porque antes ela estava com um
posicionamento e na hora em que a gente traz, muda. A gente vai lá pra
dialética né e sai da aparência. A gente amplia, a gente aprofunda.
(Participante 5)
[...] a gente tem uma grande responsabilidade, enquanto assistente social,
que é de ampliar a clínica mesmo, a clínica ampliada que se fala tanto, eu
acho que a gente tem isso na nossa essência de formação, é para trazer a
discussão para a ampliação dessa clínica. (Participante 4)
A pesquisa mostrou que, no CAPS, o termo “ganhos secundários” é comumente
ouvido e reproduzido por profissionais quando se percebe que um usuário busca o
serviço com vistas à obtenção de laudo médico ou parecer para aquisição de
15
benefícios da previdência ou assistência social. Assim, estes “ganhos” passam a ser
entendidos como “interesses” que alguns usuários apresentam nos serviços das
diversas políticas sociais a fim de benefícios próprios.
Tal ocorrência se dá com frequência nos serviços pelo foco nas dimensões
subjetivas da vida social, quando diante da complexidade da vida humana, segundo
Sousa (2008), deve-se buscar compreender as particularidades de determinadas
situações através da relação entre as dimensões subjetivas e universais.
Esta
intervenção é possível graças à formação crítica do profissional de Serviço Social, que
permite ir além da aparência e da imediaticidade posta pela possível existência dos
mencionados “ganhos secundários”.
4.2. Formação para atuação na área de Saúde Mental
A produção teórica do Serviço Social sobre a área de Saúde Mental pode ser
considerada incipiente. Patriota et al (2010), em pesquisa realizada na Universidade
Estadual da Paraíba, constatou que a saúde mental é pouco discutida e não aparece
nos componentes curriculares oferecidos aos estudantes de Serviço Social, e estes por
sua vez, ao serem entrevistados, demonstraram um conhecimento superficial sobre o
assunto, o que acaba por acarretar um arcabouço teórico insuficiente sobre saúde
mental e reforma psiquiátrica para atuação na área.
A fim de exemplo desta realidade, no grupo focal, quando indagadas se tiveram,
durante a graduação, conteúdos teóricos que subsidiaram ou nortearam sobre a
Política de Saúde Mental, todas as profissionais relataram a invisibilidade da temática
durante a formação profissional. Destacam-se abaixo três depoimentos sobre tal
questão:
Hoje em dia tem uma eletiva que você discute saúde, saúde mental, no meu
tempo não discutia saúde. Até porque hoje em dia eu recebo estagiário, né,
o pessoal ainda chega muito verde em relação à saúde, muito verde, de
achar que o SUS é a fila do hospital da restauração né, de a gente estar
discutindo isso, porque a graduação ainda está deixando muito a desejar e
na área de saúde mental, coitadinhos! (Participante 3)
Se o curso de medicina o pessoal fica totalmente alheio à questão de
psiquiatria, o serviço social então... (Participante 4)
16
A maioria das assistentes sociais entrevistadas desempenham orientação e
supervisão de estágio, não só a alunos do curso de Serviço Social, como também a
alunos de outros cursos da área de saúde, participantes do PET-Saúde e PET-Redes2,
como também exercem atividade de preceptoria a residentes, e percebem o
desconhecimento sobre a saúde mental, seja do entendimento da Política ou dos
conceitos a respeito do tema.
Ainda sobre a experiência de estágio:
[...] em relação à formação, em relação ao curso, quando eu fiz, logicamente
não tinha isso né, eu terminei no final da década de 80, aí a gente ainda
estava nessa história da Constituinte, logicamente, toda essa legislação que
a gente tem hoje, a gente não tinha na época, mas assim, tem uma coisa
que eu destaco, muito positiva na minha formação, foi a exigência da dupla
de supervisoras de estágio, porque assim, o nível de exigência era tão alto,
tão alto, que eu acho que foi aquele nível de exigência que fez eu buscar.
(Participante 5)
Percebe-se no relato acima que o estágio aparece como um importante
elemento de experiência, na medida em que ele possibilita ao estudante de Serviço
Social uma apropriação maior na área específica a qual ele passa a intervir. Assim, as
práticas desenvolvidas pelo estagiário devem possibilitar e exercitar a compreensão
das dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa. De tal forma
que o estudante em formação possa ser capaz de identificar as mediações, entre o
singular e o universal, presentes na realidade (SILVA, HILLESHEIM, SOARES, 2009).
Sobre a produção acadêmica, participação em Congressos e demais atividades
científicas, foi destacado pelas assistentes sociais do grupo a dificuldade de participar
de tais atividades.
Na verdade há uma sobrecarga, essas atualizações, essas conferências,
soam para a gente como uma sobrecarga ao trabalho. (Participante 2)
[...] é uma quantidade muito grande de material para evoluir e a gente passa
a ser engolida pela rotina mesmo. Eu acho que a gente trabalha muito, a
gente trabalha bem, e às vezes sistematiza pouco, e não tem como utilizar o
horário de trabalho (Participante 3)
2
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) e Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde (PET-Saúde) Redes de Atenção.
17
A sistematização é um recurso capaz de ressaltar a dimensão crítico-investigativa
da profissão, que deriva do processo de trabalho coletivo efetivado nas diversas
instituições das políticas sociais. É através da realização da sistematização que se pode
exercitar uma ação contínua de reflexão acerca do trabalho profissional e das
respostas sócio-institucionais frente às demandas advindas das relações sociais
(ALMEIDA, 2009).
[...] eu acho que para mim isso ainda é um desafio, porque eu acho que a
gente tem material, eu acho que a gente tem uma prática, a gente teria o
que mostrar, mas é aquela coisa, deixa passar, você faz uma prática, é uma
prática que assim, na hora que você sistematiza, você está revendo algumas
coisas, você está refletindo, você pode melhorar, você está contribuindo
para a formação profissional e para a sua inclusive, porque você pode
melhorar a sua prática, mas eu acho que assim a gente, não sei se a gente
entra muito nessa questão de correria de dia-a-dia do sistema, assim, você
se sente engolido (Participante 5)
Sousa (2008) argumenta que, ao atuar de forma direta no cotidiano e com uma
população em situação de vulnerabilidade, o assistente social passa a ocupar um lugar
privilegiado, tendo possibilidade de problematizar tal realidade. E será este
conhecimento que lhe dará base para atuação e será seu instrumento de trabalho,
portanto é necessário que se exercite o processo de qualificação de forma sistemática.
A atividade de estudo e pesquisa não deve ser um hábito somente da graduação
e da academia como um todo, para não recair no erro de se acostumar com as rotinas
institucionais, à reprodução mecânica das práticas, de tal forma que não gere
mudanças na realidade social dos usuários, dos serviços, e também na própria inserção
da profissão no mercado de trabalho (SOUSA, 2008).
Eu acho também que é uma questão pessoal de cada um, porque tem
pessoas que estão fazendo doutorado e mestrado, também é uma questão
de escolha e de tempo singular de cada um. Se eu tivesse um trabalho só,
um turno só, com certeza eu estaria em outra situação. (Participante 4)
As participantes do grupo relataram que se sentem sobrecarregadas diante da
demanda de trabalho grande aliada à precarização dos recursos e serviços, gera
inclusive uma sobrecarga de atividades, nas quais muitas relatam não conseguir dar
conta no espaço institucional, tendo que levar algumas atividades que desempenham
no serviço para realizar em suas casas.
18
[...] são inúmeros e inúmeros relatórios! A gente aqui dá plantão no final de
semana e, às vezes, eu acho que é bom dar plantão, porque você adianta
um bocado de coisa. Eu nunca fiz um relatório ou um parecer social aqui
dentro do CAPS que não fosse ao final de semana, ou eu pego tudo que eu
quero e levo para minha casa ou trago meu computador para aqui nos finais
de semana, que eu estou de plantão, e faço. (Participante 3)
Além disto, a maioria das profissionais do grupo pesquisa possuía mais de um
vínculo institucional, e, geralmente, este outro vínculo também na área de saúde.
Assim, foi discutido que a precarização nos serviços de saúde tem repercussões diretas
no trabalho das assistentes sociais.
4.3. Ações realizadas pelo Serviço Social em Centros de Atenção Psicossocial
Ao atuar na área de saúde, o Serviço Social atende demandas que lhes são postas
advindas de uma série de fatores condicionantes, as quais exigem uma análise crítica
da realidade e uma intervenção pautada na lógica do direito, do acesso à informação,
na perspectiva da prevenção e promoção da saúde e não no atendimento à
imediaticidade, à lógica curativa, tão amplamente priorizada pelo modelo biomédico
(LANZA, CAMPANUCCI, BALDOW, 2012).
Para Costa (2008), o SUS, ao passo que logrou se organizar de modo a atender às
lutas históricas do movimento sanitarista, tais como a universalidade, a integralidade e
a participação social, não conseguiu ainda superar contradições como: a lógica da
burocratização, a precariedade dos recursos, a relação entre quantidade e qualidade
da atenção, o que leva à questão da produtividade dos serviços, e a centralidade na
assistência médica curativa e individual.
A respeito das demandas solicitadas ao profissional de Serviço Social nos CAPS,
as participantes do grupo focal sinalizaram a realização de atividades como:
acolhimento, visitas domiciliares e institucionais, realização de grupos sobre direitos
sociais e noções de cidadania com os usuários; o atendimento específico à família, que
também pode ser feito em grupos, assembleias com usuários e a elaboração de
relatórios e pareceres sociais.
No entanto, a atividade que pareceu gerar maior divergência foi o
acompanhamento de usuários na qualidade de Técnica de Referência (T.R.).
19
[...] querem que a gente fique com TR, tendo cuidado no usuário, e as
nossas outras coisas que precisamos fazer como a gente vinha falando, mais
focado na nossa prática, que horas é que eu vou fazer isso? Eu tenho que ter
aquele horário para isso, já está muito, assim, apertado, tanto é que eu
quase não consigo sair de lá. (Participante 02)
[...] a gente aqui é TR também. Uma vez eu queria até fazer uma proposta
de que assistente social não fosse TR, porque, além dos nossos, qualquer
parecer social é feito pela assistente social, se tem uma questão de família,
daquele TR de outra pessoa, chama o assistente social. Eu acho até que por
causa das demandas paralelas, a gente devia ter um número de usuários
menor. (Participante 03)
Ainda bem que você não propôs, porque eu discordaria. (sobre a
possibilidade de assistente social não ser TR) (Participante 04)
Para Goldberg (2001, p.41), técnico de referência é “a pessoa da equipe que se
ocupará do acompanhamento sem que participe diretamente de atividades de
atendimento grupal ou individual”. E a atuação do assistente social em tal função gera
certa discussão pelas dimensões que a perpassam, uma vez que o usuário deve ser
atendido sistematicamente pelo seu TR, mas a superlotação dos serviços gera uma
número desproporcional de usuários para cada profissional, e acrescenta-se que ao
assistente social se aplicam também as ações que devem ser realizadas para fora dos
muros do CAPS, nos territórios, tais como: visitas domiciliares e institucionais e, ainda,
o desempenho de atividades que propiciem o controle social, articulação com
movimentos sociais e entidades da sociedade civil.
Deste modo, faz-se importante destacar que, nos Centros de Atenção
Psicossocial, o Serviço Social desempenha importantes ações que dialogam com a base
legal da profissão, na medida em que a atuação do assistente social é regida pela Lei
de Regulamentação da Profissão de nº 8.662/1993, é também direcionada pelos
preceitos éticos preconizados pelo Código de Ética Profissional, quanto pelo
compromisso de emancipação legitimado pelo Projeto Ético Político e ainda, na saúde,
deve seguir os Parâmetros pra Atuação do Assistente Social na Saúde.
[...] eu acho que a gente constrói a ação em qualquer lugar, o Serviço Social
sempre é questionado né, o que é do Serviço Social, a gente tem que
centrar, assim, discutir e conhecer para definir qual vai ser a ação.
(Participante 1)
20
Esta construção do processo interventivo, presente no relato acima, não ocorre
de forma centrada apenas na prática do Serviço Social, é importante construir as ações
diante das finalidades a que se objetivam, aos usuários que irão recebê-las e à
instituição na qual será efetivada. Tais ações podem ser difíceis de serem apreendidas,
na medida em que acabam por se revestir de características diversas (MIOTO E LIMA,
2009).
É nesse sentido que Prates (2003, p. 2) destaca a importância de se refletir sobre
a práxis profissional, pois “analisar, interpretar em conjunto com os sujeitos usuários a
realidade da qual somos parte já constitui processo interventivo”.
[...] o assistente social, partindo das demandas postas pelos sujeitos, sejam
elas de caráter coletivo ou singular, da finalidade assumida como horizonte
para suas ações e localizado no seu espaço sócio-ocupacional, define tanto o
objetivo como o caráter da ação a ser empreendida; e para a sua realização,
define formas de abordagem, instrumentos técnico-operativos e recursos.
(MIOTO E NOGUEIRA, 2009, p. 236-237).
Ao analisar as atividades, objetivos e instrumentos utilizados nas ações, percebese que elas se relacionam com o que preconiza a Lei de Regulamentação da Profissão e
que nenhuma ação desempenhada pelo Serviço Social está na direção oposta do que
preconiza a Lei.
A pesquisa demonstrou que a visita domiciliar, por exemplo, é necessária para
viabilizar a identificação da situação demandada pelo usuário e familiares à instituição
e compreende o registro das informações, dos fatores socioeconômicos, bem como
dos aspectos da dinâmica familiar, que possam dificultar a continuidade do tratamento
dos usuários no CAPS. O conteúdo da visita é socializado em livros da equipe técnica
bem como no prontuário do usuário, e assim, os profissionais passam a ter uma maior
apropriação para atuar diante de determinado caso clínico. Tal atividade dialoga
diretamente com a Lei 8.662, em seu artigo 4º, sobre as competências do assistente
social, nos seguintes parágrafos:
V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido
de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na
defesa de seus direitos;
XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de
benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e
indireta, empresas privadas e outras entidades.
21
A atividade em grupos, citadas pelas profissionais da pesquisa, sejam eles grupos
direcionados para os usuários ou para familiares, como também os atendimentos
individuais a estes mesmos sujeitos, tem em seu conteúdo: a oferta de orientação
sobre Leis e benefícios da Seguridade Social; sobre os serviços ofertados no próprio
CAPS, também a disseminação da informação sobre serviços oferecidos por outras
instituições (e para tal é necessário o dialogo intersetorial e o conhecimento da Rede
Socioassistencial, que pode ser feito através da atividade de visita institucional); a
realização de encaminhamentos às instituições; e orientações sobre os procedimentos
e trâmites institucionais aos usuários. Mais uma vez, tais atividades estão em
consonância com a Lei 8.862, art. 4º - III: “encaminhar providências, e prestar
orientação social a indivíduos, grupos e à população”.
Bisneto (2005, p. 121) refere que:
A busca da autonomia dos técnicos se dá em detrimento das forças
homogeneizantes em Saúde Mental. Há que se buscar um consenso entre
técnicos, dirigentes, donos, usuários, familiares e o contexto em que se
atua. A pluralidade de interesses de poderes e de ideias em Saúde Mental
propicia que o Serviço Social tenha seu espaço, o seu grau de autonomia,
desde que saiba interpretar o mosaico institucional. As políticas sociais,
quando impostas de cima, podem ser modificadas pelos técnicos quando
eles têm um conselho profissional que zela pela profissão: um regulamento
da categoria, um código de ética, uma profissão organizada.
Assim, a partir do momento em que se reflete sobre a prática profissional e suas
bases conceituais e legais, o profissional de Serviço Social se fortalece para atuação na
Saúde Mental, não apenas em seu núcleo profissional, mas também no campo mais
amplo na qualidade trabalhador da Saúde.
4.4. Desafios para atuação do Serviço Social na Saúde Mental
Robaina (2010) destaca os desafios postos à profissão no trabalho com a
atenção psicossocial. São eles: O trabalho com as famílias e a necessidade de que se
promova um tensionamento no cotidiano dos serviços acerca do conceito de família; a
atuação no território com a possibilidade de se realizar a articulação com as lideranças
e equipamentos comunitários; a promoção da geração de renda e trabalho nos
serviços, através de discussões sobre as relações de trabalho, do valor de uso e de
22
troca do produto das oficinas; a participação enquanto trabalhador social no Controle
Social, nas Assembleias, Conselhos e Conferências; e a garantia de acesso aos direitos
sociais.
Para as profissionais entrevistadas, a saúde mental e o usuário com transtorno
mental têm ficado invisíveis aos olhos do poder público. Para elas, foi identificado
como desafio central o atual momento vivido pela saúde mental em Recife, na qual
vem ocorrendo um desmonte e precarização dos serviços de saúde.
Eu acho que a gente tem que pressionar, assim, a gente teve uma luta, uma
mudança de gestão, porque quando eles vieram, preconizaram que em
alguns Caps não ia haver coordenação, e assim, quando houve essa
mudança de gestão, os CAPS da saúde mental do Recife, a gente se
organizou e fez um documento de próprio punho para reivindicar algumas
coisas e a gente tem que continuar fazendo esse movimento, e a luta do
serviço social. (...)a gente está vendo a questão da precarização da saúde e
que a área mental não tem muita visibilidade. (Participante 1)
Eu acho que o desafio da assistente social dentro da saúde, eu acho que não
diferencia do profissional de saúde, de qualquer que seja a categoria, eu
acho que não diferencia, eu acho que a gente tem que continuar na aposta
do trabalho interdisciplinar, eu acho que a gente tem uma responsabilidade
muito grande. (...) eu acho que todos os profissionais da saúde mental estão
sobrecarregados, eles estão desgastados, eles estão mal remunerados na
saúde mental, porque eu acho que eles estão em uma dimensão do não
reconhecimento, além disso, o usuário de transtorno, parece que é invisível.
(Participante 4)
A precarização do trabalho e o desemprego estrutural caracterizam o padrão da
acumulação flexível, que incidem nas relações sociais e repercutem na gestão das
forças de trabalho e no planejamento e organização das políticas sociais. Assim, os
rebatimentos nas condições e relações de trabalho dos assistentes sociais são
expressões da precariedade do trabalho (CEOLIN, 2014).
A falta de recursos e de incentivo profissional por parte da gestão governamental
foi destacada por todas as profissionais participantes da pesquisa como um fato
dificultador para a operacionalização do trabalho. Assim como a invisibilidade do
usuário com transtorno mental e da Política de Saúde Mental como um todo no estado
de Pernambuco.
Tais opiniões refletem o movimento atual da contrarreforma do Estado e seu
avanço na saúde, diante da qual é necessário que se consolidem as lutas dos agentes
23
que fazem a Reforma Sanitária e Psiquiátrica, é preciso que os trabalhadores da saúde
mental possam dialogar em conjunto e unir forças sociais frente ao avanço do Capital e
da lógica neoliberal que avança de forma a privilegiar a burocratização dos serviços e a
tolher direitos dos trabalhadores atuantes no campo.
5. Considerações Finais
A saúde mental, no âmbito das políticas da saúde, vem sofrendo com o avanço
neoliberal e o desmonte da seguridade social. No entanto, tem apresentado um
avanço significante no campo da formulação da política, assim como outras políticas,
como: SUAS; políticas de gênero; políticas para juventude, urbana etc., e, nesta
medida, tem ampliado as demandas ao Serviço Social (MOTA, 2014). Estabelece-se,
assim, como importante área de atuação, tendo em vista a significância que
representa no escopo da Reforma Psiquiátrica.
Os usuários com transtorno metal, historicamente, sofreram com o estigma da
loucura, associando-se a este as precárias conduções de tratamento, e é neste
contexto que os Centros de Atenção Psicossocial apresentam significância, na medida
em pregam o cuidado humanizado no território do qual o usuário pertence e
estabelece suas relações sociais.
É necessário que o Serviço Social, atuante na área de saúde, possa problematizar
as demandas e as intervenções que se fazem necessárias, a fim de viabilizar o acesso
aos direitos dos usuários com transtorno mental. A prática deve tornar-se um exercício
constante de análise crítica para que assim a profissão possa, além de garantir a
qualidade no atendimento aos usuários, se fortalecer enquanto categoria profissional
atuante na área de saúde mental, diante da hegemonia dos saberes “psi” na área.
Entender a lógica do trabalho interdisciplinar, sem perder as diretrizes
norteadoras da profissão, analisar os determinantes e a lógica institucional dos
serviços substitutivos, não se submetendo a práticas burocráticas e rotineiras e
atualizar a compreensão de conceitos legitimadores da Reforma Psquiátrica, tais
como: clínica ampliada e reabilitação psicossocial, são preceitos essenciais para que o
profissional exerça uma prática crítica e propositiva.
24
Portanto, é de extrema importância refletir sobre a atuação dos assistentes
sociais nos serviços que compõem a Rede de Atenção Psicossocial - RAPS, uma vez que
este profissional é capacitado para intervenção nas expressões da questão social e
através do trabalho em articulação com a rede socioassistencial pode contribuir para a
promoção da autonomia e reinserção da pessoa com transtorno mental em seu
território e na sociedade como um todo.
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em:
<http://www.prof.joaodantas.nom.br/materialdidatico/material/1__O_significado_socio-_historico_da_profissao.pdf>. Acesso em: 17 de fevereiro de
2015.
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