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Parto normal: mais segurança para a mãe e o bebê
Cirurgia cesariana pode trazer mais complicações
e uma pior recuperação pós-parto
São nove meses de expectativa! Durante a gestação, a barriga cresce e a
mãe se prepara para o nascimento da criança. Nas consultas de pré-natal, ela
obtém informações sobre um parto seguro. É a oportunidade de confirmar que,
embora a cesariana seja indicada em determinados casos, o método natural
continua sendo a melhor forma de dar à luz. Mesmo assim, o País registra muito
mais cesarianas do que os 15% recomendados pela Organização Mundial da
Saúde (OMS). A taxa nacional é de 39% e em todos os estados das regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste esse índice é superior a 40% – segundo dados de 2002
do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc).
Os benefícios do parto normal são inúmeros, tanto para a mãe como para
seu bebê. Vão desde uma melhor recuperação da mulher e redução dos riscos de
infecção hospitalar até uma incidência menor de desconforto respiratório do bebê.
A técnica do Programa Nacional de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde
Daphne Rattner lembra que a cesariana também pode interferir no vínculo
estabelecido entre a mãe e o filho durante o parto. “Se, logo após o parto, o
neném é acolhido e abraçado pela mãe, nesse momento se estabelece o vínculo
maternal”, observa Daphne. “Após a cirurgia, pegar o neném no colo é dolorido e,
como o bebê geralmente é levado para observação, a instalação do vínculo pode
demorar mais”, completa.
Na cesariana, também é mais freqüente a ocorrência de infecção e
hemorragias, além da possibilidade de laceração acidental de algum órgão, como
bexiga, uretra e artérias, ou até mesmo do bebê, durante o corte do útero. A
gestante pode, ainda, ter problemas de cicatrização capazes de afetar a próxima
gravidez. A freqüência dessa cirurgia também limita a possibilidade de opção pelo
número de filhos. “Nenhum médico deixaria uma mãe chegar a realizar seis
cesarianas; geralmente as mães são esterilizadas após a terceira cirurgia”,
assinala Daphne.
A incidência de morte materna associada à cesariana é 3,5 vezes maior do
que no método natural. “Os riscos são inerentes à própria cirurgia, a começar pela
anestesia, em que a possibilidade de uma reação é imprevisível”, afirma a técnica
da Saúde da Mulher.
As vantagens do parto normal se estendem ainda à questão financeira.
Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o método natural custa R$ 291 e a cirurgia
cesariana, R$ 402. No caso dos hospitais privados é mais difícil dimensionar essa
diferença, uma vez que o valor de cada tipo de parto varia de acordo com a diária
hospitalar cobrada. Há, ainda, o custo do tratamento das complicações, bem mais
freqüentes no parto operatório.
Indicações – Existem indicações absolutas e relativas para a realização da
cesárea. Trata-se de um procedimento importante para salvar a vida da mãe e do
bebê quando uma delas – ou as duas – está em risco. As indicações absolutas
mais tradicionais são: desproporção céfalo-pélvica (quando a cabeça do bebê é
maior do que a passagem da mãe); hemorragias no final da gestação; ocorrência
de doenças hipertensivas na mãe específicas da gravidez; bebê transverso
(atravessado); e sofrimento fetal. A ocorrência de diabete gestacional, ruptura
prematura da bolsa d’água e bebê com trabalho de parto prolongado são
consideradas indicações relativas para a cesariana.
O Ministério da Saúde acrescentou, recentemente, outra indicação para
essa cirurgia. É o caso de gestantes portadoras do vírus HIV. A cesariana passou
a ser agendada nessas situações porque se descobriu que a hora do parto é o
momento de maior troca sanguínea entre a mãe e o bebê. Dessa forma, a cirurgia
programada reduz os riscos de transmissão do vírus.
Prematuridade – A prematuridade iatrogênica – quando se agenda uma
cesariana por supor que o bebê está maduro, mas ele nasce prematuro – é uma
das grandes preocupações do Ministério da Saúde. O que assusta é o alto índice
de casos nos hospitais privados, em que as cesáreas são agendadas por
conveniência. Para evitar a prematuridade iatrogênica, sugere-se que mesmo que
seja programada uma cesárea desnecessária, a mãe espere entrar em trabalho de
parto, pois esse seria um sinal de que o bebê está pronto para nascer.
Segundo pesquisa realizada no Rio de Janeiro e publicada em 2004, há
uma maior incidência de partos normais nos hospitais públicos do que nos
conveniados ao SUS ou privados. “Há muitos casos de mulheres, com poder
aquisitivo alto, que agendam uma cesariana acreditando fazer o melhor para seus
filhos”, observa Daphne. Caso nasça prematuro, o bebê é encaminhado para a
UTI neonatal. O bebê sai da mãe, a melhor “incubadora” em que poderia estar,
para uma incubadora mecânica, onde se exporá aos riscos de infecção e
problemas respiratórios.
Ministério combate mito de “uma vez cesárea, sempre cesárea”
No Brasil, existe o mito de que após a realização de uma cesárea as
mulheres não podem ter um parto normal. Isso ocorre pela falta de informação,
tanto das gestantes quanto de profissionais de saúde não treinados para
acompanhar um parto normal em mulheres que já tenham passado por essa
cirurgia.
Já existem estudos comprovando a possibilidade de ter filhos pela via
vaginal nesses casos. O que não se recomenda é induzir o parto. Ou seja, usar
alguma substância, geralmente a ocitocina, para acelerar o trabalho de parto,
aumentando a força das contrações e diminuindo os intervalos entre elas.
Finalmente, é importante deixar que a natureza comande o processo de
parir e de nascer, respeitando a forma natural. “O corpo da mulher tem um
conhecimento intuitivo de como ter filhos, e a forma natural de parir pode ser muito
gratificante para a mãe e seu bebê”, conclui a técnica do Programa Nacional de
Saúde da Mulher do Ministério da Saúde Daphne Rattner.
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