ANÁLISE FUNDAMENTALISTA INFOMONEY Conheça as diferenças entre as análises financeira, fundamentalista e técnica Por: Equipe InfoMoney 20/10/06 - 09h33 InfoMoney SÃO PAULO - Um dos fatores determinantes do sucesso dos melhores investidores no mercado de ações é a sua capacidade de analisar as ações de forma apropriada, o que lhes permite comprar e vender os melhores papéis no momento certo. De forma geral, podemos dizer que a análise deve ser baseada no comportamento de uma série de variáveis, não se restringindo somente à situação atual, mas também tirando lições do comportamento passado das ações e, principalmente, tentando chegar a um consenso quanto ao desempenho futuro da empresa. Desta forma, a análise se baseia em dados passados e presentes com o objetivo de determinar qual o futuro da empresa. Escolas de análise Existem duas correntes ou "escolas" básicas de análise do mercado de ações: análise financeira e fundamentalista (mais indicada para o médio e longo prazo) e análise técnica ou gráfica (mais recomendada para análises de curto prazo). De forma geral, as análises financeira e fundamentalista têm uma preocupação maior nos fundamentos da empresa, sendo adotadas pela maioria dos analistas de bancos e corretoras de valores. Já a análise técnica foca no estudo dos padrões de preços, podendo ser usada, deste modo, não somente no mercado de ações, mas para todos os ativos financeiros que tenham uma série histórica de dados. Para entender melhor o que cada tipo de análise propõe, vale a pena traçar um paralelo com um mercado que você talvez conheça melhor, o mercado de imóveis. Análise Financeira: verifique a qualidade Você não compraria um imóvel sem antes checar coisas como a sua localização, área útil, área construída, qualidade da planta, padrão de acabamento, áreas de lazer, garagens, etc. Em conjunto, essas variáveis definem se o imóvel que você quer comprar é de qualidade ou não, sem levar EM consideração o preço. Da mesma forma, a análise financeira ajuda a determinar a qualidade de uma empresa. A análise financeira baseia-se, sobretudo, na análise dos demonstrativos financeiros da empresa para determinar a sua posição financeira atual assim como desempenho futuro. Analisar os demonstrativos financeiros da empresa, deste modo, equivale a estudar a planta do seu imóvel. A planta não garante que a construção vai ser perfeita, mas dá mais segurança. Por outro lado, se existem problemas com a planta, então você pode ter certeza que haverá vazamentos, trincas, etc. Da mesma forma, os demonstrativos financeiros não garantem o desempenho futuro da empresa, mas podem trazer mais segurança quanto a sua capitalização, capacidade de gerar lucros, etc. Análise fundamentalista: levando em conta o preço uma vez que você esteja satisfeito com a qualidade do imóvel de seu interesse, então a segunda pergunta a fazer é: o vendedor está pedindo um preço justo pelo número de quartos? Ou pela área útil? Número de banheiros? Pelo número de vagas na garagem? Ou talvez pelo padrão de acabamento? Para tal, você deve comparar o imóvel que está analisando com imóveis similares no mercado. Isso dá condições para determinar se o preço que está sendo pedido é justo ou não. O mesmo ocorre com a análise fundamentalista. Para determinar o preço justo das ações da empresa, a análise fundamentalista baseia-se em múltiplos de mercado de ações de empresas similares. Os múltiplos de mercado são calculados, em sua maioria, dividindo o valor de mercado da empresa por uma série de indicadores presentes nos demonstrativos financeiros (valor patrimonial, lucro estimado, fluxo de caixa). Esses múltiplos são equivalentes aos que você calculou para o seu imóvel: Preço/Quartos, Preço/Vagas, Preço/Área etc. Assim como no exemplo do imóvel, você deve comparar os múltiplos de mercado da empresa com os múltiplos de empresas similares. Por empresas similares entendemos empresas que atuem no mesmo segmento de mercado (estejam no mesmo bairro), tenham mesma rentabilidade (mesmo número de quartos), etc. A comparação entre os múltiplos de empresas é chamada análise comparativa, que, no caso das empresas pertencerem ao mesmo setor, é denominada análise setorial. Análise técnica: comparando ao longo do tempo Se você estiver satisfeito com a qualidade (análise financeira) e preço relativo (análise fundamentalista) do seu imóvel, a última pergunta que você deve se fazer é se os níveis de preço atual para esse tipo de imóvel estão em linha com os níveis históricos. Se o preço do seu imóvel estiver bem abaixo do preço médio nos últimos cinco anos, por exemplo, isto pode indicar que é um bom momento para compra. Já um preço muito acima da média pode indicar que talvez seja melhor esperar um pouco antes de comprar. A análise técnica baseia-se no princípio de que os preços de ações se movem em tendências persistentes ao longo do tempo. Ou seja, os preços e volumes históricos de uma ação influenciam as flutuações futuras, de forma que uma vez determinada a tendência, é possível saber qual o melhor momento para comprar ou vender uma ação. Balanço patrimonial: entenda mais sobre as contas desse demonstrativo financeiro Por: Equipe InfoMoney 23/03/05 - 09h57 InfoMoney SÃO PAULO - O balanço patrimonial é um dos tipos de demonstrativos financeiros existentes, porém muito mencionado, pois serve para analisar o valor contábil de uma empresa, com base nas aplicações e origens de seus recursos em um dado momento. Os números isolados podem aparentar ter pouca utilidade, mas em forma de índices podem sinalizar aspectos como liquidez e endividamento. A estrutura do balanço é dividida em duas partes, sendo que todos os ativos ficam do lado esquerdo e os passivos e o patrimônio líquido do lado direito. As contas são classificadas em termos de prazo, sendo que as de curta maturação (os chamados circulantes) ficam na parte superior. As contas da parte inferior são aquelas de longo prazo. Ativos: aplicações de recursos Os ativos representam as aplicações de recursos da empresa, e incluem o caixa, títulos comercializáveis, os estoques, os equipamentos, etc. Eles são contabilizados na parte esquerda do balanço patrimonial. São classificados como ativos circulantes, ativos realizáveis a longo prazo e ativos permanentes, conforme o prazo de maturação do ativo. Para toda aplicação de recursos, é necessário um financiamento. Desse modo, a soma dos passivos e do patrimônio líquido de uma empresa deve sempre ser igual ao montante de seus ativos. Esta talvez seja a regra mais básica da contabilidade. Passivos e patrimônio líquido No lado direito do balanço patrimonial, ficam as contas de financiamento. Elas são divididas em passivo (capital de terceiro) e patrimônio líquido (capital próprio). A relação entre essas suas divisões é importante, pois mostra quão endividada uma empresa está. Vale citar que companhias com muito capital de terceiros, em geral, estão mais sujeitas a riscos, mas seriam financiadas a um custo menor, por outro lado. Outra análise que pode ser feita com base no balanço patrimonial é a do perfil das dívidas. É possível calcular a parcela de passivos de curto prazo no montante total, sabendo quantas contas vencerão nesse e quantas vencerão nos próximos exercícios. Outro cálculo interessante é a do capital de giro líquido, ou seja, a diferença entre os ativos circulantes da empresa e os seus passivos circulantes. A empresa precisa equilibrar os prazos de suas aplicações com o de suas origens. Indicadores e evolução das contas Embora a análise dos números isolados seja pouco usual, pois, ao contrário do demonstrativo de resultado, o balanço analisa estoques e não fluxos, é sempre interessante analisar índices derivados do balanço. Estes podem ser comparados com os de outras companhias do setor ou mesmo com os de outros anos. A evolução das contas pode ser bastante elucidativa sobre o rumo da empresa. Uma distinção importante do balanço em relação a outros demonstrativos é que ele mostra a situação da empresa em um momento específico, não se referindo a um período. Por exemplo, o balanço pode mostrar a situação em 31 de dezembro, porém não no quarto trimestre. Assim, ele é uma espécie de "fotografia" da situação da empresa, ao contrário do demonstrativo de resultados, que funciona mais como um "filme", como, por exemplo, dos fluxos, como receitas e despesas, referentes ao quarto trimestre. Por fim, vale citar que o valor contábil (o valor dos ativos do balanço patrimonial da empresa) geralmente não indica o valor real da companhia. Mesmo com limitações, o balanço patrimonial, é certamente um instrumento útil na análise da situação das empresas. Entenda o funcionamento de uma empresa analisando o demonstrativo de resultados Por: Equipe InfoMoney 22/09/06 - 11h00 InfoMoney SÃO PAULO - Conhecer a estrutura dos principais demonstrativos financeiros é um passo de suma importância para poder analisar uma empresa e, conseqüentemente, estar mais preparado na hora de investir no mercado de ações. É através dos demonstrativos que se pode analisar a situação passada da empresa e, com base nisso e em outras variáveis, buscar projetar o futuro. Para quem não está familiarizado com estes termos, vale lembrar que os principais demonstrativos financeiros de uma empresa são o balanço patrimonial, o demonstrativo de resultados - descrito abaixo - e o demonstrativo de origens e aplicação de recursos. As principais contas O demonstrativo de resultados detalha e quantifica o que a empresa recebe (receitas), o quanto gasta (despesas) e o resultado líquido dessas operações (lucro ou prejuízo) em um determinado intervalo de tempo. Com base na análise do lucro ou prejuízo da empresa, o empresário pode estimar o quanto pode retirar da companhia, ou, em caso de prejuízo, o quanto precisa investir para equilibrar sua situação financeira. Pode-se dizer que o demonstrativo de resultados é organizado de acordo com o processo de produção da empresa, como ilustrado abaixo: + Receitas brutas da empresa: o que a empresa recebe pelos produtos que vende. - Custo de produtos vendidos: despesas diretamente ligadas à produção (matérias-primas, custo de energia, etc.) - Despesas gerais e administrativas: despesas indiretamente ligadas à produção (gastos com funcionários, despesas administrativas e de vendas). - Despesas financeiras líquidas: juros relacionados à dívida que a empresa levanta para financiar suas atividades = Resultado Operacional: lucro/perda gerado pelas atividades (ou operações) da empresa + Resultado não-operacional: soma das receitas e despesas não-diretamente vinculadas às atividades da empresa, tais como ganhos ou perdas na compra de ativos ou venda de ativos. = Lucro ou prejuízo antes de impostos - Impostos e contribuições pagas: equivale a deduções de imposto de renda, etc. = Lucro Líquido: é igual aos ganhos ou perdas líquidas da empresa no exercício, é a parcela do lucro disponível aos acionistas. Dependendo de sua política da companhia, ela pode reinvestir os lucros na Empresa ou distribuir parte deles na forma de dividendos aos acionistas. Analisando o fluxo Ao contrário do balanço, que representa uma "fotografia" das atividades da empresa em uma data específica, o demonstrativo de resultados representa um "filme" das suas atividades durante o período a que se refere. Ou seja, o demonstrativo de resultados do primeiro trimestre traz o resultado acumulado no trimestre (a conta vendas, por exemplo, traz todas as vendas executadas durante todo o trimestre, e não somente no último dia do trimestre). Demonstrativo de origem e aplicação de recursos: analisando o fluxo de caixa Por: Equipe InfoMoney 25/09/06 - 11h18 InfoMoney SÃO PAULO - Além do balanço patrimonial e do demonstrativo de resultados, um importante demonstrativo utilizado pelos analistas, quando do estudo das empresas de capital aberto, é o demonstrativo de origens e aplicação de recursos. Conhecido no Brasil pela sigla DOAR, este demonstrativo é de grande utilidade para analisar a situação do fluxo de caixa de uma empresa. Através dele, fica fácil entender como circula o fluxo de caixa, que serve para identificar a forma na qual a empresa está gerando recursos (origens) e a maneira como ela está utilizando esses recursos (aplicações). Origens de recursos Uma empresa tem várias origens para os recursos que possui em caixa. Algumas destas podem ser operacionais, resultado das atividades da empresa, como o caso do lucro/prejuízo líquido do período, da redução de estoques, do atraso no pagamento de fornecedores etc. Outras origens podem ser financeiras, como o levantamento de novas dívidas, novos investimentos de capital por parte dos sócios, etc. Aplicações de recursos O mesmo raciocínio pode ser aplicado para a forma com que a empresa aplica seus recursos. Uma empresa pode aplicar os seus recursos na sua atividade operacional, o que inclui, por exemplo, os gastos com a compra de estoques, compra de máquinas, pagamento de fornecedores, aumento das vendas a prazo etc. Ou ela pode usar esses mesmos recursos para fins financeiros, como por exemplo, quitação de dívidas, pagamento de dividendos aos sócios etc. Em termos simplificados, pode ser dito que, quando as origens, ou seja, os recursos obtidos pela empresa, superam as suas aplicações, o caixa da empresa aumenta. Por outro lado, se a empresa tem aplicações maiores do que as origens em um determinado período de tempo, então nesse mesmo período o seu caixa diminui. Diferença entre Demonstrativo de Resultados e o DOAR Mas qual a diferença entre o demonstrativo de resultados e o fluxo de caixa de uma empresa? Afinal, de maneira simplificada, ambos medem o quanto esta empresa recebeu e gastou em um determinado período. A diferença é que, enquanto o demonstrativo de resultados dá uma idéia do lucro ou prejuízo da empresa, o fluxo de caixa dá uma idéia de como esses resultados estão efetivamente refletindo no caixa da empresa. Assim, a diferença entre eles é composta pelas despesas que não representam desembolso de caixa. Pois é, por mais estranho que pareça a princípio, algumas despesas servem para abater o lucro que a empresa obtém antes do pagamento de impostos, mas não têm efetivamente um impacto no caixa da empresa. Esse é o caso, por exemplo, das despesas com a depreciação de equipamentos, que não afetam o caixa da empresa, mas reduzem o lucro tributável, assim como o valor dos ativos desta empresa. Portanto, a diferença entre as duas demonstrações é que estas despesas estão incluídas no demonstrativo de resultado, mas não no fluxo de caixa da empresa. Vale lembrar que, além das demonstrações financeiras acima existem outras, como é o caso, por exemplo, da demonstração de mutações de patrimônio líquido. Análise financeira: conheça os indicadores mais usados pelos analistas Por: Equipe InfoMoney 26/09/06 - 10h07 InfoMoney SÃO PAULO - Analisar os demonstrativos financeiros de uma empresa é uma forma importante de medir seu desempenho. No entanto, a maior parte dos analistas não considera apenas os números que constam nos principais demonstrativos, como o balanço patrimonial, o demonstrativo de resultados e o demonstrativo de origem e aplicação de recursos. É através da análise de indicadores financeiros, calculados a partir dos dados disponíveis nos demonstrativos, que os analistas obtém uma fotografia mais clara da situação e desempenho recente das empresas. Dentro da análise financeira, os indicadores de uma empresa podem ser agrupados em quatro categorias. Indicadores de Rentabilidade Permitem avaliar os lucros da empresa em relação a um dado nível de vendas, ativos, e capital investido. A análise vertical (exibição dos itens do demonstrativo como porcentagem de vendas) é particularmente útil na comparação do desempenho de uma empresa entre períodos diversos. Os indicadores mais utilizados são retorno sobre patrimônio liquido, retorno sobre ativos e retorno sobre vendas (ou margem líquida). Margem Operacional - determina a porcentagem de cada real de venda que restou após a dedução de todas as despesas, à exceção do imposto de renda. É definida como resultado operacional dividido pela receita líquida de vendas. Caso uma empresa tenha um resultado operacional de R$ 10 milhões e vendas de R$ 100 milhões, a margem operacional será 10%, ou seja, a empresa ganhou R$ 10,00 (antes de imposto) para cada R$ 100,00 vendidos. Margem EBITDA - em geral, os analistas preferem essa medida ao invés da margem operacional, pois exclui despesas financeiras e depreciação. O EBITDA, expressão em inglês para lucro antes de juros impostos, depreciação e amortização, é visto como uma aproximação do impacto das vendas no caixa da empresa, de forma que a margem EBITDA dá uma idéia de retorno em termos de dinheiro em caixa. Margem Líquida - determina a porcentagem de cada real de venda que restou após a dedução de todas as despesas, inclusive o imposto de renda. É definida como lucro líquido dividido pela receita líquida de vendas. Funciona de forma semelhante à margem operacional, porém, neste caso, o lucro líquido é utilizado, já incluindo o que foi pago em impostos. Retorno sobre Patrimônio - mede o retorno para os acionistas do capital investido na empresa (calculado como lucro líquido/patrimônio líquido). Por exemplo, um lucro de R$ 20 milhões para uma empresa de R$ 100 milhões de patrimônio significa um retorno de 20% sobre o capital investido por acionistas. Esse retorno pode ser comparado com o de outras empresas (do mesmo setor), ou de outros investimentos (ex.: poupança, renda fixa etc.). Indicadores de Estrutura de Capital Permitem analisar a posição de endividamento (quanto de capital de terceiros está sendo usado para financiar a empresa), a capacidade da empresa em gerar caixa suficiente para pagar os juros e principal de suas dívidas (cobertura de juros), e/ou garantir o crescimento sustentado de suas atividades (taxa de retenção). Endividamento Total/ Patrimônio - expressa a relação entre o que a empresa deve a terceiros e o que foi investido pelos acionistas. Um índice elevado pode dificultar o levantamento de novos financiamentos, ou pressionar a capacidade de geração de caixa da empresa (já que grande parte do lucro será usada para pagar juros e principal de dívidas assumidas). Cobertura de juros - mede a capacidade da empresa de pagar os juros contratuais da sua dívida sem comprometer a sua geração de caixa. Às vezes uma empresa possui um endividamento alto, mas a sua cobertura de juros é muito boa. Nesse caso, o alto endividamento pode ser resultado da estratégia da empresa em buscar formas mais baratas de financiamento. A fórmula mais comum é a divisão do lucro antes dos juros e impostos (EBIT) pelas despesas financeiras brutas. Indicadores de Liquidez Medem a capacidade da empresa satisfazer suas obrigações de curto prazo na data de vencimento, ou seja, refere-se à solvência da situação financeira global da empresa. Os principais indicadores de liquidez são capital circulante, índice de liquidez corrente, liquidez seca e liquidez geral. Liquidez Corrente - indica o quanto a empresa tem a receber no curto prazo em relação ao quanto tem a pagar no mesmo período. É definido como ativo circulante dividido pelo passivo circulante. Em geral esperase que esse indicador esteja acima de 1, pois caso contrário a empresa pode ter dificuldades para pagar suas obrigações de curto prazo. Indicadores de Atividade São usados para medir a rapidez com que várias contas da empresa são convertidas em vendas ou caixa. Entre os indicadores mais utilizados estão: giro de caixa, giro de estoques, e período médio de cobrança. Giro de Caixa - em geral, quando o índice de liquidez corrente de uma empresa é baixo, isso significa que o giro de caixa é alto, ou seja, o dinheiro que a empresa recebe pelas suas mercadorias vendidas é rapidamente usado para financiar suas atividades. Assim como muitos dos índices aqui discutidos, recomendamos comparar o índice da empresa com o de outras empresas do setor em que atua. Os índices financeiros podem variar de setor para setor ou de acordo com as condições conjunturais (taxas de juro, crescimento da economia, etc.). Comparando empresas: entenda os indicadores fundamentalistas Por: Equipe InfoMoney 27/09/06 - 11h42 InfoMoney SÃO PAULO - A análise fundamentalista adiciona o componente preço aos indicadores financeiros da empresa. Isso porque os múltiplos de mercado em que se baseia são calculados a partir da relação entre o valor de mercado da empresa e os elementos de seu demonstrativo financeiro. Para quem não conhece, o valor de mercado é calculado multiplicando-se a quantidade total de ações pelo último preço. No caso de uma empresa com várias classes de ações (ON, PN, etc.), o valor de mercado é obtido pela soma do valor de mercado de cada classe de ações. É importante destacar que o valor de mercado, apesar do nome, pode não representar o que efetivamente vale a empresa. O preço usado no cálculo reflete apenas o último negócio realizado, que pode ter ocorrido a um preço bem diferente das expectativas dos demais acionistas da empresa. Indicadores mais utilizados Os indicadores fundamentalistas mais utilizados por analistas são o P/VPA, P/LPA, VE/EBITDA e o dividend yield. Preço/Valor Patrimonial por Ação (P/VPA) - indica quanto o mercado paga para cada real que os acionistas investiram na empresa. Por exemplo, se o P/VPA da empresa é 1,5X isso significa que o mercado está disposto a pagar R$ 1,50 por cada R$ 1,00 que os acionistas investiram na companhia. O mesmo raciocínio vale para P/VPA inferiores a um, nesse caso o mercado aplica um desconto no capital investido pelos acionistas. Preço/Lucro Líquido por ação (P/LPA) - expressa o valor de mercado da empresa em termos de seu lucro líquido. Assim como o P/VPA, quanto maior o indicador mais cara a ação está em relação a sua geração de lucro. Geralmente é recomendável fazer uma análise comparativa do P/LPA da empresa com o de empresas do setor. Dividend Yield - é calculado como a divisão entre o dividendo pago por ação nos últimos 12 meses e a última cotação da ação. Empresas que possuem um dividend yield alto tendem a ser as escolhidas por investidores que preferem retorno garantido a ganhos de capital. Usando o valor da empresa O valor da empresa é calculado como a soma entre o valor de mercado e a dívida líquida da empresa. Assim, reflete o valor total da empresa, com a soma do capital próprio (acionistas) com o de terceiros (dívida líquida). Em geral, o valor da empresa é usado no cálculo de índices relativos a vendas, EBIT e EBITDA (todos eles representam fluxos disponíveis a acionistas e credores). VE/EBITDA - é o indicador mais utilizado dentre os que utilizam o valor da empresa, usando o EBITDA, que é uma medida aproximada do fluxo de caixa operacional da empresa. Esse múltiplo relaciona valor da empresa com a sua capacidade de geração de caixa (fluxo de caixa). Esse múltiplo não se aplica a empresas financeiras, pois para essas empresas endividamento financeiro (e despesas financeiras) faz parte de suas atividades normais. Analise o setor Para saber se o indicador fundamentalista de uma empresa está alto (empresa está cara no mercado) ou baixo (empresa está barata) você precisa analisar o desempenho do indicador dessa empresa historicamente e, principalmente, em relação ao de empresas do mesmo setor. Mas atenção! Uma empresa não está necessariamente barata (ou cara), porque seus indicadores fundamentalistas estão abaixo (ou acima) da média das empresas do mesmo setor! Liquidez da ação, estrutura de capital, capacidade de geração de caixa e capacidade dos executivos, entre outros fatores, podem explicar essa avaliação. Recomendação de ações: conheça alguns dos termos mais usados pelos analistas Por: Equipe InfoMoney 20/03/07 - 11h00 InfoMoney SÃO PAULO - Na hora de acompanhar os relatórios de analistas fundamentalistas sobre empresas listadas em Bolsas, muita gente ainda mostra dúvidas em relação a alguns dos termos usados. Isso ocorre com grande freqüência, já que não existe um padrão único adotado pelos analistas. Além disso, considerando a importante participação dos investidores estrangeiros no mercado brasileiro, muitos relatórios trazem termos em inglês, muitos dos quais não têm uma tradução direta para o português. Análise relativa ou absoluta A primeira distinção que deve ser feita é checar se a análise se refere ao comportamento absoluto ou relativo do ativo. Algumas recomendações de COMPRA, por exemplo, são absolutas, ou seja, o analista espera que o preço da ação irá subir em relação à cotação atual, com possibilidade de gerar ganhos ao investidor. Por outro lado, alguns analistas utilizam uma metodologia diferente. Por exemplo, a classificação OUTPERFORM indica que a cotação do ativo em questão, na opinião do analista, deve superar algum índice de referência, como, por exemplo, o Ibovespa ou mesmo um índice setorial. A melhor forma de identificar qual o critério adotado é, de posse do relatório, checar as últimas páginas da análise, que, para a maioria das instituições que atuam neste mercado, traz uma descrição mais detalhada da metodologia e dos critérios adotados. Alguns termos em português Os termos mais usados pela maioria dos analistas que publicam seus relatórios em português são os tradicionais COMPRA, MANUTENÇÃO E VENDA. No entanto, é comum também a utilização de termos como NEUTRA ou MANTER para ativos nos quais os analistas esperam um desempenho em linha nos próximos meses. Alguns analistas também usam a expressão ATRAENTE, muitas vezes dentro de uma conceito intermediário entre MANUTENÇÃO e COMPRA. Já o termo FORTE COMPRA aparece em alguns relatórios, em geral indicando os papéis "preferidos" pelos analistas ou com potencial de valorização significativo. Outra expressão usada por muitos analistas é RESTRITO, que indica que o banco ou corretora não está divulgando sua recomendação sobre o ativo. Isso geralmente ocorre quando a instituição está trabalhando em algum projeto de finanças corporativas com a empresa, de forma que não seria ético à instituição revelar sua recomendação pois pode estar de posse de informações confidenciais. Expressões em inglês Se alguns investidores encontram dificuldades em entender as recomendações em português, o problema se agrava quando os relatórios usam termos em inglês. No entanto, assim como em português, boa parte dos relatórios em inglês usa as expressões BUY, HOLD e SELL, referindo-se, respectivamente, à COMPRA, MANUTENÇÃO E VENDA. Outra forma bastante utilizada, principalmente quando a análise é relativa a um índice de mercado ou setor, é a classificação que considera OUTPERFORM (previsão de desempenho acima do índice de referência), NEUTRAL ou PEER PERFORM (em linha) e UNDERPERFORM (expectativa de desempenho inferior ao indicador em questão). Utilizando uma metodologia similar, bastante aplicada a carteiras recomendadas, muitos analistas usam termos como OVERWEIGHT, NEUTRAL ou UNDERWEIGHT, indicando que o investidor deve aumentar sua exposição, mantê-la inalterada ou reduzi-la, respectivamente. Dentre os termos usados encontram-se também REDUCE, que geralmente equivale à VENDA, e também FULLY VALUED, muitas vezes usado entre MANUTENÇÃO e VENDA. Por fim, uma expressão muito usada, tanto em relatórios de instituições brasileiras como estrangeiras, é TOP PICK. Ela equivale, de certa forma, ao FORTE COMPRA, indicando uma ação na qual o analista mostra uma preferência, geralmente fazendo parte de uma carteira recomendada. Conheça mais sobre as vantagens e limitações do indicador P/L Por: Equipe InfoMoney 14/02/06 - 10h34 InfoMoney SÃO PAULO - Um dos indicadores mais tradicionais usados na análise fundamentalista de ações é o P/L. O indicador, que mede a relação entre o preço atual das ações e o lucro por ação acumulado nos últimos quatro trimestres, é uma medida simples de avaliação de ações. Esta simplicidade, porém, pode trazer vantagens e desvantagens. De forma simplificada, o P/L indica o quanto o investidor está disposto a pagar por real de lucros. Ou seja, um P/L de 10 indica que o preço atual da ação representa 10 vezes o lucro gerado pela empresa nos últimos quatro trimestres. Vale lembrar que alguns analistas trabalham com o conceito de P/L esperado, que considera a previsão de lucro dos próximos quatro trimestres. Medida de valor Em condições ideais, uma ação que negocia a um P/L de 15 pode ser considerada mais cara do que um papel com P/L de 10. Esta análise, porém, pode levar a conclusões errôneas no dia-a-dia do mercado, já que outras variáveis devem ser levadas em consideração. Existem limitações para esta forma de análise, de modo que comprar uma ação somente porque o P/L é baixo pode ser uma estratégia arriscada. Quando comparado aos indicadores de papéis do mesmo setor, um P/L elevado indica que o mercado está adotando uma postura otimista em relação ao crescimento da empresa. Assim, uma companhia cujas ações tenham P/L elevado terá que melhorar seus resultados no futuro, ou seu preço pode se ajustar para baixo. Diferenciais Ao comparar P/Ls de empresas diferentes, vale a pena ficar atento a alguns fatores que podem distorcer a análise. Em primeiro lugar, empresas em trajetória de rápido crescimento tendem a mostrar P/Ls mais elevados, refletindo a perspectiva do mercado de resultados crescentes. Setores diferentes podem apresentar P/Ls diferentes. Assim como na utilização de outros indicadores comparativos, é mais seguro comparar o P/L de uma ação com um papel de uma empresa do mesmo setor. Por exemplo, O P/L de papéis de empresas de tecnologia, que contam com maiores perspectivas de crescimento, tende a ser mais elevado que o indicador para o setor de energia elétrica. Comparações entre empresas de países diferentes também podem trazer distorções. Economias com melhor percepção de risco podem ter como reflexo P/Ls mais elevados para suas empresas. Isso explica, por exemplo, parte da grande diferença entre P/Ls de empresas norte-americanas e latino-americanas, por exemplo. Cuidados e limitações Mesmo levando os fatores acima em consideração, o P/L não deve ser o único fator a ser levado em consideração quando analisando se uma ação está barata ou cara. Uma limitação importante diz respeito á qualidade dos dados, mais especificamente os números referentes ao lucro por ação. O lucro de uma empresa pode ser influenciado por diversos fatores, muitos deles extraordinários e que podem não refletir o desempenho operacional da companhia. Muitas vezes o P/L de uma empresa pode parecer baixo, mas o que ocorre é que os lucros foram impulsionados por fatores extraordinários e que não irão se repetir, distorcendo a análise. Também diferenças em padrões contábeis podem distorcer a análise comparativa entre empresas de países diferentes. Assim, enquanto o preço pode servir como um indicador bastante relevante, o lucro muitas vezes pode deixar a desejar como comparativo entre o desempenho de duas ou mais empresas. Vale a pena analisar, mas com cuidado O P/L, portanto, é um indicador que merece atenção, principalmente por sua simplicidade e divulgação, já que segue como um dos indicadores mais utilizados, principalmente entre investidores de varejo. No entanto, ele deve ser analisado dentro de um contexto, pois os números podem trazer distorções. A conclusão é que, embora útil, o P/L não deve servir como única referência para a decisão de comprar ou não uma ação. Vale sempre a pena analisar outros indicadores, principalmente referentes às perspectivas da empresa, antes de arriscar seu dinheiro. Ebitda: entenda o conceito e o cálculo desse importante indicador de desempenho Por: Equipe InfoMoney 18/04/06 - 10h10 InfoMoney SÃO PAULO - Em épocas de divulgação de resultados corporativos muitos investidores costumam analisar os demonstrativos divulgados pelas empresas. Mesmo comparando com as projeções dos analistas, é difícil entender se o resultado anunciado foi bom ou ruim, graças às contas tidas como confusas por aqueles menos experientes. Um indicador financeiro bastante utilizado pelas empresas de capital aberto e pelos analistas de mercado é o chamado Ebitda, também conhecido como Lajida, cujo conceito ainda não é claro para muitas pessoas. A sigla corresponde a Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization", ou seja, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. O que é o Ebitda Em linhas gerais, o Ebitda representa a geração operacional de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. Difere do Ebit, conhecido como o lucro na atividade, no que se refere à depreciação e amortização. O Ebit considera estes efeitos contábeis. A utilização do Ebitda ganha importância, porque analisar apenas o resultado final da empresa (lucro ou prejuízo) muitas vezes tem sido insuficiente para avaliar seu real desempenho em um dado período, já que muitas vezes é influenciado por fatores difíceis de serem mensurados. Confira as aplicações e limitações do conhecido Ebitda. Como calcular o Ebitda? Um primeiro passo é calcular o lucro operacional, que, de acordo com o critério utilizado no Brasil, é obtido como a subtração, a partir da receita líquida, do custo dos produtos vendidos (CPV), das despesas operacionais e das despesas financeiras líquidas (despesas menos receitas com juros e outros itens financeiros). Vale lembrar que a definição de lucro operacional em boa parte do mundo exclui o resultado financeiro. Já para calcular o Ebitda, é preciso somar do lucro operacional a depreciação e amortização inclusas no CPV e nas despesas operacionais. Isso porque essas contas não representam saída de caixa efetiva no período. Em resumo, a depreciação de um equipamento quantifica a perda de sua capacidade produtiva graças ao uso ou tempo, e, portanto, a perda de seu valor para a empresa. Essa perda, vale ressaltar, é econômica e não financeira, ou seja, não há um desembolso efetivo de recursos no período. Outra conta que deve ser acrescentada no Ebitda é a despesa financeira líquida, que foge do escopo de análise do indicador, ou seja, de efetivo desempenho operacional. Ou seja, para o cálculo do Ebtida, adicionam-se os juros, depreciação e amortização ao Lucro Operacional Líquido antes dos impostos. Vale lembrar que muitas empresas já publicam diretamente o indicador, que não é de divulgação obrigatória de acordo com as regras da CVM. Isso tende a facilitar a análise, embora muitos analistas critiquem as diferentes metodologias adotadas, principalmente em relação a itens extraordinários. Aplicação do Ebitda O indicador pode ser utilizado na análise da origem dos resultados das empresas e, por eliminar os efeitos dos financiamentos e decisões contábeis, pode medir com mais precisão a produtividade e a eficiência do negócio. Como percentual de vendas, ou margem Ebitda, pode ser utilizado para comparar as empresas quanto à eficiência dentro de um determinado segmento de mercado. Além disso, a variação do indicador de um ano em relação a outro mostra aos investidores se uma empresa conseguiu ser mais eficiente ou aumentar sua produtividade. Por outro lado, como ressalva, vale lembrar que o Ebitda pode dar uma falsa idéia sobre a efetiva liquidez da empresa. Além disso, o indicador não considera o montante de reinvestimento requerido (pela depreciação), fator especialmente crítico nas empresas que apresentam ativos operacionais de vida curta. Assim, o Ebitda é um indicador financeiro muito relevante, mas que deve ser utilizado combinado com outros indicadores de desempenho para fornecer uma visão mais apropriada da performance da empresa. Ainda assim, é certamente o mais acompanhado pelos analistas e acaba ganhando bastante importância também na análise de crédito e nos múltiplos de avaliação de empresas. Entenda a diferença entre o rating e a recomendação dada por analistas Por: Camila Schoti 22/07/05 - 11h30 InfoMoney SÃO PAULO - É comum as pessoas ouvirem falar em recomendação de ações ou rating de empresas e confundirem as duas coisas. Normalmente, a idéia que se tem é que tanto o rating como a recomendação dizem respeito à mesma coisa: que decisão tomar a respeito das ações que possui, ou deseja possuir. Entretanto, os dois termos se referem a informações distintas e têm funções diferentes. O rating, ou a classificação de risco de uma empresa, é um mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa, enquanto que a recomendação, além de levar em consideração o risco, também considera o retorno esperado do ativo. Recomendação de ações A recomendação é dada por corretoras e bancos de investimentos que analisam o risco e o retorno das empresas e seus ativos, de forma que, além de considerar fatores de risco incluídos na análise de rating, a recomendação também analisa se o ativo está caro ou barato e quais as possibilidades de retorno atribuídas a estes ativos. Entretanto, não existe um padrão de recomendações, porque cada corretora ou banco de investimento pode possuir metodologia e nomenclatura própria para suas recomendações. No entanto, a maioria das instituições atua com recomendações referentes a compra, venda ou manutenção dos ativos. Compra ou outperform? Dependendo da instituição que atribuiu a recomendação, a idéia de que um determinado ativo está caro ou pode apresentar menor rentabilidade, pode ser dada através da recomendação de venda, ou underperform que, para alguns bancos, significa que dentro de um universo analisado, e não necessariamente de todo o Ibovespa por exemplo, estas ações devem ter um desempenho inferior à media deste universo. Já quando o ativo é considerado barato ou que deve apresentar boa rentabilidade, a classificação pode ser de compra ou outperform, que seria o oposto à underperform e, dentro de um determinado universo de análise, o ativo deverá apresentar rendimento superior ao da média deste universo. Ativos que são considerados como ótimas opções de compra podem também ser classificados como top pick. Além disso, as instituições também podem recomendar a manutenção do ativo ou o market perform, que indica que o ativo deverá apresentar um desempenho em linha com o do mercado, ou com o universo analisado. Rating classifica risco de inadimplência O rating, por sua vez, é mensurado por agências de classificação de risco e busca medir a probabilidade de uma empresa ou país de não ser capaz de cumprir com suas obrigações financeiras, incluindo-se a probabilidade de atrasos. Essa classificação fornece aos potenciais credores uma opinião independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado, sendo que neste segmento, as três principais organizações que prestam esse serviço em escala global são as norte-americanas Moody's, Standard & Poor's (S&P) e a Fitch Ratings. Não existe um padrão para denominar ratings Também entre estas instituições não existe um padrão de classificação de risco, de forma que cada uma delas possui sua própria escala. Por exemplo, enquanto que para a S&P uma empresa que apresenta segurança máxima tem o rating AAA, para a Moody's a mesma classificação de risco é dada por Aaa. No mesmo sentido, um investimento considerado especulativo pela Fitch Rating e é classificado por BB, a Moody's o classifica como Ba2. Embora sejam "códigos" distintos, existe uma classificação semelhante que vai de segurança máxima até alto risco de insolvência. Guidance: empresas divulgando as perspectivas para seus negócios Por: Equipe InfoMoney 26/12/05 - 16h00 InfoMoney SÃO PAULO - Um termo muito comum no mercado de ações norte-americano, e que agora começa a ser utilizado mais freqüentemente no Brasil, é guidance. Para quem não conhece, guidance pode ser definido como o conjunto de comentários que uma empresa faz a respeito das perspectivas para suas atividades. Os comentários se referem às expectativas da empresa para diversas variáveis, principalmente focando em receitas, indicadores operacionais e lucro. Também são comuns guidances para questões mais amplas, relacionadas às perspectivas para a área de atuação da companhia ou mesmo para o desempenho da economia. Regra no mercado norte-americano A popularização dos guidances, principalmente no mercado norte-americano, é um reflexo do desenvolvimento do mercado de capitais. Nos EUA, o guidance é a única forma legal pela qual as empresas podem comunicar suas perspectivas ao mercado. Com isso, fica garantida a igualdade no acesso aos dados para todos os investidores, que podem receber simultaneamente as mesmas informações. Este modelo substituiu o anterior, no qual estas informações eram repassadas em reuniões para os analistas de mercado, que, portanto, tinham conhecimento de alguns dados antes do restante do mercado. No Brasil, porém, esta é a forma mais comum, com muitas empresas ainda transmitindo informações para poucos. Vantagens e desvantagens O acesso democrático às informações é, certamente, a maior vantagem do guidance. Isso reduz a possibilidade de uso privilegiado de informações, principalmente em mercados que sofrem com excessiva concentração em poucos investidores institucionais. Outra importante vantagem do guidance é em relação à divulgação das informações, uma vez que permite que todos os agentes trabalhem com as mesmas premissas. Assim, as próprias previsões dos analistas, que usam estas informações como ponto de partida, acabam mostrando menores diferenças entre si, o que reduz a volatilidade do mercado. Como desvantagens, caso o guidance não seja utilizado de forma adequada pelas empresas, isso pode gerar desconfiança do mercado, penalizando as ações. Para as empresas, sobretudo no mercado norte-americano, existe também o risco legal de ações na Justiça, caso as previsões não se confirmem. Isso, inclusive, tem levado algumas empresas nos EUA ao abandono da prática de divulgação de guidance. Divulgação de resultados: saiba como selecionar as variáveis mais relevantes Por: Equipe InfoMoney 10/11/05 - 11h00 InfoMoney SÃO PAULO - Quem acompanha de perto o mercado de ações sabe a importância que a divulgação de resultados de uma empresa pode ter sobre os seus papéis. Afinal de contas, os resultados servem como importantes indicadores do desempenho da empresa, dando elementos para a avaliação do quanto vale a companhia. A análise dos resultados, no entanto, não é uma tarefa fácil. Em primeiro lugar, é fundamental determinar quais são as variáveis mais importantes. Será que o mercado está olhando mais de perto o lucro, o crescimento das receitas, da geração operacional de caixa, ou outra variável? Outro ponto importante diz respeito à comparação dos resultados com trimestres anteriores ou com a expectativa dos analistas. Como explicar que muitas vezes as ações caem após a divulgação de resultados, mesmo com um lucro superior ao passado? Variáveis mais importantes Não existe uma opinião única sobre qual é a variável mais importante a ser analisada. Além disso, a análise de empresas varia de setor para setor, com algumas variáveis, como a geração operacional de caixa, por exemplo, não sendo calculadas para empresas que atuam no segmento financeiro, como bancos. No entanto, em termos práticos, o mercado parece acompanhar mais de perto três variáveis: receitas líquidas, lucro líquido e Ebitda, a mais utilizada medida de geração de caixa. Neste contexto, vale a pena analisar as vantagens e desvantagens de cada uma. Receita e lucro A receita líquida pode dar uma boa idéia do que acontece com o faturamento da empresa, mas não traz elementos para avaliar um quadro completo, já que todos nós sabemos que não adianta aumentar as receitas em 50% se as despesas sobem o dobro disso. Porém, principalmente para empresas em fase de crescimento, este é um indicador interessante a ser analisado. Já o lucro (ou prejuízo) é certamente aquele que mais chama a atenção do público em geral. No entanto, este é possivelmente o indicador mais difícil de ser previsto, pois surge como resultado tanto de elementos operacionais como não operacionais, que muitas vezes podem afetar este indicador de forma significativa. O lucro líquido pode trazer uma visão distorcida do que ocorre com a empresa, pois muitas vezes um resultado operacional ruim pode ser "mascarado" por elementos não operacionais, como vendas de ativos, reversão de provisões ou mesmo pelo resultado financeiro, sobretudo ganhos ou perdas cambiais. Geração operacional de caixa: favorito dos analistas Se existe um indicador preferido pelos analistas, embora seja importante ressaltar que não existe consenso, este é o Ebitda, que mede a geração operacional de caixa. Também conhecido como Lajida, a abreviatura de Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, este indicador se tornou muito popular nos últimos anos, por excluir diversos itens não operacionais. Embora também seja alvo de críticas, principalmente pela falta de padronização no seu cálculo por parte das empresas, o Ebitda aparece como uma importante medida de desempenho operacional, ao medir efetivamente o quanto de caixa a empresa gerou a partir de suas atividades operacionais. Qual comparação? O segundo ponto diz respeito ao desempenho relativo da empresa: saber que a companhia X gerou um Ebitda de R$ 100 milhões pode indicar muito pouco, se este número não for comparado com o seu desempenho passado e com a expectativa dos analistas. Daí valer a pena entender qual o melhor patamar de comparação. Dado que a grande maioria das empresas apresenta padrões sazonais de funcionamento, a comparação mais utilizada em relação ao desempenho passado da empresa é a análise frente ao mesmo trimestre do ano anterior. Assim, na maioria dos casos, vale a pena checar se o desempenho no terceiro trimestre deste ano ficou acima ou abaixo do mesmo período do ano passado. Porém, esta não é uma regra universal, já que muitas vezes é importante comparar os números com o trimestre imediatamente anterior, principalmente no caso de empresas com forte crescimento ou que passaram por alterações (fusões, aquisições, reestruturações, etc) nos últimos doze meses. Expectativa dos analistas: eficaz, mas complicado Embora a análise com trimestres anteriores seja importante, muitas vezes isso traz poucas novidades, pois pode refletir fatos que já eram de conhecimento do mercado. Assim, a divulgação de um lucro ou Ebitda menor pode não derrubar uma ação, pois isso já era esperado pelo mercado e os papéis já precificavam este fato. Como o mercado trabalha na hipótese de que todos os fatos conhecidos já estão precificados no preço da ação, ganha muita importância comparar os resultados divulgados pelas empresas com as projeções feitas pelos analistas. Estes profissionais de mercado, qualificados para a análise de empresas, acabam servindo como referência e, com suas previsões, orientam o mercado. Desta forma, qualquer desvio dos resultados em relação ao projetado pelos analistas deveria trazer implicações sobre as ações, já que, na teoria, traz um fato novo que não era de conhecimento ou entendimento do mercado, justificando uma queda ou alta nas ações. Porém, mesmo esta comparação está sujeita à críticas. Em primeiro lugar, não é fácil obter uma medida consistente de consenso de mercado, já que muitos analistas divulgam suas informações apenas para seus clientes, dificultando a compilação dos dados. Além disso, mesmo que todos os analistas sejam consultados, ainda existem diferenças na forma no qual o mercado precifica a opinião de cada analista, ou seja, a opinião de alguns pode valer mais do que de outros. Mesmo com todas estas dificuldades, vale sempre a pena acompanhar os principais indicadores divulgados, com destaque para o Ebitda, e comparar estes dados com o previsto pelos analistas. Embora estas comparações possam apresentar falhas, elas ainda servem como a forma mais prática para analisar de forma rápida um resultado de empresa. Resultados corporativos: entenda os impactos no comportamento das ações Por: Equipe InfoMoney 18/07/05 - 09h45 InfoMoney SÃO PAULO - Toda a safra de resultados trimestrais é bastante aguardada pelo mercado. E não podia ser diferente, uma vez que com o demonstrativo de resultados, você consegue ver como anda o desempenho da empresa. Mas aí surgem algumas dúvidas: qual a importância desses números no comportamento das ações? Por que algumas empresas conseguem um excelente lucro e mesmo assim suas ações caem? Ou então, por que algumas empresas registram prejuízo e ainda assim suas ações sobem? Uma pessoa menos experiente pode pensar que o mercado atribui pouca importância para os resultados anunciados, o que não é verdade. A explicação para as ações se comportarem desse modo é que os investidores reagem com base em expectativas. Expectativa é o mais importante A cotação atual da ação já incorpora o resultado que o mercado acredita que a empresa irá divulgar no futuro. Por exemplo, é esperado um prejuízo de uma empresa que registrou perdas nos últimos anos, se não houve nenhuma mudança significativa nesse período. Desse modo, se o resultado for realmente negativo, na dimensão que o mercado esperava, nada ocorre com a ação. Por outro lado, se o resultado vem positivo, a ação tende a subir, porque ela estava "precificada" com a estimativa de prejuízo. Ainda que a companhia registre um resultado negativo no período, a ação pode registrar alta, desde que essa perda seja menor do que a que o mercado esperava. Ou seja, o que vale é comparar os números com a expectativa, e não com o resultado passado. Traçar perspectivas Ou seja, os resultados são sim importantes. Mas por quê? Você consegue entender a relação dos números do passado com a cotação da ação? A importância é que através deles o mercado consegue prever melhor o que acontecerá com a empresa no futuro. Não é uma simples projeção do passado, até porque muitas variáveis não apresentam comportamento linear, mas é um bom ponto de partida: feitos alguns ajustes, é possível estimar com uma certa precisão como a empresa irá se sair. Os próprios preços alvo sugeridos pelos bancos e corretoras passam por ajustes após o resultado corporativo ter sido anunciado. Isso porque o preço alvo é calculado com base em um fluxo de caixa projetado da empresa, descontado por uma taxa de risco. Lucro às vezes não indica muito Aqui vale uma observação: o resultado final (lucro ou prejuízo) não é necessariamente o mais importante. Isso porque ele pode estar inflado ou desinflado por uma conta que foi característica apenas desse período, ou seja, não irá se repetir. A idéia de olhar o demonstrativo é para prever o que acontecerá com a empresa no futuro. Para isso, não adianta observar contas que não se repetirão mais. Focar nas contas dentro do demonstrativo pode ser mais útil. Nesse sentido, um indicador muito observado pelo mercado, por refletir a geração operacional de caixa da empresa, é o Ebitda. Em uma comparação, ele consegue mostrar melhores tendências futuras do que o lucro final. O número, vale citar, não vem apresentado dentro do demonstrativo, mas costuma estar incluído nos comentários da empresa que vêm junto com os dados. Em suma, não subestime a importância dos demonstrativos de resultados, sejam eles anuais ou trimestrais. Os números mostram a situação atual da empresa, bem como sinalizam suas tendências. E atenção, porque a safra referente ao segundo trimestre deste ano está começando! Compre o rumor e venda o fato: porque as ações podem cair apesar de lucro recorde Por: Equipe InfoMoney 16/11/05 - 12h35 InfoMoney SÃO PAULO - Muitas vezes os investidores ficam surpresos com a reação do mercado após a divulgação dos resultados de algumas das principais empresas brasileiras. Mesmo após divulgarem lucros elevados, algumas vezes recordes históricos, os papéis das empresas fecham em queda na Bovespa. O que ocorre nestes casos é que os resultados, mesmo muito positivos na comparação com períodos anteriores, ficaram abaixo da expectativa média dos analistas. Embora o desvio possa muitas vezes ser pequeno, com muitos analistas, inclusive, acreditando que os números ficaram em linha com suas projeções, os papéis podem reagir negativamente. Peso das projeções Este comportamento exemplifica como os papéis estão sendo avaliados: pela sua projeção de resultados. A partir de suas projeções de resultados futuros, os analistas conseguem obter uma estimativa de seu preço justo para as ações, o que acaba orientando o mercado. Assim, todas as vezes que os resultados ficam abaixo do esperado, caem as projeções de preço justo e, conseqüentemente, muitos investidores vendem seus papéis. Isso significa que o mercado trabalha mais com as expectativas do que com os fatos. Como, em uma situação onde o fluxo de informações é eficiente, toda informação já se reflete no preço dos ativos, o que pode causar grandes mudanças são surpresas, ou seja, fatos novos que não eram de conhecimento do mercado. Compre o rumor, venda o fato Este comportamento do mercado fica evidente também em situações onde outros fatos importantes, não somente a divulgação de resultados, começam a afetar o mercado. Um exemplo são rumores a respeito de fusões ou aquisições. É muito comum ver papéis subirem na bolsa em função de rumores de troca de controle acionário. Se os rumores ganham intensidade, os papéis sustentam a valorização, muitas vezes até o ponto onde, quando ocorre o anúncio oficial da transação, o preço não muda. Isso indica que os investidores acreditaram cada dia mais que a transação fosse verdadeira, até o ponto quando, no anúncio oficial, isso não fosse mais novidade para ninguém. Assim, o mercado não reagiu ao fato em si, mas muito mais aos rumores que precederam o anúncio oficial da transação. Neste caso, ganhou dinheiro quem "comprou" o rumor e "vendeu" o fato, ou seja, comprou a um preço mais baixo quando os rumores estavam começando e vendeu mais caro quando o fato foi confirmado. O mesmo ocorre também em divulgações de resultados, ou seja, se os números não alcançam o esperado pelos analistas, muitos acabam vendendo, pois surgiu um elemento novo, não esperado, que acabou evitando que o rumor se tornasse fato. Neste caso, embora possa parecer muito estranho, o modo de funcionamento do mercado justifica situações como as registradas por diversas empresas nos últimos trimestres.