Coagulação sanguínea e anticoagulantes, trombolíticos e fármacos antiplaquetários. Dentre as substâncias que vão interferir na coagulação, existem substâncias anti-plaquetárias (inibem a agregação plaquetária), substâncias que interferem efetivamente na coagulação (heparina) e substâncias que degradam o trombo (fibrinolíticos ou trombolíticos). Para a manutenção da circulação normal é necessário que o endotélio esteja em sua forma íntegra. O endotélio possui cargas negativas, mantendo as plaquetas sem muito atrito com ele. O endotélio também mantém o fluxo sanguíneo sob a forma laminar, logo toda vez que se tem alteração do endotélio temos a conversão do fluxo sanguíneo laminar para o fluxo turbilhonar, e a lesão do endotélio vai expor tecidos subendoteliais que estão envolvidos na ativação da agregação das plaquetas. Além de sua estrutura normal, o endotélio também libera substâncias que são capazes de impedir a agregação plaquetária, diminuindo a atividade dos fatores da coagulação, sendo que um dos principais inibidores da coagulação secretado pelo endotélio é o ativador de plasminogênio, que durante a cascata da coagulação, é convertido em plasmina, que é o principal fibrinolítico secretado fisiologicamente, ou seja, é a principal substância que degrada efetivamente o trombo. Plaquetas As plaquetas são os ativadores primários da coagulação sanguínea. A adesão de plaquetas pode acontecer pela turbulência do fluxo sanguíneo, que ocorre quando ou há uma grande envergadura (curva) no vaso, ou quando a pressão arterial é muito alta ou quando o fluxo sanguíneo é muito grande, porém o fator mais importante para o turbilhonamento do fluxo é a presença de uma placa de ateroma no vaso. Tudo que gera a conversão do fluxo laminar para o turbilhonar causa a ativação da agregação plaquetária. A agregação plaquetária vai depender do aumento do Ca intracelular no interior das plaquetas, e isso vai ser ativado principalmente pela ação de ADP. Esse fato é importante porque atualmente temos antiplaquetários já utilizados clinicamente nestes receptores de ADP nas plaquetas. O ADP pode ser proveniente ou de eritrócitos de tecidos epiteliais, ou de grânulos citoplasmáticos presentes no endotélio. O tromboxano, liberado pelas próprias plaquetas, é capaz de ativar a agregação plaquetária, uma vez que é um vasoconstritor, o que gera uma maior facilidade para que ocorra a agregação entre as plaquetas. Alem disso, o tromboxano também aumenta as concentrações de Ca dentro das plaquetas. O fator ativador de plaquetas (PAF) também é liberado pelas plaquetas. Além desses, há uma serie de outros fatores liberados pelas plaquetas que podem induzir a agregação plaquetária, como a serotonina, endoperóxidos, adrenalina, noradrenalina e fator 3 plaquetário. Cascata Fibrinogênio (giminogênio) é convertido em monômeros de fibrina insolúvel, que vão se ligar e vão formar o coagulo. A medida que o tempo vai passando essas ligações covalentes entre os monômeros da fibrina insolúvel vão se tornando mais fortes na presença do cofator XIII, para que se tenha a formação da fibrina estável. Porém, até a formação da fibrina temos uma série de etapas, logo, temos 2 maneiras de ativar a cascata de coagulação: a via extrínseca e a via intrínseca. A ativação da via extrínseca ocorre pela exposição ou liberação de fatores do tecido lesado, sendo o mias importante deles a tromboplastina. Esses fatores teciduais vão ativar a fator VII, que significa o inicio da ativação da cascata de coagulação. O fator VII vai converter o fator X em fator Xa, que vai converter a protrombina em trombina, que é quem vai converter o fibrinogênio em fibrina. Então, a via extrínseca é ativada pela liberação de fatores extrínsecos ao sangue, que são liberados pelo tecido lesado. Já a via intrínseca é ativada a medida que o sangue é exposto a uma superfície diferente do normal. O endotélio lesado permite a exposição do sangue a uma superfície que não é a normal, e, portanto a ativação da cascata da coagulação tendo a ativação de diversos fatores, que a partir da conversão do fator IX em fator X chega novamente na conversão do fibrinogênio em fibrina. limitadores da coagulação: Fibrinólise: ativador de plasminogênio tissular e antitrombina III PGI2 : vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária (PGI2 x TXA2) Proteína C: ativada pelo complexo trombina / trombomodulina e destruição de fatores VIIIa e Va. Varias substâncias que vão interferir na coagulação, como os anti-plaquetários, são utilizados como profiláticos, por isso, é que muitas vezes tem apenas que incluir o paciente dentro de determinados fatores de risco. Por exemplo, paciente diabético, que fuma e tem uma insuficiência cardíaca, deve tomar um anticoagulante. Então, os fatores que predispõe são importantes para a percepção do momento de se utilizar um anticoagulante de modo preventivo. Tratamento: O tratamento do paciente que tem trombose envolve, na maioria das vezes, simplesmente a diminuição do risco de recorrência da trombose, ou seja, o tratamento principal seria a profilaxia da recorrência. Além da profilaxia, temos 3 classes de medicamentos que serão usados: - inibidores da formação de fibrina - agem diretamente na cascata da coagulação. São os anticoagulantes clássicos - inibidores da agregação plaquetária - aspirina - fibrinolíticos - degradam o trombo efetivamente. Funcionam através da ativação da plasmina Fibrinolíticos ou trombolíticos São sustâncias que vão degradar a rede de fibrina que faz parte do trombo. Os fibrinolíticos são substâncias que, quando utilizados corretamente, podem aumentar enormemente a sobrevida de pacientes infartados e com AVC isquêmico. Nos pacientes com AVC isquêmico principalmente, esses medicamentos hoje já estão sendo os considerados os mais eficazes e mais usados para o tratamento. Nos pacientes infartados, além dos fibrinolíticos, existem outras drogas que aumentam a sobrevida do paciente como os bloqueadores, mas nos pacientes com AVC isquêmico, os fibrinolíticos são as únicas drogas que realmente aumentam a sobrevida do paciente.Sabe-se que esses pacientes devem ser levados o mais rapidamente possível para o hospital, pois quanto antes eles receberem tratamento, melhor será o prognóstico. Em todos os estudos clínicos feitos com os fibrinolíticos em pacientes com AVC, o que se leva em conta é sempre o aumento o não da sobrevida, o aparecimento de seqüelas com o uso dos fibrinolíticos e principalmente o aparecimento ou não de hemorragias cerebrais, as quais têm se observado com freqüência nos pacientes com AVC isquêmico. Deve-se ter em mente que essa classe de drogas só é utilizada em emergência e que a decisão de usá-las ou não deve ser rápida, pois pode reverter o quadro ou matar o paciente. Uma das principais substâncias que degradam a rede de fibrina é a plasmina que é obtida a partir do plasminogênio pela ação do ativador do plasminogênio tecidual (APT). Este é produzido por praticamente todos os tecidos. Para que ocorra essa transformação é necessário que tanto o ativador de plasminogênio tissular, quanto o plasminogênio, estejam ligados ao trombo. Se isso não ocorrer, a conversão e a ação da plasmina circulantes não ocorrem devido os fatores inibitórios circulantes. O fator que impede a ação da plasmina é a 2 antiplasmina e o fator que impede a ação do APT circulante sobre o plasminogênio é o inibidor do ativador do plasminogênio tecidual. Anticoagulantes Parentais Heparina Mecanismo de ação: ativação da antitrombina III Na cascata de coagulação temos um anticoagulante natural que é a antitrombina III, que inibe vários fatores, sendo os mais importantes a trombina e o fator X. A heparina funciona como um suporte para a ligação da antitrombina III. No momento que a antitrombina III se liga a molécula de heparina, ocorre uma mudança conformacional na molécula de antitrombina III, que aumenta sua afinidade pela trombina. A antitrombina III se liga a trombina, esse complexo se liga a heparina, logo, a trombina não mais se desliga da antitrombina, não podendo a trombina funcionar mais na cascata de coagulação, havendo uma diminuição do efeito da trombina. Um outro mecanismo de ação importante da heparina é que a trombina também tem afinidade pela heparina, logo, a trombina também se liga a heparina. Logo, a molécula de heparina funciona como um suporte para a ligação de antitrombina e de trombina. Resumindo, a efetividade da ligação entre antitrombina III e trombina aumentam na presença de heparina. Efeitos adversos Todos os anticoagulantes podem causar hemorragia, logo temos como contra indicação desses medicamentos, para indivíduos que apresentam sangramento, como por exemplo, úlcera gástrica com sangramento ativo, trauma no SNC, lesão hemorrágica. A heparina é uma molécula natural, extraída de pulmão bovino e de intestino de porco. A administração de heparina em alguns pacientes pode também provocar hipersensibilidade. A trombocitopenia é um problema grave, que quando observada pela heparina pode ter 2 causas : - agregação plaquetária – a heparina favorece a agregação entra as plaquetas, o que favorece a formação de trombos. Quando se administra heparina e se observa formação de trombo, 2 coisas tem que ser pensadas: umas é que a dose da heparina esta sendo baixa, logo não está se controlando a formação dos trombos; e outra é que a própria heparina pode estar causando a trombose. No caso de não se estar controlando a trombose, deve-se aumentar a dose de heparina, o que pode causar ainda mais trombose. ativação do sistema imune – gera a formação de anticorpos contra a heparina, que interagem com as plaquetas, diminuindo o número das plaquetas. Essas plaquetas vão ser degradadas pelo sistema imune através dos anticorpos, causando a trombocitopenia. A ativação do sistema imune pode ser classificada como uma reação alérgica, que aparece em aproximadamente após 1 semana de tratamento, ou seja, não é uma reação imediata. A osteoporose também já foi descrita para pacientes que fazem uso de heparina por muito tempo (4 a 6 meses), embora este não seja um efeito muito importante, na grávida que usar heparina por muito tempo a osteoporose pode aparecer. O único anticoagulante (não é anti-plaquetário nem antifibrinolítico) que pode ser usado é a heparina, não podendo usar warfarim na gestante, pois este é teratogênico, e como a gravidez favorece a formação de trombos, para evitar trombose nestas pacientes deve se usar a heparina. Indicações Esses medicamentos serão utilizados não só no tratamento, mas também na prevenção da trombose. Em indivíduos de certa idade que vão fazer cirurgias, principalmente ortopédicas e abdominais, e que vão ficar muito tempo em repouso, deve-se fazer o uso de heparina como medida profilática. A prevenção é feita sob a forma de infusão de 5000 a 7500 unidades a cada 12 horas. No caso de uma cirurgia deve-se analisar quais são os menores riscos, ou o de uma trombose ou de um sangramento, para ver se vai administrar a heparina no pré ou no pós-operatório. Em doses baixas de heparina (5000 ui a cad 12 horas) o risco de sangramento é baixo, mesmo em pacientes que serão submetidos a cirurgia. No momento que o paciente faz um trombo, faz um efeito trombótico, não se tem mais como dissolver este trombo, ou seja, não há mais como tratar aquele trombo, o que se faz é inibir ou diminuir o risco da formação de um outro trombo, vai prevenir a recorrência de um novo trombo. Em pacientes que já têm historia de trombos, utiliza-se doses maiores de infusão. Resumindo, em pacientes que já tem trombo não se usa dose de prevenção, e sim doses maiores. A forma de reverter os efeitos da heparina, caso haja um sangramento devido ao seu uso, é através da administração de sulfato de protamina, que é uma substancia isolada de esperma de peixe. O sulfato de protamina se liga a heparina revertendo seus efeitos sobre os fatores da coagulação. A protamina em altas doses também causa sangramento, logo, essa substancia deve ser administrada com cuidado. Desvantagens do uso da heparina A farmacocinética da heparina é muito errática. Ela não pode ser administrada por via oral ou intramuscular (hematoma), só podendo ser por via subcutânea ou intravenosa. A administração por via subcutânea é difícil, pois a absorção é muito errática, não se sabendo em quanto tempo surgira o efeito da heparina, que pode ser entre meia hora e uma hora e meia. Essas alterações de absorção complicam um pouco o tratamento. A heparina em baixas doses (doses de prevenção) é rapidamente eliminada por via renal, por macrófagos e por células endoteliais (que se ligam a heparina e a degradam). Porém na medida em que se aumenta a dose de heparina, sua eliminação diminui, pois os processos de eliminação da heparina serão alterados, trazendo algumas dificuldades no tratamento com heparina. Outros anticoagulantes parenterais Não são muito utilizados por não terem obtido resultados muito satisfatórios. O danaparóide e a leperudina são mais caros. Podem ser utilizados em casos de trombocitopenia, seja por agregação plaquetária, ou seja, por ativação do sistema imune, causados pelo uso da heparina. O danaparóide é um similar do anticoagulante das sanguessugas. As heparinas de baixo peso molecular e o warfarim não podem ser usadas em pacientes que fizeram trombocitopenia pelo uso da heparina. Embora não causem trombocitopenia, as heparinas de baixo peso molecular não podem substituir a heparina em pacientes com trombocitopenia. Por isso que esses outros anticoagulantes parenterais se tornam importantes. Anticoagulantes Orais Warfarim – inibe a coagulação, através da inibição da síntese do fator II (trombina), fator VII, fator IX e fator X, além de inibir a síntese de proteína C. Esses fatores inibidos pelo warfarim são sintetizados no fígado. Se o warfarim vai inibir a síntese destes fatores, isso significa que estes elementos que já estão formados na circulação, prontos para atuar na coagulação, não vão sofrer a ação desta droga, pois só sofrem a interferência do warfarim aqueles que estão sendo sintetizados. Com isso, os efeitos do warfarim não são imediatos, levando em torno de 24 horas para ocorrer, pois ele só vai interferir com os fatores que seriam sintetizados. Logo, se desejar um efeito imediato dos anticoagulantes, para um paciente que esta fazendo trombose venosa por tromboembolismo, deve-se administrar heparina, e não anticoagulante oral. O tratamento correto consiste no uso de um anticoagulante parenteral (ex: heparina), já começando a usar um anticoagulante via oral (ex: warfarim), para que depois que se suspenda o anticoagulante parenteral, já se tenha o efeito do anticoagulante oral. O warfarim tem uma grande semelhança com a vitamina K. No momento que os fatores II, VII, IX e X e a ptn C são sintetizados no fígado eles possuem resíduos de glutamato, que precisam ser carboxilados para que possam ter atividade na coagulação. Para que ocorra esta carboxilação vai ser necessário uma carboxilase, só que para a síntese dessa enzima carboxilase é preciso a vitamina K na sua forma reduzida. Logo, a vitamina K na sua forma reduzida é um cofator para a carboxilase, que vai fazer a carboxilação do ácido glutâmico presente em alguns fatores da coagulação.Toda vez que a carboxilase carboxilar um resíduo de ácido glutâmico, a vitamina K reduzida é oxidada. Para que a vitamina K oxidada funcione novamente como cofator das carboxilases ela precisa ser reduzida de novo por uma redutase. Mecanismo de ação O warfarim fica junto com a vitamina K oxidada. A redutase, que é uma enzima que converte a vitamina K oxidada em vitamina K reduzida, se liga ao warfarim e não mais vai reduzir a vitamina K oxidada, e desta forma não se tem mais o cofator da carboxilase que iria carboxilar os demais fatores da cascata da coagulação. Quando se administra o warfarim teremos a formação daqueles fatores de coagulação no fígado com os resíduos de ácido glutâmico não carboxilados, logo, esses fatores terão uma atividade muito baixa, não funcionando na coagulação.Como o warfarim interfere com a síntese dos fatores, significa que os fatores que já estão na circulação com seus resíduos de acido glutâmicos já carboxilados terão sua ação normal. O que é necessário para se ter os efeitos coagulantes, é que os novos fatores que são sintetizados na presença do warfarim estejam na circulação. O tempo que o warfarim vai levar para ter o efeito coagulante vai depender da meia vida dos fatores de coagulação. O fator II tem uma meia vida de 60 horas, o VII de 6, O IX de24 e o X de 40 horas. Então, por exemplo, a cada dia, 50% do fator IX é reciclado, logo, para que se tenha a ação completa do warfarim no fator IX são necessários 2 dias. O que se observa é que a latência do efeito do warfarim é de 24 a 48 horas, pois neste período quase todos os fatores já foram substituídos, renovados. O warfarim possui uma meia vida muito longa. A proteína C, que é um anticoagulante natural que inibe o fator V, tem uma vida de 8 horas, logo uma meia vida menor. Então, no momento que se administra o warfarim, a primeira substância que vai perder a atividade é o anticoagulante natural, ou seja, com as primeiras doses do warfarim o que ocorre é um efeito pró-coagulante, devido a inibição da síntese da proteína C, que por ser um anticoagulante natural, ocorre um efeito favorável a coagulação. Esse é um dos motivos que mostra a importância de quando se administrar o warfarim o paciente já esteja heparinizado (TTO: primeiro usa-se heparina devido ao efeito imediato, e ao longo do tempo adiciona o warfarim, para quando se interromper a ação da heparina este paciente já ter a ação do warfarim). Fatores que interferem nos efeitos do warfarim - Aumento da vitamina K inibe a ação do warfarim – alimentos ricos em vit.K (verduras e legumes) podem interferir com a ação do warfarim. - O warfarim é matabolizado pelo citocromo P450. Substâncias que induzem o P450 vão diminuir o efeito do warfarim e substâncias que inibem o P450 vão aumentar seus efeitos. - O warfarim, muitas vezes, vai ser administrado junto com um antiplaquetário, logo, a aspirina vai aumentar o seu efeito pela inibição da COX - O warfarim não pode ser utilizado em grávidas, pois é teratogênico e o feto não possui todos os fatores da coagulação ativos, logo com a passagem transplacentaria do warfarim, pode haver interferência na coagulação do feto provocando hemorragia cerebral. Nestes casos deve-se usar a heparina. Aspirina Mecanismo de ação Inibição da ciclooxigenase de plaquetas, que inibe a síntese a tromboxano, que é um importante ativador da agregação plaquetária. A aspirina administrada em baixas doses (1160 – 320 mg / dia) inibe a ciclooxigenase das plaquetas, mas não inibe a ciclooxigenase do endotélio, logo, se tem a inibição da síntese de tromboxano nas plaquetas, mas não se tem inibição da prostaciclina liberada pelo endotélio. A prostaciclina inibe a agregação plaquetária, vasodilatador. A aspirina em baixas doses melhora o equilíbrio entre prostaciclina e prostaglandina. A ciclooxigenase presente nas plaquetas não é resintetizada, pois as plaquetas não possuem núcleo, logo não têm DNA. A ciclooxigenase sintetizada nas plaquetas já tem a COX constitutiva, que uma vez inibida pela aspirina (inibe irreversivelmente a ciclooxigenase) ela não mais funciona. Já no endotélio, as células endoteliais sintetizam novas ciclooxigenases, de modo que se tem uma maior quantidade de COX sendo formada, do que sendo inibida pela aspirina. A aspirina tem demonstrado uma maior sobrevida em vários pacientes envolvidos nos fatores de risco de tromboembolia. Há novos inibidores plaquetários, que são os inibidores da tromboxano sintetase, que é uma enzima da plaqueta que converte os endoperóxidos em tromboxano, porém os resultados clínicos obtidos com esses medicamentos não foram satisfatórios. Ticlopidina A ticlopidina é muito utilizada atualmente, normalmente em associação com a aspirina. Essa associação visa reduzir as doses da aspirina. A ticlopidina tem mecanismo de ação muito diferente da aspirina. Mecanismo de ação O ADP é um importante ativador da agregação plaquetária, que é liberado pelos eritrócitos e pelas próprias plaquetas. Esse ADP se liga a receptores de ADP presentes na membrana das plaquetas. Os receptores de ADP são acoplados a proteína Gi. A ativação desses receptores promove o aumento do CA intracelular e a diminuição do AMPc, que são 2 efeitos extremamente importantes para ativar a agregação plaquetária. A ticlopidina apresenta como desvantagens a grande latência para o surgimento dos efeitos, que leva aproximadamente 1 semana. Ela é indicada na prevenção de acidentes vasculares em pacientes que já tiveram AVC isquêmico, síndrome isquêmica, infarto do miocárdio, angina estável, enfim todos os pacientes que têm placa de ateroma podem fazer uso clínico da ticlopidina associada com a aspirina. Outra indicação é para pacientes submetidos a angioplastia com ou sem implante de stent. A angioplastia consiste no aumento da luz de uma região obstruída no vaso, por uma estenose ou por uma placa de ateroma, através de um balonete. O stent é implantado na coronária impedindo que ela faça uma reestenose. Quase 50% dos pacientes que eram submetidos a uma angioplastia tinham que ser submetidos a uma nova angioplastia em 6 meses, pois o vaso fazia uma reestenose, ou seja, a placa voltava a se formar. O uso da ticlopidina e da aspirina veio melhorar muito a situação destes pacientes, pois atualmente se administra esses 2 anti-plaquetários antes da angioplastia e durante 1 mês após o procedimento se faz uso da ticlopidina e se faz uso da aspirina independentemente, o que melhorou muito os resultados das angioplastias. Efeitos adversos Alterações gastrintestinais (náusea, vômito, diarréia), trombocitopenia e neutropenia. Clopidogrel Ë um análogo da ticlopidina, só que possui menor latência, é mais tolerável em relação as alterações gastrintestinais e apresenta menor trombocitopenia e neutropenia, porém ainda precisa ser avaliado, pois ele é muito menos utilizado que a ticlopidina. A ticlopidina precisa ser administrada 2 vezes ao dia, enquanto e o clopiclogrel 1vez ao dia. Inibidores da glicoproteína plaquetária Nas paredes das plaquetas existem os receptores chamados de glicoproteína Iib / IIIa (GPIIb/ IIIa), que são ativados por alguns fatores como fosfolipídios, tromboxano, trombina, colágeno . A ativação destes receptores favorece a agregação plaquetária e favorece também a ligação das plaquetas com o endotélio, via fator de Von Willebrand, que é sintetizado pelo endotélio. Então, se o receptor GPIIb / IIIa for inibido haverá redução da agregação plaquetária e redução da agregação das plaquetas com o endotélio. O receptor GP é importante para a agregação plaquetária e ele também é um receptor para fibrinogênio, que é convertido em fibrina. Este receptor vai se ligar ao fibrinogênio na formação do coagulo, e também se ligara ao fator de Von Willebrand que esta presente no endotélio. O Reopro é a droga deste gênero mais utilizada, é extremamente caro. O Reopro é um anticorpo monoclonal contra o receptor GP. Sua indicação é para a angioplastia, embora não seja muito utilizado devido ao seu preço, ele também se associa a aspirina e a heparina. Apresenta como efeitos adversos: sangramento e trombocitopenia. Referência: 1.Karin Klack, Jozélio Freire de Carvalho - VITAMINA K metabolismo, fontes e interação com o anticoagulante varfarina, Artigo de revisão. 2. Fundamentos Farmacológico-Clíncos dos Medicamentos de uso corrente Jorge Bermudez (Diretor da ENSP/ FIOCRUZ),Gonzalo Vecina Neto (DiretorPresidente da ANVISA). 3.livro do xerox