XXXV SEMAD 2015 – SEMANA DO ADMINISTRADOR/UEM –30/11

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XXXV SEMAD 2015 – SEMANA DO ADMINISTRADOR/UEM –30/11 a 04/12/2015 – Maringá/PR
ANÁLISE DOS CENÁRIOS E TENDÊNCIAS PARA O
COOPERATIVISMO DE CRÉDITO NO BRASIL
CATEGORIA: (
) Graduação ( x ) Pós-Graduação
RESUMO
O cooperativismo de crédito brasileiro passa por um crescimento expressivo nas últimas
décadas, graças ao seu formato de atuação, onde o cooperado além de ser cliente é sócio da
organização, e o lucro das cooperativas serem reinvestimentos em sua região de atuação, o
que possibilita uma maior proximidade com o cooperado. Nesse contexto será abordado
através de uma pesquisa bibliográfica o desenvolvimento histórico e cultural do segmento
desde sua origem até os dias atuais para analisar as perspectivas micro e macroeconômicas
com o objetivo de realizar uma projeção dos cenários e tendências do cooperativismo
financeiro brasileiro. As cooperativas de crédito passaram por transformações que
impulsionaram mudanças na forma de se organizar, o que auxiliou o ganho de mercado do
cooperativismo de crédito no país. Porém a economia brasileira vivencia um momento de
turbulências políticas e econômicas, e para o cooperativismo continuar ganhando escala no
mercado bancário brasileiro que é extremamente concentrado e competitivo suas lideranças
devem saber interpretar os cenários e tendências para projetar uma estratégia vencedora e
crescer de forma sustentável.
Palavras-chave: Cooperativismo de crédito, cenários, tendências, macro mercado, estratégia,
mercado externo, mercado interno, crescimento sustentável, economia, política, canais
digitais, tecnologia, cooperado, sociedade.
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa discorrer sobre os cenários e tendências das cooperativas de
crédito estabelecidas no Brasil, realizando uma análise econômica, financeira e cultural dos
principais sistemas cooperativistas de crédito do país.
O projeto tem por objetivo realizar uma projeção do futuro do sistema de crédito
cooperativista, analisando o histórico e a expansão do cooperativismo de crédito, desde sua
formação até o presente, e identificando por meio das perspectivas micro e macroeconômico
quais serão as tendências e possíveis cenários para as cooperativas de crédito no competitivo
segmento em que se encontra no sistema financeiro nacional.
As cooperativas de crédito são instituições relativamente novas, porém para se
perenizarem de forma sustentável em um mercado que um nível reduzido de bancos privados
e públicos possui grande parcela do sistema bancário, elas devem explorar seu grande
diferencial, que são seus próprios clientes, que além de serem clientes são os próprios donos
da cooperativa.
O diferencial das cooperativas serem uma associação formada pelos próprios clientes
permite que prestem um serviço mais próximo do cooperado, e que os recursos sejam
investidos no ambiente que a cooperativa está estabelecida.
Esses diferencias das cooperativas de crédito se bem explorados e alinhado a um
planejamento assertivo, possibilitaria uma interpretação mais eficaz e eficiente dos cenários e
tendências do cooperativismo de crédito brasileiro, fazendo com que as cooperativas
otimizem as oportunidades e previnam-se contra as oscilações constantes do ambiente político
e econômico brasileiro.
O artigo está organizado em cinco etapas. Na primeira parte serão abordados os
conceitos de cenários e tendências na economia, e qual a importância de compreendê-los para
análise do sistema cooperativo de crédito, na segunda etapa será explicado sobre a evolução
do cooperativismo de crédito no Brasil até o presente.
Na terceira parte será apresentada a análise econômica e financeira do ambiente
externo e interno do cooperativismo de crédito, quais as influências da atual política
macroeconômica para as cooperativas, quais as influências do atual cenário econômico
brasileiro e internacional para o cooperativismo de credito e por fim será analisado os
cenários e tendências do cooperativismo de crédito para os próximos anos dentro do sistema
financeiro nacional, e como as cooperativas podem aproveitar o atual momento e aumentar
sua participação no sistema bancário.
A metodologia utilizada para a elaboração do trabalho é a pesquisa bibliográfica, e por
se tratar de uma pesquisa de análise do cenário econômico e financeiro também contém
alguns índices disponibilizados por agências especializados, que auxiliará na análise dos
cenários e tendências para o cooperativismo de crédito no Brasil.
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2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE ECONÔMICA DOS CENÁRIOS E TENDÊNCIAS
NA INTERPRETAÇÃO DO AMBIENTE DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO
Antes de analisar os cenários e tendências do cooperativismo de crédito brasileiro é
importante conceituar sobre esses temas na economia, pois a compreensão dos temas auxiliará
na correta interpretação do ambiente das cooperativas financeiras.
Segundo mencionado por Garbi (2015) a compreensão dos cenários e tendências na
economia auxilia a compreender os conceitos e processos econômicos mais relevantes e suas
aplicações dentro das organizações.
Entender sobre os conceitos e variáveis da microeconomia e macroeconomia tem
extrema importância para as organizações traçar estratégias vencedoras e montar um
planejamento estratégico eficaz para garantir vantagem competitiva diante de seus
concorrentes.
Uma empresa que se preocupa em entender os conceitos e práticas microeconômicas
tem em seu escopo um posicionamento eficaz e eficiente de mercado, a organização que faz
seu planejamento analisando e projetando seu ambiente interno, entendendo todas as variáveis
microeconômicas consegue identificar qual é seu foco e criar uma posição sustentável dentro
do mercado em que se estabelece.
A análise do mercado interno segundo Chiavenato e Sapiro (2004, p.42):
Corresponde ao diagnóstico da situação da organização diante das dinâmicas
ambientais, relacionando suas forças e fraquezas e criando as condições para
formulação de estratégias que representam o melhor ajustamento da organização no
ambiente em que atuam.
O mesmo ocorre quando a organização busca compreender as variáveis
macroeconomias para se posicionar adequadamente no mercado e buscar melhores padrões de
gestão. O estudo da macroeconomia é de extrema importância para elaboração de estratégia e
cenário eficaz para uma organização, pois mesmo as variáveis macroeconômicas não afetando
diretamente a organização, a organização se relaciona com diversos mercados, e alguns desses
mercados podem ser afetados por alguma variável do ambiente externo.
A compreensão da macroeconomia é relevante na elaboração de cenários e tendências,
pois a macroeconomia é formada pela interação de três grandes macros mercados, esses
macros mercados são os de bens e serviços, moeda e câmbio, e todas as organizações em
algum momento se relacionam com algum desses macros mercados, e a correta interpretação
das transformações e interações que esses mercados estão enfrentando contribui para a
construção de um planejamento efetivo.
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A análise dos aspectos microeconômicos e macroeconômicos são importantes para
qualquer organização que busca uma vantagem competitiva e uma gestão com excelência, e
isso não se difere com as cooperativas de crédito, que segundo Garbi (2015) todas as
organizações “precisam compreender e identificar os aspectos microeconômicos e ao mesmo
tempo conciliá-los com movimentos macroeconômicos que sejam de interesse para as
empresas e interfiram em seu processo de gestão e na formação de cenários”, essa análise
auxiliará na formulação dos cenários do cooperativismo e quais serão suas tendências para o
futuro.
2.2 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO NO BRASIL
Para projetar os cenários e tendências do cooperativismo de crédito no Brasil, é
importante percorrer sua história para entender a evolução do cooperativismo no país, desde
sua origem até os dias de hoje. O conhecimento da evolução deste segmento traz informações
relevantes para a análise e formulação de um cenário eficaz.
O surgimento das cooperativas de crédito no país ocorreu por meio de iniciativas de
imigrantes europeus que vivenciaram as instalações das cooperativas na Europa. Esses
emigrantes, principalmente alemães e italianos chegaram ao Brasil devido às dificuldades
vivenciadas no século XVIII na Europa.
Baseado na experiência europeia, os emigrantes buscaram por meio do associativismo,
unir forças para enfrentar as barreiras e carências socioeconômicas que enfrentavam
principalmente no sul Brasil no início do século. Segundo mencionou Meinen e Port (2014), o
padre Jesuíta Theodor Amstad, suíço de nascença, foi quem lançou a primeira experiência
cooperativista e associativista no Brasil em 1899, chamada de Bauerverein (associação de
agricultores). A partir dessa primeira experiência cooperativista, baseados nas ideias do padre
Amstad foi constituída no ano de 1902 a mais antiga instituição financeira cooperativa da
América latina, a Caixa de Economia e Empréstimos Amstad.
Da inauguração da primeira cooperativa de crédito no país até os dias de hoje, o
cooperativismo de crédito passou por muitas transformações, desde problemas com gestão,
problemas com falta de escala, barreiras estipuladas por órgãos governamentais, legislação,
levando o sistema cooperativista perto da extinção.
Porém no início dos anos oitenta, conforme mencionou Meinen e Port (2014), surgiu
um movimento que reinventou o sistema no país liderado por Mário Kruel Guimarães, que no
momento era diretor-vice-presidente da Federação das cooperativas de trigo e soja do Rio
Grande do Sul, na ocasião com uma iniciativa arrojada de Mário Kruel e apoiado por
modernos padrões de gestão, inspirados nos modernos sistemas cooperativistas internacionais
foram reagrupadas nove, das treze cooperativas sobreviventes e criada a primeira central das
cooperativas de créditos, hoje a Central Sicredi Sul.
Esse movimento levou o aprofundamento do estudo do cooperativismo de crédito,
organizando as cooperativas, suas estruturas, reestruturando sua forma de atuação, habilitando
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as lideranças e os profissionais. Esse ambiente positivo criado a partir dessa restruturação
chamou a atenção de diversos líderes no país, e foram surgindo diversas cooperativas centrais
de vários segmentos em várias cidades e estados, expandindo novamente o sistema
cooperativista de crédito no Brasil.
Outro fator que auxiliou o crescimento do cooperativismo de crédito no país foi a
criação dos bancos cooperativos em 1995, que trouxe inúmeros benefícios para o sistema,
como a integração das cooperativas ao sistema nacional de pagamentos, a promoção de
liquidez para o sistema, que segundo Meinen e Port (2014) “a chegada dos bancos
cooperativos, foi um triunfo histórico, uma espécie de marco da independência do
cooperativismo de crédito nacional”.
Um marco que auxiliou ainda mais o desenvolvimento do cooperativismo de crédito
no país foi à resolução CMN nº 3.106/03, aprovada em 18 de dezembro de 2003, que
autorizava a criação das cooperativas financeiras de livre admissão, onde qualquer pessoa que
integralize um capital na cooperativa passa a ter o direito de ser cooperado da instituição,
possibilitando as cooperativas que aderirem o novo sistema atingir qualquer segmento da
população.
Resolução 3.106, elabora e divulgada pelo Banco Central do Brasil, de 25 de junho de
2003, Cooperativas de Crédito:
Com a edição da referida resolução, o Governo Federal dá um importante passo na
direção do fortalecimento e crescimento das cooperativas de crédito no País.
Essencialmente, a resolução aprimora dispositivos regulamentares aplicáveis às
cooperativas de crédito, fortalece o papel das cooperativas centrais e permite a
criação de cooperativas de livre admissão de associados, alterando o modelo
anterior, em que as cooperativas só podiam atender a segmentos específicos da
população (por exemplo, produtores rurais, ou comerciantes de determinado ramo,
ou microempresários), o que limitava sua atuação. A medida foi precedida de ampla
consulta ao setor cooperativo de crédito e representantes de vários órgãos do Poder
Executivo, reunidos em Grupo de Trabalho coordenado pelo Ministério da
Fazenda.
Todas as transformações apresentadas acima no sistema de cooperativas de crédito
impulsionaram o crescimento e desenvolvimento das cooperativas dentro do sistema
financeiro nacional, e conforme divulgado pelo Banco Central e publicado no dia quatro de
março de 2014 no jornal Valor Econômico, a rápida expansão das cooperativas de crédito tem
levado o BACEN a atender, pouco a pouco as reivindicações do segmento, o que fez com que
nos últimos cinco anos, os ativos do setor passassem de R$ 51,9 bilhões para R$ 148,8
bilhões.
Essas reinvindicações fizeram com que as cooperativas atingissem um crescimento
acima da média do sistema financeiro nacional, e conforme apresentado no livro de Meinen e
Port (2014) de 1995 a 2013 o sistema financeiro nacional atingiu um crescimento de 998%, já
as cooperativas de crédito alcançaram um crescimento de 14049% no mesmo período.
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2.3 ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO AMBIENTE INTERNO DO
COOPERATIVISMO DE CRÉDITO NO BRASIL
A projeção dos cenários e tendências do cooperativismo de crédito no país depende do
conhecimento do mercado interno e externo que as cooperativas estão estabelecidas.
Nos últimos anos as cooperativas de crédito passam por um crescimento acima da
média do sistema financeiro nacional, esse crescimento é devido a todas as transformações
que o cooperativismo de crédito vem sofrendo nas últimas décadas, o que provocou uma
estruturação e organização do sistema no país, fazendo com que as cooperativas atingissem
um crescimento sustentável e uma maior participação no mercado de crédito.
Nos dados apresentado no livro cooperativismo financeiro por Meinen e Port (2014)
referente a divulgação do relatório do Banco Central sobre os cinquenta maiores bancos do
sistema financeiro nacional, em 1995 o sistema de cooperativas de crédito era formado por
908 cooperativas e detinham uma participação de apenas 0,20% dos ativos do sistema
financeiro nacional, já em 2013 o sistema era formado por 1774 cooperativas e detinham
2,53% dos ativos do sistema financeiro nacional apresentando um crescimento de 14.049%
em 18 anos.
Esse crescimento acima da média do sistema financeiro nacional vem se confirmando
ano após ano, em 2014, visto que de acordo com estudo elaborado pelo BACEN e divulgado
em março de 2015 pelo Sicoob confederação, o total de operações de crédito do sistema de
cooperativas de crédito obteve um crescimento de 17,6% em relação ao ano de 2013, já o
sistema financeiro nacional obteve um crescimento de 12,3% em operações de crédito.
Figura 1: Operações de crédito do sistema financeiro nacional
Fonte: Sicoob Confederação e Banco Central do Brasil
Já as captacões com dépositos mostram uma distância ainda maior, o sistema
financeiro nacional atingiu um crescimento de 4,5% em suas captacões, já as cooperativas de
crédito alcançaram uma evolução de 21,6% em suas captacões no período de 2014 em relacão
a 2013.
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Figura 2: Captações com depósitos do sistema financeiro nacional em 2013 e 2014
Fonte: Sicoob Confederação e Banco Central do Brasil
Toda essa evolução que as cooperativas vêm apresentando, são impulsionadas por
diversos fatores que o sistema cooperativista de crédito vem se submetendo. Esses fatores
podem ser classificados, desde ações regulatórias que auxiliaram na estruturação, organização
e governança das cooperativas, como a criação de centrais e a criação dos bancos
cooperativos e confederações que ajudaram as cooperativas a crescerem de forma ordenada.
Outros fatores que auxiliaram no crescimento das cooperativas, foram às isenções do
governo de alguns impostos e taxas sobre atos cooperativos, o que possibilita as cooperativas
repassarem essas isenções na forma de crédito mais barato para os cooperados, que conforme
divulgado pelo portal do cooperativismo “em abril deste ano, a taxa média de crédito pessoal
nas cooperativas do Sicoob, por exemplo, foi de 2,75%, enquanto que no mercado financeiro
a média foi de 3,34%”.
Outro grande fator que auxilia o crescimento do cooperativismo de crédito no país é a
forma de atuação das cooperativas de crédito, que tem como diferencial a proximidade que as
instituições cooperativas possuem com seus cooperados, devido a atuação das cooperativas
serem de forma mais regionalizada, onde os recursos investidos pelas cooperativas se fazem
na própria região em que se estabelecem, ao contrário dos bancos convencionais.
Todos esses fatores mencionados estão impulsionando o crescimento do
cooperativismo de crédito no país nos últimos anos, e se continuarem sendo bem aproveitados
e utilizarem as estratégias corretas possibilitarão um crescimento sustentável no longo prazo.
2.4 ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO AMBIENTE EXTERNO DO
COOPERATIVISMO DE CRÉDITO NO BRASIL
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Como citado anteriormente à análise do ambiente macroeconômico, passa pela correta
interpretação da interação de três macros mercados, que são os mercados de bens e serviços,
moeda e câmbio.
Para definição dos cenários e tendências do sistema de cooperativas de crédito no
Brasil, será realizada uma breve análise desses macros mercados nos dias atuais e a projeção
para o futuro.
Esse estudo é de extrema importância para as cooperativas interpretarem corretamente
o atual momento e utilizar os instrumentos corretos para ganhar vantagem competitiva, pois
segundo Mankiw (2013) o estudo da macroeconomia mostra aos formuladores de políticas
como reduzir a severidade das flutuações econômicas e como utilizar a estratégia à sua
disposição para tentar aplainar os altos e baixos do ciclo econômico.
O país enfrenta um momento difícil em sua economia, alta taxa de juros, alta de
desemprego, dólar batendo recordes de altas, China diminuindo o ritmo de crescimento e
importações, todas essas variáveis dificultam o crescimento econômico e reflete no setor de
crédito, que é a principal operação dos bancos e cooperativas.
Conforme divulgado pelo boletim Focus do Banco Central e publicado no jornal Valor
Econômico no dia 06/08/2015 a projeção é que no ano de 2015 a economia tenha uma
retração de 1,8% e para 2016 a projeção é que o PIB tenha um crescimento de apenas 0,5%, o
que mostra que as pessoas e empresas irão consumir menos e consequentemente investir
menos, o que pode levar a uma demanda menor de crédito pelas famílias e empresas.
Já a taxa básica de juros foi estipulada na última reunião do comitê de política
monetária em 14,25% ao ano, que é considerada uma taxa de juros extremamente alta, pois
encarece o crédito e com isso diminui os empréstimos realizados nos bancos e cooperativas,
pois o governo elevando a taxa a esse patamar visa diminuir a demanda agregada e conter a
inflação. Com esse expressivo aumento na taxa Selic os bancos tendem a emprestar dinheiro
para o governo, investindo em títulos públicos, ao invés de emprestar para o mercado privado.
O aumento da taxa básica de juros ao estágio de 14,25% ao ano é para conter o alto
índice de inflação que conforme divulgado no dia 07/08/2015 e publicado no jornal Valor
Econômico o IPCA já está na casa dos 6,83% no ano de 2015 impulsionados pela alta do
dólar e da energia elétrica, e nos últimos doze meses a inflação acumulada alcançou um
patamar de 9,56%, uma taxa não visualizada desde novembro de 2003.
O dólar, devido às instabilidades políticas, que culminou na divulgação que o país não
atingirá em 2015 o superávit inicialmente proposto pelo governo e a expectativa do governo
americano em aumentar a taxa básica de juros, bateu recordes de elevação fechando a
primeira semana de agosto de 2015 em R$ 3,51.
É de extrema importância conhecer todas as variáveis do mercado interno do
cooperativismo, e também conhecer as variáveis do cenário externo, pois a partir desses
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conhecimentos as cooperativas devem projetar suas estratégias e realizar os melhores
investimentos para garantir um diferencial competitivo no mercado financeiro nacional, que é
um campo extremamente concorrido e concentrado.
2.5 CENÁRIOS E TENDÊNCIAS DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO PARA OS
PRÓXIMOS ANOS DENTRO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL BRASILEIRO
O cooperativismo nas últimas décadas passa por uma expansão relevante,
principalmente devido a sua forma de atuação que consegue atingir os pequenos e médios
tomadores de crédito, as transformações que impulsionaram a melhor qualidade no
atendimento, a regulamentação que auxiliou a melhorar sua governança corporativa e o fato
em que o cooperado além de ser cliente é o dono do negócio.
Porém o mercado econômico atual passa por diversos problemas, conforme
mencionados acima, que afetam o mercado como um todo, e consequentemente afetam a
demanda por crédito, que é o principal produto oferecido pelas instituições financeiras.
As cooperativas de crédito, nesse cenário de turbulência, devem tomar cuidado no
momento de realizar seu planejamento, e investir em produtos e serviços onde a crise não
afete de forma tão severa. Os investimentos a serem realizados nos próximos anos devem ser
mais contidos, principalmente o dinheiro gasto em imobilizados, para não prejudicar seu
capital de giro. Com a alta taxa de juros e a retração por demanda de crédito do setor privado,
as cooperativas podem optar em emprestar dinheiro para o governo investindo em títulos
públicos.
O momento de crise que passa a economia brasileira, pode também oferecer algumas
oportunidades ao cooperativismo de crédito, pois em 2008 em um momento de crise parecido
com este que se vivência, o cooperativismo conseguiu crescer no mercado de crédito, onde os
bancos tradicionais evitam emprestar nessas ocasiões, devido ao medo da inadimplência.
Outro fator que contribui para a busca maior por cooperativas de crédito nos
momentos de crise são as taxas mais baratas praticadas pelas cooperativas financeiras em um
momento que a taxa de juros está em um patamar elevado, tanto que no ano de 2015, segundo
divulgado na revista Mais Negócios edição semanal 47, com base nos dados do Banco
Central, o mercado de crédito tradicional deve crescer em torno de 11% e as cooperativas
almejam expandir em 20% suas operações.
Somado ao fato das cooperativas de crédito possuir uma taxa de juros mais acessível
aos tomadores de crédito em geral, outra vantagem das cooperativas nesses momentos de
crise, é sua forma de atuação, pois elas se destacam por atenderem os micros e pequenos
tomadores de crédito, que geralmente são esquecidos pelos grandes bancos.
Dessa forma conforme ressaltam Leismann e Carmona (2010, p. 1):
O sistema financeiro no Brasil está concentrado em poucos grandes bancos com
centenas ou milhares de agências espalhadas pelo País, quando tomadas suas
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participações em volumes de depósitos ou empréstimos. Todavia, a quantidade de
instituições que atuam na ponta do varejo, ofertando produtos e serviços aos
pequenos tomadores é relevante, e, nesse sentido, destacam-se as cooperativas de
crédito e similares, com sua atuação em micro finanças.
As cooperativas de crédito que se beneficiam do segmento de livre admissão podem
explorar outros setores além da intermediação financeira, que devem crescer mesmo com a
crise, como o setor de consórcios, seguros, etc. Um setor da economia que já está mostrando
que pode crescer mesmo com a crise é o setor do crédito rural, que no fechamento da safra de
2014/2015 apresentou recorde de colheita, e algumas cooperativas já publicaram a evolução
das operações de crédito rural no ano de 2015.
Outra oportunidade que surgiu para ser aproveitado pelas cooperativas de crédito, que
têm ampla atuação no crédito rural em todo país, foi o anúncio do Ministério da Agricultura e
Pecuária, no final de junho de 2015, que estipula o fim do embargo à importação da carne
bovina brasileira aos Estados Unidos, que durou quinze anos e criou uma expectava enorme
aos produtores e respectivamente aos ofertantes de crédito rural, que podem se beneficiar
muito, principalmente as cooperativas de crédito que possuem uma taxa menor e tem um foco
grande no mercado do crédito rural.
Analisando os cenários que as cooperativas estão inseridas, é importante estabelecer as
tendências para garantir vantagem nesse mercado bancário tão competitivo, é tendência que as
transações bancárias cada vez mais sejam realizadas por meio de canais digitais, conforme
pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e publicada pela
revista Exame em quatorze de abril de 2015, mais da metade das transações bancárias no país,
ou 52%, são feitas por meios digitais, como internet e celular, com destaque para as operações
realizadas com mobile banking que cresceram em 2014 um volume de 180% em relação ao
ano anterior, o que mostra que as cooperativas devem investir pesado em canais digitais para
atingir a demanda do público que opta por essa nova cultura de realizar as operações de forma
rápida, cômoda e segura pela internet.
Outra tendência vivenciada no mercado das cooperativas de crédito são as
incorporações ou união das cooperativas de menor porte, essa tendência será cada vez mais
comum para os próximos anos, pois as cooperativas precisam ganhar escala e diminuir os
custos para conseguir sobreviver no mercado bancário que é extremamente competitivo e
concentrado.
A economia brasileira passa por momentos de crise que afetam os mercados como um
todo, porém se analisados os cenários corretamente e prospectados as tendências para o futuro
de forma eficaz, as cooperativas de crédito conseguirão se prevenir contra os problemas e
aperfeiçoar de forma eficaz as oportunidades, alinhada a uma governança efetiva para garantir
um crescimento de forma sustentável e alcançar uma maior participação no mercado
financeiro nacional.
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3 CONCLUSÕES E PROPOSTAS
O cooperativismo de crédito vivencia um grande desenvolvimento e crescimento nas
últimas duas décadas, devido ao fato do sistema ganhar força fornecendo crédito para
associações de pessoas e pequenas empresas que necessitavam de crédito com maior
facilidade e com taxa mais baratas.
O cooperativismo vem ganhando força e escala no mercado financeiro nacional, pois
evoluiu de acordo com as necessidades de seus cooperados e hoje atende diversas
modalidades de empréstimos e serviços no país como um todo.
Todavia para o cooperativismo de crédito continuar a crescer de forma sustentável, é
importante conhecer os cenários internos e externos em que se estabelece, e as tendências que
estão por vir para acompanhar o desenvolvimento e obter vantagem competitiva em relação
aos principais concorrentes.
Os objetivos propostos em analisar quais são os cenários e tendências para o
cooperativismo de crédito no país foi atingido, desde a análise da evolução histórica do
cooperativismo de crédito, mostrando sua evolução econômica, social e financeira, até a
importância da compreensão das variáveis macroeconômicas e microeconômicas para a
correta formulação de estratégia eficaz.
Foi abordado o ambiente interno e externo que se encontra o cooperativismo de
crédito, o que possibilitou o conhecimento de suas fraquezas e fortalezas, essa abordagem é
importante, pois deixam claro quais são as oportunidades que o cenário dispõe para que as
cooperativas de crédito otimizarem seu crescimento, e como as cooperativas poderão se
resguardar e formular uma estratégia para evitar problemas futuros.
Pela análise do cenário e das tendências que as cooperativas de crédito estão
estabelecidas, nota-se que as cooperativas estão vivenciando uma fase de crescimento
expressivo acima da média dos bancos convencionais nas últimas décadas, porém o cenário
político e econômico passa por algumas turbulências que afetam a economia de forma geral.
Nesse contexto de incertezas econômicas surgem algumas oportunidades que se bem
aproveitado e realizado um planejamento de forma eficaz, as cooperativas podem continuar
crescendo acima da média por fornecerem uma solução financeira mais barata e diferenciada,
pois o cooperado além de ser o cliente é o dono da instituição.
Se o sistema de cooperativas souber analisar as tendências e realizar investimentos na
prestação de serviço por meio de canais digitais, que é a demanda que mais cresce no mercado
financeiro atualmente, e ganhar escala por meio de fusão e incorporação para diminuir custos,
as cooperativas conseguirão crescer de forma sustentável e ganhar força no segmento tão
concentrado que é o sistema financeiro brasileiro.
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<http://www.valor.com.br/financas/4170732/apos-sequencia-de-seis-altas-dolar-recua-r-351>
Acesso em: 07/08/2015
XXXV SEMAD 2015 – SEMANA DO ADMINISTRADOR/UEM –30/11 a 04/12/2015 – Maringá/PR
VALOR ECONÔMICO. Câmbio e energia pressiona inflação, diz IBGE. Disponível
em<http://www.valor.com.br/brasil/4169740/cambio-e-energia-pressionam-inflacao-dizibge> Acesso em: 08/08/2015
VALOR
ECONÔMICO.
Recessões
em
perspectiva.
Disponível
em<http://www.valor.com.br/opiniao/4166748/recessoes-em-perspectiva>
Acesso
em:
06/08/2015
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