Conceitos básicos em Filosofia e Psicologia Recolhidos do Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia de André Lalande – Martins Fontes por William B. Gomes Animismo Teoria segundo a qual uma única e mesma alma é ao mesmo tempo princípio do pensamento e da vida orgânica. Teoria segundo a qual a idéia de alma resultaria da fusão da idéia do princípio que produz a vida e da idéia do “duplo” ou do fantasma que pode separar-se do corpo. Tendência a considerar todos os corpos como vivos e intencionados. (Piaget) Associações Em Aristóteles É através da memória que se estabelece associações, ou seja, uma relação entre movimentos deixados por sensações e que tendem a suceder-se em certa ordem. Os princípios de relações associativas são contiguidade, semelhança e contraste. Definição geral: propriedade que têm os fenômenos psíquicos de se reunirem na consciência, seja no mesmo momento, seja sucessivamente, em virtude de certas relações (contigüidade, semelhança, contraste) sem intervenção da vontade. Conceito proposto inicialmente por Aristóteles Associação sistemática de Frédéric Paulhan (“L’activité mentale et les éléments de l’esprits” Paris: F. Alcan, 1889) Lei fundamental da vida intelectual que consiste na tendência dos elementos psíquicos para se agruparem espontaneamente, não só segundo a contigüidade ou a semelhança, mas também formando sínteses orgânicas, que têm caráter de finalidade interna. Definição contemporânea: Propriedade que têm os fenômenos mentais de se atraírem uns aos outros no campo da consciência sem intervenção da vontade ou mesmo apesar de sua resistência. Causalidade Aristóteles O grande destaque de suas análises é a noção de causalidade. Aristóteles identificou quatro causas (na verdade, causa se utiliza em quatro sentidos diferentes): 1) a causa material que é a essência presumível, subjacente e imutável de um objeto em um tempo qualquer, como por exemplo, a madeira, o tecido, o carbono, o eletrodo, etc.; 2) a causa eficiente, que é a sucessão de eventos sobre o tempo que se acredita originar ou sustentar o movimento, por exemplo, puxar, mover, cair; neste sentido se mantém até hoje. 3) a causa formal, que é a estrutura, estilo de organização, consistência interna de um objeto ou evento na experiência, por exemplo, planejamento, consistência; e 4) a causa final que é a razão, fim, propósito ou objetivo pelo qual uma linha de comportamento está sendo colocada em ação ou está sendo criada, como por exemplo, intenções, planos, esperanças e desejos. Neste sentido se mantém até hoje. São várias as definições que seguem. Por exemplo, na escolástica se falava em prima causa (aquela que não tem causa própria), causa pincipalis, e causa instrumentalis. Um dos axiomas fundamentais do pensamento, ou princípios racionais. O enunciado usual é este: “todo fenômeno tem a uma causa”. Evitar dizer: todo fenômeno tem a sua causa, pois os fenômenos têm causa variadas. Racionalismo Doutrina segundo a qual todo conhecimento certo provém de princípios irrecusáveis, a priori, evidentes, de que ela é a conseqüência necessária e por si sós, os sentidos não podem fornecer senão uma idéia confusa e provisória da verdade (Descartes, Espinosa, Hegel). Este é a definição para o uso do termo racionalismo ontológico, referindo-se a intelecto, a possibilidade do ato de conhecer verdadeiro de cada indivíduo humano. Doutrina segundo a qual a experiência só é possível para um espírito que possua razão, quer dizer, um sistema de princípios universais e necessários que organiza os dados empíricos. (Como se constitui este sistema?) Disciplina intelectual: fé na razão, na evidência e na demonstração; crença na eficácia da luz natural. (Essa é a definição do iluminismo) Doutrina segundo a qual só nos devemos fiar na razão e não admitir nos dogmas religiosos senão o que ela reconhece como lógico e satisfatório segundo a luz natural. (Notar a influência de São Tomás de Aquino) Inatismo Doutrinas que admitem a existência de idéias ou de princípios inatos (usada muito raramente referindo-se a atualidade) Para Descartes, a experiência interior e as leis ou formas a priori do conhecimento. Descartes, assim como Leibniz não distinguiam entre ordem psicológica (a experiência interior) e ordem lógica (as leis ou formas de conhecimento). Doutrinas que admitem o caráter inato ou congênito de uma característica, de uma função, de uma idéia qualquer. Em geral para impressões provenientes da retina e também para a percepção de espaço (isso já no início do século XX) Empiricismo Nome genérico de todas as doutrinas filosóficas que negam a existência de axiomas enquanto princípios de conhecimento logicamente distintos da experiência. Do ponto de vista psicológico, o empirismo opõe-se ao racionalismo inatista que admite a existência no indivíduo de princípios de conhecimento evidente (Locke contra Descartes). Do ponto de vista gnosiológico, o empirismo é a doutrina que, reconhecendo ou não a existência de princípios inatos no indivíduo, não admite que o espírito tenha leis próprias que difiram das coisas conhecidas e, por conseguinte, baseia o conhecimento do verdadeiro apenas sobre a experiência, fora da qual admite apenas definições ou hipóteses arbitrárias (Spencer contra Kant) Iluminismo Movimento intelectual caracterizado pela centralidade da ciência e da racionalidade crítica no questionamento filosófico, o que implica recusa a todas as formas de dogmatismo. Schopenhauer tomou a palavra iluminismo em sentido amplo e disse o seguinte: “entre o racionalismo e o iluminismo, quer dizer entre a utilização da fonte objetiva e da fonte subjetiva do conhecimento”. O iluminismo, diz ele, tem como organum a luz intererior: a intuição intelectual da consciência superior. Idealismo Tendência filosófica que consiste em reduzir toda existência ao pensamento, no sentido mais amplo da palavra pensamento (tal como utilizado por Descartes). Opõe-se ao realismo ontológico, ou, numa só palavra, à ontologia, que admite uma existência independente do pensamento. Diferentes modos de idealismo Aquela que tende a reduzir a existência ao pensamento individual – subjetivismo; Aquela que tende a reduzir a existência ao pensamento em geral. Idealismo empírico – doutrina que declara a existência dos objetos no espaço, fora de nós, quer duvidosa e indemonstrável, quer falsa e impossível (Kant) Idealismo transcendental - doutrina segundo a qual o mundo como posso falar dele se compõe unicamente de representações. Materialismo Ontologia – não existe outra substância além da matéria. Característica comum – conjunto de objetos individuais, representáveis, figurados, móveis, representáveis, ocupando cada um uma região determinada do espaço. Psicologia – doutrina segundo a qual todos os fatos e estados de consciência são epifenômenos, que só podem ser explicados e tornar-se objeto de ciência se nos referirmos aos fenômenos fisiológicos correspondentes. Ética – Doutrina segundo a qual a saúde, o bem-estar, a riqueza, o prazer devem ser tidos como os interesses fundamentais da vida. Materialismo histórico – doutrina segundo a qual os fatos econômicos constituem a base e a causa determinante de todos os fenômenos históricos e sociais. (Engels para designar a doutrina de Marx) Romantismo Doutrina que se caracteriza pela desconfiança e depreciação das regras estéticas ou lógicas, pela apologia da paixão, da intuição, da liberdade, da espontaneidade, pela importância que atribuem à idéia de vida e de infinito. (Filósofos alemães final do século XVIII e início do século XIX) Vitalismo Doutrina segundo a qual existe em cada indivíduo um “princípio vital” simultaneamente distinto da alma pensante e das propriedades físico-químicas do corpo, que governa os fenômenos da vida.