modelo normal - doo - Corecon

Propaganda
COMO CONSTRUIR UMA ECONOMIA MAIS JUSTA?
Cimar Alejandro Prieto Aparicio (*)
Marcus Eduardo de Oliveira (**)
Indiscutivelmente, todos desejam viver num mundo melhor; de preferência com
oportunidades de ascensão social, com um bom emprego, acesso à renda e com
possibilidade de desfrutar do bem-estar. No entanto, sempre é bom se perguntar:
como obter isso? Dito de outra forma: como construir esse “outro mundo” desejável,
com mais justiça e menos desigualdade?
A construção desse “outro mundo” passa, inquestionavelmente, pelo sistema
econômico que se estabelece, por primazia, na tentativa de conduzir a atividade
econômica a bom termo. A economia (ciência e atividade), em sentido geral, tem esse
“poder” de melhorar ou prejudicar, consideravelmente, a vida de muita gente. Eis
porque se faz necessário estabelecer um sistema econômico com abrangência em
torno da preocupação com as questões sociais, pois, não se deve perder de vista que
a economia é, na prática, uma ciência humana, e não exata.
O fato – indiscutível - é que a ciência econômica moderna não pode mais ser
pensada sem a inclusão da esfera social. É imprescindível pensar uma teoria social
global que seja capaz de incluir os diversos atores do cenário sócio-econômico. Assim
como também é de fundamental importância pensar em desenvolvimento sem
desconsiderar o problema ecológico.
Constata-se facilmente que a desigualdade em um país como o Brasil, dado o seu
nível de riqueza e de crescimento econômico, é inaceitável. Houve uma recente
melhora na distribuição de renda, mas a nossa sociedade abrigava quase 50 milhões
de pessoas em situação de pobreza em 2008, segundo estudo do IPEA, ou seja, essas
pessoas viviam em famílias com uma renda mensal per capita abaixo de R$190,00.
Além disso, ainda existem milhões de miseráveis que estão sujeitos a fome, embora o
Brasil seja o quinto país em extensão territorial, com mais de 670 milhões de
hectares agricultáveis. E a questão da fome continua a ser tratada apenas com
medidas paliativas. Esta é uma nação com uma indústria de ponta que exporta aviões
e calçados, mas mantém milhões de pessoas andando descalças. Percebe-se com
clareza que o sistema econômico é, no mínimo, injusto. Sair dessa injustiça e
incorporar os milhões de necessitados em uma economia solidária, fraterna, de
comunhão e socialmente equilibrada é o passo a ser dado, caso se queira, de fato,
caminhar de cabeça erguida em direção a um mundo melhor.
Aristóteles afirmou que a posse de um nível mínimo de renda é necessária para
que o homem possa viver com dignidade e conforme a virtude. Como se pode criar
uma economia mais justa e com menos pobreza? Sem dúvida, a manutenção de uma
constante e elevada taxa de crescimento econômico é uma condição indispensável
para a melhoria das condições de vida, juntamente com uma adequada política de
transferência de renda. Mas não se pode cair em uma visão determinista e ver tudo
em função de uma engenharia social. É preciso considerar também o desenvolvimento
humano, que enfatiza a importância e a dignidade de cada pessoa. Isso não depende
só de uma boa política econômica, mas de iniciativas de cooperação e solidariedade
que podem ser realizadas por cada um de nós em escolas, empresas e em qualquer
organização da sociedade civil. Um exemplo disso é o Instituto Ethos, que incentiva
empresários e executivos a gerir seus negócios de forma socialmente responsável.
É fundamental que aqueles que se encontram em melhor situação econômica
atuem ética e politicamente para a redução da pobreza e da desigualdade social.
(*) Economista (USP) e mestrando em Demografia (Unicamp).
(**) Economista (FEAO), mestre pela USP, é professor de economia da FAC-FITO e do
UNIFIEO.
Ambos são membros do GECEU – Grupo de Estudos de Comércio Exterior do UNIFIEO.
Contato:
[email protected]
[email protected]
Download