Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade física

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA ATIVIDADE FÍSICA EM PORTADORES
DE ANEMIA FALCIFORME
GISELE FABRIS MOREIRA
LUIGI MARINO NETO
PRISCILA ADORNI FERNANDES
VALÉRIA FONTAINHA FICARELLI
"Monografia apresentada ao Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício da Disciplina de
Neurofisiologia e Fisiologia Endócrina na UNIFESP/EPM como requisito parcial para
obtenção do título de especialista em Fisiologia do Exercício" SÃO PAULO 2002
RESUMO
A Anemia Falciforme é uma doença hereditária, que ocorre quase que exclusivamente em
indivíduos da raça negra ou em seus descendentes. É uma patologia da hemoglobina que
resulta da alteração, de natureza genética, de um aminoácido da cadeia beta da globina,
transmitida pelo cromossoma 11,que alberga o gene mutante produzindo uma alteração
na cadeia beta da globina. A hemoglobina falcêmica decorre da alteração de apenas 1
dos 146aminoácidos da beta globina, sendo a substituição da proteína glutamato pela
valina na sexta posição da cadeia beta da globina. Esta alteração da composição química
da globina produz profundas alterações nas propriedades funcionais da hemoglobina
resultante, que é chamada Hemoglobina S (HbS).O objetivo deste trabalho é verificar os
parâmetros fisiológicos durante o exercício físico de uma pessoa que tenha Anemia
Falciforme. Alguns estudos comprovam que portadores da HbS devem praticar uma
atividade física moderada, de baixa intensidade. Outros autores dizem que crianças
devem fazer inclusive aulas de educação física sem restrições, como crianças de
hemoglobinas normais. Existe também a probabilidade de o exercício físico intenso
induzir a morte súbita, causada pela rabdomiólise, insuficiência renal, do baço, etc.
Apesar de ser uma revisão bibliográfica, ainda muitos trabalhos necessitam serem feitos,
pois há várias questões à serem discutidas.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas houve uma grande divulgação em todo o mundo sobre os benefícios
da prática de atividades físicas para a promoção e a manutenção da saúde.Por definição,
"atividade física consiste em todo movimento corporal produzido pela musculatura
esquelética, resultando em gasto energético acima dos níveis de repouso, enquanto que
exercício físico representa uma das formas de atividade física planejada, estruturada e
repetitiva , tendo como objetivo a melhoria da aptidão física ou reabilitação orgânicofuncional",CARPERSEN (1989).Identificar a relação entre atividade física e saúde têm
sido o propósito de diversas pesquisas realizadas no âmbito da educação física levandonos a conclusões surpreendentes sobre a atividade física e seus benefícios. Este fato
ocasionou a inclusão da atividade física nos procedimentos terapêuticos a serem
adotados por médicos e pacientes para amenizar, prevenir e até mesmo reverter o quadro
de várias doenças.De uma maneira geral, "o estilo sedentário de vida aumenta o risco de
doença cardíaca isquêmica, diabetes mellitus, câncer de cólon, hipertensão arterial
sistêmica, obesidade, osteoporose, doenças do sistema músculo-esquelético, sintomas
de ansiedade e depressão", US DEPARTMENT OFHEALTH AND HUMAN SERVICES,
(1996).Atualmente, admite-se que para suportar melhor as pressões da convivência
cotidiana, requer tornar-se ativo. Tal constatação decorre de estudos como de KATCH e
D'ARDLE 1984, MELLEROWICZ e MELLER (1979), onde observaram evidências dos
benefícios da atividade física constante nos sistemas: locomotor, digestivo, respiratório e
cardiovascular, advindo de níveis apropriados de aptidão física mantidos durante toda
vida.Embora ainda faltem até hoje provas universais de que exercitar-se previne doenças
ou prolongue a vida, a relação do hábito da prática da atividade física com o estado de
bem estar bio-psicofísico-social está associado com segurança. Isto é visualizado
claramente, de acordo com KISS(1987),a qual enfatiza que "o ser humano é unidade biopsico-social sendo impossível separar a condição física da psicológica (emocional,
intelectual e da social)".Para algumas doenças como por exemplo a anemia falciforme,
objeto deste estudo, ainda se recomenda de maneira muito sutil a prática de atividade
física, porém algumas evidências parecem sugerir que ela é real."A anemia falciforme é
uma doença de caráter hereditário e genético causada por anormalidade de uma proteína
componente das hemácias, é uma anemia hemolítica de herança autossômica recessiva,
causada por uma mutação da posição 6 do gene da globina beta da hemoglobina (Hb).
Este ponto de mutação promove a substituição do ácido glutâmico pelo aminoácido
valina, induzindo a produção de uma hemoglobina anômala", DOVER,(1992).A origem da
anemia falciforme é desconhecida mas de acordo com fatos históricos ela já se
manifestava há milhares de anos na Ásia Menor onde a mutação genética causada por
ela propiciava uma forma de defesa do organismo humano contra a malária, aqueles que
tinham o gene anormal e os seus descendentes que tiveram suas hemoglobinas
modificadas geneticamente apresentavam a capacidade de dificultar a evolução da
malária em seu corpo quando picados pelo mosquito transmissor.
Tal modificação teve um preço e certos descendentes de filhos de pais com alteração
parcial, sem sintomas, geravam filhos com anemia falciforme,além de outros
problemas.Com o decorrer do tempo e no rastro das grandes migrações que ocorreram,
na África, nas regiões tropicais e equatorial, passou a ser o local preferencial da malária e
os sobreviventes eram os que apresentavam as alterações da hemoglobina. Isto fez com
que certas populações da raça negrada região se apresentassem com percentuais
extremamente elevados de alterações na hemoglobina, mas adaptados ao seu meio em
convívio com a malária. Foram estes contingentes populacionais africanos, a partir do
Século XVII, os responsáveis pela introdução do gene da hemoglobina S no
Brasil."Estima- se que existam 2 milhões de portadores da forma heterozigótica e mais de
8 mil afetados com a doença (homozigotos)",MINISTÉRIO DA SAÚDE, (1996).O
casamento entre portadores do gene, denominados como portadores do traço falcêmico,
pode gerar a cada 500 nascimentos, uma criança com anemia falciforme. Diante deste
quadro é possível concluir que a miscigenação racial existente no Brasil está gerando a
continuidade desta anemia, conforme ratifica a literatura científica brasileira, apontando de
forma contundente que anemias hereditárias no país constituem um grave problema de
saúde pública. O reconhecimento de que a alteração era na molécula da hemoglobina, e
que esta alteração propicia mudanças críticas no glóbulo vermelho, fez com que a ciência
soubesse da existência de doenças moleculares e hereditárias. A doença falciforme não
têm cura e desde sua descrição, na primeira década do século passado, muito se
aprendeu no estudo desta moléstia e vários progressos foram obtidos através do seu
reconhecimento e diversas linhas de pesquisas fizeram com que esta área de
estudo evoluísse em nosso país. Este fato possibilitou a descoberta de vários fatores que
colaboravam no sentido de prejudicar os pacientes. No passado, os pacientes viviam mal,
e não raramente, faleciam antes dos 10 anos de idade,hoje existe um alento de que existe
a possibilidade destas pessoas terem uma vida produtiva incluindo a prática de atividades
físicas.Como a anemia falciforme trata-se de mudanças fisiológicas no organismo, através
desses estudo será verificado se o exercício físico pode ou não trazer benefício e como é
o comportamento fisiológico comparado à uma pessoa de hemoglobina normal. Pois
"quando a concentração de oxigênio no sangue está diminuída, após a liberação de
oxigênio pelos eritrócitos, as moléculas de hemoglobina anormal agregam-se, o que faz
as células terem formas bizarras variadas incluindo a forma em crescente ou
foice,originalmente descrita", FRANCONE (1982).
DESENVOLVIMENTO
"Anormalidades genéticas podem dar origem a variantes estruturais da hemoglobina,
podendo impedir a produção de uma cadeia polipeptídica, ou ambos. A maior parte, das
anormalidades estruturais é resultante de substituições isoladas de aminoácidos",
STRYER (1996). "A Hemoglobina é produzida por genes. Existem genes de proteína da
hemoglobina normal e anormal, como:*Hemoglobina A: É a Hemoglobina normal.
Formada por duas cadeias alfa e duas cadeias beta.*Hemoglobina C: Esta é uma
hemoglobina anormal produzida por uma mutação do gene da hemoglobina normal A.
Ocorre a troca do aminoácido glutâmico pela valina, no sexto aminoácido da cadeia beta
da Hemoglobina.Esta hemoglobina geralmente é achada em pessoas de ascendência
africana.*Hemoglobina E: Esta variante de hemoglobina geralmente é achada em
pessoas asiática. Esta hemoglobina variante produz poucos problema. Uma exceção
significante é a co-herança de hemoglobina E e thalassemia de beta.*Hemoglobina F:
Esta é a hemoglobina produzida por fetos antes de nascimento. Formada por duas
cadeias alfa e duas cadeias gama. Os genes para hemoglobina F e hemoglobina A é
próximo. A Hemoglobina que produz F cai dramaticamente depois de nascimento, embora
algumas pessoas continuam produzindo quantias pequenas de hemoglobina F para a vida
inteira.*Hemoglobina S: É a hemoglobina produzida pelo "gene" falciforme.O "gene"
falciforme surgiu por uma mutação no gene que produz hemoglobina normal A.
Hemoglobina S é a hemoglobina achada em pacientes com AF. Ocorre pela troca do
aminoácido
glutâmico
pela
valina,no
sexto
aminoácido
da
cadeia
beta
da
Hemoglobina",BUNN (1986).Estas alterações da hemoglobina são conhecidas como
hemoglobinopatias. A hemoglobinopatia mais importante para o estudo atual é a Anemia
Falciforme.3.1- A DOENÇA FALCIFORME:"A anemia é um sintoma originado por vários
distúrbios orgânicos subjacentes. Não é portanto uma doença em si, mas conseqüência
de alterações que comprometem a relação hemácea-hemoglobina. Simplificando,pode-se
dizer que em qualquer tipo de anemia existe déficit de hemoglobina e/ou hemácea
circulante", STRYER (1996)."A anemia falciforme é uma doença genética e hereditária,
causada por anormalidade da hemoglobina, dos glóbulos vermelhos do sangue, que são
responsáveis pela retirada do oxigênio dos pulmões, transportando-os para os tecidos.
Esses glóbulos vermelhos, na anemia falciforme perdem a forma discóide, enrijecem-se e
deformam-se, tomando o formato de "foice". Os glóbulos deformados, alongados, nem
sempre conseguem passar através de pequenos vasos, bloqueando-os e impedindo a
circulação do sangue nas áreas ao redor. Como resultado causa dano ao tecido
circunvizinho e provoca dor. O curso da doença é variável. Há doentes que apresentam
problemas sérios com mais freqüência e outros têm problemas esporádicos de
saúde",MINISTÉRIO DA SAÚDE, (1996).Essa patologia, anemia falciforme, não deve ser
confundida com o traço falciforme. Traço falciforme significa que a pessoa é tão somente
portadora da doença, com a vida social normal, tendo um gene S e um gene A.
A anemia falciforme acontece quando o indivíduo é portador de hemoglobina SS (Hb
SS).A hemoglobina normal de um adulto é formada por ferro (heme) e por duas cadeias
de polipeptídeos diferentes, chamadas de globina que são encontradas no cromossomo
16. Essas cadeias são divididas em cadeia alfa() e beta (). "As cadeias alfa são duas, com
141 aminoácidos, e a cadeia beta também são duas com 146 aminoácidos
idênticos",MAHAN (1970).Quando a pessoa tem anemia falciforme, a alteração se
encontra na cadeia beta da hemoglobina, onde o sexto aminoácido dos 146 presente, é
trocado de glutamato para valina. Essa alteração é que modifica toda a resposta
fisiológica celular sangüínea. "Essa substituição do glutamato pela valina tem
conseqüências profundas pois na conformação desoxi da HbS, a valina hidrófoba
colocada neste local na cadeia beta forma um contato hidrófobo com um bolso e uma
molécula de HbS vizinha. Esta interação leva à polimerização da desoxi HbS em baixas
pressões de oxigênio em tecidos metabolicamente ativos. Uma hemácea que esteja
super-saturada de desoxi-hemoglobina S não se afoiçará se o tempo de demora para a
formação de fibra for maior que o tempo de trânsito dos capilares periféricos até os
alvéolos
dos
pulmões
onde
acontece
a
re-oxigenação,"
INGRAM
(1989).3.2-
MANIFESTAÇÕES DA DOENÇA FALCIFORME:A doença falciforme apresenta diversos
tipos de manifestações que são característicos da doença, como: crises dolorosas,
icterícia, úlceras, infecções,e atraso na maturação física.As crises dolorosas como dor
nos ossos, músculos e articulações associadas ou não a infecções, exposições ao frio e
esforços acontecem na maioria dos casos. "Eventos como desidratação, infecções,
menstruação e fadiga podem precipitar os episódios dolorosos" SHAPIRO, (1999). Ossos
e articulações são freqüentemente lesados na anemia falciforme sendo os locais de maior
dor durante as crises vaso oclusivas.A icterícia palidez e cansaço são características
comuns também. "A icterícia é o sinal mais freqüente da doença. Esta característica é
causada pelo aumento dos níveis sangüíneos da bilirrubina (produto resultante da quebra
da hemoglobina)", MINISTÉRIO DA SAÚDE, (1996)Algumas lesões podem aparecer nos
membros inferiores, denominados de úlceras. "As úlceras na doença falciforme
geralmente se iniciam como pequenas lesões elevadas no terço inferior da perna, acima
do calcâneo e ao redor dos maléolos. Podem ser únicas ou múltiplas. Com a progressão
da úlcera, ocorre hiper-pigmentação, perda de tecido celular subcutâneo e dos folículos
pilosos em torno da lesão. Podem ser extremamente dolorosos e geralmente são
acompanhados de celulite e adenite inguinal. Temperaturas elevadas e baixos níveis de
hemoglobina fetal parecem predispor sua formação. Uma vez formadas as úlceras, a
recorrência é comum", STRYER(1996). Nas crianças pode haver inchaço muito doloroso
nas mãos e nos pés.Há uma maior tendência a infecções, principalmente pelo
streptococcus pneumoniae recorrentes da atrofia do baço em função de conseqüentes
episódios vaso-oclusivos neste órgão. "A asplenia funcional é o fator primário para a
maior susceptibilidade às infecções pneumocócicas em pacientes com anemia
falciforme"PEARSON, (1969)."O atraso na maturação física torna-se aparente na primeira
década devida. Geralmente mais tarde recuperam a altura, sendo que os adultos são tão
altos quanto uma pessoa normal. Embora a causa seja desconhecida, supõe-seque o
atraso no crescimento seja decorrente de um aumento na demanda calórica, causada
pelo excesso de atividade cardiovascular para compensar a anemia, além da hiperatividade da medula óssea para repor glóbulos vermelhos que têm vida média diminuída",
MINISTÉRIO DA SAÚDE,(1996)3.3- RISCOS DO EXERCÍCIO FÍSICO PARA A
DOENÇAFALCIFORME:Incontestavelmente a anemia falciforme constitui um grave
problema de Saúde Pública no Brasil e em países com grandes contingentes de afro
descendentes, no entanto nos deparamos com grandes contradições à respeito de sua
relação com as atividades físicas. Sabemos que cuidados devem existir e que os
profissionais da área de saúde devem estar bem informados à respeito desta
patologia.Para KARK e WARD (1994), "os riscos do exercício físico são compensados
pelo alto débito cardíaco durante o exercício, com uma grande pressão do fluxo
sangüíneo para a musculatura periférica e central.""Durante anos, eram incertos os
perigos do exercício nas pessoas portadoras de anemia falciforme. Atualmente, afirmamse que os pacientes devem ser encorajados a participar e monitorar seus programas de
condicionamento", WOODS, (1997).Existem grandes evidências de que o "exercício físico
se praticado intensamente, produz mudanças fisiológicas que induzem a formação de
polímeros, devido à Hemoglobina S (HbS) presente. Este sintoma causado pelo exercício
ocorre devido desidratação, aumento da temperatura corpórea,hipóxia e acidose, que são
evidentes em situações de estresse. Uma vez desencadeados, aumentam as chances de
complicações para o portador de Anemia Falciforme",KLUG (1974).
O aumento da temperatura corpórea induzido pelo exercício, ocorre não devido uma
alteração da termorregulação, mas sim devido a uma geração de calor do corpo maior
que a perda. Essa hipertermia pode causar um sintoma chamado de Rabdomiólise, que é
uma necrose muscular proeminente, e que pode surgir sem a presença de hipertermia
também. Essa necrose, quando surge, há liberação de muitas substâncias, como a
mioglobina por exemplo, em quantidades altas, gerando inúmeros distúrbios metabólicos,
dentre os quais,necrose tubular renal aguda, que geralmente é a principal causa mortis.
Mas segundo KARK e WARD (1994)"o aumento da temperatura corporal por esforço não
é a causa inicial da morte relacionado ao portador de AnemiaFalciforme".WOODS (1997),
diz que "a hipoxia, causada pelo exercício intenso pode causar danos de diversos níveis.
Quando uma pessoa se exercita, o corpo requer maior quantidade de oxigênio, e há
indícios de que esse aumento da necessidade de oxigênio coloca os pacientes em
grandes riscos. Mas o exercício pode ser considerado uma terapia para essas pessoas,
onde o objetivo de se praticar é diferente de uma pessoa de hemoglobina
normal.".Sabemos que o portador do Traço Falciforme, não apresenta os sintomas da
doença, e apenas carrega a herança genética, mas nessas situações de estresse, e
principalmente em regiões de altitudes, podem ocorrer obstruções microvasculares,
infarto da medula renal, hematúria, tendo maior incidência principalmente em pessoas de
meia idade e idosos sedentários, e enrijecimento das artérias, promovendo finalmente a
polimerização de desoxihemoglobina S, induzindo assim a falcização e o infarto do baço,
que são os mais característicos."Essas manifestações clínicas da Anemia Falciforme
podem ser atribuídas às alterações da reologia sangüínea, devido principalmente à rigidez
das
hemáceas"
HORNE,
(1981).
E
essa
rigidez
será
responsável
pelas
polimerizações.3.4- MORTE SÚBITA RELACIONADO COM EXERCÍCIO FÍSICO:De
acordo com BREWER (1993), "existe concordância geral de que há um risco de 25 à 30
vezes maior de morte súbita relacionada a atividade física acentuada nos portadores de
Anemia Falciforme." Por outro lado,permanecem obscuras as razões pelas quais a grande
maioria dos pacientes com traço falciforme podem se exercitar vigorosamente sem
qualquer conseqüência. "Especula-se que deva haver um segundo fator de risco para a
morte súbita", NUSS (1993).Segundo SEIXAS (1999), "A ocorrência de morte súbita tem
sido freqüentemente documentada. Relatos de isquemia miocárdica esforço-induzida e
condições
potencialmente
hipoxêmicas
(acidose,
desidratação,infecções
severas,
hipertermia, insuficiência de órgãos, dentre outras) são comuns, encontradas em
associação com a Anemia Falciforme".Nada comprova que as morte súbitas relacionadas
com exercício físico ocorreram devido ao enrijecimento dos eritrócitos, mas há relatos de
morte induzida por esforço excessivo.O primeiro relato de morte provocada pelo exercício
foi observado em recrutas militares, portadores de traço falciforme, que faleceram durante
um treino muito intenso, no período da manhã, no centro de treinamento da FtBliss, Tx, à
uma altitude de 4.050 pés. Através de uma autópsia, foi indicado que houve uma intensa
falcização intravascular dos eritrócitos, evidenciando que estes pacientes faleceram
devido uma obstrução microvascular (referenteà crise falcêmica), possivelmente devido à
hipoxia causada pela altitude. Mas,em contradição, esta altitude influi muito pouco para
ocorrer uma redução de oxigênio arterial para causar problemas clínicos, ao menos que
esteja presente uma doença pulmonar, que no caso destes pacientes, não foi
encontrada.Já um levantamento de dados foi feito com 30 recrutas militares,portadores do
traço falciforme, com idade entre 17 e 31 anos, a maioria bem condicionados fisicamente,
e que participavam de diferentes tipos de exercício diariamente, como corrida, natação,
futebol e basquetebol. Dentre esses recrutas houveram 21 mortes súbitas que sofreram
complicações inesperadas e fatais. A rabdomiólise foi estabelecida como causa primária
de doença e morte de 18 casos. Quatro casos apresentaram dificuldade pulmonar,
passaram por ressucitação, mas morreram logo após com rabdomiólise. Nesse caso, é
difícil determinar como causa primária se o responsável pela morte foi a rabdomiólise
devido ao exercício ou se a necrose muscular foi severamente estendida durante a
insuficiência cardíaca. Foi constatado quatro casos de morte súbita relacionado com
morte cardíaca dentro de uma hora, sendo possível que a elevação da temperatura pelo
esforço deva ter contribuído para acentuar o problema no coração, provocando arritmia.
Há evidências também que algumas mortes poderiam ser provocadas por aumento da
temperatura corpórea, induzido pelo exercício intenso."Os mecanismos fisiopatológicos da
morte súbita ainda são incertos",MOSSERI (1993). Ainda não é certo afirmar que o traço
falciforme ou a anemia falciforme está associada com morte súbita durante o exercício
devido a insolação, morte cardíaca súbita inexplicável, ou morte cardíaca súbita devido a
existência de alguma doença. É possível que os pacientes morreram devido obstrução
microvascular em um estágio tardio da doença ou que anormalidades dos eritrócitos que
contém HbS não tenham nenhum papel direto, mas serve como um marcador genético
para outros fatores de riscos desconhecidos.
Fazer um diagnóstico de morte súbita é muito difícil. A causa das mortes podem ser
alegadas pela preexistência de lesões crônicas ou subagudas, através de testes de
laboratórios ou de análise clínica, e se faz necessário uma investigação completa em
conjunto com registros clínicos pertinentes e depoimentos de testemunhas oculares. Além
disso, opinião de especialistas como cardiologistas e patologistas.3.5- DOENÇA
FALCIFORME E ALTITUDE:O portador de Anemia Falciforme tem que ter dois cuidados
básicos em locais de altitude superiores à 5.000 pés (aproximadamente 1.500
metros):manter-se sempre bem hidratado impedindo assim que o plasma sangüíneo
aumente sua viscosidade e, evitar situações de estresse e fadiga, como exercício físico
principalmente o intenso, pois poderá levar o paciente a uma acidose e hipoxia. O
portador do Traço Falciforme deve também seguir essa regra, pois são assintomáticos, e
em altitude (superiores à 10.000 pés) pode vir à ter alguns sintomas.O sintoma mais
comum e grave que o portador do Traço Falciforme pode vir à ter em altitude é o Enfarto
Esplênico. "O Enfarto Esplênico associado ao portador de Anemia Falciforme foi
documentado primeiramente entre homens e mulheres negros durante uma viagem para
a Korea e o primeiro caso relatado sobre Enfarto Esplênico com o Traço Falciforme foi
descrito por Sherman em 1940", FRANKLIN (1999).Os sintomas mais comuns do Enfarto
Esplênico são dor abdominal, com migração para o quadrante superior esquerdo; febre;
vômitos e irritação diafragmática, podendo causar insuficiência respiratória.DIGGS (1984),
tem como hipótese que "o enfarto esplênico no portador do Traço Falciforme age
como um sinal, antecedendo um enfarto cérebro vascular, uma embolia pulmonar e
também crises dolorosas nos ossos".FRANKLIN (1999),apresentou quatro casos de
Enfarto Esplênico no portador de Traço Falciforme, sendo que não tinham o
conhecimento da doença. "Todos os pacientes praticaram exercícios moderados em
altitudes de5.000 à 12.000 pés. Entre os pacientes se encontravam dois AfricanosAmericanos do sexo masculino, um Hispânico e uma mulher branca. Todos os pacientes
apresentaram dor aguda no quadrante superior esquerdo do abdome,dor de cabeça,
náuseas, vômitos e dificuldade respiratória. Foram medicados,passaram por exames
diversos, se hidrataram, fizeram inalação e depois voltaram rapidamente para o nível do
mar. Posteriormente, voltaram à vida normal, e agora sabem que cuidados devem existir
quando permanecerem em grandes altitude. O porque desse fenômeno ainda é
desconhecido."Em 1970, JONES (1970), investigaram quatro recrutas militares que
morreram subitamente durante um treinamento à 4.500 pés e que eram portadores do
traço falciforme."Portanto o que se sabe realmente é que o portador de Anemia Falciforme
ou do Traço Falciforme deve se precaver, e em caso da presença de algum sintoma, deve
imediatamente voltar ao nível do mar e ingerir seus devidos medicamentos", FRANKLIN
(1999).3.6- RISCOS E BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO RELACIONADO ÀDOENÇA
FALCIFORME:WOODS (1997), afirma que "a maioria dos profissionais de Educação
Física tem receio de prescrever exercício físico para pacientes com Anemia Falciforme
por inúmeros motivos, principalmente pelo risco de levar à hipoxia."
"Não podemos afirmar que estes pacientes terão os mesmo benefícios dos exercícios que
pessoas de
hemoglobinas normais",GUTIN (2000), pois o
objetivo
não
é o
mesmo."Exercícios bem controlados devem beneficiar o portador de Anemia Falciforme
tão bem quanto pessoas portadoras do Traço Falciforme. Existem muito mais pessoas
que carregam o traço do que a própria doença. Acreditava-se que carregar o gene (traço),
o exercício não teria influência alguma. Mas foi mostrado em muitos estudos que pessoas
portadoras do traço falciforme obtiveram sintomas pelo aumento da temperatura corpórea
e mortes súbitas",KARK (2000).KARK (2000), ainda afirma que "intervenções podem ser
feitas para impedir essas complicações, como diminuir a intensidade do exercício quando
a
temperatura
chegar
próximo
a
70Foou
maior,
como
também
se
hidratar
constantemente, utilizar roupas leves, claras e fáceis de transpirar. Também deve ser
evitado exercícios constantes por tempo prolongado, como uma corrida por 20 minutos ou
mais".De acordo com MFMER (1998-2001), "deve-se ter bastante precaução em relação
à prática de exercício, pois pode desencadear dores, mas se for iniciado um programa
moderado e que vai progredindo gradualmente, o exercício não causará lesões ou dores
adicionais. Um programa regular deve incluir principalmente alongamento e exercícios
aeróbios, como caminhada,natação ou ciclismo. O alongamento pode relaxar os músculos
e diminuir a tensão".Como um esforço excessivo pode vir à desencadear sintomas muitas
vezes irreversíveis, a maioria dor profissionais aconselham muito repouso e nada de
atividade física para os portadores de Anemia Falciforme. Essa afirmação não pode ser
considerada puramente verdadeira, pois o portador de Hb SS/AS não é considerado uma
pessoa inválida, muito pelo contrário, pode sim se beneficiar com o exercício, mas para
isso se faz necessário ter conhecimento do tipo de atividade, duração, intensidade e do
objetivo. Há vários relatos de que os portadores da anemia falciforme se sente melhor
fisicamente
após
o
exercício
moderado.3.7-
RESPOSTAS
FISIOLÓGICAS
NO
EXERCÍCIO FÍSICO NADOENÇA FALCIFORME:"A capacidade para realizar exercícios
está reduzida na maior parte dos pacientes falcêmicos adultos. A maioria é capaz de
atingir menos que 50% da capacidade prevista. Já as crianças tem sua capacidade
reduzida de exercício de 50% à 75% A causa para esta diminuição da performance é
provavelmente devido à múltiplos fatores e o papel da disfunção cardíaca nesta
capacidade física diminuída é desconhecido", ALPERT (1981). Há evidências de que um
número significativo desses pacientes apresentam sintomas à esforços com depressão do
segmento ST ao eletrocardiograma, que parecem relacionadas à idade mais velha, baixo
nível de hemoglobina e a conseqüência do aumento contínuo da freqüência
cardíaca.MESQUITA (1998), afirma que "a resposta ao exercício observadas à ergometria
acham-se diminuídas; a Freqüência Cardíaca máxima obtida à
ergometria é
anormalmente baixa, mesmo em crianças; a elevação da Pressão Arterial e a variação do
Débito Cardíaco são significativamente menores que a esperada na análise do exercício".
Essa diferença é atribuída à evidências favoráveis à disfunção sistólica do ventrículo
esquerdo. Como a anemia causa uma disfunção cardíaca, provavelmente é o motivo do
baixo desempenho para realizar uma atividade física, ocorrendo dispnéia, palpitações e
freqüente
cansaço. Esse cansaço e a dispnéia, ainda não é confirmado se o responsável é a
anemia ou à insuficiência cardíaca existente.MESQUITA (1998), concorda ainda que "a
pressão arterial sistólica encontra-se normal enquanto que a diástólica é diminuída,
resultando assim em menor pressão arterial média. Coerentemente, a resistência vascular
periférica total encontra-se diminuída, decrescendo proporcionalmente à gravidade da
anemia".Já um estudo feito com 16 garotos com idade entre 18 e 20 anos, feito em
laboratório na Universidade do Oeste da Índia, com o objetivo de saber o gasto energético
em repouso e em atividade, indicou que a freqüência cardíaca em repouso e exercício, o
VO2 e a pressão arterial, se apresentaram mais elevadas, comparado com pessoas de
hemoglobina normal. Eles atribuem essa elevação devido ao gasto energético ser maior.
"Reduzir a atividade física nesses pacientes parece lógico, já que gastam muita
energia",SINGHAL(1997).A presença de hipertensão arterial pulmonar é controversa na
literatura.De acordo com MESQUITA (1998), "ao exame físico, observam-se sinais
sugestivos de hipertensão pulmonar em 18% dos pacientes". Os estudos hemodinâmicos
em séries mostram pressão arterial pulmonar normal em repouso, porém, anormais ao
exercício.Muitos protocolos de bicicleta ergométrica e de caminhadas tem sido usados
para determinarmos se o traço falciforme está associado com déficit do transporte de
oxigênio, com o consumo de oxigênio, com o metabolismo ou com a função pulmonar,
cardíaca e muscular. Apesar da presença de alguns eritrócitos falcizados, não se
encontram anormalidades no ECG, e também não há deficiência na função pulmonar,
cardíaca, no transporte e consumo de oxigênio.
Uma revisão feita por KARK e WARD (1994), de um estudo com 34adultos negros com o
traço falciforme comparado à 43 adultos negros com hemoglobinas normais mostrou que
não há diferença nas arritmias ventriculares induzidas pelo exercício, isquemia miocárdica
ou alteração na função ventricular esquerda com o traço falciforme. Também constatou-se
que as pessoas com o traço falciforme tem uma remoção do ácido lático mais rápida
durante e após um exercício pesado comparado à pessoas de hemoglobina normal.KARK
e WARD(1994), relataram também que a performance durante o exercício apresenta uma
função cardíaca menor em outros estudos, com"redução na frequência cardíaca, no
rendimento cardíaco e na capacidade de trabalho, em 22 adolescentes com a doença
falciforme".
CONCLUSÃO
Com base nos dados da literatura em questão O Doente Falcêmico pode praticar uma
atividade física, mas com muita moderação, devido às manifestações inconvenientes
decorrentes de um stress.Na maioria dos estudos verifica-se um baixo rendimento e uma
baixa performance nos exercício comparados à pessoas de hemoglobinas normais, mas
isso não deve ser encarado como um obstáculo, pois a atividade física terá uma benefício
terapêutico e não uma melhora de rendimento.
Concluímos que o Doente Falcêmico deve ser tratado como uma pessoa normal, pois é
uma pessoa normal, portanto não deve ter restrições na vida, e sim apenas alguns
cuidados à serem tomados. Devem ser encorajados à praticar uma atividade física,
melhorando assim sua auto-estima.Tem um baixo rendimento durante a atividade física,
com menor pressão arterial, menor frequência cardíaca, menor VO2e com hipertensão
pulmonar raramente encontrada.Faltam ainda muitos estudos à serem feitos para assim
os resultados serem melhor confirmados.
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