horóscopos

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O NOVO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
I- ALGUMAS CONSIDERAÇÕES / APRECIAÇÕES DE TIPO CATEQUÉTICO1
Desde os primórdios e já na primitiva comunidade cristã se experimentou a
necessidade da transmissão ou do anúncio sistemático e orgânico da fé, em função do
alargamento da própria comunidade, da sua consolidação na experiência cristã e no
compromisso de vida na comunhão eclesial. Desta catequese e de alguns elementos que a
constituíam fazem já menção as cartas de Paulo, as narrativas evangélicas e os textos do
primitivo catecumenado.
No fim do primeiro século na Síria foi compilada a Didaché ou Doutrina dos
Apóstolos. Era um compêndio para uso daqueles que pediam o Baptismo, com o fim de
orientar a própria vida e a vida das comunidades, segundo o esquema das duas vias ou dois
caminhos: o da vida e o da morte.
Os séculos III e IV são os séculos de ouro da Catequese antiga. Obviamente não se
pode falar de catecismo escrito. Trata-se de recolhas de escritos, Cartas Pastorais,
catequeses mistagógicas. Recordemos as Homilias sobre a Sagrada Escritura de Orígenes
(185-253), as Cartas, por ocasião da Páscoa, de Atanásio, Patriarca de Alexandria (295373); a recolha de Catequeses e as Catequeses Mistagógicas, de Cirilo de Jerusalém (315381); a Oratio Catechetica de S. Gregório de Nissa (335-394); as Homilias de Santo
Ambrósio (340-397); os escritos de Sto. Agostinho... especialmente a sua obra: «De
catechizandis rudibus”.
Mas os catecismos, enquanto manuais da fé e da vida cristã, organizados de forma
metódica, breve e completa, surgem somente nos meados do séc. XVI, ainda que não sejam
de desconsiderar outras tentativas anteriores como por exemplo o Catecismo Carolíngeo
(724-814). Aparecerão depois os chamados Lucidários e Setenários (sete pedidos do Pai
Nosso, 7 pecados capitais; sete dons do Espírito Santo; sete virtudes; sete bemaventuranças, sete sacramentos)... São Tomás nucleou três elementos fundamentais para a
salvação: conhecer aquilo que se deve crer (o Símbolo da Fé); o que desejar (os pedidos do
Pai Nosso) e o que fazer (dez mandamentos);
Em 1529, Martinho Lutero publica o seu Catecismo (o Maior e o Menor). Em 1556
São Pedro Canísio redige também um Catecismo (Maior, Menor e Mínimo) como primeira
tentativa católica de réplica aos catecismos luterano e calvinista e, é só em 1566 que, por
vontade expressa do Concílio (1546), nasce a resposta da Igreja Universal à iniciativa dos
reformadores no Catecismo Maior ou Catechismus ex decreto Concilii Tridentini ad
parochos, chamado de Trento ou de São Pio V ou de Catecismo Romano. O catecismo maior
está dividido em 4 partes: A fé e o Símbolo da Fé; os Sacramentos; o Decálogo; a Oração.
Desenvolvem-se várias tentativas de publicação de novos catecismos. S. Roberto
Belarmino publicou dois textos catequísticos: Dottrina Cristiana Breve (1597) e a
Dichiarazione della dottrina cristiana, mais para uso de educadores e catequistas (1598).
Pio X em 1912 publicou o Catecismo da Doutrina Cristã: um texto breve, formulado ao ritmo
da pergunta-resposta com o fim de favorecer a memorização; foi um texto exaustivo, no
sentido de que nele não falta o essencial; inspirou o método dedutivo na catequese.
Continua a ser nesta perspectiva eminentemente doutrinal que surge o actual Catecismo
da Igreja Católica! O Catecismo foi-nos dado “para que cada um saiba dar razões da sua fé”
(Fidei Depositum n.4 – 11 de Outubro de 1992).
1
Cf. HENRIQUE MANUEL CALDAS JANUÁRIO, Novo Catecismo..., in Atrium n.14 (1993) 80-84.
2
1. As novidades do ponto de vista catequético:
Não foi vontade do Concílio dos nossos dias elaborar um catecismo! De facto, alguns
Padres conciliares, poucos, haviam solicitado nas comissões tal elaboração; no entanto, esta
foi liminarmente recusada. Fica simplesmente a exigência, no decreto Christus Dominus de
28 de Outubro de 1965 (no seu número 44), de elaboração de um Directório Catequístico
Geral.
A questão do Catecismo Universal volta a ser levantada primeiro no Sínodo de 71,
depois logo após a publicação do Directório (1971) e também durante os Sínodos de 74
(evangelização) e de 77 (catequese).
O actual Catecismo da Igreja Católica surge finalmente por vontade expressa do
Sínodo extraordinário de 1985, vontade acolhida pelo Papa que lhe deu rápida execução e o
tornou um acto de Magistério ordinário do sucessor de Pedro.
Apelidado de Catecismo Maior só por ténue analogia pode ser considerado tal, já que os
catecismos que ao longo da história da Igreja têm vindo a ser assim designados são
exposições de doutrina dirigidas aos mais embrenhados (enfarinhados) nos conteúdos da fé
e oferecidos como guias pastorais para professores, catequistas e sacerdotes em função
directa da catequese ao povo de Deus. Não é esta a missão do agora Catecismo da Igreja
Católica.
Encontramo-nos diante de algo totalmente novo, algo inédito na história da catequese!
Este Catecismo da Igreja Católica ou este Catecismo Universal, ao contrário do seu
anterior é:
A) Um fruto ou um exercício de colegialidade – foi redigido por alguns bispos e sujeito à
apreciação de todos, particularmente através das Conferências Episcopais às quais se
juntou a de um número considerável de Institutos Superiores e Escolas de Catequética,
para não falar na contribuição e peritagem de especialistas nas diferentes disciplinas
teológicas e bíblicas.
B) Um instrumento que nasce não por determinação, mas antes na continuação de um
Concílio (o II do Vaticano) do qual recolhe não só a inspiração mas, também, a
experiência dos anos que se lhe seguiram para ser considerado como um fruto maduro e
completo do pensamento pós-conciliar.
C) A continuidade de outros esforços de renovação: a renovação litúrgica; a renovação ao
nível do governo da Igreja com a institucionalização dos Sínodos dos Bispos; a
renovação do Código de Direito Canónico e, finalmente, na linha de renovação procurada
naquilo a que se tem vindo a chamar de nova evangelização. Nas palavras do próprio
Papa:
“O catecismo da Igreja Católica, partindo da escuta da Palavra leva à renovação da
Igreja, ao diálogo acerca da Verdade e, atento aos Sinais dos tempos, apresenta-se
como um instrumento de inculturação da fé”. (cf. JOÃO PAULO II, alocução de
15/11/92, n. 1).
Tomando como referência o discurso de apresentação, sabemos que o Papa o considera
um “Dom de Deus à sua Igreja para o mundo”. É a partir desta qualidade de Dom que se
definem os seus objectivos:
-
pretende apresentar a doutrina de sempre numa nova linguagem.
Pretende apresentar uma síntese da doutrina da fé tratada com unidade e
profundidade; segundo as palavras que lhe servem de prólogo “tem como finalidade
3
-
apresentar uma exposição orgânica e sistemática dos conteúdos essenciais e
fundamentais da doutrina católica tanto sobre a fé como sobre a moral” (n. 11).
é considerado oportuno porque conhece as exigências do homem moderno (outra
questão é a de saber se lhes dá resposta ou não).
está enraizado na Tradição que recolhe, sintetizando as riquezas acumuladas ao longo
de 20 séculos.
Essencialmente é um Catecismo que nasce na sequência do II Concílio do Vaticano (cf.
JOÃO PAULO II, Constituição apostólica Fide Depositum, 11/10/92; ID. Alocução de
7/12/92 por ocasião da apresentação pública do Catecismo da Igreja Católica,
L’Osservatore Romano 7-9 de Dezembro de 1992; J. Card. RAT-ZINGER, Discurso de
apresentação do catecismo da Igreja católica, L’Osservatore Romano 9-10 de Dezembro de
1992).
2. A quem se destina o Catecismo da Igreja Católica?
É um Catecismo que se destina essencialmente aos Bispos, mas também a quantos
exercem, em comunhão com eles, parte significativa do mistério eclesial. São sempre
mencionados explicitamente aqueles que tiverem de elaborar catecismos nacionais ou
diocesanos e, também algumas vezes, os catequistas. É bom, que ressalvemos que o
Catecismo, sendo para todos, não é acessível, pelo menos no presente, senão só a alguns, e
muito poucos, dos nossos catequistas.
3. O que é e para que serve o Catecismo da Igreja Católica?
A intenção é a de ser um compêndio síntese que sirva de referência a outros textos
com destinatários e objectivos específicos diferentes.
(Está ainda por saber se não corre o risco de vir a substituir ou prejudicar os outros
catecismos: já começamos a ver por aí quem o queira ensinar; alguns resumos que
esquecem as outras dimensões que fazem a catequese eclesial. Está ainda por saber,
também, como irá o Catecismo da Igreja Católica exercer, nos diferentes níveis
etários, culturais... essa função de referência normativa).
É um serviço que tem por objectivo a unidade da fé, a comunhão eclesial e a
possibilidade de realização do esforço e do encontro da verdade, tudo isto, no respeito
pela legítima diversidade!
Enquanto súmula da fé permite um verdadeiro diálogo, a partir da verdade, com
todos os homens crentes, descrentes ou malcrentes. O catecismo surge como resposta à
falta de referências que impossibilita o homem contemporâneo de fazer o esforço da
verdade – vivemos uma época de subjectivismo demolidor.
Percebe-se pois, que a preocupação maior deste texto sejam os conteúdos
doutrinais (não quero dizer exclusiva porque existirão outras subjacentes ao próprio
esquema geral e aos esquemas parciais de cada capítulo e de cada tema).
Estes conteúdos dividem-se segundo um tríptico clássico:
Credo, Sacramentos e Mandamentos e Pai nosso (proclamação da fé que celebrada
leva à vida, vida vivida fundamentalmente num diálogo orante).
4
Esta lógica interna, por si só, diz da identidade desta catecismo: há uma proposta
(1ª e 2ª partes) que leva a uma resposta (3ª e 4ª partes); está subjacente a dinâmica da
traditio et remissio: entrega e proclamação.
4. A relação entre Catecismo (ou a catequese real) e o Catecismo da Igreja Católica
A reflexão sobre esta matéria está por fazer!
Catequese não é só doutrina e eu atrever-me-ia a afirmar que a doutrina da fé nem
sequer constitui a sua parte fundamental, já que a catequese está ao serviço da experiência
eclesial de fé e esta é muito maior e supõe elementos muito mais complexos que a simples
doutrina – pelo que este Catecismo não pode ser um instrumento a utilizar sem mais.
Desde o final do século passado, e particularmente nos anos 70 com os Sínodos de 74 e
77, se tem vindo a aprofundar um conceito amplo e envolvente de catequese que comporta
elementos diversificados que vão desde a experiência de comunhão com Cristo, à iniciação
na comunhão eclesial, à celebração dos sacramentos pela capacitação para a leitura activa
dos sinais dos tempos e para o testemunho transformador das realidades históricas.
A catequese está definitivamente assumida como um acontecimento da ordem da
iniciação à relação pessoal de fé no âmbito eclesial e comunitário que conduz a vivência do
homem até à plenitude de sentido e ao serviço do Reino.
É minha opinião, e segundo os diferentes textos de apresentação, incluindo mesmo o
Decreto de Aprovação, que com o Novo Catecismo da Igreja poderemos fazer a verificação
e aferição dos conteúdos dos diferentes itinerários catequéticos já formulados ou a
formular; poder-se-ão organizar os processos de formação doutrinal dos catequistas e dos
restantes agentes da acção pastoral; possuímos um instrumento que faculta, com
autoridade, os principais elementos a utilizar como fontes de catequese (citações bíblicas,
patrísticas e litúrgicas do Magistério recente). Outra utilização possível será orientar a
reciclagem (evidentemente doutrinal) do clero.
Mas, no que à catequese propriamente dita se refere, este Novo Catecismo Universal
terá de sofrer os mesmos desenvolvimentos pedagógicos que o seu anterior (o de Trento),
já que não possuindo objectivamente os mesmos fins, situa-se, no entanto, na mesma
perspectiva: o aprofundamento da fé do iniciado e não a iniciação à fé e à experiência
eclesial que a catequese significa hoje, quer na fidelidade à tradição mais verdadeira da
Igreja, quer na fidelidade ao homem a quem se destina, tenha a idade que tiver, seja qual
for a sua real identidade e situação.
E não se trata de retirar importância ao Catecismo da Igreja Católica mas,
simplesmente, de a relativizar, restringindo-a aos objectivos destinatários a que o mesmo
Catecismo está dedicado.
«Gravai, pois, as minhas palavras no vosso coração e no vosso pensamento,
ensinai-as aos vossos filhos,, repetindo-as sem cessar quando estiverdes em
casa... escreve-as nos pilares das tuas casas e nas tuas portas» (Dt.11,19-20).
5. O Catecismo da Igreja Católica e o Directório Geral da Catequese
O Catecismo da Igreja Católica e o Directório Geral da Catequese são dois
instrumentos distintos e complementares ao serviço da acção catequética da Igreja.
5
-
O Catecismo da Igreja Católica é «uma exposição da fé da Igreja e da doutrina
católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição
apostólica e pelo Magistério da Igreja».
-
O Directório Geral da Catequese é a proposição dos «princípios fundamentais
teológico-pastorais provenientes do Magistério da Igreja e especialmente do
Concílio Vaticano II, aptos a poder orientar a coordenação» da actividade
catequética na Igreja. Os dois instrumentos, cada um segundo o seu género
próprio e a sua autoridade específica, completam-se mutuamente.
-
O Catecismo da Igreja Católica é um acto do Magistério do Papa. Com ele, em
virtude da sua autoridade apostólica, o Papa sintetiza normativamente, no nosso
tempo, a globalidade da fé católica e oferece-a, em primeiro lugar às Igrejas,
como ponto de referência para a exposição autentica do conteúdo da fé.
-
O Directório Geral da Catequese, por sua vez, tem o valor que a Santa Sé
normalmente atribui a estes instrumentos de orientação, aprovando-os e
confirmando-os. É um subsidio oficial para a transmissão da mensagem evangélica
e para o conjunto do acto catequético.
6. O catecismo e as tarefas da catequese (ler DGC 85)
-
Favorecer o conhecimento da fé
A educação litúrgica
A formação moral
Ensinar a rezar
A educação para a vida comunitária
A iniciação para a missão
II- APRESENTAÇÃO E DIVISÃO DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA2
a) Favorecer o
conhecimento
da fé (DGC85)
I-
O Credo – 1ª parte [A finalidade da catequese exprime-se através da
profissão de fé no Deus Único: Pai, Filho e Espírito Santo” (DGC82)]
A primeira parte apresenta a profissão de fé como a catequese baptismal fazia desde
os tempos mais recuados, a saber, o Símbolo dos apóstolos. Esse Símbolo foi desde o
primeiro século a confissão baptismal da Igreja Romana que, a partir de Roma, servia de
norma para toda a cristandade ocidental. Uma tradição que vai até ao quarto século
subdivide o Símbolo em doze artigos, a partir do número simbólico dos doze apóstolos. Esta
subdivisão tem um sentido válido, mas a estrutura original é mais simples: enquanto
confissão baptismal, o Símbolo dos apóstolos é uma confissão no Deus Uno e Trino, Pai,
Filho e Espírito Santo. É essa estrutura tripla, comum a todas as confissões baptismais,
que serviu de ponto de orientação.
Deste modo, destaca-se a hierarquia das verdades. No fundo, a fé cristã é fé em Deus,
todo o resto é desenvolvimento. A nossa fé não é uma teoria, mas é um acontecimento, um
Cf. ALBERTO RIBEIRO – JOAQUIM JORGE DUARTE, Catecismo da Igreja Católica, in Atrium
n.13 (1993) 53-70.
2
6
encontro com Deus vivo que é o nosso Pai e que a colhe a natureza humana no seu Filho,
Jesus Cristo, unindo-nos pelo Espírito; mantendo-se o Deus Uno e único.
Assim, por meio do ensinamento da fé com a confissão baptismal, tornou-se claro que a
catequese não é a simples comunicação de uma teoria religiosa, mas põe em movimento um
processo vital, a entrada no baptismo, na comunhão com Deus.
b) A educação
litúrgica (DGC85)
II-
A Celebração do Mistério Cristão – 2ª parte
A Segunda parte do Catecismo expõe como a salvação de Deus, realizada de uma vez
por todas por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo, se torna presente nas acções sagradas da
liturgia da Igreja (primeira secção), particularmente nos sete sacramentos (segunda
secção).
1. A Economia sacramental
A primeira secção desta parte está dividida em dois capítulos. O primeiro apresenta
a comunicação dos frutos do mistério pascal de Cristo. O segundo a natureza e os aspectos
essenciais da celebração litúrgica.
1.
O mistério no tempo da Igreja
Refere inicialmente a liturgia como obra da Santíssima Trindade. Fala do Pai, como
fonte e fim da liturgia; Cristo glorificado deste a Igreja dos apóstolos, está
presente na liturgia terrena que participa na liturgia celestial. O Espírito Santo
prepara para receber Cristo, recorda e actualiza o mistério de Cristo. Diz-se num
segundo momento deste capítulo que os sacramentos são sinais eficazes da graça,
instituídos por Cristo e confiados à Igreja, pelos quais nos é oferecida a vida divina.
Os ritos visíveis, sob os quais são celebrados, significam e realizam a graça própria
de cada sacramento. Dão fruto em quem os recebe com as disposições requeridas.
2. A celebração sacramental do Mistério Pascal
Trata da celebração dos sacramentos da Igreja. Através da diversidade de
tradições litúrgicas, apresenta o que é comum à celebração dos sete sacramentos.
Faz-se uma catequese fundamental sobre as celebrações sacramentais,
respondendo às questões mais imediatas que se apresentam a um fiel, tais como:
quem celebra, como celebrar, quando celebrar, onde celebrar. Encontramos uma
verdadeira fonte da liturgia dos sacramentos que melhor pode preparar os fiéis e
os ministros para a sua realização; estamos diante de uma catequese liturgicosacramental. De imediato, salienta-se a diversidade litúrgica e a unidade do
mistério. Assim, desde a primeira comunidade de Jerusalém até à Parusia, as
Igrejas de Deus, fiéis à fé apostólica, celebram em todos os lugares o mesmo
Mistério Pascal. O mistério celebrado na liturgia é uno, mas as formas da sua
celebração são diversas. São diversas tradições litúrgicas que, legitimamente
reconhecidas, significam e comunicam o mesmo Mistério de Cristo, que manifestam
a catolicidade das Igreja.
2. Os sete sacramentos da Igreja
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Depois de uma primeira secção, desta Segunda parte, sobre a Economia
Sacramental, em que os sacramentos nos são apresentados como símbolos do encontro com
o mistério de Cristo, como ritos em momentos decisivos da vida do Cristão e em que Cristo
manifesta, torna presente e comunica a sua obra de salvação mediante a liturgia da sua
Igreja em especial pelos sacramentos, segue-se a teologia dos sacramentos, os sete
sacramentos da Igreja, sobre os quais nos vamos debruçar.
- Sacramentos da Iniciação Cristã
O primeiro capítulo apresenta-nos os sacramentos da iniciação cristã: Baptismo,
Confirmação e Eucaristia, sobre os quais se colocam os fundamentos de toda a vida cristã.
BAPTISMO
O Baptismo é o pórtico da vida no Espírito e a porta que abre o acesso aos outros
sacramentos. Pelo Baptismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de
Deus, chegamos a ser membros de Cristo e somos incorporados na Igreja, tornando-nos
participantes da sua missão. O ponto dedicado ao Baptismo abrange várias questões, como a
celebração do sacramento, quem o pode celebrar, quem pode baptizar e também aquilo que
é próprio deste sacramento: a graça do Baptismo.
CONFIRMAÇÃO
A recepção do sacramento da Confirmação é necessária para a plenitude da graça
baptismal. Aos baptizados, este sacramento une-os mais intimamente à Igreja e enriqueceos com a força especial do Espírito Santo. Como tal, comprometem-se, como autênticos
testemunhas de Cristo, a aumentar e defender a fé com as suas palavras e obras. O
Catecismo desenvolve-o nestas alíneas: A Confirmação na economia da salvação; os sinais e
o rito da Confirmação, parte litúrgica da celebração do sacramento; os efeitos da
Confirmação; quem pode celebrar; o ministro da Confirmação.
EUCARISTIA
A Sagrada Eucaristia termina o itinerário da iniciação cristã. Os que foram elevados à
dignidade do sacerdócio pelo Baptismo e configurados com Cristo pela Confirmação,
participam por meio da Eucaristia, com toda a comunidade, no sacrifício do Senhor. A
Eucaristia é o coração e o cume da vida da Igreja, pois nela Cristo associa a sua Igreja, e
todos os seus membros, ao sacrifício de louvor e acção de graças oferecido duma vez por
todas, na cruz, ao seu Pai; por meio deste sacrifício derrama as graças da salvação sobre o
seu Corpo, que é Igreja. A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, ou seja, da obra de
salvação realizada pela vida, morte e ressurreição de Cristo, obra que se torne presente
pela acção litúrgica. Nestas páginas, são esplanadas vários pontos sobre este sacramento: A
Eucaristia como fonte e cume da vida eclesial; a Eucaristia na economia da salvação; a
celebração litúrgica; o sacrifício sacramental: acção de graças, memorial, presença, o
Banquete Pascal, a Eucaristia Pignus futurae Gloriae.
- Sacramentos medicinais (de cura)
No segundo capítulo as Segunda secção, são apresentados os sacramentos da Penitência
e da Santa Unção. Pelos sacramentos da iniciação cristã, o homem recebe a vida nove em
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Cristo. No entanto, esta vida está sujeita ao sofrimento, às enfermidades e à morte. Esta
vida nova de filhos de Deus pode ser atingida e debilitada pelo pecado. O Senhor Jesus,
como médico das nossas almas e dos nossos corpos, quis que a sua Igreja continuasse, com a
força do Espírito, a sua obra de curar e salvar.
PENITÊNCIA
O quarto sacramento do septenário sacramental é a Penitência ou Reconciliação. É
apresentado ao longo de treze páginas como algo necessário, libertador, e que restabelece
a comunhão com Deus e com o próximo. Aquilo que melhor o caracteriza é o nº 11 da Lumen
Gentium que também se encontra no nº 1422 do Catecismo:
“Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência, obtêm a misericórdia de
Deus, o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, reconciliam-se com a
Igreja que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração,
trabalha pela sua conversão”
O Catecismo desenvolve vários pontos na catequese sobre a Penitência ou
Reconciliação: Enumeração dos nomes dados ao sacramento; o porquê dum sacramento da
Reconciliação depois do Baptismo: Jesus chama à conversão – conversão dos baptizados. A
Penitência interior; diversas formas de Penitência na vida cristã: jejum, oração, esmola,...; a
conversão implica ao mesmo tempo o perdão de Deus e a Reconciliação com a Igreja: isto é
também a expressão litúrgica daquilo que realiza o sacramento; quem é o ministro deste
sacramento; quais os seus efeitos; a doutrina e a prática das indulgências. Por último, como
se celebra o sacramento da Penitência ou Reconciliação.
UNÇÃO DOS ENFERMOS
Como no anterior, as palavras que melhor apresentam este sacramento encontram-se no nº
11 da Lumen Gentium;
“Pela Santa Unção dos Enfermos e pela oração dos presbíteros, toda a Igreja
encomenda os doentes ao Senhor padecente e glorificado para que os salve; mais
ainda, exorta-os a que, associando-se livremente à Paixão e morte de Cristo,
concorram para o bem do Povo de Deus”.
A Unção dos Enfermos é um sacramento que a Igreja celebra e realiza no caso
duma enfermidade grave, com o fim de significar a oferta e presença da salvação de Deus
no momento da dor, e para mostrar a solidariedade da Igreja com o enfermo, ajudando-o a
assumir na fé a fragilidade do seu próprio corpo, na esperança da saúde, e aberto à vontade
de Deus.
No Catecismo são dedicados vinte e seis parágrafos ao seu estudo: Fundamentos na
economia da salvação: apresenta Cristo como médico (Mt 4,24), Aquele que cura os
enfermos (Mt 10,38); quem recebe e administra este sacramento; a celebração do
sacramento e, por último, quais os seus efeitos.
- Sacramentos ao serviço da comunidade
Inaugura-se um terceiro momento acerca do septenário. Vamos agora ver aqueles
sacramentos designados “sacramentos ao serviço da comunidade”, são eles, Ordem e
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Matrimónio. Estes dois sacramentos estão ordenados à salvação do(s) outro(s). Contribuem
certamente para a própria salvação, mas isto conseguem-no mediante o serviço que prestam
ao(s) outro(s).
ORDEM
Para colocar pessoas responsáveis nos cargos de presidência das comunidades
cristãs, a Igreja serviu-se desde os tempos apostólicos de um rito que chamamos
ordenação e que a teologia católica considera como um dos sete sacramentos. A Ordem é o
sacramento graças ao qual a missão confiada por Jesus Cristo aos apóstolos é exercida na
Igreja até ao fim dos tempos. É pois, o sacramento do ministério apostólico. Compreende
estes três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconado.
O novo Catecismo apresenta-o da seguinte forma: razões do nome; o sacramento da
Ordem e a economia da salvação: o sacerdócio da antiga aliança, único sacerdócio de Cristo;
os três graus do sacramento; a celebração; o ministro do sacramento; quem o pode receber
e, finalmente, quais os seus efeitos.
MATRIMÓNIO
A figura mais normal, permanente e paradigma do amor é o Matrimónio e a família.
Por isso, o Matrimónio, ao que parece com toda a justiça, foi chamado “comunidade de
amor” (GS 47). Constitui um dos centros mais qualificados de atenção e estudo por parte
do homem. Pela sua riqueza e complexidade, pela sua incidência nas diversas áreas da vida e
pela sua repercussão mesmo no porvir do homem e da família, pode afirmar-se que o
Matrimónio foi um objecto de permanente interesse e de constante preocupação para a
sociedade e para a Igreja. Contudo, talvez nunca como hoje se tenha convertido o
Matrimónio num ponto de convergência duma problemática social e eclesial que obriga a
propor a procura de novos caminhos, novos horizontes de compreensão.
O Matrimónio como sacramento ao serviço da comunidade é desenvolvido em seis
pontos: O Matrimónio no plano de Deus – dum extremo ao outro da Escritura fala-se do
Matrimónio; celebração, preparação e realização; o consentimento matrimonial; efeitos do
sacramento; os bens e a exigência do amor conjugal; unidade e indissolubilidade do
Matrimónio; a Igreja doméstica – importância das famílias cristãs.
1. outras celebrações litúrgicas
OS SACRAMENTAIS
O Catecismo depois de definir o que é um sacramento apresenta: as características
dos sacramentais; diversas formas de sacramentais: tem em especial atenção as formas de
piedade dos fiéis e da religiosidade popular.
AS EXÉQUIAS CRISTÃS
Como tantos outros aspectos da liturgia cristã, as exéquias constituem uma classe
de ritos comparáveis aos de outras religiões. Um bom caminho para descobrir os valores
especificamente cristãos das exéquias é a sua comparação com os ritos funerários pagãos.
Na apresentação feita pelo Catecismo temos dois pontos: a última Páscoa do
cristão; a celebração das exéquias (dimensão litúrgica).
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c) Formação
moral (DGC85)
III - A VIDA EM CRISTO – 3ª PARTE
O texto articula-se em duas secções a primeira com três capítulos e a Segunda com
dois. É objectivo desta terceira parte que “o mistério cristão esteja sempre presente para
iluminar e sustentar os filhos de Deus nas suas obras”. Encontramos ao longo destas
páginas uma vida moral baseada na vivência dos Dez Mandamentos, das Bem-Aventuranças e
nos Conselhos Evangélicos. Esta parte foi aquela que despertou um maior interesse por
parte da opinião pública, criando-se à sua volta uma certa expectativa. A moral do
Catecismo que causou um maior impacto foi a relacionada com alguns aspectos concretos:
pena de morte, guerra, horóscopos, etc.
1. A VOCAÇÃO DO HOMEM: A VIDA NO ESPÍRITO
Esta secção apresenta três capítulos com treze artigos, oito do primeiro, três no
segundo e três no terceiro.
Os capítulos dedicados à moral, em geral, oferecem conteúdos muito valiosos, tais
como: a dignidade da pessoa humana justificada pelo facto de ser imagem de Deus,
fundamentando-se em numerosas citações da Gaudium et Spes; a dimensão comunitária da
existência humana, com abundante material da Doutrina Social da Igreja; justificação,
graça e santidade, e também há que destacar a importância e valia da exposição sobre as
Bem-Aventuranças e sobre a lei nova e evangélica.
“Tomada no seu conjunto esta secção resulta um tanto confusa, sobrecarregada e
pouco articulada”.
Lendo unitariamente o conteúdo da secção primeira, pode configurar-se uma moral geral
apoiada sobre os seguintes elementos:
“Tendência para a Bem-Aventurança, fim último da vida moral. Base antropológica
da moral: a responsabilidade e a moralidade dos actos humanos. A consciência moral
enquanto norma subjectiva da moral. As virtudes, causas para realizar os actos
humanos. O pecado, falha a evitar na vida moral. A lei natural, antiga e evangélica,
enquanto orientação para o comportamento moral. Eclesialidade da vida moral:
Magistério, mandamentos da Igreja, testemunho missionário”.
“Perante esta proposta podem-se fazer algumas anotações gerais. A primeira
consiste em constatar que se trata duma sequência de tratados clássicos da moral
geral. O Catecismo repete quase totalmente a ordenação que aparece na Suma
Teológica de S. Tomás (...). Por outra parte a sequência dos elementos não guarda
uma lógica muito exacta: ver a colocação da lei depois do pecado e das virtudes
(...)”.
A dignidade da pessoa humana
Aquilo que melhor apresenta este capítulo da moral é o seu nº 1700:
“A dignidade da pessoa humana está enraizada na sua criação à imagem e
semelhança de Deus. Realiza-se na sua vocação à Bem-aventurança divina.
Corresponde ao ser humano chegar livremente a esta realização. Pelos seus actos
deliberados, a pessoa humana conforma-se, ou não, ao bem prometido por Deus e
testemunhado pela consciência moral. Os seres humanos edificam-se a si mesmo e
crescem desde o interior: fazem de toda a sua vida sensível e espiritual matéria do
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seu crescimento. Com a ajuda da graça crescem na virtude, evitam o pecado e, se o
cometerem, recorrem como o filho pródigo à misericórdia do nosso Pai do céu.
Assim acedeu à perfeição da caridade”.
As Bem-aventuranças, o desejo de felicidade e orientação para o fim último: assim
apresenta o novo Catecismo a origem e começo da vida moral.
O Catecismo constrói catequeticamente o tratado dos actos humanos com os
seguintes elementos: A pessoa é livre e, consequentemente, responsável; os seus actos
humanos são portadores de moralidade; as paixões ou sentimentos podem contribuir para a
ordenação moral dos actos humanos.
A exposição sobre a consciência moral constitui uma peça bem conseguida, tendo
como texto base Gaudium et Spes 16, e recolhendo, quase na totalidade, as orientações
neo-testamentárias. Sobre o pecado há a dizer que hoje em dia fazer uma síntese sobre
este é bem difícil. Constitui um dos pontos mais delicados da exposição teológica-moral. O
Catecismo define o pecado, fala da sua gravidade, apresentando uma gradação deste.
A comunidade humana
Este capítulo é dedicado concretamente à Doutrina Social da Igreja, à moral social.
É apresentado da seguinte forma: pessoa e sociedade, desenvolve o carácter comunitário
da vocação humana; a conversão e a sociedade; participação na vida social, autoridade e a
sua qualidade; o bem de cada qual está relacionado com o bem comum; responsabilidade e
participação.
A justiça social foca: o respeito da pessoa humana, igualdade e diferenças entre os
homens e a solidariedade humana.
A salvação de Deus: a lei e a graça
Segundo as palavras de Marciano Vidal: “A exposição que faz o Catecismo sobre a
lei é um fiel reflexo do tratado de S. Tomás na Suma Teológica. Tanto na Suma como no
Catecismo considera-se a lei e a graça como os princípios exteriores dos actos humanos”.
A ordem de matérias, neste capítulo, é a seguinte: A lei moral; a lei natural, a lei
antiga, a lei nova ou evangélica; graça e justificação; a justificação, a graça, o mérito, a
santidade cristã, a Igreja, mãe educadora; vida moral e magistério da Igreja, os
fundamentos da Igreja, a moral e testemunho missionário. Desta forma termina a
apresentação da parte do Catecismo que se refere à moral geral.
2 – OS DEZ MANDAMENTOS
Debrucemo-nos agora sobre a Segunda secção, onde é exposta a moral concreta ou
especial que tem como designação Os Dez Mandamentos. Esta secção é constituída por dois
capítulos, apresentando ao longo de dez artigos a moral subjacente a cada mandamento.
Como que em forma de introdução refere-se: O decálogo e a sua apresentação na
Escritura; o decálogo e a lei natural; a obrigação do decálogo; o mandamento novo (Jo
15,12).
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I.
1.
“Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com
todas as tuas forças” (Mt 22,37)
“Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele oferecerás culto” (Mt 4,10)
2. “Não invocarás em falso o nome do Senhor teu Deus” (Ex 20,7)
3. “Lembra-te do dia de Sábado para santificá-lo. Trabalharás durante seis dias e farás
toda a tua obra. O sétimo dia, porém, é o Sábado do Senhor teu Deus” (Ex 20, 8-10)
II.
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34)
4. “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a terra que o
Senhor te vai dar” (Ex 20,12)
5. “Não matarás” (Ex 20,13);
6. “Não cometerás adultério” (Ex 20,14)
7. “Não roubarás” (Mt 19,18); CIC 2401
8. “Não darás testemunho falso contra o teu irmão” (Ex 20,16)
9. “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não desejarás a sua mulher, nem o seu escravo,
nem a sua escrava, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao
teu próximo” (Ex 20,17)
10. “Não cobiçarás ... nada que seja do teu próximo” (Ex 20,17)
Com o décimo mandamento termina a moral particular e a terceira parte do Catecismo.
d) Ensinar a
rezar (DGC85)
IV – A ORAÇÃO – 4ª PARTE
A Quarta parte sobre a oração retoma, de uma certa forma, as outras partes
precedentes. A oração é a fé aplicada, concretizada. Ela está ligada de modo inseparável ao
mundo sacramental. Os sacramentos pressupõem a oração pessoal e são, por sua vez, os
únicos a dar à oração pessoal uma orientação sólida, inserindo-a na oração comum da Igreja
e, portanto, no diálogo de Cristo com o Pai.
Mas a oração e a moral são inseparáveis: é só a partir da conversão a Deus que se
abrem as vias da autêntica realização humana. O Catecismo, na linha das grandes tradições
catequéticas, dá à parte sobre a oração uma significação definida. A oração é a expressão
da nossa esperança. O facto de sabermos que rezamos revela que a nossa vida e o mundo
são imperfeitos, necessitam de ajuda. A oração é Dom que recebemos com a esperança que
encontramos na invocação: “Venha a nós o Vosso Reino”. Quando dizemos esta palavras
rezamos pelo mundo presente, mas também rezamos pela vida eterna, pelo mundo novo.
Ao longo das quatro partes que constituem o Catecismo manifesta-se a integração
recíproca da fé, da esperança e da caridade. A partir do momento em que rezamos é-nos
dada a esperança e na medida em que rezamos esperamos, assim somos possibilitados para
amar.
13
OS LIMITES DO CATECISMO
O Catecismo, ainda que inspirado na Sagrada Escritura, é uma obra humana, como
tal, pela sua natureza, está sujeito aos limites do homem e à sua situação histórico-social.
Assim, este manual da fé e da moral é limitado face à pretensão de fornecer à doutrina
cristã uma dimensão global e englobalizante. Deste modo, destacaremos os limites
estruturais e contingentes que, em vez de o limitar, desafiam a capacidade adaptativa de
cada Igreja local.
– LIMITES ESTRUTURAIS
Como qualquer catecismo, o Catecismo da Igreja Católica configura-se como um dos
instrumentos para a catequese a qual, por sua vez, é apenas uma das actualizações do
ministério profético que unido ao ministério sacerdotal constitui a missão da Igreja.
O Catecismo constitui um dos meios para a catequese, que é uma actividade muito
complexa, com os seus vários e múltiplos elementos: os catequistas, os destinatários, os
conteúdos e os métodos. Outros meios de catequese podem ser constituídos pela
informática, pelos meios audiovisuais, etc...
A catequese é apenas uma das expressões do ministério profético da Igreja, não
sendo a única, e que está interligado com o ministério sacerdotal e o ministério da realeza.
Esses ministérios: profético, sacerdotal e real são as três dimensões que, coordenadas
entre si, complementadas entre si, se apresentam como a única e indivisível missão da
Igreja. Nesta, outras formas de expressão do ministério profético, para além da
catequese, adquirem forma, como a evangelização, a homilia e a celebração da palavra.
– LIMITES CONTINGENTES
O catecismo é dirigido a toda a Igreja que se actualiza nos vários lugares e,
portanto, não pode recolher todos os aspectos peculiares e específicos da pluralidade das
Igrejas locais.
Pela sua finalidade não pode, tão pouco, expressar as características particulares
das diversas culturas nem sequer os diversos tipos antropológicos que se manifestam no
mundo e, ainda menos, as características próprias de cada idade da pessoa. Deste modo, é
requerida a indispensável mediação ulterior dos catecismos nacionais e diocesanos, aos
quais compete prestar atenção, o mesmo acontecendo em relação aos vários contextos
sócio-culturais-eclesiais. Deste modo, os destinatários são diferenciados segundo a idade
(criança, adolescente, jovem, idoso), segundo a pertença associativa (família, paróquia,
escola), segundo a profissão.
Ao pertencer ao género literário do Catecismo maior, este tem, necessariamente,
em atenção o aspecto dos conteúdos da catequese. Expressa quem anuncia a Igreja no seu
Credo, celebrar, viver e orar. Por conseguinte, pede aos catecismos nacionais outros
aspectos a incluir na catequese, por exemplo: o catequista – o que anuncia, o método – o
como se realiza o anúncio, o destinatário – aquele ao qual se anuncia.
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O Catecismo evita pois entrar no imenso campo das indicações pedagógicas e das
aplicações metodológicas e didácticas. Esse trabalho é pedido aos catecismos locais. Pela
sua génese o Catecismo é uma obra colegial. Esta característica reveste-o de aspectos
positivos, mas também negativos, em relação à homogeneidade redaccional do texto. Este é
o fruto do trabalho de várias mãos, da consulta ao episcopado universal, efectuada por
muitas pessoas competentes nas diversas ciências teológicas (exegetas, teólogos
dogmáticos, liturgistas e moralistas). João Paulo II declara-o como um Dom para a Igreja.
-
Regra segura para o ensinamento da fé;
Instrumento válido e legítimo da comunhão eclesial ;
Instrumento de renovação à qual o Espírito Santo chama continuamente a Igreja;
Texto de referência para a elaboração dos catecismos locais;
Modelo de inculturação da fé revelada;
Cf. Const. Apost. FIDEI DEPOSITUM, 4.
Alguns dados:
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2865 números
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Constituição Apostólica Fidei Depositum, de 11 de Outubro de 1992
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Publicação da Gráfica de Coimbra, em 19 de Julho de 1993, 689 páginas.
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Directório Geral da Catequese 15 de Agosto de 1997.
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