Para que acreditem e tenham a vida Orientações

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Para que acreditem e tenham a vida
Orientações para a catequese actual da Conferência
Episcopal Portuguesa
23 Junho de 2005
a) Catequese evangelizadora.
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Adoptar um caracter missionário procurando assegurar a
adesão à fé. Para isso precisa de ir ao encontro da vida real dos
catequizandos e de ter em conta as suas questões e
experiências de modo a responder-lhes.
Centrar-se no kerigma, ou seja, na pessoa de Jesus
Cristo Ressuscitado e no Seu mistério de salvação.
Jesus Cristo deve ser apresentado como Boa Nova, fonte de
esperança e de sentido para a vida humana e para as questões
das pessoas e da sociedade.
Convidar constantemente a uma atitude de conversão ao
Senhor em ordem ao crescimento na santidade pessoal e ao
compromisso com o testemunho do Evangelho no mundo.
b) A catequese no processo global de
evangelização.
1. Presença e acolhimento. Para que os destinatários possam escutar a Boa Nova,
precisam de ter o coração bem disposto, atento e acolhedor. Nesse sentido, o primeiro
passo e a atitude constante para evangelizar é “captar a benevolência” dos destinatários,
tornando-se, no meio deles, uma presença amiga, acolhedora e solidária.
2. Primeiro anúncio. Não podemos permanecer na presença solidária e no acolhimento. É
indispensável o anúncio explícito de Jesus como Salvador do homem (EN 22), que conduza
ao despertar da fé e da conversão.
3. Depois do primeiro anúncio é o momento da catequese que solidifica e faz amadurecer o
primeiro anúncio.
4. Comunidade cristã e sacramentos. A catequese conduz à integração e à participação
activa na comunidade cristã que celebra a presença e a acção de Deus nos sacramentos,
sobretudo na Eucaristia, vértice e fonte de vida cristã
5. Comunidade cristã e testemunho. A vida cristã é como os talentos do evangelho que
são dados a cada um para pôr a render através do testemunho da caridade e do serviço ao
Reino de Deus. A vida cristã é como a luz que deve irradiar à sua volta. O testemunho, por
sua vez, fortalece e aprofunda a fé dos fiéis.
CATEQUESE E CATECISMOS.
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Os catecismos são instrumentos para fazer
catequese. Desempenham uma função importante
mas não são suficientes. Na verdade, a
transmissão da fé assenta em vários outros
elementos como o testemunho da Igreja, o
exemplo de vida cristã da família e da comunidade
local, o percurso pessoal de fé, a comunicação
entre o catequista e catequizando, etc. Os
catecismos são textos escritos de apoio que
precisam de vida. É a comunidade cristã e o
catequista quem dá vida ao catecismo.
História dos Catecismos
Os catecismos surgiram na época da reforma e da contrareforma (séc. XVI)
 A Igreja procurou comunicar aos fiéis o conhecimento da doutrina
cristã, resumida em quatro grandes colunas que correspondem às
várias dimensões da vida cristã: o que o cristão deve crer
(Símbolo); o que deve esperar (Pai Nosso); o que deve praticar
(Decálogo); a graça que precisa de receber (Sacramentos).
 A partir de meados do século XX, a situação social e religiosa, bem
como o desenvolvimento da psicologia e da pedagogia, levaram a
prestar atenção a outros aspectos catequéticos que passaram
também a integrar os catecismos: a relação da fé com a vida real, a
iluminação das experiências humanas e a educação das atitudes de
fé.
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Os novos catecismos seguem os
seguintes critérios:
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Têm como referência o Catecismo da Igreja Católica e como fonte a
Palavra de Deus contida na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja.
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Por isso, devem ser uma autêntica introdução à “lectio divina” isto é, à
leitura da Sagrada Escritura feita “segundo o Espírito” que habita na Igreja
(MPD 9; DGC 127). As passagens bíblicas deverão, por isso, ser
contextualizadas com uma breve introdução que as situe e uma breve
conclusão que destaque a mensagem principal.

Os catecismos procuram apresentar e interpretar os sinais e testemunhos
visíveis de vida cristã, como: vidas de santos; símbolos litúrgicos;
património religioso; manifestações culturais da fé cristã; expressões da
piedade e da religiosidade popular.

As catequeses serão relacionadas com a celebração da liturgia e com os
tempos litúrgicos fortes de modo a levar a viver na celebração o que se
aprende na catequese. A liturgia deve ocupar um lugar de relevo no
catecismo.
Os novos catecismos seguem os
seguintes critérios:
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A oração deve também fazer parte de cada acto catequético e ser proposta, nesse
sentido, pelos catecismos.
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Cada encontro integra uma breve síntese doutrinal que permita o acesso à
memória da Igreja, colhida do Catecismo da Igreja Católica ou do Magistério.
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Cada acto catequético deverá conduzir ao encontro com Cristo e ao
compromisso de aplicação na vida quotidiana. Nesse sentido, deverá ser
continuado por actividades concretas.

Na catequese de infância e adolescência, os catecismos deverão fazer algumas
propostas para chamar a família a colaborar na transmissão da fé. A linguagem
deve ser viva, narrativa, fiel à linguagem da Igreja e ligada à cultura actual, com um
fio condutor linear e acessível.

O catecismo para a infância e adolescência, dentro da nossa tradição catequética,
integra o guia do catequista e o manual do catequizando e distribui ao longo de
dez volumes, um para cada ano de catequese, o conteúdo global da revelação em
correspondência com as características próprias de cada idade.
Itinerário de Catequese de Iniciação da
Infância e Adolescência
(6-16 anos)
Infância
I Etapa – Inserção na comunidade
É uma fase de acolhimento por parte de toda a comunidade cristã, que visa a
progressiva inserção na vida da fé da Igreja
1º Ano
Jesus gosta de mim
Festa do Acolhimento
2º Ano
Ensina-nos a rezar
Festa do Pai-Nosso
3º Ano
Em Ti, vivemos
Festa da Eucaristia
II Etapa – A vida da fé
Primeira síntese da fé cristã. Ser cristão é seguir Jesus e viver à maneira da comunhão
trinitária
4º Ano
Ao encontro... de Jesus
Entrega da Bíblia
5º Ano
À descoberta... do Pai
Entrega do Credo
6º Ano
Na força... do Espírito
Festa da Fé
Adolescência
III Etapa – Sentido cristão da vida
Descoberta de Jesus Cristo como o amigo, a grande referência para o sentido da vida e
para a resolução das grandes questões existenciais
7º Ano
Projecto mais
Bem-aventuranças
8º Ano
Somos mais
Festa da Vida
IV Etapa – Compromisso cristão
Ajudar a realizar o compromisso comunitário e eclesial. Tem ainda em conta a
necessidade de uma nova síntese da fé, agora no horizonte adolescente e juvenil
9º Ano
O desafio de viver
Celebração de Compromisso
10º Ano
A alegria de crer
Festa do Envio
Finalidade da Catequese
O objectivo da catequese é levar cada catequizando não
só a um contacto, mas a uma comunhão e intimidade
com Jesus Cristo.
 A comunhão com Cristo impulsiona a unir-se àquilo a que
Ele se sentiu profundamente unido:
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◦ A Deus, seu Pai, que o enviara ao mundo
◦ Ao Espírito Santo, que lhe dava força para a
missão
◦ À Igreja, seu corpo, pela qual se entregou
◦ A toda a humanidade, seus irmãos e irmãs, de
cuja sorte quis partilhar
Tarefas da Catequese
O conhecimento da fé
 A educação litúrgica
 A formação moral
 Ensinar a rezar
 Educar para a vida comunitária
 A iniciação para a missão

III Etapa
– Sentido cristão da vida
7º e 8º anos
O sentido da vida
(7º e 8º anos)
Ler criticamente a cultura, para realçar os valores e
apontar os contra-valores, em espírito de verdadeiro
discernimento.
 Ter uma atitude construtiva perante a cultura, num
esforço constante de inculturação que respeite a
integridade da fé.
 Valoriza-se a ânsia de mudar o mundo e de transformar
a sociedade. Esse foi também o projecto de Jesus,
presente nas bem-aventuranças.
 Parte-se das interrogações tipicamente adolescentes, para,
num segundo momento, chegar às questões existenciais
mais profundas, equacionando-as numa perspectiva cristã.
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O sentido da vida
(7º e 8º anos)
O 7º ano está mais voltado para a descoberta
da identidade pessoal (sentido cristão da
corporeidade e definição de um projecto de
vida)
 O 8º ano está mais voltado para a dimensão
relacional e comunitária de todo o ser humano

8º Ano
O diálogo é apresentado como condição de
relação com os outros.
 Procura-se que o adolescente seja capaz de
olhar o mundo que o rodeia com olhos de
fé.
 Ajudar, pela fé cristã, na busca do sentido
para a vida.

Objectivos Gerais
8º Ano
Descobrir o outro como pessoa, pelo
diálogo e relação
 Viver a alegria e a esperança, em
comunidade (Igreja), como expressão da
adesão ao projecto de Jesus Cristo
 Comprometer-se a ser sal e luz na
sociedade em que vivemos

Destinatários
Mudanças psicológicas, profundas e globais.
 Confronto entre a crença desenvolvida
durante a infância e a prática religiosa, no
contexto social.
 Despertar da sexualidade genital. Gera
angústia. Cria mecanismos de defesa, como a
repressão ou a sublimação desses sentimentos.
 Sofre uma razoável influência social e cultural
 Distanciamento da Igreja, ou uma atitude de
desconfiança em relação a ela.
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Destinatários (cont.)
Nuclear na resolução destes conflitos é a
construção da identidade: escolha do papel
social e desenvolvimento vocacional.
 Necessidade de reestruturar os laços com a
família de origem (fim da infância, relação de
equidade).
 Importância do grupo de amigos como a
nova referência e, às vezes, a nova família
psicológica.
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Destinatários (cont.)
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
O maior impacto na adolescência é o acesso às
operações formais: abstracção, raciocínio
hipotético-dedutivo.
Desenhar um projecto pessoal de vida e o
desafio da realidade ser diversa e oferecer um
grande número de opções, algumas delas
contraditórias.
Os interesses intelectuais são crescentes e mais
abstractos. Aperfeiçoa o espírito crítico e exige
segurança doutrinal.
Destinatários (cont.)
Etapa imaginativa (devaneio).
 Emancipação e liberdade.
 Este processo torna os heróis atractivos,
como projecção das suas ideias sobre o que é
a vida adulta.
 Um certo moralismo aflora, com tendência
para julgamentos intransigentes.
 Episodicamente, surgem alguns sinais
exteriores de originalidade, pela necessidade
de afirmação pessoal.
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Destinatários
Desenvolvimento Religioso


Primeira fase de personalização da Fé. Coloca o
problema do destino. Surgem dúvidas de Fé.
Tendência para a culpabilidade e responsabilização
pelos seus actos. Recusa da doutrinação imposta e
necessidade de credibilidade e justificação das
fontes de informação, pais, professores e
catequistas
A oração permanece instrumental, procurando o
apoio de Deus. Capacidade de abordar Deus
pessoalmente. Transcendência de Deus.
Destinatários
Desenvolvimento Religioso
O êxito educativo desta etapa depende muito
da pedagogia do testemunho.
 O objectivo da personalização da Fé é conseguir
uma escolha estável e pessoal da crença
religiosa. É essencial apoiar a formação na
experiência pessoal: valorizar a vida em casa e
na escola. Promover a adopção de atitudes
cristãs de vida.
 Promover a orientação espiritual, através de
conversas regulares e pessoais.
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Estrutura do 8º Catecismo
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15 catequeses para um ano
Distribuídas por três blocos
Desenvolvidas em dois momentos (primeiro e
segundo encontro)
Possibilidade de actividades entre catequeses
O catecismo do catequizando é indispensável
Materiais de apoio: músicas em CD, imagens…
Três blocos
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Somos seres em relação.
◦ Até ao Natal
◦ O diálogo, característica do ser pessoa e marca da identidade cristã (Deus
Trindade é amor, é diálogo e circularidade de vida)
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Somos sal e luz.
◦ Até à Quaresma
◦ A opção fundamental. Opções pelo Reino e opções pelo egoísmo. Conversão.
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Somos testemunhas da esperança.
◦ Até ao final
◦ Transmitir, com a palavra e a vida, a maravilha que é encontrar o Verbo da Vida.
Testemunho não apenas individual mas comunitário, eclesial.
Dois encontros por catequese
Parte-se dos acontecimentos para se entender o significado e o
sentido da vida cristã (da realidade para o mistério). (Re)ligar a
vida e a Fé.
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1º Encontro – Experiência humana
◦ Se se unirem os dois momentos num só encontro, pode
omitir-se a parte “Para interiorizar”.
◦ Como é uma catequese activa, sugerem-se actividades
variadas, com duas propostas alternativas.
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2º Encontro – Palavra de Deus e Expressão de Fé
◦ Contactam com o Evangelho para serem interpelados por
ele, para o conhecerem e o viverem.
◦ Pedagodia activa
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