MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDUSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR SECRETARIA DE COMÉRCIO E SERVIÇOS DEPARTAMENTO DE MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS SUMÁRIO EXECUTIVO AS MPMES E A CRISE ECONÔMICA INTERNACIONAL I – O CENÁRIO NACIONAL DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE A forte desaceleração do crescimento da economia brasileira no último trimestre de 2008 foi resultado do enfraquecimento da demanda de investimentos, da depreciação cambial, da redução da oferta de crédito externo, do aumento dos custos financeiros e do incremento das incertezas macroeconômicas. As medidas adotadas pelo Governo federal, desde setembro de 2008, para aumentar a liquidez melhoraram as condições de crédito. No que se refere à inflação, felizmente, o real se valorizou em relação ao dólar desde janeiro do corrente ano. A partir de junho de 2009, percebe-se um aumento na confiança dos consumidores, das empresas e das vendas no varejo. No entanto, o crescimento das exportações brasileiras ainda se mantém fraco devido ao arrefecimento econômico que atinge os principais parceiros comerciais do país. Nesse contexto, a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada em 12 de maio de 2008, é uma iniciativa do Governo brasileiro que visa fortalecer a interlocução com o setor privado. A PDP conta com medidas concretas de implementação de curto, médio e longo prazo, articuladas em cooperação com o empresariado e direcionadas para enfrentar os principais gargalos que afetam o desempenho da economia nacional. No que tange ao setor, as MPEs fazem parte da PDP como destaque estratégico. A Agenda de Ação está estruturada em 04 desafios: (i) regulamentar e implementar a Lei Geral das MPEs; (ii) aumentar a participação das MPEs nos mercados interno e externo; (iii) melhorar a gestão e ampliar a capacidade de inovação das MPEs; e (iv) incentivar o associativismo e cooperativismo. A referida Agenda possui cerca de 65 ações distribuídas entre os 4 desafios. Dessa forma, o Governo vem envidando esforços no sentido de manter uma política de apoio e de recuperação da expansão do crédito, do financiamento, da inovação, do associativismo, e das exportações para que haja uma reativação mais rápida dos setores produtivos. II – IMPACTOS DA CRISE SOBRE AS MPEs Dificuldade de acesso ao crédito, decorrente da menor liquidez no mercado; Perda de faturamento das MPEs, devido: cancelamento e/ou diminuição de pedidos de clientes (estoques elevados); queda do consumo provocada pelo aumento de demissões nas empresas; redução do índice de confiança dos consumidores; Aumento da inadimplência perante as Instituições Financeiras (BACEN, 2006/2007); Redução do emprego; e Retração das exportações. III – MEDIDAS ANUNCIADAS PELO GOVERNO PARA ATENUAR OS EFEITOS DA CRISE 1) Desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre 70 itens do setor de bens de capital Prazo: 31/12/09; Principais Produtos Desonerados: válvulas industriais, partes de aerogeradores, microscópios, partes de vários tipos de máquinas e equipamentos; 2) Prorrogação da desoneração do IPI sobre veículos Caminhões: prorrogação por 6 meses (até 31/12/09); Automóveis: prorrogação por 3 meses (até 30/09/09) – retorno gradual para alíquotas anteriores em 3 meses (até 31/12/09). 3) Prorrogação da desoneração do IPI sobre produtos da linha branca até 31/10/09 Fogão (menos 5 pp; Geladeira: menos 10 pp; Máquina de lavar: menos 10 pp; Tanquinho: menos 10 pp). 4) Sistema Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – empréstimo ponte Finalidade: reforço de capital de giro para os fabricantes pela antecipação das vendas; Público alvo: qualquer pessoa jurídica, com operação contratada junto ao BNDES e pendente de liberação; Liberação dos recursos: diretamente na conta do fornecedor do bem financiado pela operação de BNDES Finame; Custo: redução de 17% (de 1,80% para 1,26%). 5) Fundo Garantidor de Crédito Criação de 2 fundos garantidores de crédito para MPEs e para compra de bens de capital (BNDES e Banco do Brasil); Aporte por parte da União: R$ 4 bilhões; Cobertura: até 80% da operação; Limite da inadimplência: 7% da carteira de crédito; Contribuição dos Bancos: 0,5% da operação garantida; Administração dos Fundos: BNDES e Banco do Brasil. IV – MEDIDAS ANTICRISE VOLTADAS PARA AS MPES 1) Dispensa da Certidão Negativa de Débito do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e do Certificado de Regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) nas operações de crédito voltadas para ME e EPPs não inscritas no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (CADIN) Situação: apresentação da proposta via Secretaria Executiva da PDP; Impacto para o setor: simplificação do acesso ao crédito. 2) Estruturar programa para ampliar a participação de MPEs em pregões e licitações públicas no âmbito dos governos federal, estadual e municipal, possibilitando, inclusive, acesso às linhas de crédito para este serviço Situação: projeto em fase de negociação com o Ministério do Planejamento; Impacto para o setor: ampliação da participação de MPEs em licitações públicas, facilitando o acesso ao crédito. 3) Regulamentação, pelo Ministério da Fazenda (MF), do art. 65 inciso II § 4º da LC nº 123/2006, que trata da redução a Zero da Alíquota do IPI, da Contribuição para 2 Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS/PASEP), incidentes sobre equipamentos, máquinas, acessórios e peças adquiridas por ME e EPPs que atuem no setor de Inovação Tecnológica Situação: ação encaminhada ao MF pelo Ministério de Ciência e Tecnologia em jan/09; Impacto para o setor: estímulo à inovação nas MPEs. 4) Microempreendedor Individual - MEI Informações Complementares: empresário individual com receita bruta de até R$ 36 mil; recolhimentos: R$ 51,65 (Prev. + ICMS + ISS); vantagens: auxílio-doença, aposentadoria por idade e pensão aos dependentes; Situação: implementação em 01/07/09. 5) Ampliação do Cartão BNDES para o setor de serviços Impactos para o setor: taxa de juros: de 1,13% para 1% a.m.; limite de financiamento: de R$ 250 mil para R$ 500 mil; prazo: de 36 para 48 meses; segurança quanto à destinação do crédito à realização de investimentos produtivos; itens financiáveis pelo Cartão: autopeças, insumos laminados de aço carbono e especial, peças em ferro fundido utilizadas na fabricação de máquinas e equipamentos, serviços de certificação de qualidade e acreditação. Resultados (2008): liberações de recursos do Cartão: R$ 845,7 milhões; operações realizadas: 60.265 operações; emissões: 29.997 Cartões. 6) Implementação do Custo Efetivo Total (CET) para pessoas jurídicas, principalmente às ME e EPPs Informações Complementares: o CET é um valor percentual que representa a soma dos custos cobrados na contratação de um empréstimo ou financiamento. São eles: taxa de juros, tributo (Imposto sobre operações financeiras - IOF), registros (despesas cartorárias e pagamento de serviços de terceiros no caso de financiamento de veículos); criado pelo Conselho Monetário Nacional - CMN - Resolução 3.517, de 06.12.2007 - para que o consumidor conheça todos os custos de um empréstimo ou financiamento antes de fechar o contrato. Impacto para o setor: ampliar a competitividade e fortalecimento da estrutura patrimonial das MPEs. 7) Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios – REDESIM (Lei nº 11.598/2007) Benefícios: (i) agilidade (redução no tempo de abertura de empresas para no máximo 5 dias úteis); (ii) redução de custos; (iii) desburocratização; (iv) facilidades: informações e orientações consolidadas na WEB; (v) redução da economia informal; (vi) satisfação e maior probabilidade de sucesso ao cidadão empreendedor; (vii) criação de empregos formais; (viii) crescimento da produtividade; e (ix) crescimento econômico. Situação: medida implementada. 3 ANEXO I – CENÁRIO NACIONAL DAS MPES TOTAL ME e EPPs Part.% ME e EPPs Empresas formais em operação (2005) 5.134.934 5.083.585 99% Empregos formais (2005) 28.455.004 15.650.252 55% R$ 244,3 bilhões R$ 58,6 bilhões 24% 23.537 11.919 50,6% Indicadores Faturamento das empresas formais (2005) Empresas exportadoras (2007) Exportações (2007) Estimativa de compras governamentais anuais (2008) PIB (2006) US$ 160, 649 bilhões US$ 2, 995 bilhões 1,9% R$ 24,539 bilhões R$ 7,7 bilhões 32% R$ 2,3 trilhões R$ 460 bilhões 20% Fontes: IBGE, IPEA, SECEX/MDIC 4