OFICINA DE REDAÇÃO 2011 turma de veteranos Prof. Eduardo A. Lopes A Psicologia Evolucionista, Psicologia evolutiva, ou simplesmente PE propõe explicar características mentais e psicológicas - tais como memória, percepção, ou linguagem - como adaptações. Assim a mente é resultado da seleção natural e seleção sexual e, portanto, ela pode ser melhor entendida à luz da evolução humana. A Psicologia Evolucionista tenta explicar os universais humanos e seu valor adaptativo. A PE tem suas bases nas ciências naturais: na teoria evolutiva de Darwin e na genética mendeliana - o neodarwinismo - que lhes fornece uma rigorosa base científica. Podemos dizer que a PE surgiu como uma evolução da sociobiologia, criada por E.O. Wilson com a publicação de seu livro "Sociobiology: The New Synthesis" em 1975. Wilson foi um dos primeiros a defender que o comportamento social, humano ou não, estaria fortemente ligado aos genes e aos seus interesses perpetuativos. A PE propõe que o cérebro primata abrange muitos mecanismos funcionais chamados adaptações psicológicas ou mecanismos psicológicos evolutivos (MPEs), que evoluíram a partir da seleção natural com o intuito de beneficiar a sobrevivência e a reprodução do organismo. MPEs não controversos incluem a visão, audição, memória, e controle motor. Exemplos mais controversos incluem as diferenças entre preferências e estratégias de machos e fêmeas, habilidades cognitivas e temperamento, mecanismos de evitação de incesto, mecanismos de detecção de trapaceiro e captura-relacionamento. (adaptado do verbete “Psicologia Evolucionista”, acessado em 03/04/2011. http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_evolucionista) São Paulo, domingo, 03 de abril de 2011 ANÁLISE :TRIGÊMEOS DE CURITIBA Dilema é decifrar se caso foi apenas um erro momentâneo Tentativa de pais de abandonar uma das três filhas envolve instintos ancestrais inscritos em nosso DNA HÉLIO SCHWARTSMAN ARTICULISTA DA FOLHA Não poderia haver agressão maior a nossas sensibilidades modernas do que a tentativa do casal de Curitiba de abandonar na maternidade a mais doentinha das três filhas recém-nascidas. De uma só tacada, os pais atentaram contra os imperativos do amor pela prole e da proteção aos mais fracos. (...) Estamos então diante de monstros? A questão é mais complicada e envolve, entre vários elementos, alguns impulsos ancestrais. Uns poucos séculos de desenvolvimento tecnológico e fartura material nos fizeram esquecer de como a vida pode ser difícil para humanos. Do conforto de nossos lares climatizados e abastecidos por supermercados, idealizamos o amor pelos filhos e transformamos a simples suspeita de abandono de crianças em crime contra a espécie. Esquecemos que, no ambiente inóspito que predominou durante a maior parte de nossa história evolutiva, frequentemente não havia alternativa que não a de sacrificar os mais fracos (quase sempre bebês, velhos e doentes) para garantir a sobrevivência do grupo. Esse passado darwiniano evidentemente deixou marcas em nossos cérebros. É claro que biologia não é destino. Não é porque nossos ancestrais tiveram de cometer infanticídio que estamos autorizados a repetir suas atitudes. Seria uma surpresa, entretanto, se comportamentos inscritos no fundo de nosso DNA e no da maioria dos animais que cuida da prole - não dessem as caras de vez em quando, em especial em situações de estresse como a enfrentada pelo casal. O dilema agora é decidir se a tentativa de abandono basta para decretar que os pais se tornaram para todo o sempre indignos de manter a guarda dos filhos, ou se ela é mais bem descrita como um erro pontual, uma falha momentânea no dever de reprimir os nossos instintos mais primitivos. ATÉ QUE PONTO COMPORTAMENTOS HUMANOS ATUAIS PODEM SER ATRIBUÍDOS À HERANÇA GENÉTICA ANCESTRAL?