A QUESTÃO SOCIAL: OBJETO DO SERVIÇO SOCIAL

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A QUESTÃO SOCIAL: OBJETO DO SERVIÇO SOCIAL
Sabemos que o curso Serviço Social nos proporciona uma profissão legitimada
socialmente, isto significa que ela
tem uma função social. Também temos
conhecimento que o assistente social convive cotidianamente com as mais amplas
expressões da questão social, matéria prima de seu trabalho. Consequentemente, este
profissional confronta-se com as manifestações mais dramáticas dos processos da
questão social no nível dos indivíduos sociais, seja em sua vida individual ou coletiva.
A questão social é uma categoria que expressa a contradição fundamental do
modo capitalista de produção. Contradição, esta, fundada na produção e apropriação da
riqueza gerada socialmente. O que isto significa? Que os trabalhadores produzem a
riqueza e os capitalistas se apropriam dela. E sendo assim, o trabalhador não usufrui das
riquezas por ele produzidas.
Hoje a globalização da economia e o crescimento econômico não minimizaram
os impactos gerados pela disparidade de renda e de desenvolvimento social encontrado
em uma mesma região. Questão social é a pobreza, o trabalho escravo, o trabalho
infantil, a baixa escolarização da população brasileira, a ineficiência da justiça, o
desemprego, a violência, a delinqüência juvenil, é a doença ocupacional.
A concepção de questão social mais difundida no Serviço Social é a de
CARVALHO e IAMAMOTO, (1983, p.77):
“A questão social não é senão as expressões do
processo de formação e desenvolvimento da classe
operária e de seu ingresso no cenário político da
sociedade, exigindo seu reconhecimento como
classe por parte do empresariado e do Estado. É a
manifestação, no cotidiano da vida social, da
contradição entre o proletariado e a burguesia, a
qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais
além da caridade e repressão”.
Então, podemos dizer que Questão Social é o conjunto de problemas políticos,
sociais e econômicos que o surgimento da classe operária impôs no curso da
constituição da sociedade capitalista. Assim, a questão social está fundamentalmente
vinculada ao conflito entre o capital e o trabalho.
A autora Ednéia Machado afirma que:
“ a questão social emerge da relação capital e trabalho,
e diz que produz a desigualdade entre os homens é a
forma de produção social. Portanto, individualmente os
homens
não são desiguais, a forma de produção e
apropriação do produto social é que produz as
desigualdades, modo de produção este que deve ser
reproduzido, para manter a dominação de classe.”
As consequências da apropriação desigual do produto social são as mais
diversas: analfabetismo, violência, desemprego, favelização, fome, analfabetismo
político, etc.; criando “profissões” que são frutos da miséria produzida pelo capital.
O monopolismo teve início quando as grandes empresas começaram a abarcar as
pequenas e as médias no último terço do século XIX. Tornando-se cada vez mais
gigantescas, aquelas, que se sustentaram no mercado, deram margem à formação de
empresas monopolistas.
Na organização monopolista, em vez de trabalho, o monopólio faz aumentar a
taxa de afluência de trabalhadores ao exército industrial de reserva. Nessas condições, o
capitalismo deixou de reproduzir somente a riqueza social, reproduzindo o parasitismo
As indústrias brasileiras perdem espaço de tal maneira, que os investimentos das
grandes empresas monopolistas absorvem posições de liderança antes ocupadas por
indústrias e empresários nativos. O empresariado nacional, que atuava de forma
competitiva, teve que ceder ao capital internacional.
A crise se deu por pressões de ordem externa e interna. Uma delas foi exercida
pelas empresas de capital monopolista mundial com interesse no Brasil. A outra pressão
foi feita pela burguesia local e pelos trabalhadores. Se a pressão interna não chegou a
representar uma ameaça à burguesia, no mínimo causava um desgaste à sua imagem.
O Brasil, já registrava alta concentração monopolística e, nos anos seguintes,
década de 1950, tornou-se novamente campo de batalha dos grandes interesses
estrangeiros, que, de um lado, disputavam entre si o mercado nacional e o controle das
fontes de matérias-primas e, do outro, procuravam arrebatar e distorcer o processo de
industrialização, na medida em que não mais podiam segurá-lo, conforme as
conveniências do sistema capitalista mundial.
Nos anos de 1960 a 1964, os movimentos sociais ganharam força e apoiaram as
Reformas de Base (reforma agrária e reforma urbana, por exemplo) e o nacionaldesenvolvimentismo, proposto pelos governos populistas.
A Democracia Populista (1945-1964) disponibilizava o aparato de controle
necessário sobre a organização da classe trabalhadora, de modo que bastaram alguns
retoques para que se instaurasse a partir daí um período de acirrado controle sobre a
atividade sindical.
O Serviço Social privilegia uma intervenção investigativa, através da pesquisa e
análise da realidade social, fazendo o profissional desta área atuar na formulação,
execução e avaliação de serviços, programas e políticas sociais que visam à
preservação, defesa e ampliação dos direitos humanos e a justiça social.
Acredita-se que os
objetivos propostos
de compreender a organização do
Serviço Social na sociedade monopolista, reconhecer as várias expressões da questão
social e buscar caminhos de trabalho e apreender o objeto do Serviço Social diante dos
problemas sociais foram alcançados por parte desta acadêmica.
E, para finalizar concorda-se com a visão de
José Paulo Netto (1992) quando
ele afirma que as diferentes concepções que marcaram o princípio característico do
Serviço Social como profissão, foi também a sua linha condutiva de afirmação e
desenvolvimento apresentando-lhes com base factuais para o Serviço Social: o universo
problemático de demandas histórico-sociais; o horizonte do exercício profissional e a
sua modalidade específica de intervenção.
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, Carmen Ferreira. Educação sem Fronteiras - Serviço Social; 3 Campo
Grande (MT). Anhanguera Publicações, 2009
IAMAMOTO, Marilda; CARVALHO, Raul de. Serviço Social e relações sociais no
Brasil. São Paulo: Cortez/Celats, 1982.
- A questão social no capitalismo. In: Temporalis – Revista da Associação Brasileira de
Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), ano 3, n. 3, p. 9-32, jan./jun. 2001a.
- O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 5. ed. São
Paulo: Cortez, 2001b.
MATTOS, Marcelo Badaró. Classes Sociais e Luta de Classes. s.d. (mímeo)
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