SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................... 12 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................................................... 15 1. 1 CONCEPÇÃO SOBRE O TRABALHO ..................................................................................................... 15 1.2 POR QUE UMA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR PARA O SETOR SAÚDE? ............................................................................................................................................................... 16 1.3 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR (PNST)......................................................... 19 1.4 PACTUAÇAO INTRA E INTERSETORIAL .............................................................................................. 20 1.4.1 INTRASETORIALIDADE ................................................................................................................................. 20 1.4.2 INTERSETORIALIDADE .................................................................................................................................. 21 1.5 REDE NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO TRABALHADOR – RENAST ............. 22 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................................... 26 2.1 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................................................... 27 3. PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM NÚCLEO DE EDUCAÇÃO POPULAR E COMUNICAÇÃO NO CEREST/RR ................................................................................................................. 36 3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................................................... 37 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................................................................... 38 3.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................................... 38 3.4 METODOLOGIA .......................................................................................................................................... 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................. 40 . REFERÊNCIAS CONSULTADAS .................................................................................................................... 42 APÊNDICES ANEXOS 12 INTRODUÇÃO As políticas públicas no campo da saúde e segurança no trabalho constituem ações que devem ser implementadas pelo estado visando garantir que o trabalho, base da organização social e direito humano fundamental, seja realizado em condições que se contribua para a melhoria da qualidade de vida, bem como a realização pessoal e social da classe trabalhadora, sem prejuízo para a sua saúde, integridade física e mental. As atribuições delegadas ao SUS foram regulamentadas pela Lei Orgânica da Saúde n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, dando competência e atribuição legal sobre o processo saúde-doença relacionado ao trabalho. A Saúde do Trabalhador traz à particularidade de ser uma área que institui práticas potencialmente transformadoras que perseguem a integralidade da atenção à saúde buscando a superação da dicotomia existente entre a assistência individual e coletiva, entre a vigilância epidemiológica e sanitária, entre as ações preventivas e curativas. A criação da RENAST, a partir da Portaria n. 1.679, de 19 de setembro de 2002, veio atender uma necessidade ainda descoberta para viabilizar e garantir atenção à saúde dos trabalhadores, conforme os preceitos constitucionais e das leis orgânicas da saúde. A política de Saúde do Trabalhador foi criada em conjunto com as políticas econômicas, de indústria e comércio, agricultura, ciência e tecnologia, educação e justiça, além de estar diretamente relacionada às políticas do trabalho, previdência social e meio ambiente. Essa política deve estar articulada com as organizações de trabalhadores e as estruturas organizadas da sociedade civil, de modo a garantir a participação e dar subsídios para a promoção de condições de trabalho dignas, seguras e saudáveis para todos os trabalhadores. 13 Tal política deve ser entendida como o instrumento orientador da atuação do setor saúde no campo da saúde dos trabalhadores, de modo a promover a saúde dos trabalhadores por meio de ações de promoção, vigilância e assistência e também viabilizar a pactuação intra (no âmbito do SUS) e intersetorial (abrangendo diversas áreas), como também fomentar a participação e o controle social. Os CEREST previstos na RENAST são retaguardas técnicas e pólos irradiadores das ações e idéias de vigilância em saúde, de caráter sanitário e de base epidemiológica. As atividades dos CEREST devem estar articuladas com os demais serviços da rede do SUS e outros setores de governo que possuem interfaces com a Saúde do Trabalhador. Os mesmos devem orientar e fornecer retaguarda, a fim de que os agravos à saúde relacionados ao trabalho possam ser atendidos em todos os níveis de atenção do SUS, de forma integral e hierarquizada. Este trabalho justifica-se pela imprescindível articulação do CEREST com suas interfaces de modo a garantir integralidade da assistência à saúde dos trabalhadores. Para o alcance dos objetivos deste trabalho, será constatado como se dá a articulação intersetorial, com as instituições: UFRR, MPT, INSS e a articulação intrasetorial no âmbito do próprio SUS, compreendendo as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, Fundação Nacional de SaúdeFUNASA, como também analisar a possibilidade de descentralização das ações de saúde do trabalhador para todos os níveis de Atenção da rede do SUS e propor estratégias que viabilizem a comunicação nas interfaces da saúde do trabalhador. Este trabalho está dividido em três partes. O primeiro capítulo versa sobre fundamentação teórica da temática investigativa, com abordagem dos seguintes assuntos: concepções sobre o trabalho, a Política Nacional de 14 Atenção Integral a Saúde do Trabalhador, Pactuação Inter e Intrasetorial e Rede Nacional de Atenção Integral a Saúde do Trabalhador. No segundo capítulo apresenta-se a análise e interpretação dos dados de acordo com os questionários aplicados. Foi feita uma análise confrontando esses dados com a fundamentação teórica adquirida na pesquisa bibliográfica, proporcionando uma visão sobre o desempenho do CEREST em relação às instituições analisadas. No terceiro capítulo é apresentada a proposta de Criação de um Núcleo de Educação Popular e Comunicação no CEREST, para que as ações em saúde do trabalhador possam ser divulgadas nos meios de comunicações. Por fim, são feitas as considerações finais referente ao desempenho do CEREST quanto à articulação intra e intersetorial. 15 CAPÍTULO I 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1. 1 CONCEPÇÃO SOBRE O TRABALHO O trabalho sempre ocupou lugar central na vida de diferentes comunidades, onde gradativamente foi sendo limitado pelas condições socialmente estabelecidas. Ao nos apropriarmos dos distintos significados atribuídos ao trabalho, encontramos a contribuição de concepções oriundas não só das ciências sociais, como antropologia, sociologia, economia, psicologia, entre outras; e ao nos referirmos a tais concepções, devemos salientar outras que alteram e definem essa relação: as concepções políticas, religiosas, econômicas, ideológicas, históricas, biológicas, culturais etc. (KANAANE, 1999). Do ponto de vista psicológico, o trabalho provoca diferentes graus de motivação e de satisfação no trabalhador, principalmente quanto à forma e ao meio no qual desempenha sua tarefa. De acordo com KANAANE, através do trabalho, o homem pode modificar seu meio e modificar-se a si mesmo, à medida que possa exercer sua capacidade criativa e atuar como co-participe do processo de construção das relações de trabalho e da comunidade na qual se insere. O trabalho, mesmo aquele que motiva e gratifica, quando realizado com afinco, exige esforço, capacidade de concentração, de raciocínio implica desgaste-físico e / ou mental. Desse modo vemos a importância de prestar assistência ao trabalhador de forma integral, pois o trabalhador estando em perfeitas condições de saúde, produzirá bem mais no seu local de trabalho. Daí a necessidade de desenvolvimento das políticas públicas de saúde que proporcionem a atenção integral ao trabalhador por meio da garantia ao 16 acesso; cobertura universal; qualidade e estabelecimento de fluxo de referência e contra-referência de modo a inserir a saúde do trabalhador na rede de serviços de saúde, em todos os níveis de atenção do Sistema Único de Saúde. 1.2 POR QUE UMA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR PARA O SETOR SAÚDE? O acesso à saúde no Brasil era restrito aquelas pessoas que contribuíam com a previdência social, ou um serviço comprado na forma de assistência médica, nem todas as pessoas recebiam atendimento médico. A saúde era um serviço oferecido e regulado pelo mercado ou pela Previdência Social, por meio de uma política de Estado compensatória voltada somente aos trabalhadores contribuintes, formalmente inseridos no mercado de trabalho. Naquela época, as ações de caráter mais coletivo ou as “ações de saúde pública” eram executadas pelo Ministério da Saúde e completamente dissociadas da atenção individual. Essas ações resumiam-se em campanhas e programas predominantemente de caráter preventivistas, como as campanhas de vacinação e os programas verticais sobre doenças endêmicas, como tuberculose, hanseníase, doença de Chagas, malária, entre outras. Desse modo, havia uma separação entre as ações individuais das ações coletivas e excluía grande parte da população da atenção à saúde, fazendo com que se elevassem os níveis de desigualdade de distribuição da riqueza do país, como também contribuía incisivamente para perpetuar péssimas condições de saúde e baixa qualidade de vida aos cidadãos. A partir de meados dos anos 70 e durante toda a década de 80, o recrudescimento dos movimentos sociais levou o Brasil ao seu processo de redemocratização. Nesse contexto surge o Movimento de Reforma Sanitária, propondo uma nova concepção de Saúde Pública para o conjunto da sociedade brasileira, incluindo a Saúde do Trabalhador. 17 O movimento em prol da Saúde do Trabalhador no Brasil tem como marco o final dos anos 70 e os anos 90, reivindicavam que as questões de saúde relacionadas ao trabalho fizessem parte do direito universal à saúde incluída no escopo da Saúde Pública, traduzido em ações de defesa do direito ao trabalho digno e saudável; da participação dos trabalhadores nas decisões quanto à organização e gestão dos processos produtivos e na busca da garantia da atenção integral à saúde para todos. A força deste movimento permitiu que a questão da Saúde do Trabalhador fosse discutida e incorporada pela Constituição Federal de 1988, resultando na atribuição ao SUS da responsabilidade de um cuidado diferenciado para os trabalhadores, considerando sua inserção no processo produtivo. (HOEFEL, DIAS, SILVA. 2005:73) Como decorrência da Constituição Federal, elaborou-se no período de 1989 a 1990, a lei 8080/90 de Setembro de 1990, que dispõe acerca das condições para a promoção proteção e recuperação da saúde, as Constituintes Estaduais e as leis orgânicas municipais. (CONASS, 2006). A Lei Federal 8080/90, em seu artigo 6º, parágrafo 3º, regulamenta os dispositivos constitucionais sobre Saúde do Trabalhador, da seguinte forma: que a saúde do trabalhador deve ser entendida como um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos provenientes das condições de trabalho, abrangendo: I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde – SUS–, em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho; III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde – SUS, da normatização, fiscalização e controle das condições 18 de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à Saúde do Trabalhador; IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de Saúde do Trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas; VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores. (BRASIL, 2006:13, 14) A Constituição Federal de 1988, através da Lei 8.080/90 criou uma nova institucionalidade no poder público, a qual se caracteriza por duas importantes inovações no Setor Saúde: a descentralização, transferindo responsabilidades decisórias para estados e municípios, e a valorização da participação popular no processo decisório através dos Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Saúde, integrados na Estrutura Legal do Poder Executivo. (SILVEIRA, RIBEIRO, LINO, 2005:118). As Conferências de Saúde se reúnem pelo menos a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais de forma paritária e têm o papel de avaliar as ações e serviços e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde no município. As Conferências de Saúde “representam um espaço privilegiado para o debate entre todos os segmentos da sociedade sobre as questões de saúde”. (BARCHIFONTAINE, 2005:70) Os Conselhos de Saúde são espaços permanentes que têm a atribuição de propor, aprovar ou reprovar as diretrizes para a gestão municipal da saúde, além de fiscalizar se o gestor e os prestadores de serviços estão fazendo sua parte para garantir a atenção à saúde e contribuir com a promoção 19 da intersetorialidade entre as diversas políticas sociais como educação, segurança pública, limpeza urbana, entre outras. (BRASIL, 2009:17) A participação da comunidade na definição das políticas públicas de saúde é a consolidação da democracia, além de ajudar na formulação de estratégias e controle de execução de tais políticas. Essa participação é necessária para garantir o direito à vida e à saúde, através de ações de preposição e controle dentro dos Conselhos e das Conferências de Saúde. A população precisa participar das decisões que lhe dizem respeito a garantir seus direitos, como também controlar e fiscalizar o serviço que está sendo oferecido. O SUS representou um considerável avanço em sua gestão, quanto ao acesso do cidadão às ações de atenção à saúde e à participação popular, por meio das instâncias de controle social, legalmente definidas. O que tem se refletido na melhoria substancial dos indicadores gerais de saúde. “Porém, o direito pleno à saúde requer ainda que o SUS alcance a melhoria da qualidade e da eqüidade em suas ações, incluindo as ações em Saúde do Trabalhador, que estão previstas na Política Nacional de Saúde do Trabalhador”. (BRASIL, 2006:14) 1.3 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR (PNST) As políticas públicas no campo da saúde e segurança no trabalho constituem ações implementadas pelo Estado visando garantir que o trabalho, seja realizado em condições que contribuam para a melhoria da qualidade de vida, a realização pessoal e social dos trabalhadores, sem prejuízo para sua saúde, integridade física e mental. A Política de Saúde do Trabalhador apresenta interfaces com diversas políticas sendo elas: econômicas, de indústria e comércio, agricultura, ciência e tecnologia, educação e justiça, além de estar diretamente relacionadas às políticas de trabalho, previdência social e meio ambiente. 20 A mesma deve estar articulada com as organizações trabalhadores e as estruturas organizadas da sociedade civil, modo a garantir a participação e dar subsídios para a promoção condições de trabalho dignas, seguras e saudáveis para todos trabalhadores. (BRASIL, 2006:16) de de de os Tal política deve ser entendida como o instrumento orientador da atuação do setor saúde no campo da saúde dos trabalhadores, com o objetivo de: Promover e proteger a saúde dos trabalhadores por meio de ações de promoção, vigilância e assistência; explicitar as atribuições do setor saúde no que se refere às questões de Saúde do Trabalhador de modo a dar visibilidade à questão e viabilizar a pactuação intra e intersetorial; fomentar a participação e o controle social”. (BRASIL, 2006:16). A Política Nacional de Saúde do Trabalhador ampliou a visão no que se refere à saúde do trabalhador, outrora, não tinha direito nenhum, e com essa Política abriu-se um leque, não somente a área da saúde, mas sim todas as áreas devem contribuir para promoção e prevenção a Saúde do Trabalhador e este se torna o principal participante do processo. 1.4 PACTUAÇAO INTRA E INTERSETORIAL A pactuação intra e intersetorial constituem uma diretriz fundamental da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e pressupõe o envolvimento de diversos setores do governo e da sociedade civil dentro do contexto de intrasetorialidade e intersetorialidade. (BRASIL, 2006). 1.4.1 Intrasetorialidade A intrasetorialidade permite o estabelecimento de espaços compartilhados entre instituições no âmbito do Ministério da Saúde, identificamse interfaces da Saúde do Trabalhador em toda a estrutura organizacional, por exemplo: Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, 21 Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Secretaria de Gestão Participativa, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, ANVISA e FUNASA, entre outros. Também propicia ações em saúde ao trabalhador articulando com instituições e órgãos de modo que seja proporcionada uma atenção integral ao trabalhador. Portanto a intrasetorialidade deve ocorrer nos níveis de governo – Federal, Estadual e Municipal – “estabelecendo os passos de articulação entre as diferentes secretarias de governo e com órgãos regionais derivados dos ministérios – DRT e INSS”. (BRASIL, 2006:25, 26). 1.4.2 Intersetorialidade A intersetorialidade permite o estabelecimento de espaços compartilhados entre instituições e setores de governos e seus setores afins, a saber: Federal, Estadual e Municipal que atuam na produção da saúde, na formulação, implementação e acompanhamento de políticas públicas que possam ter impacto positivo sobre a saúde da população. Permite considerar o cidadão na sua totalidade, nas suas necessidades individuais e coletivas, demonstrando que ações resolutivas em saúde requerem parcerias com outros setores, entre eles, Ministério do Trabalho e Emprego, da Previdência Social, do Meio Ambiente, da Educação. “A intersetorialidade nos estados e municípios envolve órgãos dos governos locais, estaduais e municipais, com estruturas derivadas dos ministérios que atuam nas regiões, tais como, DRT, INSS, Fundacentro, universidades, centros de pesquisas”. (BRASIL, 2006:25) Também tem como desafio articular diferentes setores na resolução de problemas no cotidiano da gestão e torna-se estratégica para a garantia do direito à saúde, já que saúde é produção resultante de múltiplas políticas sociais de promoção de qualidade de vida. 22 A intersetorialidade como prática de gestão na saúde, permite o estabelecimento de espaços compartilhados de decisões entre instituições e diferentes setores do governo que atuam na produção da saúde na formulação, implementação e acompanhamento de políticas públicas que possam ter impacto positivo sobre a saúde da população. Permite considerar o cidadão na sua totalidade, nas suas necessidades individuais e coletivas, demonstrando que ações resolutivas em saúde requerem necessariamente parcerias com outros setores como Educação, Trabalho e Emprego, Habitação, Cultura Segurança Alimentar e outros. Para que haja uma efetiva intersetorialidade é necessário articulação, vinculações, ações complementares, relações horizontais entre parceiros e interdependência de serviços para garantir a integralidade das ações, estimula e requer mecanismos de envolvimento da sociedade. Demanda a participação dos movimentos sociais nos processos decisórios sobre qualidade de vida e saúde de que dispõem. Desse modo as ações em Saúde do Trabalhador vão sendo ampliadas e pode se garantir aos trabalhadores uma atenção integral articuladas com diversas áreas. 1.5 REDE NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO TRABALHADOR – RENAST A RENAST é uma rede desenvolvida de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde, do Distrito Federal e dos Municípios, que tem como estratégia a garantia da atenção integral à saúde dos trabalhadores, estruturada a partir dos centros de referência, das unidades e dos municípios sentinelas, organizada em torno de um dado território. Foi definida a organização de Municípios Sentinelas e Núcleos Sentinelas com a tarefa de desenvolver o fluxo de atendimento aos adoecidos e acidentados do trabalho em todos os níveis de atenção do SUS: rede básica, Média e alta complexidade de modo articulado com as Vigilâncias Sanitária, Epidemiológica e Ambiental. (HOEFEL, DIAS, SILVA. 2005: 74). 23 A criação da RENAST definida na Portaria GM/MS n. 1.679/02 representou o fortalecimento da Política de Saúde do Trabalhador no SUS, desenvolvendo meios para que as ações sejam executadas nos estados e municípios. “A RENAST tem como principal objetivo integrar a rede de serviços do SUS, voltados à assistência e à vigilância, para o desenvolvimento das ações de Saúde do Trabalhador”. (BRASIL, 2006:26) A Portaria GM/MS n. 2.437, 07 de dezembro de 2005, estabelece que a RENAST deverá ser implementada de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o envolvimento de setores dessas esferas de poder, execução de ações na interface com a saúde do trabalhador, além das instituições colaboradoras nesta área. (Brasil, 2002). Em resumo, como toda entidade ou sistema viável, a RENAST deve dispor das funções de identidade, inteligência, controle, coordenação e auditoria, as quais devem operar de maneira eficaz e em harmonia entre si mesmas e em relação ao ambiente externo, através de efetivos canais de comunicação. Se alguma delas falhar, ou não existir, a entidade tem seu desempenho e existência ameaçada. A RENAST por meio dos CEREST tem implantado uma nova lógica de trabalho nos vários municípios brasileiros baseada na construção de ações intersetoriais entre os serviços de saúde, como a rede básica e as vigilâncias epidemiológica, ambiental e sanitária, e prevê ações coordenadas com os órgãos de atuação nos ambientes de trabalho. Convém ressaltar que a atuação do CEREST se dá em oferecer o bem-estar do trabalhador por meio das ações preventivas, orientação dos trabalhadores. “Os CEREST previstos na RENAST são retaguardas técnicas e difusoras de ações e de idéias de vigilância em saúde de caráter sanitário e de base epidemiológica”. (JUNIOR, 2005:97). 24 Para executar as atividades previstas, cada Centro de Referência deve desenvolver e implantar no mínimo os seguintes Núcleos Técnicos de Atividades: Atendimento e Acolhimento aos Usuários; Informação, Comunicação e Educação Popular; Educação e Capacitação Profissional Permanente; Vigilância em Saúde do Trabalhador; Parcerias e Articulações Inter institucional; Organização da Rede Local da Assistência; Regulação da Assistência articulada com as Centrais Locais; Cooperação Técnica e de Supervisão das Ações de Saúde do Trabalhador na Rede de Serviços; Seleção e Acompanhamento da Implantação dos Municípios Unidades Sentinelas. (JUNIOR, 2005:101) Cada um dos CEREST deve ter uma base de dados disponível e atualizada pelo Observatório no mínimo com os seguintes componentes para sua área de abrangência: Mapa de Risco; Mapa de Doenças e Acidentes de Trabalho; Indicadores Sociais, Econômicos, de Desenvolvimento, Força de Trabalho e IDH; Perfil Populacional e da População Econômica Ativa; Perfil de morbi mortalidade; Informações dos Órgãos Securitários: Benefícios Pagos; Capacidade Instalada do SUS; mapas da PPI; Estrutura Regional do INSS e da Delegacia Regional do Trabalho; Informações ambientais e do âmbito rural; Informações dos Parceiros Estratégicos e dos Centros Colaboradores que atuem na área. (JUNIOR, 2005:102) Referir se a questão de Saúde do Trabalhador significa “ampliar o olhar para além do processo laboral, considerando os reflexos do trabalho e das condições de vida” dos indivíduos em geral. (BRASIL, 2006:21). A saúde pública já presta o atendimento ao trabalhador, e conta com serviços especializados de vigilância sanitária e epidemiológica. Contudo, há necessidade de romper com as ações focais e fragmentadas na assistência à 25 saúde e avançar em busca de melhorias para subsidiar ações mais amplas e integrais aos trabalhadores. 26 CAPÍTULO II 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se por meio desta pesquisa a articulação do CEREST com as interfaces no âmbito intersetorial: UFRR, Ministério Público do Trabalho, INSS, e no âmbito intrasetorial: Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, Fundação Nacional de Saúde. Assim para garantir à integralidade a saúde do trabalhador, precisa se implementar desde as ações de promoção até as ações de reabilitação. A responsabilidade por essas ações está diluída em três setores do governo: Trabalho, Saúde e Previdência, de modo a assumir todas as questões relacionadas ao exercício do trabalho e a garantir ao trabalhador o direito constitucional à saúde. Por isso optou-se fazer esta pesquisa nestas instituições. Primeiramente, realizou-se contato com a direção Administrativa das instituições selecionadas, momento em que foi apresentado o objetivo do estudo a fim de obter a autorização e o apoio para a realização da pesquisa. Utilizou-se também o termo de consentimento livre e esclarecido, informando aos participantes de que se trataria a pesquisa e os procedimentos aos quais seriam submetidos. Realizou-se a análise dos questionários por instituição. Examinou-se cada uma individualmente para análise institucional. Após foi feita uma análise geral das instituições verificamos pontos comuns referentes a elas. Aplicou-se 160 questionários divididos entre as instituições, sendo: 26 na UFRR, 04 no Ministério Público do Trabalho, 30 no INSS, 25 na Secretaria Municipal de saúde, 55 na Secretaria Estadual de Saúde e 20 na Fundação Nacional de Saúde. Estes foram aplicados aos funcionários. A quantidade de questionários aplicados nas instituições foi devido à voluntariedade dos presentes nas instituições no momento da pesquisa. 27 2.1 ANÁLISE DOS DADOS Dos 160 questionários aplicados nas instituições: UFRR, Ministério Público do Trabalho, INSS, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e FUNASA, constatou-se que 56 entrevistados eram homens e 104 mulheres, na faixa etária entre >20 e < que 50 anos, sendo 04 pessoas menores de 20 anos, 77 pessoas entre 20 e 30, 39 pessoas entre 41 e 50, maior que 50 foram 11 e 03 pessoas não responderam a idade. O grau de escolaridade destes eram 89 pessoas possuem o ensino médio, 53 o ensino superior, 07 o ensino fundamental, 05 pós-graduação, 02 especialização e apenas 04 não responderam. Estes estavam divididos em diversas profissões, tais como: farmacêutico, funcionários públicos, bacharel em direito, enfermeiro, dentista, médica, analista, fisioterapia, assistente administrativo, técnico de enfermagem, engenheiro civil, professor, administrador, entre outras. Assim, ao perguntarmos sobre o conhecimento dos 160 entrevistados das diferentes instituições em relação à atuação do CEREST no seu campo de ação, observa-se que 37% responderam conhecer, 63% responderam não, conforme se observa na Figura 1. Figura 1 Você conhece o CEREST e suas atuações no seu campo de trabalho? 37% 63% SIM NÃO 28 Garantir a integralidade das ações do Estado pressupõe que o trabalhador tenha a proteção da sua vida e da sua saúde asseguradas, desde as ações de promoção até as ações de reabilitação. A responsabilidade por essas ações está em: Trabalho, Saúde e Previdência Social. Faz-se necessária uma atuação transversal que integre essas três áreas. O trabalhador exige que haja uma articulação no Governo para a implementação de uma política de Estado que assuma todas as questões relacionadas ao exercício do trabalho e que garanta o direito constitucional à saúde. Os CEREST devem ser compreendidos como pólos irradiadores, no âmbito de um determinado território, da cultura especializada, subentendida na relação processo de trabalho-processo saúde/doença, assumindo a função de suporte técnico e científico desse campo do conhecimento. Suas atividades só fazem sentido se articuladas com os demais serviços da rede do SUS, orientando-os e fornecendo retaguarda às suas práticas, de forma que os agravos à saúde relacionados ao trabalho possam ser atendidos em todos os níveis de atenção do SUS, de forma integral e hierarquizada. (BRASIL, 2005). De acordo com a pesquisa realizada, percebeu-se a necessidade de um melhor desempenho do CEREST em relação a sua atuação, pois apenas 37% dos entrevistados (funcionários das instituições que possuem interface com a saúde do trabalhador) conhecem o CEREST e sua atuação, assim, pode se dizer que o CEREST não está cumprindo seu papel como pólo irradiador e difusor de idéias. Diante disso, foi imprescindível perguntarmos sobre a necessidade de divulgação na mídia quanto as suas atribuições. Obteve-se como resultado que 8% dos entrevistados responderam que não precisa de divulgação e 92% responderam que sim. 29 Figura 2 Em sua opinião você acha que o CEREST precisa divulgar na mídia as suas atribuições? 8% 92% SIM NÃO A pesquisa revelou que 92% disseram que é necessário o CEREST divulgar na mídia suas atribuições para tornar-se conhecida e para que a população possa estar informada quanto ao CEREST. Há a necessidade de promoção de campanhas de esclarecimentos aos trabalhadores, com ampla divulgação através dos meios de comunicação de massa, sobre a prevenção, acidentes, doenças do trabalho, direitos e deveres, enfim, assuntos referentes à saúde do trabalhador. Perguntamos, ainda, se os funcionários sabiam que o CEREST atende a pessoa independente de vínculo empregatício, 21% responderam que sim e 79% que não. Figura 3 Você sabe que o CEREST atende as pessoas independente de vinculo empregatício? 21% 79% SIM NÃO 30 O CEREST atende a pessoa independente de vínculo empregatício, por meio do seu Núcleo Técnico de Atendimento e Acolhimento. O núcleo de atendimento e acolhimento tem como objetivo principal: fazer a acolhida aos usuários, estabelecendo junto ao usuário uma relação de confiança, ao mesmo tempo incorpora-se o compromisso na equipe para o desenvolvimento de serviços voltados a prevenção e promoção da saúde, contribuindo com essas práticas para a legitimação do SUS. (CEREST, 2009) Na acolhida dos usuários se estabelece uma comunicação com o trabalhador e este por sua vez oferece informações que o ajudarão no diagnóstico de doenças relacionadas ou não com o trabalho. Dentre suas atribuições, este núcleo desenvolve as seguintes atividades: Realiza coleta sistemática da história ocupacional do usuário de maneira individual, obedecendo às recomendações do Protocolo de Anamnese Ocupacional do Ministério da Saúde; Participa do treinamento e aprimoramento de profissionais da saúde nos programas de educação continuada; Realiza entrevistas com os usuários com ênfase em saúde do trabalhador; Estimula os usuários a se cadastrarem no cartão do SUS; Orienta os usuários quantos aos procedimentos trabalhistas e previdenciários; Planejam ações de prevenção aos agravos à saúde do trabalhador previsto na portaria 777/04/MS. Notifica acidentes e doenças do trabalho por meio de instrumentos padronizados pelo Ministério da Saúde; Elabora relatórios atendendo ao Plano de Ação do Trabalhador; Orienta os usuários quanto à prevenção de novos episódios; Desenvolve as ações de promoção a saúde do trabalhador; Participa em projetos e pesquisa; Executa treinamento, capacitação e atualização para profissionais na área de saúde do trabalhador; Cumprem os regimentos, instruções e ordens de serviços específicos da instituição a que presta serviços. (CEREST, 2009) Em relação ao conhecimento dos entrevistados quanto às ações realizadas pelo CEREST, 18% responderam sim e 82% não. 31 Figura 4 Você sabe quais as ações que o CEREST realiza? 18% 82% SIM NÃO Percebe-se, o desconhecimento dos funcionários das instituições nas ações de saúde do trabalhador que são: Promoção e Vigilância da Saúde, diagnóstico, tratamento e reabilitação, orientação e educação do trabalhado, notificação, acesso à Previdência Social, educação permanente dos trabalhadores de saúde, produção de conhecimento, apoio e suporte para o Controle Social. Se as instituições que possuem interface com a Saúde do Trabalhador desconhecem o CEREST como farão à articulação das ações? As atividades dos CEREST devem, necessariamente, estar articuladas com os demais serviços da rede do SUS e outros setores de governo que possuem interfaces com a Saúde do Trabalhador. Os mesmos devem orientar e fornecer retaguarda, a fim de que os agravos à saúde relacionados ao trabalho possam ser atendidos em todos os níveis de atenção do SUS, de forma integral e hierarquizada. A Portaria GM/MS n. 2.437/05 define como atribuições dos CEREST: Prover suporte técnico adequado às ações de Saúde do Trabalhador; Recolher, sistematizar e difundir informações de interesse para a Saúde do Trabalhador; Apoiar a realização das ações de vigilância em Saúde do Trabalhador; 32 Facilitar os processos de capacitação e educação permanente para os profissionais e técnicos da rede do SUS e dos participantes do controle social; Elaboração dos Planos de Ação Estaduais e Regionais de Saúde do Trabalhador, naqueles estados onde acumulam a função de Coordenação Estadual ou Regional de Saúde do Trabalhador, e os seus respectivos Planos de Aplicação; Articular e operacionalizar as estratégias do Plano Nacional de Saúde do Trabalhador; Implementar protocolos de atenção à Saúde do Trabalhador e projetos estruturadores de ações prioritárias; Acolher, discutir e prover soluções às demandas institucionais e dos movimentos sociais, relacionados com a situação da saúde e trabalho.( CEREST, 2009) Observa-se que é um campo bem amplo no que se refere a as ações em Saúde do Trabalhador. A pesquisa revelou que somente 8% dos entrevistados já participaram de alguma ação realizada pelo CEREST e 92% não participou de nenhuma ação desenvolvida pelo CEREST. Figura 5 você já participou de alguma ação realizada pelo CEREST? 8% 92% SIM NÃO Assim como no gráfico 4 demonstrou que os entrevistados desconhecem as ações do CEREST, consequentemente também não participam delas. As ações de Saúde do Trabalhador contam como sujeito os próprios trabalhadores, uma vez que estes são os principais protagonistas das 33 mudanças necessárias para a prevenção dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, assim como para a melhoria das condições de vida e ambientais no trabalho. Desse modo não há Saúde do Trabalhador sem a participação ativa do trabalhador. Em relação ao conhecimento dos entrevistados quanto ao CEREST oferecer campo de estágio para alunos, observou – se que apenas 12% conhecem e 88% desconhecem que o CEREST proporciona estágio aos alunos. Figura 6 Você sabe que o CEREST proporciona campo de estágio para alunos? 12% 88% SIM NÃO O CEREST tem como função promover e estimular intercâmbio técnico-científico entre instituições nacionais, estrangeiras e Secretarias Estaduais de Saúde. Proporcionando campo de estágio para alunos. Em relação à capacitação e atualizações de profissionais de saúde pelo CEREST, 19% responderam sim e 81%não. 34 Figura 7 Você sabe que o CEREST realiza capacitações e atualizações para profissionais de saúde? 19% 81% SIM NÃO O CEREST tem como função participar do treinamento e da capacitação de profissionais relacionados com o desenvolvimento de ações no campo da Saúde do Trabalhador, em todos os níveis de atenção: Vigilância em Saúde, PSF, Unidades Básicas, Ambulatórios, Pronto-Socorros, Hospitais Gerais e Especializados. Em referência ao conhecimento dos trabalhadores sobre o desenvolvimento de pesquisas na instituição em que o entrevistado trabalha apenas 24% disseram sim, 6%desconhece e 70% responderam não. Figura 8 A instituição onde você trabalha já desenvolveu pesquisas relacionadas com a promoção das melhorias das condições de saúde? 6% 24% 70% SIM NÃO DESCONHECE 35 Ao CEREST compete desenvolver estudos e pesquisas na área de Saúde do Trabalhador e do meio ambiente, atuando em conjunto com outras unidades e instituições, públicas ou privadas, de ensino e pesquisa ou que atuem em áreas afins à saúde e ao trabalho. 36 CAPÍTULO III 3. PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM NÚCLEO DE EDUCAÇÃO POPULAR E COMUNICAÇÃO NO CEREST/RR De forma geral, foi constatado que apesar de avanços isolados, a articulação intrasetorial e intersetorial não está bem equacionada, ou seja, a Saúde do Trabalhador ainda não foi efetivamente incorporada no Estado, em nenhum dos níveis federal, estadual e municipal, observa-se por meio desta pesquisa que a articulação do CEREST com as interfaces é incipiente. Percebe-se claramente o distanciamento do CEREST não só dos serviços de saúde como da população em geral. Para que haja melhorias sugere-se: Divulgar a existência do CEREST nos meios de comunicação em massa para dar visibilidade às suas ações. CEREST deve fomentar a participação da comunidade em suas ações. Criar no CEREST um núcleo de comunicação e educação popular. Criar núcleos técnicos de parcerias e articulações interinstitucionais. Estabelecer canais de comunicação e cooperação técnica com a UFRR para o desenvolvimento de projetos e pesquisas. Maior envolvimento do CEREST com a comunidade e controle social. Criar um conselho gestor dentro do CEREST. Diante dessas sugestões apresenta-se como proposta a Criação de um Núcleo de Educação Popular e Comunicação no CEREST, para que as ações em saúde do trabalhador possam ser divulgadas nos meios de comunicações. De acordo com (GOMES, 2005) os Núcleos de Comunicação e Educação Popular tem como atividades preferenciais e prioritárias: 37 Mobilizar as organizações de trabalhadores, visando construir um inventário dos meios de comunicação e dos profissionais vinculados aos boletins, jornais, revistas produzidos pelos sindicatos, que possam ser parceiros na divulgação de assuntos relacionados aos principais problemas de saúde dos trabalhadores dos estados. 2. Produzir levantamento dos meios de comunicação populares em cada um dos estados (boletins / jornais de escolas, paróquias, jornais de bairro, rádios e tvs comunitárias) que possam ser parceiros na divulgação de assuntos relacionados aos principais problemas de saúde dos trabalhadores. 3. Produzir levantamento dos grandes veículos de comunicação da capital e do interior dos estados para envio sistemático de notícias e informações do Núcleo. 4. Levantar a lista completa das rádios comunitárias em atividade e das associações que ainda aguardam autorização de funcionamento, para que sejam capacitadas e possam dar suporte a uma política de promoção da saúde do trabalho e meio ambiente, de abrangência nacional e estadual. (GOMES, 2005) A comunicação transparente e democrática entre governo e sociedade, comprometida com o SUS e o Controle Social, deve-se valer de diferentes mídias: internet, grande imprensa, rádios AM e FM, rádios comunitárias, boletins, jornais de bairro, televisão aberta, emissoras setoriais, veículos próprios do governo, utilização de todos os meios para garantir uma eficaz comunicação entre o trabalhador e áreas afins. Os meios de comunicação devem veicular campanhas de massa e dirigidas, além de materiais educativos que considerem as diversidades de raça/etnia, classe, gênero, aspectos regionais e culturais. Devem ser elaboradas por recursos humanos capacitados, com participação das áreas técnicas governamentais e representantes do público-alvo, abordando os reais problemas de saúde da população. 3.1 OBJETIVO GERAL Criar um núcleo de educação popular e comunicação no CEREST a fim de disseminar as ações de saúde do trabalhador bem como envolver os trabalhadores nas atividades promovidas pelo Centro. 38 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Incluir no Plano de Ação da instituição a proposta de implantação do núcleo. Estabelecer projetos de comunicação em mídias propagando assim as ações de saúde do trabalhador. Estabelecer parcerias com outros órgãos: INSS, ONG, MPE, MPT, Universidades, Sindicatos e Associações a fim de que sejam divulgadas as ações do núcleo. 3.3 JUSTIFICATIVA Justifica-se esta proposta de intervenção para o CEREST pela constatação de pouca divulgação das ações que lhe compete e que realiza. Para tanto se torna necessário divulgar os serviços nos meios de comunicação locais. A pesquisa revelou que é necessária uma maior divulgação do CEREST na mídia para tornar-se conhecida e para que a população possa estar informada quanto ao CEREST. Há a necessidade de promoção de campanhas de esclarecimentos aos trabalhadores, com ampla divulgação através dos meios de comunicação de massa, sobre a prevenção, acidentes, doenças do trabalho, direitos e deveres, enfim, assuntos referentes à saúde do trabalhador. A proposta elaborada foi direcionada para a Implantação de um Núcleo de Educação Popular e Comunicação, visando não só melhorar a Comunicação entre as instituições, como também, a garantia da participação dos Trabalhadores nas ações em Saúde do Trabalhador. 39 3.4 METODOLOGIA A implantação de um Núcleo de educação popular e comunicação no CEREST se dá primeiramente na sua Inclusão no Plano de Ação da instituição. Como também garantir no Plano de Aplicação dos Recursos da RENAST, pelo menos 10% dos repasses mensais, para o custeio das atividades relacionadas com este núcleo. Para tanto, se faz necessário um levantamento orçamentário, de pessoal, e estrutura física para implantação deste núcleo. Sugere se que seja contratado um profissional jornalista e que este seja responsável pela coordenação técnica do núcleo, como também acadêmicos de Comunicação em parcerias com Universidades, para dar suporte operacional às atividades do núcleo. É preciso fazer o levantamento dos veículos de comunicação da capital e interior do estado para envio de noticias e informações. Estabelecer parcerias com outros órgãos: INSS, ONG, MPE, MPT, Universidades, Sindicatos e Associações, a fim de que sejam desenvolvidos projetos, cursos de capacitação e outras ações de curto, médio e longo prazos pela equipe do núcleo e por seus aliados, parceiros e colaboradores. O trabalho em conjunto com outras instituições pode trazer grandes benefícios para a saúde pública. As ações desenvolvidas pelo núcleo contribuirão de forma significativa na atenção integral a saúde do trabalhador. 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS A criação da RENAST a partir da Portaria GM/MS n. 1.679/02 vem atender uma necessidade ainda descoberta que é de garantia a atenção integral à saúde dos trabalhadores, de acordo com os preceitos Constitucionais e das Leis Orgânicas da Saúde. A estrutura dessa rede de atendimento aos problemas de saúde decorrente do processo produtivo, extrapola o ambiente de um serviço médico tradicional e requer o desenvolvimento de uma cultura ou mentalidade sanitária, com visão de vários órgãos, sejam eles nos serviços de Saúde, Previdência social, Trabalho e Emprego, Ministério Público, na Vigilância Sanitária e Ambiental, entre outros. Os CEREST previsto na RENAST devem produzir serviços técnicos assistenciais, sem jamais substituir a rede de serviços do SUS. Não são portas de entrada no sistema, e sim retaguarda técnica e difusora das ações e de idéias de vigilância em saúde de caráter sanitário e de base epidemiológica. Além disso, os CEREST devem ser compreendidos como pólo irradiador, no âmbito de um determinado território da cultura especializada subtendida na relação processo de trabalho-saúde-doença, assumindo a função de suporte técnico e cientifico neste campo de conhecimento. Tal suporte deve ainda se traduzir com função de inteligência e de supervisão na rede de serviços do SUS. Para desempenhar as atividades o CEREST deve planejar, demonstrar as ações desenvolvidas na sua área de abrangência, dar visibilidade de suas ações para a classe trabalhadora e população em geral, através de efetivos canais de comunicação. 41 As informações e dados recolhidos pelo CEREST devem ser divulgados para os trabalhadores. Um plano de comunicação por certo potencializará a RENAST, tanto a nível estadual, dos serviços de saúde, do controle social e, principalmente, da população usuária. A comunicação a serviço da saúde dos trabalhadores fornece as parcerias, reunindo forças e fontes que possibilitam o fornecimento da luta da classe trabalhadora. A RENAST para ser fortalecida necessita ser contemplada com a comunicação em saúde, objetivando produzir e divulgar, interna e externamente, notícias e informações sobre suas atividades, essencialmente as ligadas ao tema Saúde e Segurança do Trabalhador, de modo articulado as informações estaduais e municipais com as informações do CEREST, como um desafio que se apresenta que sem dúvida, a Comunicação tem muito a contribuir. As ações de Saúde do Trabalhador contam como atores os próprios trabalhadores, uma vez que estes são os principais protagonistas das mudanças necessárias para a prevenção dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, para a melhoria das condições de vidas e ambientais no trabalho. Não há Saúde do Trabalhador sem a participação ativa do trabalhador! De forma geral, foi constatado que apesar de existir a Política Nacional de Saúde do Trabalhador, tal Política não foi efetivada no estado de Roraima, constatada nas respostas das instituições: UFRR, Ministério Público do Trabalho, INSS, Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, Fundação Nacional de Saúde, onde manifestaram determinado grau de desconhecimento sobre o CEREST. Diante dos dados analisados, pôde-se constatar que a articulação do CEREST com as interfaces se caracteriza um desafio, com possibilidades e perspectivas para a implantação das ações em Saúde do Trabalhador em Roraima. 42 . REFERÊNCIAS CONSULTADAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Departamento de Apoio à Descentralização. O SUS no seu município: garantindo saúde para todos / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Departamento de Apoio à Descentralização – 2. Ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 46 p. – (Série B. Textos Básico de Saúde). _______. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil. Texto Constitucional promulgada em 5 de outubro de 1998, com alterações adotadas pelas emendas Constitucionais nos 1/92 a 52/2006 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94. Seção II- da Saúde - Brasília: Senado Federal – Subsecretaria de Edições Técnicas, 2006. _______. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. SUS avanços e desafios. CONASS, 2006. _______. Lei n° 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção, e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondente e dá outras providências. Brasília: Ministério da Saúde/Assessoria de Comunicação Social, 1990, Publicado no Diário Oficial da União de 20 de setembro de 1990. _______. Lei n° 8142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde – SUS e sobre as transferências intragovernamentais de recursos financeiros na área de saúde e dá outras providências. Brasília: Ministério da Saúde, 1990, Publicado no Diário Oficial da União de 31 de dezembro de 1990. _______.Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde do Trabalhador. Brasília: 2004. _______.Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde do Trabalhador. Manual da gestão e gerenciamento da RENAST. 1° Ed.2006. 43 _______. Portaria n. 1.679 GM/MS de 19 de setembro de 2002. Dispõe sobre a estruturação da rede nacional de atenção integral à saúde do trabalhador no SUS e dá outras providências. _______. Portaria n. 2.437 GM/MS, de 07 de dezembro de 1998. Dispõe sobre a ampliação e o fortalecimento da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador - RENAST no Sistema Único de Saúde - SUS e dá outras providências. BRAGA, j. D. Gestão da Rede Nacional de Atenção Integral a Saúde do Trabalhador. Ministério da Saúde. 3° Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador: 3° CNST: “Trabalhar sim! Adoecer não!”. Coletânea de textos/Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Previdência e Assistência Social - Brasília: Ministério da Saúde, 214 p. 2005(Série D. Reuniões e Conferências). BARCHIFONTAINE, C.P. Saúde Pública é Bioética? São Paulo, 2005. (Coleção questões fundamentais da saúde; v.5) CEREST. Procedimento Operacional Padrão. 2009 FURASTÉ. P. A. Normas Técnicas para o Trabalho Científico. 14. ed. Porto Alegre: 2006. GOMES. S. Por que uma política de comunicação a serviço da saúde dos trabalhadores. Ministério da Saúde. 3° Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador: 3° CNST: “Trabalhar sim! Adoecer não!”. Coletânea de textos/Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Previdência e Assistência Social - Brasília: Ministério da Saúde, 214 p. 2005(Série D. Reuniões e Conferências). HOEFEL, M. G; DIAS, E. C.; SILVA, J. M. A Atenção à saúde do trabalhador no SUS: a proposta de constituição da RENAST. Ministério da Saúde. 3° Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador: 3° CNST: “Trabalhar, Sim! Adoecer, não!”: Coletânea de textos/Ministério da Saúde, Ministério do 44 Trabalhador e Emprego, Ministério da Previdência e Assistência Social Brasília: Ministério da Saúde, 214 p.2005 (Série D. Reuniões e Conferências). KANAANE, R. Comportamento humano nas organizações. 2° ed. Atlas, 1999. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas 2005. SILVEIRA, A. M; RIBEIRO, F.S. N; LINO, A.F.P.F. O Controle Social no SUS e a RENAST. Ministério da Saúde. 3° Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador: 3° CNST: “Trabalhar, Sim! Adoecer, não!”: Coletânea de textos/Ministério da Saúde, Ministério do Trabalhador e Emprego, Ministério da Previdência e Assistência Social - Brasília: Ministério da Saúde, 214 p.2005 (Série D. Reuniões e Conferências). TEIXEIRA. E. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. 45 APÊNDICE A MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RR DIRETORIA DE GRADUAÇÃO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO HOSPITALAR QUESTIONÁRIO NOME: ________________________________________PROFISSÃO: __________ DATA DE NASC: ______/_____/____ SEXO: M( ) F( ) IDADE: __________ ESTADO CIVIL: __________________ ESCOLARIDADE:_____________________ SETOR ONDE TRABALHA: ___________________________ 1. Você conhece o CEREST e suas atuações no seu campo de trabalho? ( )sim ( )não 2. Em sua opinião você acha que o CEREST precisa divulgar na mídia as suas atribuições? ( )sim ( )não 3. Você sabia que o CEREST atende o usuário do SUS independente de vinculo empregatício? ( )sim ( )não 4. Você sabe quais as ações que o CEREST realiza? ( )sim ( )não 5. Você já participou de alguma ação realizada pelo CEREST? ( )sim ( )não 6. Você sabia que o CEREST proporciona campo de estágio para alunos? ( )sim ( )não 7. Você sabia que o CEREST realiza capacitações e atualizações para profissionais de saúde, bem como usuários e atores sociais envolvidos com a Saúde do Trabalhador? ( )sim ( )não 8. A instituição onde trabalha já desenvolveu pesquisas relacionadas com a promoção das melhorias das condições de trabalho? ( )sim ( )não 46 ANEXO A MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RR DIRETORIA DE GRADUAÇÃO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO HOSPITALAR Senhor (a) Gestor (a) Eu TAMIRES MENDES ALMEIDA, acadêmica do curso superior de Tecnologia em Gestão Hospitalar, do módulo VI, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima, vimos expor a proposta do projeto de monografia intitulada a seguir: “O DESEMPENHO DO CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR DE RORAIMA NO CONTEXTO DA INTERSETORIALIDADE E INTRASETORIALIDADE”, tendo como o objetivo principal verificar como está sendo a atuação do CEREST no contexto da articulação inter e intra-setorial conforme preconiza a RENAST. Dado o exposto venho solicitar o consentimento e autorização para realização desta pesquisa. 47 ANEXO B MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RR DIRETORIA DE GRADUAÇÃO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO HOSPITALAR TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Considerando a Resolução de n° 196, de 10 de Outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, eu TAMIRES MENDES ALMEIDA, venho por meio deste convidá-lo a participar , como voluntário, em uma pesquisa, que é tema do Trabalho de Conclusão do Curso superior de Tecnologia em Gestão Hospitalar, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima,Este trabalho intitulado “O DESEMPENHO DO CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR DE RORAIMA NO CONTEXTO DA INTERSETORIALIDADE E INTRASETORIALIDADE”, está sob orientação da Professora Virgínia Marne da Silva Araújo dos Santos , tendo como objetivo verificar como está sendo a atuação do CEREST no contexto da articulação inter e intra-setorial conforme preconiza a RENAST. A sua participação na pesquisa consiste em responder o questionário, realizado pela própria pesquisadora, sem qualquer prejuízo ou constrangimento para o pesquisado. Os procedimentos aplicados para esta pesquisa não oferecem riscos a sua integridade física, moral, mental ou efeitos colaterais. As informações obtidas através da coleta de dados serão utilizados para alcançar o objetivo acima proposto, e para a composição do relatório de pesquisa, resguardando sempre sua identidade. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar parte do estudo, assine no final deste documento. 48 __________________________________ TAMIRES MENDES ALMEIDA Pesquisadora __________________________________ Profª VIRGINIA MARNE DA SILVA ARAUJO DOS SANTOS Profª Orientadora CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO Eu, _________________________________________________RG____________ CPF_______________________________, Abaixo assinado, concordo em participar do estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pelo pesquisador sobre a pesquisa e, os procedimentos nela envolvidos, bem como os benefícios decorrentes da minha participação. Foi me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento. Local: _____________________________________Data: _____/_____/_____ Nome e assinatura do sujeito: _______________________________________________________________