RESUMO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CLIENTES INTERNADOS NO CTI DE UM HOSPITAL DE GRANDE PORTE EM BH. EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF CLIENTS IN THE ICU OF A BOARDING LARGEHOSPITAL IN BH. Kelly Fernandes de Barros Pereira* Warley Alves da Sila** Este estudo objetiva a identificação do perfil de pacientes internados em um Centro de Terapia Intensiva Geral de um hospital de grande porte de uma capital Brasileira. Para traçar o perfil demográfico e epidemiológico dos pacientes internados no CTI desenvolveu-se um estudo descritivo, de abordagem quantitativa. E apesar da abrangência desse estudo muitas informações foram perdidas ou mesmo dispensadas no processo de análise, impossibilitando uma visão mais completa do setor utilizado, mas tudo que foi pesquisado apontou uma semelhança ao encontrado na literatura, desde taxa de mortalidade até porcentagem de uso de vasopressores, demonstrando uma similaridade desses setores independentemente do país estudado ou tipo de morbi-mortalidade predominante nas regiões. PALAVRAS-CHAVE: CTI. Perfil Epidemiológico. Perfil Demográfico. ABSTRACT This study aims to identify the profile of patients admitted to an intensive care unit ofa general hospital in a large Brazilian capital. To trace the demographic and epidemiological profile of patients admitted to the ICU developed a descriptive study,a quantitative approach. And despite the scope of this study were a lot of informationlost or waived in the analysis process, preventing a more complete picture of industryuse, but all that was researched showed a similarity to that found in the literature since the mortality rate to the percentage of vasopressors , showing a similarity of these sectors regardless of country studied or type of morbidity and mortalityprevailing in the regions. KEYWORDS:. UCI. Epidemiological Profile. Demographic Profile. ____________________________________________________________________________________ *Mestrandos pela Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva- SOBRATI.* Especialista em Enfermagem do Trabalho. Enfermeira do CTI Cardiologico do Hospital Felicio Rocho BH-MG.**Especialista em Nefrologia . Docente Da Faculdade Universo Belo Horizonte. INTRODUÇÃO As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são locais de atendimento de pacientes graves ou de risco, que dispõem de assistência médica e de enfermagem ininterruptas, com equipamentos específicos próprios; recursos humanos especializados e que tenham acesso a tecnologias destinadas a diagnóstico e terapêutico. (1) Pacientes internados em UTI estão gravemente enfermos, geralmente dependentes de tecnologia e do uso de medicamentos para a manutenção da vida. As atividades do enfermeiro nessas unidades são de fundamental importância. A priorização dos cuidados aos pacientes críticos pode levar o profissional a não atentar para outros cuidados que também são essenciais nessas unidades.(2) A equipe de enfermagem deve prestar cuidado de forma holística, atentando para os possíveis fatores que desencadeiam o agravamento das patologias decorrentes da hospitalização em UTI, e buscar, com isso, prestar uma assistência de qualidade e isenta de iatrogênias.(2) Com a criação de áreas específicas e diferenciadas para a assistência intensiva nas últimas décadas, tornou-se viável a manutenção e a recuperação de pacientes com diversos tipos de doenças e quadros de instabilidade aguda delas decorrentes, hemodinâmica, ventilatória, metabólica, renal, entre outras. Na década 1970, pouca preocupação existia em quantificar a gravidade do paciente de UTI, ainda que alguns sistemas de graduação já começassem a surgir.(3) O sistema de pontuação utilizado para categorizar os pacientes, contribui para melhor compreensão de dois aspectos da terapia intensiva: a gravidade da doença e a efetividade da terapêutica. Entretanto, essa capacidade de predição de resultados não tem sido suficientemente consistente, sua contribuição deve ser um fator colaborativo na tomada de decisões na unidade de terapia intensiva.(4) A crescente velocidade da evolução do conhecimento e das práticas diagnóstico terapêuticas impôs a necessidade de agrupar pacientes graves que requerem cuidados freqüentes em unidades. Por isso, no início da década de 1950, foram implantadas as primeiras unidades de tratamento intensivo (UTI) na Europa e nos Estados Unidos. Essas unidades são destinadas ao atendimento de pacientes em uma especialidade médica ou selecionados por grupos de patologias. Posteriormente, foram sendo associados pacientes gravemente enfermos de diversas especialidades em um mesmo espaço físico, constituindo, assim os Centros de Terapia Intensiva (CTI).(5-7) Em sua origem, os CTI´s visavam à promoção e ao suporte de vida a fim de possibilitar a sobrevida de pacientes com falências orgânicas graves, por meio da monitorização intensiva, permitindo identificar, precocemente, as intercorrências clínicas e estabelecer o tratamento apropriado. Se, por um lado, o CTI faculta o aumento da sobrevida dos pacientes, por outro, concentra uma gama de fatores propícios à ocorrência de infecção hospitalar. (8-10) Isso o faz um setor extremamente crítico e plural em uma instituição de saúde. Sendo amplamente utilizado para a realização de diversos estudos para analisar e identificar as melhores práticas de cuidado a esses pacientes, já que eles estão em estado crítico necessitando de cuidados intensivos. Com isso foi-se idealizado esse estudo que objetiva a identificação do perfil de pacientes internados em um Centro de Terapia Intensiva Geral de um hospital de grande porte de uma capital Brasileira. METODOLOGIA Para traçar o perfil demográfico e epidemiológico dos pacientes internados no CTI desenvolveu-se um estudo descritivo, de abordagem quantitativa. Para Gil (2002) um estudo descritivo apresenta, como uma das finalidades, a descrição das características de uma determinada população ou fenômeno e estabelece relações entre as variáveis(11). Para esse autor, as pesquisas exploratórias proporcionam uma visão geral do tipo aproximativo acerca de um determinado fato. Para Triviños (2001), esse tipo de pesquisa permite ao investigador aumentar sua experiência a respeito de um determinado problema. (12) O estudo foi realizado em um Centro de Tratamento Intensivo (CTI) de um hospital geral de grande porte, localizado em Belo Horizonte, Minas Gerais. A instituição conta com 396 leitos e realiza, em média, 1.500 internações e 1.600 cirurgias por mês. Trata-se de uma instituição referência atende a pacientes clínicos gravemente enfermos e portadores de patologias cirúrgicas, das especialidades de cirurgia do aparelho digestivo, cardiovascular, neurologia, ortopedia, neurocirurgia, transplantes de órgãos sólidos, incluindo pâncreas, rins e fígado. Inaugurado em março de 1972, o CTI deste Hospital foi o segundo inaugurado no Estado de Minas Gerais. Atualmente, conta com 45 leitos, distribuídos em CTI adulto (20), coronariano (10), cardiológico (10) e pediátrico (5). (13) No período estudado, de outubro 2009 a janeiro 2010, foram internados 300 pacientes. Assim, a população foi constituída por 300 prontuários de pacientes que foram admitidos no CTI neste período. Em consonância com os critérios de exclusão, não foram considerados os prontuários de pacientes, que não tiveram disponibilidade no Serviço de Arquivo Médico e Estatística(SAME) por não estarem no setor. Diante desses critérios, a amostra estudada foi constituída por 274 prontuários de pacientes, que corresponde a 91% da população. Utilizou-se um formulário elaborado pela pesquisadora para registro do perfil demográfico e epidemiológico e dos pacientes internados no CTI no período estipulado. Os dados dos prontuários foram coletados pela pesquisadora e registrados em um formulário. Foram realizadas leituras extensivas dos registros médicos e de enfermagem existentes nos 274 prontuários dos pacientes internados no CTI. Consideraram-se, ainda, os registros realizados por outros profissionais, quando considerados necessários para traçar o perfil dos pacientes. Os dados foram armazenados com aplicação da técnica de dupla digitação e processados mediante o banco aplicativo do Microsoft Excel 7.0. Os dados relativos às variáveis demográficas e epidemiológicas foram tratados a partir de estatística descritiva.Este estudo atende aos preceitos éticos, conforme recomenda a Resolução 196/96 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde (14). O projeto foi analisado e aprovado pelos Comitês de Ética e Pesquisa das instituições envolvidas: Hospital Felício Rocho, parecer n° ETIC 138/05. Está resguardado o anonimato dos pacientes cujos prontuários foram utilizados. REULTADOS Atendendo aos objetivos do estudo, os resultados estão apresentados na seguinte ordem: perfil demográfico e epidemiológico. Informações sobre dados demográficos e epidemiológicos dos pacientes são essenciais para uma compreensão mais ampla e humanística da pessoa em sua realidade social. Da população de 300 pacientes assistidos no período, 274 participaram da amostra do estudo, por estarem disponíveis seus prontuários. Os mesmos foram caracterizados quanto a sexo, idade, tipo de convênio, sistema orgânico acometido, tempo de permanência (em dias) na UTI e óbito ou transferência/ alta. Quanto ao sistema acometido, foram distribuídos em: (1) neurológico; (2) cardiovascular; (3) respiratório; (4) gastrointestinal; (5) renal/metabólico e (6) miscelânea (sepse, choque séptico). PERFIL DEMOGRÁFICO DOS PACIENTES INTERNADOS NO CTI Entende-se por perfil demográfico o estudo da distribuição de indivíduos quanto à idade, sexo, dentre outras variáveis capazes de descrever as condições desses indivíduos. (15) O perfil demográfico dos pacientes internados no período estudado encontra-se especificado no Gráfico 1. Gráfico.1 Perfil Demográfico A idade dos 274 pacientes internados no CTI no período estudado variou de 18 a 98 anos. Observa-se nos gráficos 2,3 e 4 que a média de faixa etária e de 60,46 anos, no que tange o sexo dos pacientes a maioria e do sexo feminino 50,7%, e com relação ao convênio dos pacientes a maioria possuíam convênio 60,94% e do SUS eram 39,05%. Gráfico 2: Faixa Etária Gráfico 3: Sexo Gráfico 4: Convênio/SUS PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES INTERNADOS NO CTI Os dados epidemiológicos são informações acerca de eventos ligados à saúde tais como patologias, prevalências e causas de mortalidade, sobrevida, etiologia da doença, entre outros. Esses dados permitem a construção de um perfil epidemiológico, subsídio importante para estabelecer intervenções e avaliações dos resultados(16) Este estudo avaliou o tempo de permanência dos pacientes internados no CTI que foi de 3,76 dias, a taxa de óbito e de 12,7%, os pacientes admitidos no CTI tem procedência em sua maioria do BC 51,4%, dos pacientes internados no CTI 27,7% usaram a Ventilação Mecânica (VM) e o tempo de permanência na VM e de 1,45 dias, e média de 0,9 dias com o Tubo Orotraqueal (TOT) e 0,4 dias na Traqueostomia (TQT), o uso da droga vasoativa foi evidenciada em 21,5% dos pacientes internados, a taxa de infecção foi de 30,6% e foi usado Antibiótico (ATB) em 100% dos casos, a dieta enteral foi usado em 12,4% dos pacientes e quanto aos sistemas acometidos observou-se o Gastrointestinal com 24,8%, Neurológico com 21,1%, Renal/Metabólico com 20,8%, Cardiovascular com 18,2%, Respiratório com 10,2% e por fim Miscelânea com 8,3%. Representado nos Gráficos 5,6,7 e 8. Gráfico 5: Tempo de Permanência na UTI. Gráfico 6: Taxa de Óbitos Gráfico 7: Dados Gerais dos pacientes internados. DISCUSSÃO O Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital estudado é um entre três do referido hospital, sendo que o mesmo é direcionado a pacientes clinicocirúgicos. Os outros dois (CTI´s) são direcionados para pacientes Cardiológicos e Cardiovasculares. Dado isso ele tem como objetivo receber os pacientes que necessitam de cuidados intensivos, tanto devido a procedimentos cirúrgicos, como devido a complicações clínicas. Como esperado, o CTI estudado apresentou grande variedade de casos, constituindo de uma infinidade de diagnósticos de base, tal fato se deu devido ao caráter geral do mesmo. Por ser um CTI clinico - cirúrgico, cerca de metade dos pacientes são advindos do Bloco Cirúrgico (BC). O hospital em questão realiza uma parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo assim espera-se que uma parcela dos pacientes internados sejam advindos do Sistema público de saúde. Apesar de não haver diferenças na qualidade da assistência prestada aos pacientes conveniados com Planos de Saúde e pacientes do SUS, foram analisadas as taxas de ocupação de leitos por ambos. Sendo que a taxa de ocupação por pacientes advindos de convênios chega próxima a 61% dos leitos do CTI, o SUS ocupa pouco menos de 40% desses leitos Tais números demonstram que apesar da presença de hospitais públicos de grande porte na cidade onde ocorreu esse estudo, o serviço público de saúde se mantém conveniado ao hospital do presente estudo devido a qualidade de assistência e serviços oferecidos, entre eles transplantes de órgãos. A divisão de gênero é quase equânime, sendo 51% dos pacientes do sexo feminino, diferindo um pouco de outros dois estudos semelhantes que demonstraram uma maior incidência do sexo masculino, 59,1%(17) e 59,6%(18). Tal diferença no perfil é dada, provavelmente, devido a diferença do tipo de CTI, um geral, o do presente estudo, e outro cardiorrespiratório. A permanência média de 3,76 dias explicitada no estudo pode ser explicada por esse caráter cirúrgico, sendo que os pacientes advindos do BC necessitam de alguns dias para a recuperação do procedimento cirúrgico, possibilitando assim uma maior rotação de leitos desse CTI. De acordo com os dados coletados, a taxa de alta desse setor chega a 87%, ou seja, cerca de 13% do pacientes admitidos nesse setor vão a óbito. Tal taxa de óbito está de acordo com a literatura, dado que as taxas de óbitos permeiam 16% (17 e 18) demonstrando assim um possível padrão presente nesses setores. O presente estudo também entra em concordância com estudo semelhante realizado em Campinas, no qual apresentou taxa de mortalidade de 13,46% (19). Polverino(2010), em seu estudo, demonstra as taxas de óbito em três momentos diferentes de UTIs respiratórias na Itália. Essa taxa demonstra um aumento significativo de acordo com o tempo. Sendo essa taxa de 9% em 1991 e 15% em 2005(18). Tal fato mostra-se relevante, mas não aponta a razão causadora desse aumento. O autor apresenta duas hipóteses, sendo uma delas a admissão de pacientes cada vez mais críticos em UTIs, fato dado devido ao aumento da tecnologia no tratamento de diversas doenças, fornecendo assim uma maior expectativa de vida aos acometidos pelas mesmas; ou pela demonstrada diminuição do quociente médico/paciente nesses setores. Estudos semelhantes, que abordam as UTIs brasileiras, não foram encontrados na literatura pesquisada, apontando uma deficiência nesse ramo. Apontando assim um caminho a ser pesquisado em futuros trabalhos acerca de taxas de mortalidade em CTIs brasileiras. Dos óbitos encontrados neste estudo a média de tempo internado no setor foi de 9,97 dias, variando de 1 a 58 dias de internação, sendo maior que a média do tempo de estadia que os pacientes que receberam alta(2,94 dias). Conjuntamente a média de permanência desses pacientes foi de 3,76 dias média que acorda com estudos realizados em unidades de terapia intensiva cirúrgicas(20). Demonstrando assim que os avanços de tecnológicos podem estar fornecendo ferramentas para manter alguns pacientes, que previamente não eram passíveis de intervenção, vivos, seja por ventilação mecânica ou outros procedimentos invasivos. Alguns estudos pesquisados apontam esse fato(18) A tempo médio de internação foi semelhante ao estudo de Oliveira, no qual mostrava uma média de 8,2 dias de internação na UTI, mas encontra-se aumentado em relação ao Censo Brasileiro de UTI´s, no qual cita a faixa de 1 a 6 dias de internação na Unidades de Terapia Intensiva.(21) Ventilação Mecânica em Unidades de Terapia Intensiva A ventilação mecânica é um método que possibilita pacientes em estado crítico a respirarem, fornecendo pressões negativas e positivas, o que permite o movimento respiratório desses pacientes. Tal fato é dado devido a, muitas vezes, uma disfunção cardíaca ou pulmonar, na qual o paciente fica impossibilitado de realizar os movimentos respiratórios, e a máquina de ventilação mecânica possibilita as trocas gasosas, imprescindíveis para a manutenção da máquina fisiológica.(22) Essa tecnologia demonstrou grande avanço, principalmente, para procedimentos cirúrgicos, quando se faz necessária a paralisação completa da musculatura esquelética, fornecendo assim uma precisão cirúrgica ao médico cirurgião. Além do benefício para cirurgias, essa tecnologia tem sido amplamente utilizada para pacientes criticamente enfermos nas unidades de terapia intensiva. A utilização da VM nesses pacientes possibilita sua recuperação e fornecendo suporte para a manutenção da sua vida. O paciente criticamente enfermo comumente utiliza juntamente com o suporte ventilatório mecânico, as drogas vasoativas, mecanismos que possibilitam uma maior expectativa de vida a esses pacientes. No presente estudo 76 (27,7%) dos pacientes internados no setor fizeram uso de VM. Estudos indicam uma taxa semelhante em CTI, mostrando taxas em torno de 30%(17). Para possibilitar a VM invasiva são utilizados dois métodos, a Intubação Orotraqueal e a Intubação traqueal. O primeiro método é realizado por médicos em diversos ambientes, desde situações de emergência, intra e extra hospitalares, até em procedimentos cirúrgicos. Para a realização da intubação orotraqueal, um tubo orotraqueal(TOT) é introduzido pela boca, com auxílio de um laringoscópio, até a traquéia, possibilitando a respiração mecânica. Tal procedimento é vastamente utilizado, mas possui algumas limitações. O TOT é extremamente incômodo para o paciente lesando tanto cordas vocais como a mucosa oral. Quando o suporte ventilatório é indicado por um tempo prolongado, é indicada a realização de uma traqueostomia (TQT). A TQT é realizada através de procedimento cirúrgico. Para tal é feita uma incisão, pelo cirurgião ou médico habilitado, na região cervical anterior, alcançando a traquéia do paciente. Posteriormente é introduzida a cânula no estoma e fixada, permitindo assim a ligação direta do aparelho de VM na mesma. A realização da TQT permite que a máquina de ventilação mecânica realize as trocas gasosas preservando as vias aéreas superiores. Não há consenso na literatura acerca do tempo ótimo para a realização da TQT. Estudo realizado em UTI´s italianas demonstraram que não houveram diferenças em relação a ocorrência de pneumonia associada a ventilação mecânica quando a TQT era realizada após 6 a 8 dias de TOT e após 13 a 15 dias de TOT . É importante relembrar que a TOT utilizada em tempo prolongado está associada com trauma tecidual da via aérea, infecção, desconforto do paciente e em alguns casos a necessidade de elevadas doses de sedativos. (23) O tempo médio de VM encontrado nos pacientes estudados foi de 1,45 dias. Dados semelhantes não foram encontrados na literatura. Uma média baixa se dá, provavelmente, a presença de um grande número de pacientes cirúrgicos. Ou seja, a VM é mantida até o paciente recuperar-se do procedimento e reaver controle de seus processos biológicos. Outra possibilidade é o óbito do paciente, pois o uso de VM indica um paciente necessitando de maiores cuidados. A VM é associada também a infecções respiratórias e pneumonias. Isso devido a substituição das vias aéreas naturais por vias artificiais, devido a grande manipulação dessas vias e pelo acúmulo de secreção aumentam a incidência de infecções pulmonares. Segundo estatísticas internacionais, as pneumonias adquiridas em hospitais tem se mostrado presente entre 5 a 10 casos em 1000 internações hospitalares e pode aumentar de 6 a 20 casos em 1000 quando associadas ao uso da VM.(24). Outros trabalhos apontam taxas de 8 a 67% de pneumonia associada a VM.(25) No presente estudo foi encontrada uma taxa de infecção de 53,9% dos pacientes. Devido a metodologia utilizada não foi possível a identificação dos tipos de infecção relacionados à VM, impossibilitando a comparação com a literatura pesquisada. As complicações respiratórias e as taxas de óbito relacionadas a VM não foram identificadas nesse estudo. A terapia nutricional enteral no CTI A Sociedade brasileira de nutrição parenteral e enteral define como terapia nutricional enteral(TNE) o conjunto de procedimentos terapêuticos para a manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio da nutrição enteral(SBNPE, 2000). O uso da TNE em pacientes internados em Centros de Terapia Intensiva é comum visto que o paciente criticamente enfermo está em estado hipermetabólico devido a sepse, trauma ou até mesmo o estágio da doença. E constantemente impossibilitado de se alimentar por via oral, seja por impedância mecânica(TOT) ou por estar sedado. No presente estudo, a Terapia Nutricional Enteral (TNE) foi utilizada em 12,4% dos pacientes. Resultado diferente foi encontrado em um estudo feito na Turquia, em 2004, apontou que cerca de 60% dos pacientes internados em um CTI tiveram suporte enteral. A diferença entre os estudos da taxa de TNE pode estar associada a acometimentos gastrointestinais que comumente ocorrem em pacientes criticamente enfermos e impedem que a TNE seja iniciada nessa população. (26) A TNE em pacientes internados em CTIs é comumente iniciado tardiamente, o que pode levar o paciente a desnutrição, devido ao estado hipermetabólico, devido a sepse, trauma ou até mesmo o estágio da doença. O início precoce da TNE pode contribuir para a redução de infecções, uma vez que mantém a barreira microbiana intestinal, a resposta imunitária local e até sistêmica, além de manter o trato gastrointestinal funcionante. (26 e 27) Ao se realizar a TNE, evita-se o uso da Terapia Nutricional Parenteral, evitando-se consequentemente as complicações decorrentes dessa terapia, como bacteremia associada ao cateter central.(26) Muitas vezes o atraso da TNE pode se dar devido a instabilidade hemodinâmica, jejum para procedimentos e exames e também por problemas mecânicos, obstrução, mau posicionamento e demora para sua passagem. Apesar dos benefícios, o paciente em uso da TNE pode estar propenso a ocorrência de infecções.(28) Dessa forma, é de grande importância a participação da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional, composta por profissionais capacitados para indicação individual e criteriosa da dieta enteral para cada paciente, além de ceder informações importantes a equipe da UTI acerca da diminuição das complicações da TNE, como a pneumonia por aspiração.(29) Drogas vasoativas e o CTI As drogas vasoativas são comumente utilizadas no pacientes gravemente enfermos internados em UTI´s, com o intuito de promoverem a estabilidade hemodinâmica dos pacientes e permitir a perfusão tecidual (30). Essas drogas são consideradas a base das terapias de manutenção da vida em pacientes críticos. Muitas delas, principalmente as drogas vasopressivas são utilizadas para possibilitar uma ressucitação por volume do paciente (20). Ou seja, fornecer uma possibilidade de aumento do fluxo sanguíneo que possibilite que uma administração de volume possa reverter um choque hipovolêmico. O uso desses tipos de medicamentos é associado somente a casos graves, quando o corpo do paciente não consegue manter padrões básicos de vida, com a ajuda dessas drogas é possível sustentar a vida do paciente, possibilitando a ele e a equipe de saúde um maior tempo para tentar reverter o caso(20). No presente estudo, o uso de drogas vasoativas encontrado em 21,5% dos pacientes. Demonstrando uma taxa distonante de outro estudo que apresentam cerca de 10% dos pacientes em uso de drogas vasoativas. Tal taxa aumentada encontrada no presente estudo é de difícil elucidação, pois, o início do uso de drogas vasoativas depende de indicação médica e um padrão para o mesmo não existe na literatura. Muitos estudos buscam um teto máximo para a utilização dessas doses e todos apontam que o uso das mesmas devem ser analisado sobre seu benefício ao paciente (20). Devido a essa flutuação dos critérios para início da terapia vasopressiva e a falta de dados sobre as doses utilizadas nos pacientes dos nossos estudos, tais dados não foram possíveis de ser comparados com a literatura. Dos 58 pacientes que fizeram uso de substâncias vasoativas 60% deles foram a óbito. Esse dado pode ser associado ao estudo de Benbenisth(2011) que demonstrou que doses acima de 3,8 μg/kg/min de Noradrenalina resulta grandes chances do paciente ir a óbito, chegando a 100%, devido a gravidade de seu caso(20). Devido a falta de informações sobre as doses administradas nas fontes pesquisadas, foi impossível associar esses dados com os presentes na literatura. Infecção em pacientes críticos A infecção em CTI é um assunto amplamente pesquisado na atualidade. Ela advém, normalmente, de uma colonização prévia, normal em grande parte da população, chegando a alcançar em média 37% (31). Devido a um estado imunológico deficiente muitas pessoas internadas em instituições de saúde muitas dessas bactérias passam a causar doenças, esse processo é chamado de infecção nosocomial(24). Estudo realizado em UTI de Brasília mostrou as principais bactérias presentes neste ambiente. Foram elas: Estafilococos coagulase-negativa (26,6%), S. Aureus (18,2%), P. aeruginosa (15,4%), A. baumannii (8,4%), Klebsiella spp.(5,7%), Enterobacter spp. (4,6%), Enterococcus spp. (3,9%), E. coli (3,8%), S. maltophilia (3,0%), S. marcescens (2,5%), outras Gram-positivas (0,5%), outras Gram-negativas (7,4%).(32) Esse tipo de infecção, causada por esses tipos de bactérias gera um grande impacto a assistência a saúde. A literatura aponta que pacientes infectados tem um maior tempo de internação, uma maior taxa de uso de drogas vasoativas e uma mortalidade aumentada(33). Levando assim a um aumento do sofrimento do paciente e dos custos de instituições de saúde. A complicação dessa infecção, comum em UTIs, é denominada sepse(33). De acordo com Martin(2000) ela é a maior causadora de mortes em UTI nos Estados Unidos(34). Estudos que abordam UTIs brasileiras apontam uma mortalidade de 38,5% de pacientes com sepse em comparação a 15% de pacientes sem sepse. Tais dados são semelhantes aos encontrados no presente estudo. Dos óbitos ocorridos 74% tinham diagnóstico de sepse. Sendo a taxa de óbito para pacientes com sepse de 30%, aproximando-se do estudo feito por Juncal(33). Além das taxas de óbito, outros dados foram comparados com esse estudo, que abordou UTI brasileiras, como uso de drogas vasoativas que chegou em 40,5% em pacientes com sepse, contra 35,5% do estudo de Juncal(33). Para tratamento da sepse é utilizada terapia antibiótica sendo que a mesma foi utilizada em 100% dos pacientes do presente estudo, taxa semelhante a outros estudos (31 e 33). O uso da terapia antibiótica é conhecido desde 1933 com uso das sulfonamidas e de 1941 com a penicilina. A sua eficácia no tratamento de infecções bacterianas fez com que seu uso fosse amplamente utilizado, porém ainda não se conhecia o efeito da resistência bacteriana, efeito que tem gerado grande preocupação na comunidade médica na atualidade. Desde então, o uso de agentes antibacterianos tem sido alvo de pesquisas, tanto na criação de novas fórmulas quanto da utilização correta desses medicamentos (35). Taxas de mortalidade aumentadas em pacientes com sepse demonstram a importância do tratamento precoce da infecção em instituições de saúde. Além disso outro indicador que a situação dos pacientes com sepse é crítica é a taxa aumentada de uso de drogas vasoativas. Como explorado antes o uso dessas drogas é terapia fundamental para manutenção da vida e indica um estado de saúde crítico (20). CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudos epidemiológicos são extensamente realizados para averiguação do perfil de uma certa população. Normalmente, inicia-se com uma pesquisa descritiva. Pesquisa essa que possibilita conhecer uma área, descrever o que existe e os fatores associados a realidade estudada(12). Para tal propósito foi realizado o presente estudo. Devido a falta de trabalhos que caracterizem os pacientes internados em Centros de Terapia Intensiva gerais no Brasil, foi necessário a realização do mesmo. Possibilitando assim gerar dados e questionamentos para futuras pesquisas acerca desse setor crítico para a Atenção em Saúde Terciaria. O levantamento de tais dados nos fazem analisar mais preocupadamente o perfil do estudo de Polverino, que avaliou a evolução dos dados epidemiológicos de UTIs de acordo com o passar do tempo na Itália. Nesse estudo encontramos um aumento nas taxas de mortalidade, tendência que, com a evolução tecnológica de equipamentos e fármacos, esperava-se que fosse contrária. Mas tal tendência que não possui uma explicação elucidada, nos apresentando um questionamento: Será que apesar das inovações tecnológicas a intervenção ao paciente grave continuará restrita? Somente estudos retrospectivos e uma análise completa da situação de morbidade no planeta pode nos dizer isso. Levantam-se dúvidas como se os pacientes chegam cada vez mais graves nas UTI, por um aumento da longevidade de pacientes com doenças crônicas, que só poderão ser avaliadas com estudos semelhantes a esse em todas as camadas de atenção em saúde. Mas outros aspectos podem ser analisados de imediato, como a presença de altos níveis de infecção nas UTIs, que leva a um número aumentado de óbitos e a seleção de bactérias resistentes aos antimicrobianos utilizados. Apontando uma necessidade de um aumento de estudos e cuidados para com pacientes colonizados e não só infectados. A descoberta de caminhos para amenizar o impacto da infecção relacionada a assistência em saúde é um grande desafio para os pesquisadores, mas é necessária para possibilitar a assistência em saúde nessas unidades críticas, que cada vez mais sofrem com as chamadas “super bactérias”. Apesar da abrangência desse estudo muitas informações foram perdidas ou mesmo dispensadas no processo de análise, impossibilitando uma visão mais completa do setor utilizado, mas tudo que foi pesquisado apontou uma semelhança ao encontrado na literatura, desde taxa de mortalidade até porcentagem de uso de vasopressores, demonstrando uma similaridade desses setores independentemente do país estudado ou tipo de morbimortalidade predominante nas regiões. O estudo alcançou seu objetivo: identificar o perfil dos pacientes internados em um CTI geral. Mas ele estabeleceu muito mais questionamentos do que afirmações. Sendo, como deve ser um estudo descritivo, o passo inicial para maiores estudos e pesquisas. Ainda há muito a ser questionado e testado em Centros de Terapia Intensiva, apesar de ser um setor amplamente estudado, muito ainda há a ser pesquisado e esse estudo apontou vários vértices a serem analisados. REFERÊNCIAS 1. BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 2918/GM 09 de junho de 1998. Disponível em http/www.saúde.gov.br. Acesso em 05 de março de 2010. 2. HUDAK ; GALO. Cuidados Intensivos de Enfermagem. 7° edição. São Paulo: Guanabara Koogan, 2006.1013p. 3. QUEIJO AF - Tradução para o português e validação de um instrumento de medida de carga de trabalho de enfermagem em Unidade de Terapia IntensivaNursing Activities Score (N. A. S.). São Paulo, 2002 – Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem. p.95. 4. Ridley AS - Uncertainty and scoring systems. Anaesthesia, 2002;57:761-767. 5. CAVALCANTE, N. J. F.; FACTORE, L. 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