O exercício de 2008 ficará marcado pela inflexão no ciclo de

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O exercício de 2008 ficará marcado pela inflexão no ciclo de expansão robusta do
crescimento global, iniciado em 2004, período de muitas transformações estruturais que
favoreceram os países emergentes, como o Brasil. Essa mudança ocorreu pelo surgimento
da mais severa crise dos últimos setenta anos, caracterizada essencialmente por um forte
processo de desalavancagem que, intensificado a partir de setembro, atingiu vários
mercados interligados. As consequências mais relevantes desse processo se fizeram sentir
pela volatilidade financeira e desestabilização do sistema bancário de vários países,
restrições de crédito e redução de fluxos de capitais, alterações nas cotações dos preços de
ativos e de commodities e maior aversão ao risco. Nesse contexto, alguns dos principais
países desenvolvidos deverão registrar contração econômica em 2009, enquanto a
expansão dos emergentes deverá ser bem mais modesta do que a verificada nos últimos
anos.
Não obstante o contexto internacional desfavorável, a economia brasileira comportou-se
bem ao longo da maior parte do ano, com crescimento em torno de 5%, patamar que se
repete pelo segundo ano consecutivo. O consumo das famílias e os investimentos
continuaram sendo os principais motores da expansão econômica, favorecida pelo clima de
maior confiança entre consumidores e empresários e pelo crescimento do crédito e da
renda. As pressões inflacionárias provenientes de um quadro de descompasso entre
demanda e oferta – e potencializadas pela alta dos preços das commodities verificada até
meados do ano – foram respondidas com aperto monetário, que contribuiu de forma
decisiva para que o Brasil não registrasse aceleração inflacionária tão forte quanto a que foi
verificada em vários países. Nesse ambiente, o País conquistou o tão almejado grau de
investimento, ainda no primeiro semestre, em um momento de elevada volatilidade nos
mercados globais. Cabe destacar também a forte afluência de investimentos diretos
estrangeiros, que atingiram o patamar de US$ 40 bilhões pela primeira vez na história.
O ano 2009 será de ajustes no Brasil e no mundo. O PIB doméstico deverá desacelerar
para algo próximo a 1,5%. Compatível com esse movimento, o estoque total de crédito
também deverá crescer em ritmo mais moderado do que o verificado nos últimos anos.
Olhando para horizontes mais ampliados, o Bradesco reafirma sua convicção quanto às
perspectivas para o País, que continuam favoráveis, apesar dos problemas econômicos e
sociais já conhecidos em todo o mundo. Para que essas perspectivas se materializem, é
necessário avançar com a agenda de reformas, a fim de possibilitar a elevação do PIB em
um ritmo de expansão sustentável. Talvez a crise seja a oportunidade para isso.
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