Curso - modulo 1

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MICROBIOLOGIA VETERINÁRIA
APRESENTAÇÃO
Este curso se propõe a prestar informações importantes sobre Microbiologia
voltada para a medicina veterinária. Este curso foi elaborado pela Médica
Veterinária, Mestre em sanidade animal, Profa
Ivonete Parreira. Caso possuir
sugestões ou informações complementares, contate-nos.
ÍNDICE DO PRIMEIRO MÓDULO
1-BACTÉRIAS...................................................................................................... 02
2 - GENÉTICA DAS BACTÉRIAS ....................................................................... 08
3- ANTIMICROBIANOS ...................................................................................... 09
4 - INTERAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO ..................................................... 12
5 - ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO ............................................................ 14
6 – STREPTOCOCCUS ....................................................................................... 16
7 – STAPHYLOCOCCUS .................................................................................... 18
8– CORYNEBACTERIUM ................................................................................... 19
9 - BACILLUS ANTHRACIS ............................................................................... 20
10 – LISTERIA ...................................................................................................... 22
11 – CLOSTRIDIO .............................................................................................. 22
12 – ENTEROBACTÉRIAS .................................................................................. 27
13 – CAMPYLOBACTER ..................................................................................... 28
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MICROBIOLOGIA VETERINÁRIA
1-BACTÉRIAS
As bactérias são os mais simples organismos encontrados na maioria dos
ambientes naturais. Elas são células esféricas ou em forma de bastonetes curtos
com tamanhos variados, alcançando às vezes micrômetros linearmente. A maioria
das bactérias é protegida por uma parede celular bastante resistente, havendo
logo abaixo uma membrana citoplasmática que delimita um único compartimento
contendo DNA, RNA, proteínas e pequenas moléculas. As bactérias não possuem
um interior celular de forma organizada. As bactérias dividem-se por fissão binária,
multiplicam-se rapidamente e são muito pequenas. Em temperatura e umidade
ideais e presença de alimento as bactérias podem se dividir a cada 20 minutos
gerando milhões
ou bilhões em pouco tempo.
Estes microrganismos são
extremamente capazes de se adaptar aos diversos ambientes, as diversas
gerações sucessivas podem gerar mutações adaptativas bem como perda de
virulência
depende do cultivo e do alimento fornecido em laboratório, por
exemplo. Na Figura 1 veja a estrutura de uma bactéria.
FIGURA 1 – Vibrião. Fonte:http://4.bp.blogspot.com
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Na natureza, as bactérias vivem em uma enorme variedade de nichos
ecológicos e mostram uma riqueza correspondente na sua composição bioquímica
básica. São conhecidos dois grupos de bactérias: as eubactérias, que são os
tipos comuns encontrados na água, solo e organismos vivos maiores e as
arquibactérias, que são encontradas em ambientes mais agressivos como os
pântanos, águas quentes, regiões marítimas abissais, salinas, vulcões, fontes
ácidas entre outras. Existem espécies bacterianas que utilizam tipos de moléculas
orgânicas
como
alimento,
incluindo
açúcares,
aminoácidos,
gorduras,
hidrocarbonetos, polipeptídios e polissacarídeos. Algumas podem também obter
seus átomos de carbono do gás carbônico e o seu nitrogênio do N2. As bactérias
são os mais antigos habitantes do planeta e também o ser mais abundante.
1.1 - MORFOLOGIA
As bactérias são classificadas de acordo com sua forma em três grupos:
COCOS: São células esféricas, também denominadas diplococos, estreptococos,
estafilococos.
BACILOS: São células cilíndricas, semelhantes a bastões por isso denominados
bastonetes, pares de bacilos são chamados diplobacilos e cadeias inteiras são
estreptobacilos.
ESPIRILOS: São células espiraladas, geralmente não formam grupos celulares.
Figura 2: formas das bactérias.
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FIGURA 2 : Formas das bactérias
Fonte: http://www.sobiologia.com.br/figuras/Reinos/MorfologiaBacterias.jpg
As bactérias apresentam uns cromossomos circulares, que é constituído
por uma única molécula de DNA. Às vezes podemos perceber
mais de um
cromossomo numa bactéria em fase de crescimento. O cromossomo bacteriano
contém todas as informações necessárias à sobrevivência da célula e é capaz de
auto-replicação.
Os PLASMÍDEOS são moléculas pequenas de DNA presentes no
citoplasma
de algumas bactérias, os genes contidos nos plasmídeos não
codificam características essenciais, mas geralmente trás vantagens àquelas
células
que os possuem.
Estes elementos são autônomos, replicam por si
mesmo, não dependem da divisão cromossômica, podem existir em números
variáveis no citoplasma celular. São estruturas responsáveis pela resistência aos
antibióticos.
Os RIBOSSOMOS acham-se no interior celular, têm a aparência de
grânulos dando um aspecto granuloso ao citoplasma. São constituídos por duas
subunidades, 30S e 50S, que ao iniciar a síntese protéica se juntam formando a
partícula ribossômica completa de 70S. Embora o mecanismo geral da síntese
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protéica das células procarióticas e eucarióticas seja o mesmo, existem diferenças
consideráveis em relação a biossíntese e estrutura dos ribossomos. As bactérias
podem ter uma reserva alimentar na forma de grânulos, são polímeros insolúveis
de amido ou glicogênio, fonte de energia que será utilizada quando requerida pela
célula.
De acordo com a constituição da parede, as bactérias podem ser divididas
em dois grandes grupos:
BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS: Quando coradas pelo método de Gram são
vistas na cor vermelha ou avermelhada. Figura 3.
FIGURA 3 . Fonte: http://2.bp.blogspot.com. Acesso em 26/06/2009.
BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS: Coradas apresentam-se na cor roxa. Figura 4.
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FIGURA 4. Fonte: http://www.editoravalete.com.br/site_alcoolbras/edicoes/ed_110/img/09.jpg
As bactérias gram-negativas são consideradas mais resistentes, pois sua
parede é formada por duas camadas. A parede das gram-positivas é praticamente
formada de uma só camada. Os dois tipos de parede apresentam uma camada
em comum, situada externamente à membrana citoplasmática que é denominada
camada basal, (composta por peptídeoglicanos). A segunda camada, presente
somente nas células gram-negativas é denominada membrana externa. Entre a
membrana externa e a membrana citoplasmática encontra-se o espaço
periplasmático no qual está o peptídeoglicano. Muitas bactérias apresentam
externamente à parede celular, uma camada viscosa e limosa denominada
cápsula. As CÁPSULAS são geralmente de natureza polissacarídica ou
polipeptídica. A cápsula tem a função de dar resistência à fagocitose, constitui um
dos antígenos de superfície das bactérias e está relacionada com a virulência da
bactéria.
1.2 - MÉTODO DE COLORAÇÃO DE GRAM
As células são fixadas a uma lâmina de vidro por calor, são coradas com
violeta de metil ou cristal, é lavada em solução iodada e após é lavada com água e
descolorida com álcool ou acetona, o esfregaço é então contra corado com
safranina. As Gram positiva retém o corante e apresentam-se na cor roxa, as
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Gram negativa
tornam-se avermelhadas ou rosa, as reações duvidosas
geralmente são Gram positivas, lâminas identificadas como Gram positivas
podem, com o passar do tempo, se tornarem Gram negativas pois perdem a
coloração.
1.3 - QUANTO A LOCOMOÇÃO AS BACTÉRIAS PODEM SER:
MONOTRÍQUIAS: Presença de um único flagelo.
ANTITRÍQUIAS: dois flagelos, um em cada extremidade.
LOFOTRÍQUIAS: um tufo de flagelos em uma das extremidades.
PERITRÍQUIAS: Presença de inúmeros flagelos em todo o perímetro.
Via de regra, bacilos e espirilos podem ser flagelados, enquanto cocos, em
geral, não o são. O flagelo é responsável pela motilidade da bactéria.
Uma estrutura bastante importante para as bactérias são as FÍMBRIAS ou
PILI, estas estruturas são curtas e finas e estão presentes em muitas bactérias
gram-negativas, são vistas na superfície celular, não são utilizadas para a
locomoção e sim para a adesão. Outro tipo de fímbria é a fímbria sexual utilizada
para a transferência de material genético no processo de conjugação.
O ESPORO forma-se no interior da célula vegetativa, altamente resistente
ao calor, dessecação e outros agentes físicos e químicos, é capaz de permanecer
em estado latente por longos períodos e germinar quando em ambiente favorável.
A esporulação tem início quando os nutrientes bacterianos se tornam escassos,
geralmente pela falta de fontes de carbono e nitrogênio. A Figura 5 mostra
esporos do Bacillus antrhacis ;
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FIGURA 5 - Esporo de Bacillus antrhacis
Fonte: http://br.geocities.com/maramaryf/bacilantesp.gif
O meio de cultura se apresenta das seguintes formas:
Quanto à consistência: Líquidos, semi-liquidos, sólido (Ágar).
Quanto à função: Enriquecedor, seletivo, diferenciador, manutenção.
Quanto à natureza: animados (cultivo de células) ou inanimados (naturais como
leite, sintéticos como ágar manitol e semi-sintéticos como ágar sangue.).
2 - GENÉTICA DAS BACTÉRIAS
As variações nas bactérias podem ser através de mutação e recombinação:
A MUTAÇÃO pode ocorrer variando fenótipo ou genótipo da bactéria, as
variações de fenótipo ocorrem através da adaptação do microrganismo a
diferentes meios de cultura onde pode variar pH e temperatura, estas alterações
podem se reverter.
A variação no genótipo não pode ser revertida e decorre de
modificações no DNA da bactéria, tais mutações podem ocorrer devido à presença
de agentes bioquímicos, radioativos, deficiência de nutrientes essenciais etc.
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Muitas destas mutações são responsáveis pela resistência das bactérias aos
antimicrobianos,
A RECOMBINAÇÃO
afeta a informação genética por meio do DNA
cromossômico, transferência de plasmídeos, DNA fágico ou transposons.
A transferência de material genético de uma bactéria para outra é feita das
seguintes maneiras:
1- Na transformação Um pedaço de DNA bacteriano penetra em uma bactéria
apta a recebê-lo, este DNA se incorpora ao genoma da bactéria receptora, esta
então passa a crescer apresentando novas características, este tipo de
transferência tem preferência pelas Gram-positivas.
2- Na transdução o DNA fágico (bacteriófagos) incorpora pedaços de DNA
bacteriano. O bacteriófago temperado libera partículas transdutoras nas quais o
DNA fágico incorpora um pequeno segmento cromossômico da bactéria que o
originou. Tais partículas transdutoras, ao penetrarem numa bactéria receptora,
transmitem a essa o gene originário da bactéria doadora. O DNA fágico pode
produzir modificações de certas propriedades da célula bacteriana.
3- A conjugação ocorre geralmente em bactérias Gram negativas.
É
a
passagem de plasmídeo de uma célula a outra contendo material genético que
não interfere no DNA.
3- ANTIMICROBIANOS
Antimicrobianos são drogas capazes de diminuir ou eliminar a ação de
microrganismos. A principal razão do fracasso de terapias utilizadas para
erradicação de bactérias deve-se à resistência a alguns antimicrobianos utilizados.
Pela diversidade de bactérias é recomendado analisar a diversidade genotípica e
resistência (antibiogramas) para a previsão de sucesso terapêutico, pois uma das
principais razões da baixa eficiência terapêutica é a resistência das bactérias a
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alguns antimicrobianos utilizados. É de fundamental importância à análise da
CIM – concentração inibitória mínima, das linhagens frente aos antimicrobianos
usados no tratamento. A mesma bactéria pode apresentar cepas mais ou menos
resistentes a determinados antibióticos, são necessários estudos específicos das
diferentes cepas para se chegar a um tratamento eficaz. A resistência pode
envolver diferentes mecanismos e pode ocorrer com todas as linhagens de uma
mesma espécie de bactéria. Ao nível bioquímico existem
quatro mecanismos
principais de resistência a agentes antimicrobianos: impedimento de penetração
do antimicrobiano, alteração molecular do alvo, efluxo ativo da droga ou inativação
do composto antimicrobiano.
3.1 - Drogas bactericidas – Possuem ação letal rápida.
3.2 - Drogas bacteriostáticas – inibem o crescimento dos microrganismos.
3.3 - Efeitos colaterais dos antimicrobianos
Natureza irritativa, natureza alérgica ou natureza tóxica.
Reação Irritativa: pode provocar irritabilidade em músculos ou veias.
Reação alérgica: Existem quatro tipos:
TIPO I – A hipersensibilidade imediata envolve os anticorpos IgE, provoca
choque anafilático e até morte.
TIPO II – Citotóxica envolve os anticorpos IgG e IgM – provoca anemia
hemolítica.
TIPO III – Formação de complexo imune por IgM e IgG – provoca vasculite,
glomerulonefrite.
TIPO IV – Retardada, mediada por linfócitos T.
Reação
tóxica:
provoca
intoxicações
nefrotóxicas, hematológicas, metabólicas.
locais,
fototóxicas,
neurotóxicas,
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3.4 - Principais grupos
Penicilina, cefalosporinas, carbapen, monolâctamicos, aminoglicosídeos.
3.5 - Quanto à ação antimicrobiana os antibióticos devem:
Atuar durante certo tempo, atingir a concentração ideal, passar pela parede
celular, não ser tóxico e possuir afinidade química com a parede celular.
3.6 - Depuração das drogas é feita por:
Rins, fígado, pulmões, pele, fezes, leite, suor e lágrimas.
3.7 - Classificação dos antibióticos
Podem ser ativos sobre: Protozoários, fungos, algas, bactérias gram+ ou
gram-.
3.8 - Mecanismos de ação dos antibióticos
Inibição da síntese de parede celular, inibição do crescimento do
microrganismo,
inibição da síntese
de proteína, diminuição da função da
membrana, inibição da síntese de ácido nucléico.
3.9 - Resistência bacteriana para antibióticos
Pode ser natural ou adquirida. A resistência adquirida se dá via
cromossômica ou extracromossômica. A resistência extracromossômica ocorre
por conjugação, transdução, transformação, transposição. Os mecanismos de
resistência
se dão por enzimas constitucionais ou induzíveis. O uso
indiscriminado de antibióticos em humanos e animais provoca efeitos seletivos,
selecionam cepas cada vez mais resistentes. Os mecanismos de resistência são :
Adoção de uma via metabólica alternativa, produção de enzimas que destroem o
medicamento, mudança na permeabilidade da parede celular provocando
decréscimo da absorção da droga, alteração estrutural do alvo para a droga.
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3.10 - Antibiograma
É o teste utilizado para indicar o melhor antibiótico ou a melhor
concentração. Utiliza-se uma placa de petri com meio de cultura Agar-MuellerHinton, deve-se respeitar a distância, o prazo de validade do antibiótico, observar
a concentração, não trocar classes de antibióticos, respeitar o tempo de incubação
que deve ser de 18-24 horas, observar a temperatura de incubação sendo esta em
torno de 35 graus Celsius, inocular o meio de cultura com a bactéria que se deseja
analisar, atuação contra B-lactamases (enzimas). Após o período de incubação
as diferentes concentrações do antibiótico ou os diferentes antibióticos formarão
halos em torno do inoculo o que demonstrará a eficiência ou não do antibiótico (ou
de sua concentração). Na Figura 6 veja uma placa de petri e a disposição dos
antibióticos para um teste de antibiograma.
FIGURA 6- Antibiograma
Fonte: http://usuarios.lycos.es/ieshipolitounanue/hpbimg
4 - INTERAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO
Simbiose – é uma relação entre o hospedeiro e o parasita e pode
ocorrer de diversas maneiras:
Comensalismo – o parasita tem
benefícios sem prejudicar o hospedeiro.
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Mutualismo – ambos se beneficia.
Parasitismo – Um microrganismos vive junto a outro organismo vivo,
nem todos os parasitas prejudicam
o hospedeiro, são geralmente bactérias ,
fungos, protozoários, micoplasma, rickéttsias e vírus. Os parasitas podem ser
obrigatórios ou oportunistas.
Patógeno potencial - Organismo comensal que pode eventualmente causar
doença.
Patógeno oportunista – Geralmente não são prejudiciais, podem causar doenças
quando o indivíduo estiver imunosuprimido.
Patógeno obrigatório – Apresenta alto poder de causar doenças.
Saprófitos – microrganismos que vivem na matéria orgânica morta ou em
decomposição, não parasitam animais, somente em raras ocasiões.
Antagonismo microbiano – quando ocorre competição por nutrientes, pH, O2,
bacteriocinas.
Patogenicidade – capacidade de produzir doenças.
Virulência – quantificação da patogenicidade.
Invasividade – capacidade de penetrar e se estabelecer nos tecidos do
hospedeiro.
Toxigenicidade - capacidade de produzir toxinas.
Infecção – Presença de patógenos nos tecidos.
Doença - é uma alteração do estado fisiológico normal.
Invasividade – capacidade de contaminação.
Os microrganismos podem ter acesso ao hospedeiro por várias portas de
entrada, por exemplo, a pele, mucosas e via parental, também possuem formas
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de adesão
aos receptores celulares denominadas
adesinas. Adesinas são
glicoproteínas, lipoproteínas, fímbrias, fibrilas ou glicocálice, os receptores
celulares geralmente são açucares.
4.1 - A infecção bacteriana é favorecida por alguns mecanismos e
caracterizam virulência:
Cápsula – está estrutura protege contra a fagocitose permitindo que o patógeno
avance.
Estruturas da parede celular – presença de proteínas M, ceras, ácido micólico
(gram negativas).
Enzimas – muitas enzimas presentes nas bactérias favorecem sua sobrevivência.
Por exemplo: leucocidinas, hemolisinas, coagulases, fibrinolisinas, hialuronidade,
colagenase e proteases.
4.2 - Produção de toxinas
Endotoxinas: São constituintes da parede celular de bactérias
gram-
negativas – LPS (lipídio A). Mecanismos de ação – Os constituintes são liberados
in vivo durante lise celular causando febre, fraqueza, calafrios, dores
generalizadas,
indução
de
aborto,
choque
séptico
(TNF),
coagulação
intravascular disseminada.
Exotoxinas: São substâncias produzidas pelas bactérias (proteínas) e
excretadas para o meio exterior, são geneticamente codificadas por plasmídeos
ou fagos. São as citotoxinas, neurotoxinas e enterotoxinas. Mecanismos de ação –
específicos para cada doença, existem diferenças entre as endotoxinas
e
exotoxinas, a ação depende do tipo de toxina liberada.
5 - ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO
A esterilização é o processo que elimina os microrganismos viáveis, o mais
difícil é eliminar esporos.
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A desinfecção destrói microrganismos patogênicos associados a objetos
inanimados (meios químicos ou físicos).
A assepsia produz a inativação ou
destruição dos microrganismos por
meios químicos, os antissépticos podem ser bactericidas ou bacteriostáticos.
5.1 - Agentes Físicos
Calor úmido – destrói microrganismos de quatro maneiras:
Fervura – água fervente a 100 Graus C.
Vapor sob pressão – autoclave que tem a capacidade de destruir
esporos a uma temperatura de 121 Graus por um período de 15 minutos.
Vaporização – Vapor fluente por uma hora a cada três dias.
Pasteurização – O leite é aquecido a 63 Graus por 30 minutos
(período lento), no método rápido é aquecido a 72 Graus por 15 segundos.
Algumas poucas bactérias vegetativas resistem ao calor, alguns esporos podem
sobreviver. O leite é rapidamente resfriado para desfavorecer o crescimento de
microrganismos.
Radiação
Luz ultravioleta – raios de sol matam microrganismos na forma
vegetativa, os esporos são resistentes.
Radiação ionizante – altas quantidades de raios ultravioletas
possuem ação desinfetante.
Filtração – Usada para esterilizar meios bacteriológicos como soros e
soluções injetáveis.
5.2 - Agentes Químicos
Atuam mais seletivamente sobre os microrganismos.
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6 - STREPTOCOCCUS
Agente etiológico mais envolvido nas mastites das vacas causando perda
econômica. Causa o garrotilho nos eqüinos (comum nos jovens), causando
inflamação ganglionar. São bactérias Gram positivas, imóveis, anaeróbios
facultativos, fermentadores, a principal diferença é a oxidase negativa e catalase
negativa, muito exigente com relação ao meio de cultura, utilizar ágar sangue ou
BHI. São amplamente distribuídos na natureza, existem espécies patogênicas e
não patogênicas. São divididos em grupos A,B,C etc, os grupos baseiam-se em
diferenças sorológicas em um carboidrato da parede celular. Apresentam-se na
forma de cocos em cadeias. Alguns produzem cápsula de polissacarídeo, a
maioria dos grupos A,B,C, possui cápsula de ácido de hialurônico (impede a
fagocitose). Gram + em culturas novas; gram – em culturas velhas (culturas com
mais de 48 horas). As colônias são discóides com 1 - 2 mm de diâmetro. As
colônias foscas (rica em substância M): virulentas e insensíveis à fagocitose, as
colônias brilhantes (pobre em substância M): pouco virulentas. As cepas podem
ser categorizadas de acordo com a hemólise:
1 – Alfa-hemólise – hemólise parcial
2 - Beta-hemólise – forma zona não colorida e clara devido à hemólise completa.
3 - Gama-hemólise – é uma hemólise não detectável.
A infecção pode ser endógena ou exógena, ou seja, por inalação ou ingestão,
aerossol, contato ou fômites (objetos contaminados) são os modos mais comuns.
São bactérias piogênicas (produtoras de pus).
6.1 Metabolismo
Anaeróbio, aerotolerante.
6.2 Toxinas e enzimas
Bactérias piogênicas associadas com formação de abscessos. Produzem várias
enzimas e toxinas.
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Estreptoquinase - dissolve coágulos.
Estreptodornase - destrói a célula através da quebra da molécula de DNA
(rompendo os ácidos nucléicos).
Hialuronidase - fator de virulência importante. Desdobra o ácido hialurônico
(responsável pela união das células) "quebrando" a parede celular.
Hemolisinas - hemólises a e ß ou nenhuma.
Streptolisina O.
Streptolisina S.
6.3 Fatores de virulência
Presença de cápsula, fímbrias, proteína M
6.4 Patologia
Mastite, febre reumática - lesão da musculatura e válvulas cardíacas,
causado pela semelhança dos antígenos da membrana da bactéria aos da
musculatura cardíaca. Glomerulonefrite aguda - iniciada por complexos antígenosanticorpo na membrana basal glomerular.
6.5 Diagnóstico
Exsudato, pus, tecido afetado, leite, líquor, urina, raspado de pele. Observar
na microcospia direta, isolar em ágar sangue, fazer a identificação.
6.6 Identificação
Agar sangue - hemólises a e ß ou nenhuma.
Testes bioquímicos - funções bioquímicas.
Resistência a fatores químicos - perfil de sensibilidade a antibióticos.
Provas sorológicas - látex de aglutinação (teste sorológico rápido).
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6.7 Tratamento
Penicilina pode apresentar resistência a antibióticos (raramente), nenhum
dos estreptococcus patogênicos é resistente aos desinfetantes químicos.
7 - STAPHYLOCOCCUS
São cocos em forma de cachos de uva, Gram positivos, são aeróbios e
anaeróbios facultativos, imóveis, fermentadores, não formadores de esporos, sua
diferença com outros é a produção de catalase positiva e oxidase negativa, cresce
na presença de 10% de NaCl e entre 18o e 40o C.
Espécies mais importantes: S.aureus, S.intermedius e S.hyicus.
7.1 Mecanismos de Patogenicidade
Toxinas – Intoxicação alimentar.
Esfoliativa – síndrome de pele escaldada
Toxina TSSI – síndrome do choque tóxico
Toxina epidermolítica – epidermite supurativa
Alfa toxina – mastite gangrenosa bovina
Proteína A – componente da superfície de cepas virulentas se liga à região Fc de
IgG – coaglutinação.
Leucocidinas – lise de macrófagos e neutrófilos
Estafiloquinase – fibrinolisinas
Coagulase – coagulação do plasma
Hialuronidase – hidrólise do ácido hialurônico.
Lípase – lise de ácidos graxos protetores da pele – abscesso de pele e
subcutâneo
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Colagenase – destrói colágeno
Protease – destrói imunoglobulinas
7.2 Transmissão : contato direto ou fômites (são objetos manuseados: baldes,
cocheiras, celas para cavalos, etc)
7.3 Patogênese: produzem abscessos, pústulas, e outras infecções patogênicas
(bacteremia e septicemia)
7.4 Patogenicidade: mastite em vacas, infecções de pele, artrite, septicemia em
perus, infecções urinárias.
7.5 Isolamento: cresce em sal-manitol e ágar sangue.
7.6 Resistência: suscetível aos desinfetantes comuns.
7.7 Diagnóstico Laboratorial
Espécimes clínicos: pus, tecido afetado, leite.
7.8 Tratamento
Fazer sempre o antibiograma, a penicilina é a droga de escolha se a
bactéria for sensível.
8 - CORYNEBACTERIUM
O gênero Corynebacterium
esporuladas,
aeróbios
ou
são células Gram-positivas, imóveis e não
anaeróbios
facultativos,
catalase
positiva,
fermentadores, podem ser encontradas individualmente, em pares ou na forma de
cocos, bacilos e filamentos, durante a divisão celular podem ficar ligados formando
estruturas em forma de L e V , também denominadas “letras chinesas”. Algumas
espécies possuem grânulos que são reservas de fosfato de elevada energia. São
parasitas obrigatórios de membrana de mucosas ou de pele de mamíferos e
ocasionalmente podem ter outra origem. Crescem bem na maioria dos meios de
cultivo, mas algumas espécies requerem meios de cultura enriquecidos com soro
ou sangue. Em meios simples, as colônias se apresentam opacas, brancas ou
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cinzas, enquanto que em meios ricos estas se mostram convexas com a superfície
semi-opaca. A maioria das espécies fermenta glicose e outros carboidratos com
produção de ácido e sem produção de gás,
geralmente reduzem nitrato,
raramente acidificam lactose.
8.1 Infecção – o modo varia de acordo com as espécies.
8.2 Resistência – protegida por camadas de pus, geralmente é suscetível aos
desinfetantes comuns.
8.3 Tratamento – Penicilina, sulfonamidas e tetraciclinas.
9 - BACILLUS ANTHRACIS
O Bacillus Anthracis é um bacilo encapsulado grande, gram positivo,
Imóvel, forma grandes cadeias na forma de bastonetes. São formadores de
esporos altamente resistentes aos fatores externos e se conservam viáveis na
pele, ossos e outras partes por muitos anos, são eliminados em ebulição por mais
de 10 minutos, resistem a muitos tipos de desinfetantes, os polipeptídios na
cápsula os tornam virulentos. O B.anthracis é muito patogênico, ataca várias
espécies de animais, principalmente os herbívoros. Depois de inoculado no
hospede, desenvolve doença infecciosa aguda grave denominada de carbúnculo.
A doença se caracteriza por causar reações inflamatórias, edematosas e
hemorrágicas notável, acompanhadas de necrose isquêmica tissular e infecção
generalizada.
A infecção ocorre geralmente por contato com animais infectados e provoca
a lesão local denominada de pústula maligna. Os esporos do B.anthracis podem
ser transportados pelo ar e ser inalado causando pneumonia. A infecção tanto por
contato quanto por inalação podem provocar bacteremia
quando o indivíduo
estiver imunosuprimido. Os ovinos, bovinos, eqüinos e suínos são reservatórios
naturais desta doença podendo também atingir o homem. O carbúnculo é uma
infecção que ocorre através da derme, forma-se no local uma lesão pequena e
escurecida semelhante a uma picada de inseto que vai aumentando e tornando-se
edematosa, posteriormente pápula,
esta fica cheia de líquido hemorrágico se
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convertendo para exsudato de cor púrpura escura,
o tecido adjacente se torna
edematoso. Após os primeiros dias se rompem as vesículas e exsudam líquido
serosanguinolento , forma úlcera negra resistente e indolor. Os gânglios linfáticos
regionais experimentam aumento de volume moderado
com
inflamação
inespecífica e nos trajetos dos vasos que os drenam, pode-se observar linhas
avermelhadas . A reação leucocitária é relativamente deficiente em comparação
com a magnitude da necrose
que consiste em uma mistura de leucócitos
neutrófilos e mononucleares.
Na forma cutânea, as manifestações gerais podem ser relativamente
benignas, porém na pneumônica as reações intensas se acompanham de febre
alta, transtornos respiratórios e prostração grave.Considerando a escassez da
reação leucocitária, o aumento do número de leucócitos é rápido, e em ocasiões,
ocorre leucopenia. Em todas as variantes, o diagnóstico depende de identificar ou
cultivar as bactérias das lesões locais e no sangue. E como os microrganismos
são grandes e de morfologia característica, são facilmente identificadas.
9.1 A toxina Anthrax
A exotoxina anthrax possui três componentes protéicos:
a) o antígeno protetor PA (Protective Antigen) o qual se liga a receptores
celulares do hospedeiro;
b) o fator de edema EF (edema Factor) e o fator letal LF (Lethal Factor). O
fator EF é uma adenilato ciclase que provoca um dramático aumento na
concentração de cAMP dentro da célula afetando uma série de mecanismos,
inclusive a fagocitose o que acaba prejudicando a defesa do hospedeiro.
c) O fator LF é uma protease dependente de zinco que inibe múltiplas vias
de transdução de sinal o que provoca a lise de macrófagos.
A identificação do receptor pode permitir que uma versão solúvel do
domínio que se liga à toxina proteja a célula da infecção. As proteínas PA, EF e LF
são liberadas pela bactéria na forma não tóxica, difundindo-se e ligando-se na
superfície das células de mamíferos onde formarão complexos tóxicos.
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10 - LISTERIA
São bastões Gram positivos, móveis, catalase positiva e oxidase negativa,
aeróbia e anaeróbia facultativos, fermentadores, não formam esporos. Habitam o
solo, fezes, secreções genitais e muconasal e também os silos (pH acima de 5,5)
10.1 Infecção : Neural : ocorre pelo ramo do nervo trigêmeo, via ocular, nasal e
orofaringe.
Visceral: ocorre por ingestão.
10.2 Patogênese : são intracelulares, ocorre reação granulomatosa, virulência
depende da presença de hemolisinas.
10.3 Patogenicidade: a forma neural causa a doença giratória em ruminantes,
ceratoconjuntivite e oftalmia, abortos em vacas e ovelhas, casos de listeriose em
cães.
10.4 Resistência: resistentes a pasteurização, suscetíveis aos desinfetantes
comuns.
11. CLOSTRIDIOS
São bastonetes grandes, Gram positivos, móveis, anaeróbios, formadores
de esporos, catalase negativa, fermentadores, saprófitos de vida livre. A infecção
ocorre por ingestão ou contaminação de feridas.
11.1 Clostridium perfringens
Clostridium perfringens é um microrganismo em forma de bastão, Grampositivo, produtor de esporos, pertencente ao gênero Clostridium, são anaeróbios
e amplamente distribuídos na natureza, dependendo da cepa são altamente
resistentes. São conhecidas treze toxinas diferentes produzidas por clostridium e
são classificados em cinco tipos toxigênicos. A toxina do tipo A esta associado a
doenças transmitidas em alimentos, capazes de produzir gás sulfídrico. Podem
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causar infecção em vários órgãos e tecidos, como gangrena gasosa, infecções
intra-abdominais, cutâneas e do tecido subcutâneo, e também intoxicação
alimentar. O C.perfringens produz enterotoxinas, são proteínas formadas durante
o processo de esporulação no interior do intestino. Uma característica peculiar dos
surtos de intoxicação alimentar por C. perfringens é que eles freqüentemente
envolvem um número grande de pessoas simultaneamente. Há ainda uma outra
forma de intoxicação alimentar rara, porém muito grave, causada por Clostridium
perfringens do tipo C, denominada enterite necrótica.
A infecção ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com grandes
quantidades de bactérias. Alimentos contaminados, principalmente carnes (bovina,
suína, frangos), quando submetidos a um tratamento térmico insuficiente, podem
conter esporos sobreviventes. Em condições inadequadas de armazenamento, os
esporos, que tem características termófilas, germinam e as células vegetativas
resultantes atingem números elevados, podendo causar doença no homem.
Diagnóstico – O diagnóstico é feito pelas manifestações clínicas, dados
epidemiológicos e detecção do C. perfringens no alimento suspeito. Os
laboratórios de análise microbiológica de alimentos pesquisam inicialmente a
presença de clostrídios sulfito-redutores, e quando necessário, confirmam a
presença de C. perfringens através de testes específicos.
Prevenção – Os Clostridium perfringens são facilmente destruídas pelo
aquecimento a 60oC, mas os esporos podem sobreviver por bastante tempo em
temperaturas bem mais elevadas. Por essa razão, é necessário cozinhar bem os
alimentos, principalmente carnes, antes de consumi-las.
11.2 Clostridium botulinum
Clostridium botulinum é o microrganismo causador do botulismo. Possui a
forma de bastão, são Gram-positivos, produtores de esporos, encontrados no solo
e anaeróbios. A bactéria forma esporos, responsáveis por sua sobrevivência em
estado de dormência, podem produzir sete tipos diferentes de toxina botulínica,
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designados pelas letras A até G. Somente os tipos A, B, E e F causam doença no
homem. Os outros tipos causam botulismo em animais.
Botulismo - É uma doença grave causada por uma toxina neurológica produzida
por C.botulinum.
Há três tipos: Botulismo alimentar- causada por ingestão de alimentos
contaminados por toxina botulínica.
Botulismo de feridas - A ferida infectada por C.botulinum produz
a toxina .
Botulismo infantil – Consumo de esporos que germinam no
intestino e produzem a toxina . Ex. ingestão de mel contaminado.
Todas as formas de botulismo podem ser fatais. O botulismo é uma doença
neuroparalítica, caracterizada por paralisia simétrica descendente dos nervos
motores e autônomos, normalmente começando com os nervos cranianos. A
doença pode evoluir e causar paralisia descendente da musculatura respiratória,
braços e pernas. A antitoxina botulínica, quando administrada precocemente em
casos de botulismo grave, pode prevenir o progresso da doença e reduzir os
sintomas.
Transmissão - Os alimentos mais freqüentemente envolvidos em casos de
botulismo são as conservas caseiras, preparadas de maneira inadequada. O
botulismo de feridas ocorre quando os esporos de C. botulinum germinam no
interior de feridas. O botulismo de colonização intestinal ocorre quando os esporos
de C. botulinum germinam e produzem toxina no trato gastrintestinal.
Sintomas – Os sintomas são visão dupla e embaçada, pálpebras caídas,
fala difícil, dificuldade de deglutição, boca seca e fraqueza muscular.
Esses
sintomas são decorrentes da ação da toxina botulínica que causa paralisia
muscular. No botulismo alimentar, os sintomas aparecem entre 18 e 36 horas
após a ingestão do alimento contaminado, mas podem aparecer em apenas 6h ou
após 10 dias.
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Diagnóstico - O diagnóstico deve partir da anamnese e do exame médico.
Entretanto, essas pistas normalmente não são suficientes para o diagnóstico
adequado.
Testes especiais, como tomografia cerebral, exame de liquor ou
eletromiografia podem ser necessários para o diagnóstico correto. A maneira mais
direta de confirmar o diagnóstico é demonstrar a presença da toxina botulínica no
soro ou nas fezes do doente, através da injeção do soro ou das fezes em
camundongos e observação do desenvolvimento de sintomas nesses animais.
Tratamentos - Não se empregam antibióticos para o tratamento do
botulismo, pois se trata de retirar os efeitos nocivos da toxina e não da bactéria em
si. Nos diagnósticos precoces, o botulismo alimentar pode ser tratado com uma
antitoxina que bloqueia a ação da toxina circulante no sangue. Essa medida
previne uma piora do paciente, mas a recuperação completa leva várias semanas.
O problema respiratório que ocorrem em casos graves de botulismo pode causar a
morte. Em humanos são usados aparelhos de respiração artificial.
Prevenção – Controle higiênico no preparo de alimentos enlatados,
submeter os alimentos a altas temperaturas o que inativa os esporos.
11.3 Doenças Causadas por Clostrídios
Tétano ...................................................................... C. tetani
Botulismo ................................................................. C. botulinum, C.baratii
Intoxicação alimentar .............................................. C.perfringens
Colite ........................................................................ C.difficile
Enterite ..................................................................... C. perfringens
11.4 Clostridium tetani
O C. tetani causa o tétano. O Tétano ocorre em muitas partes do mundo
especialmente em paises em desenvolvimento. Os esporos são resistentes e
permanecem no meio ambiente por anos. Uma vez que as bactérias do tétano
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penetram no organismo de um indivíduo, pode ocorrer uma infecção em feridas
contaminadas, sejam elas superficiais ou profundas. Queimaduras, feridas ou
cordão umbilical podem ser portas de entrada de esporos. Após o parto, pode
ocorrer uma infecção no útero da fêmea ou no umbigo da cria (tétano neonatal).
As bactérias do tétano produzem uma toxina à medida que crescem. É a toxina,
não as bactérias em si, que causa os sintomas da infecção.
Sintomas - Manifestam-se de 5 a 10 dias após a infecção pela bactéria,
mas eles podem ocorrer até dois dias após, assim como até 50 dias após. O
sintoma mais comum é a rigidez mandibular. Outros sintomas incluem a agitação,
a dificuldade de deglutição, a irritabilidade, a cefaléia, a febre, espasmos
musculares e rigidez do pescoço, dos membros superiores e inferiores. À medida
que a doença evolui, o animal pode apresentar dificuldade para abrir a mandíbula .
A rigidez ou o espasmo dos músculos abdominais, do pescoço e do dorso causar
uma postura característica. Os espasmos dos esfíncteres musculares da região
abdominal inferior podem acarretar a constipação e a retenção urinária. Pequenas
perturbações podem desencadear espasmos musculares dolorosos.
Diagnóstico – Existe a suspeita de tétano quando o animal apresenta
rigidez ou espasmo muscular após sofrer um ferimento. Embora o Clostridium
tetani possa algumas vezes ser cultivado a partir de um swab da ferida, os
resultados negativos não excluem o diagnóstico de tétano.
Prevenção – vacinação prévia , o tratamento da doença é difícil.
As clostridioses são importantes na criação de animais. Em bovinos causa
desde a morte de bezerros à perda de animais adultos. A prevenção é feita com
vacinação, fornecimento de água limpa aos animais, limpeza e higiene na área
reservada aos bezerros, cuidados especiais com as vacas durante o parto,
eliminação de carcaças de animais mortos do pasto, cura correto do umbigo dos
recém-nascidos, etc.
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12 - ENTEROBACTÉRIAS
Bastonetes Gram negativos, aeróbios, anaeróbios facultativos, móveis,
oxidase negativa, catalase positiva, não formadores de esporos, fermentadores
(produção de gás). Distribuição em todo o mundo, patogênicos e não patogênicos
, fazem parte da microbiota normal do trato gastrintestinal. A contaminação da
água ocorre por E.coli, klebsiella, enterobacter e citrobacter.
12.1 Infecção : ingestão.
12.2 Patogenicidade: endotoxinas (causam diarréia).
12.3 Escherichia
Coli – Causa grande variedade de infecções em diversos
animais, os animais jovens são mais suscetíveis, infecções do trato urinário são
freqüentes. Podem ser oportunistas
ou enteropatogênicas (ETEC) e ainda
existem as cepas produtoras de enterotoxinas.
12.4 Enterobacter – São coliformes, produzem mastite bovina.
12.5 Salmonela – Infecção por via oral, são parasitas intracelulares facultativos,
difusão via sistema linfático. Existem três formas de salmonelose: Em humanos
provoca febres entéricas, septicemia e gastrenterite . Em animais provoca
septicemia, enterite aguda, enterite subaguda e enterite crônica. São resistentes
ao congelamento, a luz solar matam-nas rapidamente.
12.6 Identificação: Utilizar ágar triplo de açúcar e ferro ( TAF), usado para
fermentação de lactose, sacarose e dextrose, produção de H 2S e gás, é inoculado
no fundo do tubo e também na superfície inclinada, incubar por 18 horas a 37
Graus C.
12.7 Reações :
1 – Superfície alcalina (vermelha)
fermentou.
fundo ácido (amarelo) apenas a dextrose
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2 – Superfície ácida (amarelo) fundo ácido (amarelo) fermentação da lactose ou
sacarose ou ambas e fermentação da dextrose.
3 – Enegrecimento na linha de perfuração – ocorre devido à produção de H2S.
4 – Bolhas de ar no ágar – algumas espécies produzem gás.
13 - CAMPYLOBACTER
Espirais dobrados, bastonetes Gram negativos, móveis, microaerófilos e
anaeróbios, oxidase positiva, não atacam carboidratos.
C.fetus: transmissão por ingestão ou fômites, presente no sêmen, é disseminado
pelo coito em bovinos.
13.1 Patogenicidade: A subespécie veneralis é encontrada no prepúcio do touro
e no trato genital da vaca, produz infecções e causa infertilidade.
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