Desemprego, uma grande ameaça a sociedade brasileira. Um assunto que assusta a população e que cresce surpreendentemente. “De todos os aspectos da miséria social nada é tão doloroso quanto o desemprego.” (Jane Addams) Com 7,7 milhões de pessoas desocupadas, segundo o IBGE, o Brasil já é o terceiro país do mundo em número de desempregados, perdendo apenas para a Índia e para a Rússia. Em 1990, estávamos na oitava posição e, em 95, na quinta. Mas o Brasil não é caso isolado entre as economias mais pobres. Nos últimos 25 anos, o desemprego aberto no mundo aumentou de 2,3% da população economicamente ativa para 5,5%. Os dados foram sistematizados pelo professor Márcio Pochmann, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade de Campinas. A contaminação da economia pelo desemprego se alastrou muito mais nos países não desenvolvidos. Nas nações mais pobres, as taxas passaram de 1,79%, em 75, para 5,35%, no ano passado, um aumento de 200%. Nos países desenvolvidos, esse crescimento foi quatro vezes menor. As taxas aumentaram em média 53% (de 4,04%, em 75 para 6,18%, em 99). O caso do Brasil é exemplar. O nosso índice de desemprego (PNAD-IBGE) aumentou 369% (de 1,73%, em 75, para 9,85%, em 99). Em número de pessoas, a conta na década saiu de 2,3 milhões de desempregados, em 90, para 7,7 milhões, em 99. Pochmann analisou dados oficiais de ocupação de 141 países do mundo. No Brasil, é grande a preocupação dos trabalhadores, dos sindicatos, das autoridades e dos estudiosos de problemas sociais, a despeito de não possuirmos dados precisos sobre o desemprego, isto porque, enquanto o IBGE fala em taxa de 12%, a Fundação Seade/Dieese fala em 18% na região metropolitana da Grande São Paulo. A verdade é que temos, hoje, em qualquer família alguém desempregado. Essa é uma realidade que está muito próxima de cada um de nós. O desemprego causa vários problemas: para o desempregado, para a família e para o Estado. Para o cidadão desempregado e sua família, o desemprego provoca insegurança, a indignidade, aquela sensação de inutilidade para o mundo social. O IBGE classifica como pessoas desempregadas ou desocupadas aquelas que não estavam trabalhando, estavam disponíveis para trabalhar e tomaram alguma providência efetiva para conseguir trabalho nos trinta dias anteriores à semana em que responderam à pesquisa. Teoricamente é a parte da população econômica ativa, portanto em idade adulta e em condições saudáveis para exercer alguma atividade na sociedade, e que infelizmente por circunstancias devidas, não está podendo realizar sua função social. Para as pesquisas realizadas entre 1983 e 2002, o IBGE considerava população em idade ativa (PIA), aqueles maiores de quinze anos de idade. De acordo com a nova metodologia do instituto, fazem parte da população em idade ativa os maiores de dezoito anos de idade. Na definição de população empregada ou ocupada, o instituto considerava o limite mínimo de 15 horas por semana para o trabalho não-remunerado, enquanto a nova pesquisa inclui aqueles que trabalharam pelo menos uma hora na semana. Para o professor Márcio Pochmann, do curso de Economia da Unicamp e autor do livro A Batalha do Primeiro Emprego, os jovens estão prolongando sua vida escolar por falta de oportunidades de emprego. Segundo o professor Márcio Pochmann: O problema mais sério é o seguinte: o volume de jovens empregados nos últimos dez anos permaneceu estagnado. Ou seja, tínhamos 16,9 milhões de jovens empregados em 1989 e, em 1998, tínhamos 16,1 milhões. Ele não cresceu e, ao mesmo tempo, os 2,3 milhões de jovens que ingressaram no mercado encontraram um mercado cujo número de empregos continuou o mesmo. Eu quero chamar atenção para o fato de que não houve expansão da ocupação. O número de jovens que ingressaram no mercado de trabalho é exatamente o mesmo número do aumento de desemprego juvenil. Havia 1 milhão de desempregados jovens em 1989. Hoje temos 3,3 milhões. É como se todos os jovens que ingressaram no mercado de trabalho nesse período tivessem se transformado em desempregados. Os gráficos abaixo, mostram a taxa de desemprego do país (%): Gráfico 1: Taxa Média de Desemprego Aberto (%) Com ajuste sazonal - novembro/2001 à novembro/2002. Em novembro do ano passado, a taxa média de desemprego aberto situou-se em 6,4%. O gráfico 2 apresenta a série do indicador, no mês de novembro, de 1994 a 2002. Gráfico 2: Gráfico 3: Taxa de desemprego: 9,8% (2007 estimativa) Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Taxa de desemprego 6,40 % 12,30 % 11,50 % 9,80 % 9,60 % 9,80 % Posição 133 79 106 98 110 116 Mudança Porcentual Data da Informação 2001 est. 92,19% 2003 est. -6,50% 2004 est. -14,78% 2005 est. -2,04% 2006 est. 2,08% 2007 est.