A FORMAÇÃO DOCENTE COM A UTILIZAÇÃO DAS TICs MEDIADA PEDAGOGICAMENTE POR MEIO DA MODALIDADE EAD NA PROPOSTA DE UM PARADIGMA DA COMPLEXIDADE Karina Rodrigues - PUCPR [email protected] Deise Maria Marques Choti –PUCPR [email protected] Resumo As mudanças sociais, econômicas e políticas, criaram condições para que o mundo da educação também sofresse transformações significativas. No âmbito do ensino, as tecnologias digitais aplicadas à comunicação passaram a desempenhar um papel fundamental na inovação do processo de ensino e aprendizagem, pois elas podem potencializar o processo de acesso ao conhecimento. Partindo do pressuposto que os avanços das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), são uma realidade que vieram para ficar, e que esses avanços tecnológicos permeiam toda a sociedade e influenciam também o ambiente escolar, torna-se importante os professores estarem alinhados a essas interferências e mudanças ocasionadas pelas tecnologias no trabalho docente. Apresenta-se, portanto, nesta pesquisa, um esboço sobre Educação a Distância no Brasil, e sua importância como ferramenta de difusão do conhecimento e democratização da informação. Aborda ainda, o papel da mediação pedagógica e da aprendizagem na modalidade EAD, e apresenta uma visão educacional da aprendizagem por meio do paradigma da complexidade e as ferramentas tecnológicas mais utilizadas, ou não pelos docentes/tutores numa instituição de ensino de grande porte. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de contribuir para o aprofundamento da prática pedagógica de professores com o auxilio das TICs, que os auxilie a buscar uma prática que possibilite a aprendizagem crítica, criativa e transformadora, sustentada pelo paradigma da complexidade/inovador. Palavras-Chaves: Tecnologia da Informação e Comunicação; Educação a Distância, Formação Docente; Mediação Pedagógica; Paradigma da Complexidade. Abstract The social, economic and political conditions created for the world of education also suffered significant transformations. Within education, digital technologies applied to communication now play a key role in the innovation process of teaching and learning because they can enhance the process of access to knowledge. Assuming that advances in ICT (Information and Communication), is a reality that is here to stay, and that these technological advances permeate throughout society and also influence the school environment, it is important teachers are aligned with these interferences and changes brought about by technology in teaching. We present therefore in this research, an outline on Distance Education in Brazil, and its importance as a tool for disseminating knowledge and democratization of information. Also discusses the role of pedagogical mediation and learning in ODL mode, and provides an overview of educational learning through the paradigm of complexity and technological tools most used or not by teachers / tutors in a teaching institution large. In this sense, there is the need to contribute to the deepening of the pedagogical practice of teachers with the help of ICT, which assists them to seek a practice that enables critical learning, creative and transformative, sustained by the paradigm of complexity / innovator. Key Words: Information Technology and Communication, Distance Education, Teacher Training, Teaching Mediation; Paradigm of Complexity. Introdução O trabalho em questão baseia-se em contribuições originadas de um processo de pesquisa-ação, participantes de um curso de extensão universitária para tutores e coordenadores de polo que atuam em polos de apoio presencial de uma instituição de grande porte em Curitiba, Paraná, Brasil; esses profissionais ofereceram suas reflexões para a melhoria e transformação de suas práticas e mediações pedagógicas, voltadas para um paradigma inovador. A seguinte problematização foi oferecida ao grupo para ser investigada: Como as tecnologias de informação e comunicação podem contribuir no processo de formação pedagógica e “se” e “como” o docente/tutor de EaD utiliza ou não, essas novas ferramentas no dia a dia de sua práxis, na proposta de um paradigma inovador? A opção por paradigmas inovadores na ação docente e mediação pedagógica, apareceram naturalmente durante a investigação, pois, o surgimento do paradigma emergente ou da complexidade no início do século XX toma forte ênfase no início do século XXI, pois tem como foco a visão de totalidade e da formação integral do ser complexo, entre outras características. O paradigma da complexidade busca a superação da lógica linear e procura atender a uma nova concepção que tem como eixo articulador a totalidade. A proposta da visão complexa depende do avanço do paradigma da ciência que impulsiona a revisão do processo fragmentado do conhecimento na busca de reintegração do todo. O campo educacional está inserido dentro de um contexto social, complexo e desafiador, assim, torna-se urgente repensar a forma como o professor vai lidar com essas novas exigências. A humanidade em grande parte vive numa era tecnológica tão avançada, que é possível acompanhar em simultâneo, os acontecimentos ao redor do mundo. Cabe ressaltar que este acesso não atinge a toda população mundial, mas não se pode ignorar a proliferação dos recursos tecnológicos dentro da sociedade em geral. Evidencia-se, nesse contexto, portanto, a introdução de um novo paradigma educacional que neste momento aponta para um paradigma da complexidade que, priorize o “ser” dinâmico, que ultrapasse o saber técnico-específico e se pluralize no sentido de acompanhar as novas exigências dessa sociedade “tecnológica” em contínua mudança. Sendo assim, a correta visão de aprendizagem define a importância e a influência da Educação, nos seus aspectos formais e curriculares. O processo de aprendizagem, na modalidade de Educação a Distância (EaD), proporciona outras maneiras de se construir o conhecimento e de aprender, sem perder a principal condição de educação contextualizada e integrada à vida social, com desenvolvimento consciente e maduro. DESENVOLVIMENTO Nas produções acadêmicas, muitos são os tipos de pesquisas utilizadas propiciando estudos aprofundados sobre as mais diversas atividades pedagógicas. Para a produção deste trabalho foi utilizada a metodologia da pesquisa-ação. De acordo com Kemmis e McTaggart (1988), fazer pesquisa-ação significa planejar, observar, agir e refletir de maneira mais consciente, mais sistemática e mais rigorosa o que fazemos na nossa experiência diária. Ainda de acordo com as idéias de diversos autores A pesquisa-ação procura a mudança, mas, uma mudança para melhorar. Assim, os seus principais objetivos são: 1. Melhorar: a prática dos participantes; a sua compreensão dessa prática e a situação onde se produz a prática; 2. Envolver: assegurar a participação dos integrantes do processo, assegurar a organização democrática da ação, propiciar compromisso dos participantes com a mudança (KEMMIS e MC TAGGART, 1982; DICK, 1997; O´BRIEN, 1998 [et al]). Sendo assim, a prática do docente passa invariavelmente por grandes mudanças no sentido de reformulação para atender essa nova demanda no que tange ao relacionamento e envolvimento educacional com seus alunos; e o desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) surge como um agente relevante de aprendizagem que conduz à expansão das oportunidades de combinação de recursos tecnológicos e humanos. Os especialistas nesse campo reconhecem que a EaD “vem a calhar”, com essas expectativas, pois possui algumas peculiaridades que, diferentemente da educação presencial, flexibilizam e até mesmo personalizam a aprendizagem. Porém, vale destacar que não cabe as instituições de ensino apenas dar uma nova “roupagem” simplesmente transpondo processos e metodologias de ensino e aprendizagem tradicionais e ultrapassadas do paradigma conservador para o meio virtual. Neste sentido Lévy (2000 p.88) afirma que o virtual não “substitui” o “real”, ele multiplica as oportunidades para atualizá-lo. Atualmente, observa-se um movimento de consolidação e expansão da EaD, à medida que novas alternativas tecnológicas estão sendo incorporadas, viabilizando projetos educativos. De acordo com Gelleran (2004), a EaD passa a ser difundida como uma modalidade de educação com potencialidade para ampliar o acesso à formação acadêmica e profissionalizante, colocando-se como uma alternativa séria de democratização da educação e do saber. O professor carece de uma formação direcionada para suas funções no contexto online, necessita apropriar-se de metodologias que desenvolvam nos alunos uma relação criativa com o universo social e escolar, que resulte em novas formas de perceber a realidade complexa de seu estado clínico e aprendam seus significados, tornando-os capazes de dialogar com autonomia nesses campos. Neste sentido é pertinente citarmos Freire (1996, p.76-77) diz que “ensinar exige a convicção de que a mudança é possível” e afirma que: O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora, na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrência. Não sou apenas objeto da história, mas seu objeto igualmente. [...] constatando, nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela. É por isso também que não me parece possível nem aceitável a posição ingênua ou, pior, astutamente neutra de quem estuda. [...] não posso estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. Há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem ver a impossibilidade de estudar por estudar. Essa dialética descrita, esse movimento das ações, das intervenções, essa necessidade de mudança é real. Pois, ao profissional da educação não compete apenas o papel de reproduzir técnicas ultrapassadas, que em algum momento da história da educação deu certo, porém isso não significa um sucesso perene. É necessário que o professor em sua formação compreenda e construa sua própria prática baseada em questões advindas da realidade escolar, e que sua formação inicial na pedagogia ou em outra licenciatura, seja vista como uma etapa intermediária porém imprescindível no complexo processo de formação do professor. A experiência A partir de um diagnóstico da situação de atendimento nos polos de apoio presencial espalhados por todo território nacional, foi elaborado em 2012, o projeto pedagógico do curso de extensão “Diálogos Interativos Psicopedagógicos”. A partir de 2012, a instituição pesquisada passou a ofertar seus cursos de graduação no chamado sistema “mobilidade total”, onde, o aluno tem a flexibilidade de acompanhar suas aulas totalmente online, a partir do acesso ao AVA (ambiente virtual de aprendizagem), com essa novidade, sentiu-se a necessidade de elaborar um curso que fosse capaz de instrumentalizar tutores e coordenadores pedagógicos para que atuem de forma mais segura no atendimento aos alunos no processo educacional no qual estão inseridos. Para desenvolvimento do curso, foram apresentadas propostas de atendimentos, e experiências assentadas na realidade regional, de acordo com o diagnóstico prévio do perfil de cada polo, fornecido do pelos coordenadores pedagógicos. Em bases epistemológicas da teoria dominante na prática pedagógica, e respeitando as diferenças regionais, cada tutor e coordenador estruturaram a maneira mais adequada de atendimento e práticas pedagógicas a serem realizadas em seus polos. A organização do curso O curso estruturado em sete encontros entre os meses de junho à agosto de 2012, com frequência quinzenal, onde todos os tutores e coordenadores pedagógicos se reúnem em seus polos, por duas horas, para assistir a transmissão de uma teleaula, e a partir de relatos de realidades diversas, expostas em interações simultâneas durante a aula, foram desencadeadas reflexões sobre o sentido e a direção do trabalho pedagógico e as decisões eram tomadas de acordo com a realidade de cada polo. Assim, o polo de apoio presencial, ganhava significado pedagógico, não restringindo suas tarefas à esfera administrativa, evitando cair na rotina burocrática e se afastar da realidade local. Tornando-se muito mais um centro dinamizador do que propriamente, ou somente, de apoio ao acadêmico como o próprio termo sugere. Durante as reuniões quinzenais da equipe de tutores e coordenadores pedagógicos, tudo o que ocorria nos diferentes polos era discutido e avaliado no sentido de normatizar, as ações e decisões para se repensar o projeto e os caminhos teórico-metodológicos de autonomia de cada polo. O principal objetivo das aulas e discussões foi o de encontrar a melhor maneira de atendimento acadêmico e pedagógico aos alunos, que a partir da mobilidade total, não mais participam das aulas no polo com tanta frequência. Essa flexibilidade, afastou fisicamente os alunos dos polos, e com isso, houve a necessidade de se desenvolver novas ações pedagógicas, para garantir a excelência do processo de ensino e aprendizagem na modalidade EaD. Alguns dos temas abordados e discutidos durante o curso foram: Estudar para quê? Neuroaprendizagem; O emocional e o comportamento do homem; O agir, o sentir e o pensar; Métodos de estudos; Métodos de ensino; Mediação pedagógica. Para não permitir que o aluno se sentisse “sozinho” no processo de ensino e aprendizagem, algumas ações de práticas tutoriais para mediar sua aprendizagem, foram desenvolvidas nos polos de todo o país: organização de palestras, seminários, grupos de estudos, mesas redondas, aulas de revisão de conteúdos, tutorias online através de chat, rádio web, fórum de discussões, orientações pedagógicas por telefone, workshop, oficinas pedagógicas. Essa mediação pedagogia tem o objetivo de aproximar o aluno do polo, da convivência com os colegas de curso, de acompanhar mais de perto a situação acadêmica de cada aluno, e identificar as suas dificuldades pedagógicas. Mediação pedagógica inovadora (aqui se responde o problema de pesquisa) Para a realização de todo esse trabalho, os tutores e coordenadores, precisaram desenvolver habilidades de mediação pedagógica inovadoras. Passaram a utilizar as TICs com maior ênfase para o alcance de todos os acadêmicos, isso incluiu maior aproveitamento dos recursos pedagógicos disponíveis no AVA (plataforma Claroline), como chat, fóruns, e-mails, rádio web, disponibilidade de exercícios, estudos dirigidos, roteiros de aprendizagem. As redes sociais surgiram como aliadas nesse processo de mediação pedagógica, utilizada para localizar os acadêmicos, disponibilizando orientações pedagógicas e acadêmicas online, maior número de interações e participações, por parte dos acadêmicos que durante horários diversos estão conectados. Essas mudanças estruturais dos cursos, e as mediações pedagógicas amparadas pelas TICs, influenciaram de maneira dinâmica e complexa o modo de formação e atuação dos tutores e coordenadores pedagógicos. Sendo assim, percebe-se que a Educação a Distância, com sua maior flexibilidade e adesão prática a novas tecnologias educacionais, criou também condições para uma discussão mais ampla sobre os novos paradigmas propostos durante o desenrolar do Séc. XX, nos quais – como também se propunha no movimento escolanovista – o centro do processo educacional é o estudante. Peters (2001, p. 37) manifesta que, no ensino a distância, os estudantes devem ser motivados, precisam ser orientados para o estudo autoplanejado e autoorganizado, estimulados para a comunicação formal e informal e para a cooperação com seus colegas. O profissional de educação a distância precisa apropriar-se de metodologias que desenvolvam nos alunos uma relação criativa com o universo audiovisual e virtual, que resultou em novas formas de perceber a realidade e aprender seus significados, tornando-os capazes de dialogar com autonomia nesses campos. E essa nova forma de percepção do conhecimento exige também um novo professor. Na concepção de Preti (2002, p.64): Que pensar na formação do profissional, no atual processo de globalização da economia, recorrendo a uma nova modalidade de educação, é pensar também em novo tipo de educador que vai atuar a distância. Os professores formados em sistemas educacionais convencionais devem ser preparados para desempenhar outras funções dentro do sistema de EaD. A educação a distância não prescinde definitivamente da mediação do professor, mas não requer sua presença física contínua na sala de aula. A educação se baseia na comunicação, visto que a vida, em especial a vida humana, é permanente comunicação. De acordo com Rodrigues (2011), a autoaprendizagem não é o aprendizado do afastamento, da solidão, mas aprendizagem autodirigida com base em informação recebida e compartilhada, quer dizer, em comunicação com outro e outros. Neste sentido, faz-se necessário que o profissional da educação a distância adquira saberes que o ampare em suas ações pedagógicas no ambiente virtual. Saberes estes que conforme Tardif (2002, p.36) lhe darão suporte e sustentação ao seu trabalho docente: Saberes de formação profissional: caracterizados como conjunto de saberes transmitidos pelas instituições de formação (escolas normais ou faculdades). O professor e o ensino constituem objeto de saber para as ciências e para as ciências da educação. Saberes pedagógicos: caracterizam-se como doutrinas ou concepções provenientes de reflexos sobre a prática educativa no sentido mais amplo do termo, reflexões racionais e normativas que conduzem o sistema mais ou menos coerente de representações e de orientações da atividade educativa. Saberes curriculares: caracterizam-se como discursos objetivos, conteúdos e métodos a partir dos quais a constituição escolar categoriza e apresenta os saberes sociais, definidos como modelo de cultura e formação erudita. Saberes experienciais ou práticos: compreendem os saberes produzidos pelos professores que no exercício da função desenvolvem saberes específicos baseados em seu trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio. São saberes que brotam da experiência e são por ela validados. Problematizar, refletir e analisar a prática pedagógica, bem como o ensino e a aprendizagem e os saberes docentes na formação inicial e continuada dos professores, são elementos fundamentais no processo de ensino e aprendizagem. Segundo Pimenta (1999, p. 18-19) citado por Pereira e Martins (2002, p.123), a construção da identidade ainda pressupõem algumas tarefas por parte do profissional docente: Verificar qual a significação social da profissão e fazer sua constante revisão; fazer uma revisão das tradições, reafirmando as práticas culturalmente adotadas e tidas como significativas no atendimento das necessidades da realidade; confrontar teoria e práticas e, também a análise das práticas à luz das teorias existentes e a construção de novas teorias Não é tarefa fácil, nem é simples, ser professor, como podem dizer ou pensar algumas pessoas, em especial destacamos o fazer pedagógico dos professores em ambientes virtuais, que além de sua função de professor, o professor exerce uma função significativamente relevante, na equipe interdisciplinar que atua no contexto online. Visão da complexidade na aprendizagem por meio da modalidade EAD O desenvolvimento humano, em especial o ocorrido durante o Séc. XX, em meio a guerras, crises econômicas e enorme progresso científico, causou profundas transformações em todas as áreas sociais, em especial na Educação. Por outro lado, tais avanços, que consolidaram as certezas em torno da educação a distância, fizeram surgir uma nova filosofia da Educação, como o paradigma da complexidade abordado Behrens (2008, p. 20): A revolução tecnológica aliada à sociedade do conhecimento provocou um grande encontro da Era oral, escrita e digital. Essa triangulação vem se formando e tem como base o capital humano e intelectual. Para tanto, a sociedade precisa proporcionar processos de aprendizagem que envolva a criação e a busca de desenvolvimento de talentos nos seres humanos. Neste ponto é pertinente tratarmos das questões estruturais na Educação, a partir do paradigma da complexidade, que tem como foco o pensamento complexo, a visão de totalidade. Esse novo paradigma exige uma formação docente e discente que supere a visão linear e torne-se mais integradora, crítica e participativa. O paradigma da complexidade inclui a educação holística que inclui a idéia de integralidade ou de globalidade. Um dos grandes desafios da educação a distância no novo paradigma envolve a formação de jovens para a crítica, a avaliação, a participação e a interação, facilitadas pelas características dessa modalidade de ensino, com recursos e processos educativos que levam à autonomia pessoal e intelectual do aluno. Para Moser (2010, p.8), o que mudou foi o sujeito a quem se dirige e este não é mais aquele concebido no pensamento racional cartesiano. A sociologia e a ética voltam-se para o indivíduo localizado, com seus desejos e aspirações. Nesse sentido, os papéis do professor e do tutor, como mediadores, são suma importância para a superação dessa crise de paradigma, como afirma Behrens (2008, p. 21): O professor, ao tomar o novo paradigma na ação docente, necessita reconhecer que complexidade não é apenas um ato intelectual, mas também o desenvolvimento de novas ações individuais e coletivas que permitam desafiar os preconceitos, que lacem novas atitudes para encarar a vida, que gerem situações de enfrentamento dos medos e das conquistas. Diante dessa conjuntura de transformação e a análise do paradigma complexo do processo de ensinar e aprender, o mundo globalizado “quebrou as imagens”, os alunos já não são mais os mesmos, nem também o professor, que, agora, já não é mais uma referência única para os alunos, muitas vezes nem mesmo incluída entre as fontes de informações sobre o mundo. O perfil dos alunos muda com o tempo, e consequentemente, o docente precisa mudar. Para Gadotti (2008, p.23): Em sua essência, ser professor hoje não é nem mais fácil nem mais difícil do que era há algumas décadas atrás. É diferente. Diante da velocidade com que a informação se desloca, envelhece e morre, diante de um mundo em constante mudança, o papel do professor vem mudando, senão na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação que se tornou permanentemente necessária. Por isso, é necessária a reformulação do processo de formação dos profissionais da Educação e da visão que estes têm sobre a função social da escola. Problematizar, refletir e analisar a prática pedagógica, bem como o ensino e a aprendizagem e os saberes docentes na formação inicial e continuada dos professores, são elementos fundamentais no processo de ensino e aprendizagem. Segundo Romanowski (2008, p. 27): Sem formação adequada, os professores não têm como colaborar efetivamente para o desenvolvimento de ma escolarização para superar o fracasso manifesto nos resultados das avaliações que mantém a aprendizagem dos alunos com médias insuficientes, nos altos índices de reprovação e evasão. As novas tecnologias criaram novos espaços do conhecimento. Os estudantes optam por estudar em casa, no trabalho, basta ter acesso ao espaço virtual, pois onde quer que estejam podem acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem a distância. A respeito da EaD Romanowski (2008, p. 27), afirma que: Para o enfrentamento de novos desafios, a educação a distância apresentase como uma modalidade capaz de contribuir para a formação em locais distantes dos grandes centros de produção do conhecimento. Com efeito, estudar a distância pode contribuir na concretização das políticas públicas de formação de docente, na oferta de oportunidades educativas e na participação na economia e desenvolvimento da sociedade, minimizando os efeitos da exclusão social. Uma pesquisa de Bernadete Gatti (2008) mostra que formação continuada para Docentes/Tutores deve, conforme sugere à legislação educacional, prever uma formação continuada em conteúdos e métodos, em subsídios teórico-metodológicos, com o propósito de aprimorar a prática pedagógica e aumentar o nível de conhecimento dos docentes, em suma, para valorizar o magistério pela profissionalização da função docente e melhoria da qualidade do ensino. Desta forma, percebe-se que, a partir da EAD, surge um novo passo na questão da formação continuada. Algumas Considerações A chamada era da educação permanente ou continuada, ao longo de toda a vida, já está implantada. Os que não a reconhecerem e a aceitarem, estarão limitados a passos mais lentos no caminhar desse processo ou a uma completa estagnação. O papel do professor atualmente é o de um constante aprendiz para que sua práxis possa fazer a diferença na atual conjectura da sociedade, que sua prática seja capaz de democraticamente difundir e produzir conhecimentos, para que suas ações sejam baseadas na reflexão crítica sobre sua formação e atuação em contexto online. Vivemos em um contexto histórico onde as intervenções são bem vindas e necessárias, sejam por parte dos professores, dos alunos, dos pais, da comunidade, dos agentes da escola. Os tempos de passividade a frieza da racionalidade já não imperam mais. Neste sentido, não podemos mais “apenas aceitar”, sabemos que as barreiras, as resistências a mudanças serão tarefas árduas de se ultrapassar, mas certamente essa ruptura se faz necessária e tem como pilar os paradigmas inovadores. Portanto, a formação do professor no desenvolvimento de competência aponta para a necessidade de qualificá-lo para uma nova prática, que não se restrinja a sala de aula, mas se amplie para contemplar as articulações com a sociedade em geral, como objetivo central da formação inicial e continuada dos docentes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEHRENS, Marilda Aparecida. Paradigma da complexidade: metodologia de projetos, contratos didáticos e portfólios. Ed. 2, Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. BRITO, Glaucia da S.; PURIFICAÇÃO, Ivonéia. Educação e novas tecnologias: um repensar. 2ª ed. Curitiba: IBPEX, 2008. FERREIRA, Paulo A. A aprendizagem da ética em ambientes virtuais. 2006. 82 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2006. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 20 ed. São Paulo: Cortez, 1994. GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2008. GATTI, Bernadete a.. 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