UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A DISTÂNCIA PEAD PROGRAMA ALFA E BETO: AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA MARIA LÚCIA DE MELLO MACHADO PEDAGOGIA Sapiranga, novembro de 2010. “É preciso, na prática, conhecer e conceber formas de alfabetização condizentes com o momento histórico em que vivemos para operar transformações. A crença, a fé, a esperança na mudança, sugerem ainda a magia, o mito, o dogma, o milagre. Mas o conhecimento e a concepção implicam, na práxis, a gênese, a geração do novo.” (Smolka, 1993, p.113) SUMÁRIO Falta introdução 1. Programa Alfa e Beto: Princípios Metodológicos 2. Aquisição da leitura e da escrita: Programa Alfa e Beto, perspectiva Piagetiana e Psicogênese da Língua Escrita 3. Programa Alfa e Beto: Experiência no estágio na aquisição da leitura e da escrita 4. Considerações Finais 5. Anexos 6. Bibliografia INTRODUÇÃO A alfabetização tem sua importância no processo educativo, pois objetiva o desenvolvimento da leitura e da escrita, bem como sua contextualização. A preocupação em obter melhores resultados com as crianças nas séries iniciais, nos remeteu aos estudos sobre o desenvolvimento da criança e a aquisição da leitura e escrita. Nesta busca, conhecemos o Programa Alfa e Beto que veio nos desafiar, visando a construção de um paradigma de competências e habilidades Cognitivas em Leitura/Escrita e Matemática, assegurando uma alfabetização em um ou dois anos. Partindo deste contexto, a escola optou pelo programa ( como foi a adesão da escola??), constituindo três turmas de primeiro ano para o estudo e o desenvolvimento das atividades de codificação e decodificação. O programa Alfa e Beto de Alfabetização não é um método (O que é??) . Ele desenvolve diferentes competências (quais??) de alfabetização e para cada competência utiliza métodos considerados muito eficazes (parágrafo contraditório). O que nos moveu na realização deste trabalho foi a análise das diversas atividades realizadas com as crianças e a receptividade que estas tiveram para o desenvolvimento de competências e habilidades, bem como o resultado obtido, isto é , a conquista da leitura e da escrita, fazendo uma apreciação da perspectiva piagetiana sobre o programa de alfabetização utilizado (???). Obs: Refazer introdução. Obs/cuidados: Na introdução deve estar presente tema delimitado, justificativa na escolha do tema, questão de investigação, objetivos, aspectos metodológicos (coleta de dados/observação, etc), anúncio/sinteticamente dos cap. seguintes e principais autores estudados. 1. O PROGRAMA ALFA E BETO: PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS Programa Alfa e Beto defende uma proposta pedagógica fundamentada em quatro pilares: o compromisso com o sucesso do aluno; o paradigma científico segundo a Psicologia Cognitiva da Leitura; os princípios pedagógicos e a concepção do ensino da língua. No processo ensino-aprendizagem desenvolvido o aluno parte do simples para chegar ao mais complexo. Através de um ensino estruturado, cuja apresentação sistemática e ordenada dos estímulos e materiais, juntamente com as rotinas, vem auxiliar o aluno no acompanhamento do seu processo de aprendizagem. Por meio da metacognição, o aluno deve aprender a aprender, refletir e tomar consciência do próprio processo de aprendizagem. Tornar-se um aprendiz autônomo. Através da contextualização, o aluno se apropria do alfabeto, única razão para aprender a ler e escrever, por isso a alfabetização está inserida nos textos que são oferecidos a ele. O aprendizado deve referir-se à linguagem utilizada para falar e refletir sobre a língua. A aprendizagem caracteriza-se por ser ativa e lúdica, onde o aluno aprende brincando. Nesse programa há um ajuste do aluno à escola e da escola ao aluno (o que significa ajuste????). A avaliação é freqüente e permite ao professor e ao aluno identificar os progressos, as deficiências e corrigi-las durante o processo (como se constitui o processo de avaliação da aprendizagem????) . Dentro do processo ensino-aprendizagem, a memorização é importante, pois os conteúdos memorizados a serem construídos e terão significância para o aluno devido à variedade de atividades e pela fixação de conceitos e procedimentos (??? É suficiente a memorização????). Obs: Fundamentar o projeto. Autores que sustentam teoricamente esta proposta (pressupostos filosófico-políticos. Posicionar-se, refletir. Fonte bibliográfica??? Citação dos autores???? Concepções: educação, aprendizagem, ensino 2. AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA: PROGRAMA ALFA E BETO E PERSPECTIVA PIAGETIANA PROGRAMA ALFA E BETO Por desenvolver diferentes competências de alfabetização, o Programa Alfa e Beto se caracteriza por ser eclético, pois concilia para cada uma das competências, métodos que julga eficazes. A competência central do processo de alfabetização consiste na decodificação, ou seja, em descobrir como funciona o código alfabético. Para aprender a decodificar, o aluno precisa conhecer as letras e associar as letras com os sons (fonemas) que elas representam. Os métodos mais eficazes são os métodos fônicos. Dentre os métodos fônicos, os mais eficazes são os que associam letras e sons de forma sistemática e explícita. O Programa Alfa e Beto utiliza esse tipo de método, de forma lúdica, variada e interessante. Para aprender a ler o aluno precisa dar outros dois passos: Para isso ele precisa de oportunidades para ler e reler várias vezes as palavras conhecidas, e que ele já aprendeu a decodificar. O melhor método é apresentar essas palavras ao aluno em múltiplas oportunidades, de forma repetida e espaçada. A fluência da leitura depende da releitura de textos simples, estruturados, conhecidos e com palavras que o aluno consegue identificar automaticamente ou decodificar. São os chamados “textos decodificáveis”. A escrita possui diferentes dimensões. O ensino da caligrafia se caracteriza pela realização de atividades com técnicas apropriadas para ensinar o aluno a escrever de maneira legível e fluente. No ensino inicial da ortografia são apresentados ditados de sons, letras e palavras, oportunizando ao aluno refletir sobre as várias possibilidades de grafar uma palavra. Para aprender a escrever frases o aluno precisa dominar as estruturas sintáticas mais básicas. As atividades oportunizam ao aluno identificar, modificar e produzir vários tipos de frases simples. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa: A conquista da escrita alfabética não garante ao aluno a possibilidade de compreender e produzir textos em linguagem escrita. Essa aprendizagem exige um trabalho pedagógico sistemático. Quando são lidas histórias ou notícias de jornal para crianças que ainda não sabem ler e escrever convencionalmente, ensina-se a elas como são organizados, na escrita esses dois gêneros: desde o vocabulário adequado a cada um até os recursos coesivos que lhes são característicos. Na construção dos textos, o aluno que ainda não sabe ler precisa da ajuda do professor. O professor orienta o aluno na organização das idéias, na contação de histórias oralmente, podendo modificar no todo ou partes da história. O aluno pensa e dita, o professor escreve. O aluno, depois, copia e passa a limpo. O Livro Gigante e suas atividades previstas no manual respectivo introduzem o aluno ao mundo encantado dos livros e letras. O professor encontrará várias estratégias para seduzir e conquistar a criança para o mundo letrado. Essa aprendizagem é aprofundada em sessões de leitura livre e com o uso da Coletânea. A Coletânea e o respectivo Manual ajudam o professor a iniciar o aluno nas técnicas de compreensão de textos. Como o aluno ainda não sabe ler, o professor lê os textos e ajuda o aluno a entender sobre estrutura e usos sociais da língua. A leitura dialogada, entremeada de diálogos, perguntas e respostas, porém dirigida de forma consistente e estruturada, ajuda as crianças a entender como funcionam os textos, e como aprender e desenvolver vocabulário a partir das leituras feitas pelo professor. Como diz Ângela Kleiman: “O ensino deveria estar ligado ao enriquecimento de vocabulário do aluno, e não a uma mera tarefa burocrática de procura de palavras num dicionário, como costumeiramente é feito em contexto escolar.” Todas as atividades do programa oferecem oportunidades, contextos e estímulos para a criança se expressar oralmente. O professor é orientado para respeitar a linguagem do aluno e criar oportunidades para o aluno compreender e utilizar, progressivamente, o vocabulário, sintaxe e a linguagem formal essencial para promover o sucesso escolar do aluno. No segundo ano são desenvolvidas e consolidadas as competências de alfabetização. As atividades do Livro A – Língua Portuguesa inclui as competências de Leitura, Escrita e Expressão Oral. Através de seus textos e exercícios, o livro desenvolve a observação, a reflexão e a criatividade dos alunos. Igualmente, propõe de forma equilibrada e balanceada, o estudo sobre as estruturas e os usos sociais da língua. Ao final de cada bloco é realizada uma revisão da aprendizagem em forma de relatório. Além de muito interessante as formas como são abordadas as competências e habilidades: Para verificar o nível do texto, são propostas atividades de leitura e compreensão, onde estão inclusos as leituras com informações peculiares sobre as características dos vários gêneros e tipos de texto. Esta atividade tem a finalidade o desenvolvimento da fluência de leitura, a expressão oral, o vocabulário, o conhecimento sobre características dos gêneros e tipos de texto e a competência de compreensão. O nível da palavra é verificado com atividades contextualizadas, buscando desenvolver a compreensão de conceitos, analisando a morfologia, através do estudo das palavras, primeiro isoladamente, depois participando na frase ou texto, e construindo a ortografia, por meio da grafia correta das palavras. O nível da frase é verificado com o desenvolvimento de atividades que abrangem competências de sintaxe, análise e utilização de elementos que ajudam na coesão do texto. O nível do texto é verificado através de redações, construções textuais que analisam o domínio de estratégias e técnicas de redação e atividades orientadas de redação. “Textos significativos para as crianças, são produzidos nas mais variadas situações de uso da linguagem oral e escrita, em que elas participem como locutores e ouvintes.” (CORSINO, 2006, p.63) Ao final de cada unidade há sempre um poema para desenvolver competências de fluência de leitura, expressão oral e a memória. Obs: Fazer a análise desta concepção, explicitando os conceitos que fundamentam esta concepção. Posicionar-se e fazer as articulações entre o programa e dados orindos da tua experiência do estágio. (concepção de educação, etc). Quais as articulações existentes entre o programa e os parâmetros curriculares nacionais de língua portuguesa (PCN)? Por que inserir o PCN (convergências, divergências, complementaridades???). E os dados observados a partir da tua experiência do estágio? Refletir sobre a experiência, dificuldades, etc!!!!! PERSPECTIVA PIAGETIANA (este item descritivo, sem reflexão, sem articulação com os dados/ qual o teu posicionamento?) As teorias de Piaget querem nos explicar como se dá o desenvolvimento da inteligência nos seres humanos. Por isso recebeu o nome de Epistemologia Genética, traduzindo o estudo dos mecanismos do aumento dos conhecimentos Piaget contribui com o estudo sobre o desenvolvimento da inteligência, descrevendo e experimentando suas teses. O desenvolvimento da Inteligência se dá por etapas, chamadas de construtivismo seqüencial. No Período Sensório-motor, que ocorre do 0 aos 2 anos, a criança cria ações para entender mentalmente o mundo. Exercita a inteligência. Através da ação constrói noções de espaço e tempo. Está ligada ao meio de forma direta e imediata. O Período Simbólico - dos 2 anos aos 4 anos, aproximadamente. É marcado pelo surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, dentre outros. Nesta fase as crianças fantasiam, brincam de fazde-conta. Satisfazem o prazer criando imagens mentais para os objetos. A linguagem está caracterizada por monólogo coletivo. As crianças conversam, sem responder uma para outra. Sua socialização ocorre de forma isolada, mas dentro do coletivo. Não há liderança estabelecida mas ocorre muita troca de pares. Uma das etapas, o Período Intuitivo, ocorre dos 4 anos aos 7 anos, aproximadamente. Neste período já existe um desejo de explicação dos fenômenos. É conhecida como a “idade dos porquês”, pois a criança questiona o tempo todo. Também, distingue a fantasia do real, podendo encenar a fantasia sem acreditar de fato nela. O pensamento continua focado no seu próprio ponto de vista. Está apta a organizar coleções e conjuntos, mas não faz relação entre conjuntos maiores e menores. Não sustenta um diálogo por muito tempo, entretanto consegue ajustar sua resposta às palavras de um colega. Outro período, o Período Operatório Concreto, vai dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente. Este período se caracteriza pela consolidação das conservações de número, substância, volume e peso. Desenvolveu a habilidade de ordenar elementos por seu tamanho (grandeza) e conjuntos. Consegue organizar o mundo de forma lógica. Reúne-se em grupos, sendo líder e admitindo uma liderança. Compreende regras, tornando-se fiel a elas e assumindo compromissos. A conversação ocorre com maior fluência. Não há tolerância nas discussões e conclusões comuns. O Período Operatório Abstrato, que ocorre dos 11 anos em diante, é o auge do desenvolvimento da inteligência, correspondendo ao nível de pensamento hipotético-dedutivo. Nesta etapa a criança é capaz de libertar-se do concreto, beneficiando os interesses pautados para o futuro. A partir daí, seu nível de pensamento permite que ocorram diálogos com ponderações e conclusões. Nas relações de grupo, a cooperação e a reciprocidade, são características. Para Piaget, as idades em que ocorreram as aquisições não contam, o importante é como elas se sucederam. Segundo a visão piagetiana, a aprendizagem se revela pela interação do sujeito com o meio, determinada pela equilibração. A criança está em constante contato com o meio. Sua predisposição em decifrar o mundo, a faz rever seus conceitos, causando um desequilíbrio. Em virtude disto, a criança precisa mudar seu comportamento para se adaptar. Ela constrói seus conhecimentos explorando o mundo onde vive. São informações, observações, experiências que determinam a sua aprendizagem. PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA Emília Ferrero apresenta níveis de conhecimento que caracterizam a Psicogênese da Língua Escrita : A. Nível 1 – Pré-silábico Nesta fase inicial, para a criança, a escrita é algo diferente a tudo que não considera um desenho. Ela imita e tenta copiar os grafismos, iniciando um caminho de apropriação da escrita. Tenta diferenciá-los das incipientes garatujas e desenhos. Mesmo assim, seus traços não permitem distinguir sua intenção na escrita ou desenho, questionando o seu objetivo pretendido. Mais adiante, sua produção começa a tomar características formais de escrita, assemelhando-se ao traçado de letras. À medida que avança, estabelece exigências na formação de hipóteses de escrita. Surgem, então, dois princípios: as variações quantitativas (é preciso um número mínimo de letras para que alguma palavra esteja escrita, em geral, usam de duas a quatro letras) e as variações qualitativas (é necessário um número mínimo de variação de caracteres para que se possa ler uma palavra). Assim, a criança continuará fazendo muitas tentativas, para que suas produções se pareçam com a escrita social, ora por diferentes quantidades de letras, ora por variação dos caracteres empregados nelas. Ao descobrir que a escrita apresenta um valor sonoro, levará a criança à formulação de novas hipóteses, conduzindo-a a hipótese silábica. B. Nível 2 - Silábico Quando a criança chega a esta etapa, dá um salto qualitativo no processo de construção da escrita, pois marca a relação entre unidades da escrita e as da linguagem oral, conhecida por correspondência sonora. É neste nível que a criança acredita que cada letra corresponde a uma sílaba, por isso, entra em conflito com suas hipóteses de escrita. Antes considerava impossível a leitura de uma única letra e, agora, percebe a necessidade de reestruturar seus princípios, buscando novas respostas. A criança não demonstrará inquietação quando usar uma letra que não seja a correspondente a escrita convencional. Sua atenção reside no aspecto quantitativo. Ela continuará formulando hipóteses e perceberá que cada sílaba deve possuir um vínculo com um valor sonoro e, por conseguinte com sua escrita convencional. Agora o professor já consegue ler as produções dos alunos, não precisando recorrer a eles para entender. C. Nível 3 – Silábico-alfabético É um período onde a criança questiona muito suas hipóteses, às vezes mantendo, noutras reformulando. Tem a compreensão de que as sílabas podem ser formadas por mais de uma letra, caracterizando escrituras que incluem sílabas com uma sílaba e outras com mais de uma. Há um esforço por parte da criança para dar sentido as suas hipóteses. Reconhece unidades menos que a sílaba (os fonemas), justificando a possibilidade de representar sílabas com mais de uma letra. Esta fase é relevante para o desenvolvimento do processo pessoal da criança. As informações que recebe do ambiente, as conquistas pessoais referentes aos níveis anteriores e o descontentamento, pelo fato de, ainda não se apropriar do sistema de escrita, geram muitos conflitos que desestruturam os princípios de quantidade e de variedade. A criança produz escritas com maior correspondência sonora, oscilando entre palavras com uma letra para cada sílaba ou uma letra para cada som. Encontra-se num nível intermediário, entre a correspondência silábica e a correspondência alfabética. Percebendo que sua escrita ainda não pode ser lida e, que suas escrituras correspondem a outras palavras que apresentam as mesmas letras, sente-se desafiada. Com a orientação do educador, esta criança refletirá e avançará para a escrita alfabética. D. Nível 4 – Alfabético Este nível marca a conquista definitiva do sistema de escrita por meio do reconhecimento que a criança faz, de que a letra representa um som, o que consolida a hipótese de correspondência de tipo alfabético e garante que a criança consiga escrever de acordo com ela. Quando o aluno reconstrói o sistema lingüístico é porque compreendeu sua organização, então suas escrituras passam a se caracterizar com aspectos da escrita convencional. Mas, cabem ainda, questionamentos sobre a ortografia, regras de pontuação e outras questões da escrita. Todos os níveis não estão atrelados com a faixa etária da criança. Existem crianças mais novas que apresentam escritas num nível mais avançado e outras mais velhas que não evoluem nas suas hipóteses, mesmo porque, não interagem com pessoas que escrevem ou lêem no seu dia-a-dia. O professor deve propiciar que as crianças explorem uma grande variedade e diversidade de materiais escritos. Deixando-os à vontade para descobrir a sua maneira, construindo suas hipóteses a partir das informações, desenhos, portador, assunto, função dentre outras possibilidades e registrandoas. Para o desenvolvimento de um processo de introdução à leitura e à escrita, é necessário à construção de um ambiente alfabetizador e a mediação de um educador de acordo com o nível de conceituação em que a criança se encontra. Não só livros, cartazes, jornais, revistas se vale um ambiente alfabetizador, mas ações de leitura e escrita que se aconteça diante das crianças e com elas. Percebe-se, ao analisar as duas propostas de alfabetização que o Construtivismo se preocupa com a descoberta, pela criança, do código alfabético. Oportuniza seu desenvolvimento, com o cuidado, não desprezando as etapas necessárias para a apropriação por parte da criança, do sistema de escrita. À medida que o professor vai instigando o aluno com questionamentos sobre suas hipóteses, ela vai fazendo suas correspondências e construindo sua aprendizagem. É só no quarto nível, que a criança se dá conta de que cada letra corresponde a um som e, por isso, compreende toda a organização do sistema lingüístico, pois o construiu passo a passo. No Programa Alfa e Beto, a criança parte da letra, sua grafia e seu som correspondente. À medida que se apropriar da decodificação, a criança já será capaz de ler e escrever palavras e textos, independente de serem significativas, pois o que interessa é que a criança aprenda a ler fazendo a correspondência entre letra e som. Para isto, ela está em contato direto com textos de diversos gêneros e com a escrita, inclusive, realizando exercícios de caligrafia. A significação das palavras e textos será trabalhada no segundo ano, não havendo diferenciação do programa com os demais livros didáticos oferecidos para as crianças. Obs: Os autores, citações, posicionamentos relacionando a experiência com a teoria??? 3. PROGRAMA ALFA E BETO: EXPERIÊNCIA NO ESTÁGIO NA AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA Inicialmente, fizemos uma capacitação para nos apropriarmos do Programa Alfa e Beto. Assistimos a um vídeo explicativo, passo a passo, como deveriam ser ministradas as aulas, qual a postura dos alunos, a maneira como o professor deveria falar com os alunos promovendo a aprendizagem e como seriam planejadas as aulas. Cada professor recebeu um livro com orientações detalhadas de cada atividade, com sugestões de abordagens, uma agenda do professor com previsão para as aulas, avaliações. ZILBERMAN, nos revela: “Ao iniciar no mundo da leitura, a criança precisa constantemente ser incentivada. O material a ser-lhe oferecido deve ativar-lhe o gosto pela leitura, ajudando a superar dificuldades textuais.” A turma recebeu os livros do aluno, os MiniLivros, o livro gigante, os jogos de letras, as placas com letras e os cartazes com letras. Quando iniciamos os trabalhos com os alunos, precisávamos preparálos para terem uma postura condizente com o que o programa propunha. Os alunos deveriam sentar-se com as costas bem apoiadas, o material distribuído adequadamente sobre a mesa, havia um jeito especial para pegar o lápis. O ambiente deveria ser silencioso para o sucesso do programa. Na turma apresentada nos vídeos havia 12 a 18 alunos. Nossas turmas são de 25 a 32 alunos. Fora isto, havia alunos que apresentavam problemas sérios de conduta, o que provocava conflitos dentro da sala e durante o intervalo. A postura indicada para o trabalho, para alguns alunos era indiferente ao desrespeito dos colegas, pois eles realizavam as atividades com muito zelo. Mas para os alunos mais hiperativos, não surtia o efeito desejado, muito pelo contrário, o ambiente tornava-se mais tumultuado e sem atrativos. O programa oferecia atividades que eles gostavam de fazer, mas ao mesmo tempo, algumas atividades se tornavam muito cansativas por serem repetitivas demais. O plano de curso estava dividido em duas unidades. Na primeira unidade trabalhamos a familiaridade com livros, a metalinguagem, a consciência fonológica, a consciência fonêmica, o princípio alfabético, caligrafia e desenvolvimento oral. Na familiaridade com livros observamos a capacidade como os educandos lidavam com as letras, identificavam palavras, manuseavam e sabiam usar os livros. A metalinguagem está ligada a capacidade dos alunos usarem termos corretos para falar a língua. Conhecer também, termos como letra, espaço, linha, página, palavra, etc. Por consciência fonológica, entende-se a capacidade de manipularem e segmentarem os sons relativos às palavras. A consciência fonêmica é a habilidade de identificar as relações entre letras sons (fonemas e grafemas) em palavras. Segundo o princípio alfabético, as palavras são formadas por símbolos (grafemas ou letras), e as letras representam os fonemas (sons) utilizados na língua. Os alunos precisavam aprender a decodificar, isto é, extrair o som da palavra a partir das letras escritas e reproduzir por escrito uma palavra escrita. No desenvolvimento oral, foi trabalhada a fluência de leitura, com observação na velocidade, ritmo e prosódia. A caligrafia foi uma atividade diária, tanto na escola como em casa, visando à legibilidade da letra e a fluência para registrar as palavras. O livro gigante, intitulado “Chão de Estrelas”, foi introduzido para desenvolvimento da habilidade de manuseio de livros, do vocabulário, de atitudes e comportamentos necessários ao trabalho escolar e da consciência fonêmica. As crianças faziam o acompanhamento nos livros “Chão de Estrelas” em tamanho normal, dois a dois ou em trio. Assim, as leituras iniciais permitiam aos alunos se familiarizar com o mundo da leitura e desenvolver competências ligadas ao manuseio de livros e leitura de textos. Igualmente, o uso do “livro grande”, através de seus textos, sugeria o desenvolvimento de projetos, podendo ser individuais, em duplas ou em grupos. Através dos projetos buscamos desenvolver competências de escrita onde os educandos escrevam letras, numerais e palavras, percebendo a importância e a necessidade de escrever. Por envolverem vários conteúdos, os projetos propunham a construção de livros, com isso houve o desenvolvimento de hábitos de trabalho e estudo, caracterizados pela organização, busca de informação, decisões sobre como organizar e apresentar informações. Para este trabalho foi necessário instigar os alunos a refletirem sobre suas questões. Fragmentação dos parágrafos!!! Outro aspecto desenvolvido nos projetos de leitura e escrita foi a identificação do princípio, meio e fim de histórias, com ênfase na aprendizagem de planejar, fazer, acabar e avaliar o trabalho construído. O uso do tempo na realização das atividades foi imprescindível. Cada bloco de atividades continha um número determinado de exercícios, para que os alunos não ficassem muito tempo realizando uma mesma atividade. Quando o tempo estipulado extrapolava era sinal de que os alunos não haviam desenvolvido algumas competências, como a caligrafia, a decodificação, por exemplo. Portanto, era necessário investir em atividades que desenvolvessem e sanassem as dificuldades observadas. As aulas precisavam manter um ritmo adequado, evitando que houvesse uma habituação. Faz-se imperioso que o professor observe o ritmo e a assimilação que os alunos fazem do princípio alfabético através dos exercícios de decodificação, que de tempo em tempo vão se tronando mais desafiadores. O ditado foi usado com o propósito de ouvir direito, escrever rápido e corretamente. Diariamente, fazemos anotações de informações que nos são ditadas. Também no ponto de vista pedagógico, o ditado é fundamental para permitir ao aluno desenvolver estratégias de metacognição, isto é. Que ele seja capaz de transformar sons em palavras e palavras em letras. Uma das características do ditado é criar uma independência no ato de escrever. Na medida em que o aluno ia aprendendo a ler, os ditados incluíam palavras conhecidas, palavras inexistentes e palavras desconhecidas, permitindo uma aplicação dos conhecimentos sobre as relações som-letra a novas situações. Alguns alunos não realizavam o ditado, pois não queriam arriscar hipóteses de escrita. Então a argumentação foi o meio usado para justificar o valor da reflexão na formulação de hipóteses e na construção da escrita. Sem a ousadia, o arriscar-se não há aprendizagem significativa e efetiva. Aos poucos os medos foram deixados de lado e as primeiras hipóteses começaram a surgir. A correção e a revisão serviam para reconhecer e analisar os erros. O aluno aos poucos se tornava autocorretor de suas palavras. O professor era o mediador, estimulando o aluno a detectar os erros e encontrar as soluções. Aprendendo a refletir sobre sua ortografia e que o aluno vai aprender a escrever ortograficamente correto. O trabalho com os MiniLivros tem por objetivo facilitar o incremento da fluência. Para o aluno ler com fluência, ele precisa de textos que ele consiga ler, sem muitos erros e tropeços. Assim, ele ia exercitando determinadas combinações fonemas-grafemas e encontrava diversas vezes a mesma palavra. Na leitura em grupo havia a possibilidade de que um aluno ajudasse o outro, pois o aluno que ouvia aprendia a observar, a antecipar e a analisar o tipo de dificuldade ou erro do colega de forma a ajudá-lo. Durante o processo observou-se que alguns alunos se desenvolveram mais rapidamente que outros, pois cada criança apresenta uma conduta frente aos instrumentos oferecidos para o seu crescimento cognitivo. Ao decorrer desta etapa, ela esteve em contato com diversos materiais e linguagens que moldaram sua postura em relação à leitura e a escrita. Houve um menino que não teve acesso aos estímulos como livros, lápis e papel durante a primeira infância. Ao chegar à escola precisou adaptar-se a nova realidade. Em comparação com os colegas que já possuíam habilidades relacionadas à escrita e leitura, ele iniciou este processo desde as primeiras garatujas. Precisou ser trabalhado o esquema corporal, oferecer atividades variadas envolvendo a motricidade fina. O que mais me chamou a atenção foi o fato de que no início do programa de alfabetização, as aulas exigiam muita oratória por parte do professor com repetições de fala e grande atenção e participação por parte doa alunos. Às vezes ficava sem voz, devido à grande explanação. Os alunos estavam muito entusiasmados com os livros e com as atividades, pois tudo era muito lúdico e colorido. Elas eram bem distribuídas durante o tempo da aula. Como diz Telma Weisz: [...] o que move as crianças é o esforço para acreditar que atrás das coisas que elas têm de aprender existe uma lógica. De certa maneira, aprender é, para elas, ter de reconstruir suas idéias lógicas a partir do confronto com a realidade. E exatamente porque nem tudo o que elas têm de aprender é lógico – ou tem uma lógica que esteja ao seu alcance imediato – que constroem idéias aparentemente absurdas, mas que são importantes no processo de aprendizagem [...] A partir da segunda unidade, houve atividades de leitura e compreensão de texto. As atividades que envolviam muita leitura do mesmo texto, repetição, análise de versos, de rimas, no caso de poesias. As questões de reflexão sobre o texto incitavam a imaginação e a formulação de hipóteses. Eles não gostavam muito de refletir sobre as interpretações de texto, pois as perguntas eram repetitivas e cansavam. Eram muitas questões que exigiam uma reflexão sobre as aprendizagens prévias, faziam uma relação com o dia-a-dia dos educandos. O que na verdade é um trabalho necessário, pois valoriza o que os alunos sabem e faz uma relação com o que estão aprendendo. Em virtude disto, era preciso que o professor, dentro da proposta do programa, criasse atividades mais lúdicas e prazerosas, que viessem contrapor as aulas maçantes. À medida que foram se apropriando do método fônico, verificavam-se os alunos que se destacavam ao contrário daqueles que tinham pouca concentração e interesse. Merece lembrar que os alunos eram muito ativos, alguns não conseguiam ficar sentado o tempo todo, quietos, respondendo ou escrevendo, conforme as orientações do programa. (explicar, argumentar) No primeiro ano, já no mês de abril, havia cinco alunos que já liam as palavras iniciais do programa. A turma foi se desenvolvendo, porém poucos alunos não se apropriaram do método fônico até o final do ano. Conforme Emilia FERRERO: “As crianças chegam à escola com muitos conhecimentos sobre a língua escrita e não “vazias” como supunha a tradição escolar.” No ano seguinte iniciaram, com defasagem em relação aos demais colegas. As avaliações realizadas demonstraram isso. Havia um período de revisão das competências e habilidades, porém se a criança não adquirira proficiência na leitura e escrita, este espaço de tempo era muito pequeno para uma recuperação, visto o grande número de alunos e os conflitos existentes entre eles. “O curso dos acontecimentos é definido pelos caminhos, pelos fios que vão tecendo a rede” (LAJOLO, 2000) No início do segundo ano, as crianças vieram entusiasmadas, como sempre. Fizemos uma verificação dos níveis de aprendizagem da turma. Como não havíamos concluído as atividades da segunda etapa, continuamos no desenvolvimento as atividades, finalizando no período estabelecido pelo programa. Nova etapa se iniciou. As crianças receberam novos livros: Língua Portuguesa, Matemática e Ciências. Ainda utilizamos o livro da Coletânea, os MiniLivros, os cartazes e as letras móveis. As atividades propostas nesta nova etapa, são destinadas aos alunos que lêem com fluência, apresentam uma boa compreensão do texto. É complicado fazer um trabalho paralelo, para resgatar aqueles alunos que ainda não se apropriaram da leitura. Apesar de que, na turma, são apenas duas crianças que apresentam dificuldades para a aquisição da leitura. “(...) não se deve sobrecarregar os alunos com um palavreado sem função, justificado exclusivamente pela tradição do ensiná-lo. O critério do que deve ser ou não ensinado é muito simples: apenas os termos que tenham utilidade para abordar os conteúdos e facilitar a comunicação nas atividades de reflexão sobre a língua, excluindo-se tudo o que for desnecessário e costuma apenas confundir os alunos.” (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997) Esse cuidado de proporcionar atividades de acordo com o ritmo das crianças, observando o andamento das atividades sem sobrecarregá-los, cansando-os com as cópias e produções textuais, promovendo uma descontração, favorece a aprendizagem e o rendimento. Um hábito que as crianças desenvolveram foi o da leitura. Realmente elas gostam de ler e demonstram isso, ao retirarem quatro vezes por semana, livros na biblioteca. Também, solicitam para fazerem a contação de histórias, no final da aula, o que gera atenção aos colegas contadores e aplausos no final. A iniciativa partiu dos próprios alunos, que dia-a-dia, acolhem novos colegas, que deixam a timidez de lado para fazerem as leituras, cantarem ou contarem histórias. Também ao final de cada unidade são aplicados testes de verificação da aprendizagem: leitura, compreensão e escrita. São atividades semelhantes às apresentadas nos livros, tornando mais fácil para as crianças desenvolverem as mesmas. Obs: Explicitar o teu posicionamento, com argumentação, questionamento sobre o alfabetização, letramento. Quais os autores que te sustentam? Concordas com o programa? por que? Quais são seus limites??? E as considerações finais??? 4. BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, Ulisses F. Temas transversais e a estratégia de projetos. São Paulo, Moderna, 2003. BECKER, Fernando. A Epistemologia do Professor: o cotidiano da escola / Fernando Becker. 14 ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. FERRERO, Emília e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. POA, Artes Médicas, 1986. KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura – teoria & prática. Campinas, Pontes Editores, 1995. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo, Ática, 2000. MEC – Secretaria de Educação Fundamental – Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa: Brasília: MEC/SEF,!997. OLIVEIRA, João Batista Araújo e. ABC do Alfabetizador/ João Batista Araújo e Oliveira - Brasília: Instituto Alfa e Beto, 2008. SMOLKA, Ana Luiza Bustamonte. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo discursivo, São Paulo: Cortez, 1993. WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo, Ática, 2002. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo:Global, 1981, p. 118.