Avaliação da efetifidade e custo da assistência ventilátoria não invasiva pediatrica na emergência do hospital público pediatrico de Boa Vista-RR Thiago César Reis Pereira1 1 Graduado em bacharel em fisioterapia pela Faculdades Cathedral de Ensino Superior, Boa Vista – RR; Especialista em terapia intensiva pela SOBRATI; Especialista em acupuntura pela Biocursos; Mestrando em terapia intensiva pela SOBRATI. Resumo: A insuficiência respiratória aguda (IRpA) é definida como a ineficiência dos pulmões em realizar sua função, resultando na diminuição da pressão parcial de oxigênio no sangue e aumento da pressão parcial de dióxido de carbono no sangue, aparecendo de forma súbita, e levando a alterações na ventilação e nas trocas gasosas. A ventilação mecânica não invasiva tem como objetivo ventilar o paciente sem utilização de via aérea artificial, prevenindo complicações relacionadas ao tubo endotraqueal ou a traqueostomia e preservando os mecanismos de defesa das vias aéreas, linguagem e deglutição. Como benefícios da ventilação mecânica não invasiva são citados a facilitação das trocas gasosas, redução no trabalho respiratório e fadiga muscular e aumento da capacidade residual funcional, ventilação alveolar e complacência pulmonar. A presente pesquisa verificou a relevância da aplicação de VNI em crianças com quadro agudo de insuficiência respiratória na emergência, e comparou com o índice de internações na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital da Criança Santo Antonio pelo diagnóstico clínico acima citado nos dois anos anteriores. Palavras-chaves: Insuficiência respiratória aguda, ventilação mecânica não invasiva, Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. Abstract: Acute respiratory failure (ARF) is defined as the inefficiency of the lungs to perform their function, resulting in a dangerous drop in blood oxygenation and rise in arterial carbon dioxide levels, appearing suddenly it changes ventilation and gas exchanges. The noninvasive mechanical ventilation aims to ventilate the patient without using an artificial airway, preventing complications related to endotracheal or tracheostomy and preserving the defense mechanisms of the airways, language and swallowing. The benefits of noninvasive ventilation are: to facilitate gas exchanges, reduction in respiratory work and muscle fatigue, increasing functional residual capacity, alveolar ventilation and lung compliance. This study supports the relevance of applying NIV in children with acute respiratory failure in emergency and compared with the rates of hospitalization in the Intensive Care Unit at Children’s Hospital Santo Antonio by clinical diagnosis in the above mentioned respiratory failure in the previous two years. Keywords: Acute respiratory failure, noninvasive ventilation, Pediatric Intensive Care Unit Introdução A insuficiência respiratória aguda (IRpA), segundo Sarmento18, é um evento muito freqüente em pediatria e corresponde a aproximadamente 50% das internações em Unidade de Terapia Intensiva pediátrica (UTI-P). Para Nakanishi10, a criança é particularmente suscetível a desenvolver insuficiência respiratória devido à singularidades na anatomia e fisiologia do sistema respiratório, além do sistema imunológico. Piva15 cita a função muscular intercostal e diafragmática menos maduras favorecendo a exaustão; os canais de Lampert e poros de Kohn pouco desenvolvidos favorecendo a formação de atelectasias; a caixa torácica mais complacente; a incoordenação toraco-abdominal durante o sono que prejudica a higiene brônquica; os pulmões com menos elastina diminuindo a propriedade de recolhimento elástico justificando a complacência pulmonar diminuída; o sistema imunológico em desenvolvimento favorecendo as infecções. Para Souza24, A insuficiência respiratória aguda (IRpA) caracteriza-se pelo déficit ventilatório ou de oxigenação, devido à incapacidade do sistema respiratório de manter suas funções adequadamente. De acordo com Scalan22, um estudo foi feito com 1.400 pacientes diagnosticados com IRpA e destes, 44% tiveram a necessidade de internação em UTI e morreram no hospital. Considerando os fatores acima, condutas conservadoras como a fisioterapia respiratória e a ventilação mecânica não invasiva (VNI), são importantes para o tratamento da IRpA, uma vez que privam os pacientes de maiores riscos. Referencial Teórico Fisiologia Respiratória Segundo Tarantino25, a principal função do sistema respiratório é a hematose, isto é, proporcionar adequada quantidade de sangue arterializado para os tecidos do corpo, e ao mesmo tempo eliminar o dióxido de carbono resultante do metabolismo celular. Para manter sua função, o sistema respiratório é provido de duas unidades: a de troca gasosa, constituída pelos pulmões e pelas vias aéreas, e a unidade de bomba, constituída pelos músculos respiratórios, sob controle do sistema nervoso central e suas vias de conexões neuromusculares. Presto e Damázio17, divide a respiração em três fases: a ventilação, a difusão e a perfusão. A ventilação é a passagem do ar pelas vias aéreas, a difusão ou troca gasosa se da na passagem de um gás do meio mais concentrado para o menos concentrado e a perfusão é a passagem do sangue pelos vasos sanguíneos. A ventilação pulmonar é cíclica e possui duas fases: o ar entra pelas vias aéreas durante a inspiração pela ação dos músculos respiratórios, principalmente o diafragma e é expelido em seguida pelos pulmões passivamente pela expiração. Durante as mesmas, um volume de gás é movido para dentro e fora dos pulmões, este é denominado volume corrente, que é de aproximadamente 500ml. Durante a inspiração e expiração forçadas, podem existir variações de volume. As variações de volume são três: volume de reserva inspiratório (3000 ml), volume de reserva expiratório (1100 ml), e volume residual (1200 ml), combinados resultam nas capacidades pulmonares: “Capacidade pulmonar total (CPT): VC + VRI + VRE + VR; Capacidade vital (CV): VC + VRI + VRE; Capacidade inspiratória (CI): VC + VRI; Capacidade residual funcional (CRF): VR + VRE”. Presto e Damázio17, Scanlan22. A difusão ocorre em uma área denominada ácino (bronquíolos respiratórios e alvéolos), e atravessa uma barreira constituída por membrana alveolar, endotélio capilar, o plasma sanguíneo, a parede das hemácias e fluido intracelular, esse conjunto é chamado de membrana alvéolo-capilar. Durante a respiração, a concentração de oxigênio inspirada é maior do que a presente nos vasos sanguíneos, fazendo com que o O2 migre para os vasos. Com o dióxido de carbono ocorre o mecanismo contrário. Esse processo é denominado hematose. Tarantino25, Presto e Damázio17. A perfusão é a passagem do sangue pelo capilar pulmonar, que leva o oxigênio para nutrir os tecidos, e elimina o gás carbônico resultante do ciclo tecidual. Os capilares pulmonares fornecem uma grande área de superfície para a troca de oxigênio e gás carbônico com os alvéolos. Então, o sangue arterializado deixa os alvéolos através das vênulas pulmonares, sendo liberado na circulação sistêmica. Tarantino25, Machado6, Guyton4. Para Tarantino25, a ventilação, perfusão e difusão, tem o objetivo de manter as pressões normais de oxigênio e gás carbônico nos alvéolos e capilares pulmonares. A unidade de bomba é formada pelos músculos respiratórios, que são considerados músculos esqueléticos com maior resistência a fadiga, fluxo sanguíneo aumentado, maior capacidade oxidativa e densidade capilar mais elevada, comparados aos músculos esqueléticos periféricos. Eles têm a função de deslocar a parede do tórax para possibilitar a ventilação pulmonar. Machado6. Durante a inspiração em repouso, ocorre a contração apenas do diafragma, intercostais externos e recentemente foi descoberto que há atividade elétrica dos escalenos. Na inspiração forçada há adição dos músculos esternocleidomastóideo, fibras superiores do trapézio, e a maioria dos músculos que possuem inserção na caixa torácica com pontos fixos em outros ossos, como o músculo peitoral maior. Não há contração muscular na expiração em repouso, já na expiração forçada, verifica-se a contração dos músculos intercostais internos, reto abdominal, oblíquos interno e externo e transverso do abdômen. Presto e Damázio17, Machado6. Regulação da Respiração Segundo Guyton4, o centro respiratório é composto por diversos grupos de neurônios, localizados bilateralmente no bulbo e na ponte, e é dividido em três grupos principais, o grupo respiratório dorsal, grupo respiratório ventral, e centro pneumotáxico, além destes, existe o centro apneustico. Insuficiência Respiratória Aguda A insuficiência respiratória é a incapacidade dos pulmões de realizar as trocas gasosas ou eliminar gás carbônico. Ocorre a redução da pressão parcial de oxigênio no sangue, com valores menores que 60 mmHg, ou aumento da pressão parcial de dióxido de carbono, para valores acima de 45 mmHg. Presto e Damázio17, Sarmento18, Scanlan22, Kliegman5, Marcondes7. “Na insuficiência respiratória aguda, os sinais e sintomas surgem de forma abrupta e avassaladora”. Podendo haver alterações de ordem ventilatória ou de trocas gasosas (hipoxemia e/ou hipercapnia). Presto e Damázio17. A IRpA de origem pulmonar geralmente se apresenta como tipo I, e tem como causas freqüentes patologias como atelectasias, pneumonias e síndrome do desconforto respiratório agudo, etc.. Moreira9. De acordo com Machado6, a obstrução interna (secreção, obstrução por corpo estranho, aspiração de conteúdo gástrico), ou perda da sustentação de suas paredes por disfunção da própria parede (traqueomalacea), perda ou isolamento de sua sustentação pelo parênquima pulmonar (DPOC) e asma, podem acarretar IRpA por disfunção de vias aéreas. “O tromboembolismo pulmonar é a causa mais comum de IRpA por disfunção da circulação pulmonar” Machado6. A IRpA de origem extrapulmonar pode ser causada por doenças do sistema nervoso central, doenças neuromusculares, trauma torácico, pneumotórax, derrame pleural, cirurgia de tórax e abdome superior, paralisia diafragmática e disfunção cardíaca. Machado6. A IRpA pode se apresentar de duas formas. Na IRpA tipo I ou hipoxemica ocorre deficiência das trocas gasosas com conseqüente redução da PaO2 (hipoxemia). Alterações na permeabilidade das barreiras alvéolo-capilares com diminuição da capacidade de difusão, aumento do espaço morto ou efeito shunt estão presentes. Presto e Damázio17, Piva15. Pode ser causada por doenças como fibrose pulmonar, edema agudo de pulmão cardiogenico, Sindrome do desconforto respiratório agudo, pneumonias e tromboembolismo pulmonar. Presto e Damázio17. Na IRpA tipo II ou hipercapnica ocorre uma diminuição da PaO2, com PaCO2 elevada, criando uma acidose respiratória descompensada em virtude da deficiência da ventilação alveolar e, consequentemente, das trocas gasosas. As causas podem ser por exacerbação da DPOC, doenças neuromusculares, depressão do centro respiratório, alterações da parede torácica e asma descompensada. Presto e Damázio17. Ventilação Mecânica não Invasiva A ventilação não invasiva (VNI) foi instituída na década de 1930, e com a repercussão da descoberta de seus benefícios por estudos que comprovavam sua eficácia, foi introduzida na pediatria em 1970. Sarmento20. É um método onde se ventila o paciente sem uso de via aérea artificial, como tubo endotraqueal ou traqueostomia, com as vantagens de evitar as complicações associadas com o tubo endotraqueal, melhorar o conforto do paciente, preservar os mecanismos de defesa das vias aéreas e preservar a linguagem e a deglutição. É indicado em qualquer caso de IRpA, principalmente quando há fraqueza muscular respiratória, hipercapnia e hipoventilação, desmame da ventilação mecânica invasiva, prevenção de intubação endotraqueal e trauma torácico sem pneumotórax. As principais contra indicações são cirurgias, queimaduras, trauma ou deformidade facial, obstrução total das vias aéreas superiores, ausência de reflexo de proteção de via aérea, hipersecreção pulmonar, náusea e vômitos, hemorragia digestiva alta, pneumotórax não drenado, hemoptise, coma grave, arritmia cardíaca e instabilidade hemodinâmica, agitação, confusão, ansiedade e intolerância ao tratamento por parte do paciente. Souza24 e Sarmento20. Dentro das modalidades de VNI, o CPAP é a oferta constante de pressão positiva às vias aéreas durante o ciclo respiratório. No Bilevel ou BIPAP existem dois níveis de pressão, um na inspiração (IPAP) e outro na expiração (EPAP). Souza24. O uso da pressão positiva expiratória final (PEEP) é um dos fatores mais importantes para a validação das técnicas de VNI. Silva23, Presto e Damázio16. “A VNI pode ser realizada com geradores de fluxo, aparelhos de ventilação invasiva adaptados ou aparelhos projetados especificamente para VNI.” Nápolis11. Respiração com Pressão Positiva Intermitente (RPPI) Consiste na aplicação de pressão supra-atmosférica durante a fase inspiratória, é utilizada para promover ventilação com pressão positiva intermitente, por curtos períodos de tempo, e com o objetivo de expandir os pulmões ou ofertar aerossolterapia. É utilizada para aumentar o volume corrente, evitar o colapso das vias aéreas e tratar complicações pulmonares pós-cirurgicas. Os riscos de complicações são pequenos, a distensão gástrica é um dos principais, uma vez que a RPPI é ofertada por meio bucal, possibilitando a passagem de ar diretamente para o interior do esôfago. Seu uso para expansão pulmonar deve ser considerado para pacientes conscientes e cooperativos que sejam incapazes de realizar respirações profundas espontaneamente. Sarmento19. Dentre os aparelhos de RPPI podemos citar o reanimador de Müller (RM), que é descrito por Almeida e Damasceno1 como um aparelho pneumático, “composto por uma válvula reguladora (manômetro de pressão), um dispositivo manual que administra gases para dentro dos pulmões (botão de válvula), um micronebulizador e um injetor.” O micronebulizador e o injetor são abastecidos por um fluxo de O2 assim que o botão da válvula é acionado. O micronebulizador gera uma névoa que é aspirada pelo injetor e transformada em pressão controlada e enviada para o paciente. O RM deve ser acoplado a uma interface e ao fluxo de O2. Almeida e Damasceno1. Ainda segundo Almeida e Damasceno1, as principais indicações do RM são: aumento do trabalho ventilatório, alterações de distensibilidade dos pulmões e da caixa torácica, aumento da resistência das vias aéreas (acumulo de secreções), níveis gasométricos fora dos parâmetros de normalidade, necessidade de incrementar a eficiência respiratória, complementação da ventilação pulmonar deficiente, prevenção da fadiga muscular respiratória, manutenção do equilíbrio geométrico dos alveolos e potencialização dos mecanismos de tosse. Máscaras Segundo Souza24 a escolha da interface entre a máscara nasal, oronasal, facial total ou do tipo capacete irá depender do nível de consciência do paciente, já Sarmento 20 ressalta que não há consenso sobre qual é o tipo ideal de mascara para o paciente, e que a escolha e ajuste adequados podem contribuir para o sucesso da terapia e evitar efeitos adversos da má adaptação e insucesso da VNI como: vazamentos ao redor da mascara que podem gerar ventilação inadequada, pressão de ar excessiva na face, claustrofobia, reinalação de CO2, lesões na pele, dor facial e ressecamento oronasal. Segundo Souza24 e Sarmento20, a máscara facial ou oronasal é a mais usada na prática e no estudo da IRpA com utilização da VNI. Nesse tipo há menor possibilidade de escape aéreo por recobrir nariz e boca, porém não permite que o paciente expectore, alimentese, comunique-se, além de gerar um efeito claustrofóbico em alguns pacientes. Existem dois tipos desta máscara: full face e total face. A máscara nasal é utilizada nas disfunções ventilatórias crônicas, permite a comunicação, a alimentação e a expectoração, porém há maiores chances de escape de ar. Ventilação Mecânica não Invasiva na Insuficiência Respiratória O diagnóstico de IRpA exige medidas terapêuticas imediatas para restaurar a oxigenação, o uso da ventilação mecânica nos casos mais graves é a principal medida a ser instituída, administrando oxigênio umidificado e aquecido. A oferta de oxigênio deve ser feita de forma confortável para o paciente utilizando cateter nasal, mascara facial ou CPAP nasal. Presto e Damázio16, Souza24, Machado6, Silva23. O CPAP é utilizado para tratar IRpA caracterizada por diminuição da CRF, colapso alveolar, fechamento precoce das vias aéreas e diminuição da complacência, Nesses casos, pode ser feito o recrutamento alveolar utilizando altos níveis de CPAP, elevando a PEEP para 40 cmH2O mantidos por 40 segundos. Estudos consideraram que após esta manobra os pacientes apresentavam aumento de 50% no índice de oxigenação. Outro método utilizando a CPAP é o de incrementar 5cmH2O na PEEP até 40 cmH2O a cada 45 segundos. Machado6. O BILEVEL é mais utilizado nos casos de insuficiência respiratória hipoxemica, pois permite uma pressão inspiratória, auxiliando no aumento do índice de oxigenação dos pacientes. Machado6 relata um estudo em que participaram oito pacientes com índice de oxigenação menor que 200 e foram submetidos à aplicação de BILEVEL, com IPAP e EPAP de 20cmH2O, mantidos por dois minutos. Após a realização da manobra houve um aumento de 31% no índice de oxigenação dos pacientes. Metodologia Trata-se de uma pesquisa documental e de campo exploratória, realizada no Hospital da Criança Santo Antonio, em Boa Vista, Roraima, onde foram realizadas manobras de higiene brônquica (vibrocompressão, shaking, aceleração do fluxo expiratório e tosse dirigida ou TIC traqueal) seguidos de ventilação mecânica não invasiva em nove crianças de um mês a cinco anos de idade, que chegaram à emergência do Hospital supracitado, com diagnóstico clinico de insuficiência respiratória aguda no período de 28 de junho a 30 de julho de 2011. O equipamento utilizado para a pesquisa foi o reanimador de Muller ajustado com 02 a 15 litros por minuto de fluxo de O2, de acordo com o paciente, e administrado durante vinte minutos, com interface adequada de acordo com o tamanho do paciente. Posteriormente, foi feita uma análise no banco de dados do Hospital, onde foi verificado o número de crianças que chegaram à emergência com insuficiência respiratória aguda e foram internados na UTI-P, durante o mesmo período dos anos de 2009 e 2010. Resultados No período de 28 de junho e 30 de julho de 2011, foram atendidas na emergência do Hospital da Criança Santo Antonio, nove crianças de um mês a cinco anos de idade, com quadro de insuficiência respiratória aguda. Após a administração de VNI, verificou-se que apenas uma criança foi encaminhada à internação na UTI-P, as oito restantes foram encaminhadas à internação nos blocos ou tiveram alta hospitalar. 2011 Número de pacientes atendidos na emergência com IRpA 9 Número de pacientes encaminhados à UTI-P 1 Número de pacientes encaminhados ao bloco/ alta hospitalar 8 FONTE: Dados originais conforme pesquisa de campo. No mesmo período do ano de 2009, foi verificado, que das seis crianças que foram admitidas no Hospital com quadro de IRpA, as mesmas seis foram internadas na UTI-P. 2009 Número de pacientes com IRpA 6 Número de pacientes encaminhados à UTI-P 6 Número de pacientes encaminhados ao bloco/ alta hospitalar 0 FONTE: Dados obtidos dos prontuários pesquisados pelos autores. No ano de 2010, dez crianças se apresentaram com IRpA, seis foram internadas na UTI-P e quatro na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), nenhuma criança foi encaminhada para os blocos ou teve alta hospitalar. O numero de pacientes que foram internados na UTI-P não alterou do ano de 2009 para o de 2010 devido à implantação da UCI no presente Hospital. 2010 Número de pacientes com IRpA 10 Número de pacientes encaminhados à UTI-P 6 Número de pacientes encaminhados à UCI 4 Número de pacientes encaminhados ao bloco/ alta hospitalar 0 FONTE: Dados obtidos dos prontuários pesquisados pelos autores. No comparativo dos anos de 2011 com 2009, foi verificado que em 2011, com a utilização de VNI na emergência, apenas 11,11% dos pacientes foram internados na UTI-P e 88,89% foram encaminhados aos blocos ou tiveram alta hospitalar, em contrapartida, no ano de 2009 os pacientes que foram internados na UTI-P representaram 100%. Já no comparativo do ano de 2011 com o ano de 2010, a porcentagem de pacientes que foram internados na UTI-P no ultimo ano foi de 60%, os 40% restantes foram internados em UCI, e os que em 2011 representaram 88,89% que tiveram alta hospitalar ou foram encaminhados aos blocos, no ano de 2010 não tiveram representação. Embora o número de pacientes internados na UTI-P nos anos de 2010 e 2009 tenha sido o mesmo, a porcentagem em 2010 foi menor, devido à implantação da UCI. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 UTI-P BLOCO/CASA UCI 2011 2009 2010 FONTE: Dados originais conforme pesquisa de campo e dados obtidos dos prontuários pesquisados pelos autores. No comparativo da quantidade total de dias de internação hospitalar (DIH) em UTIP, verificou-se que do ano de 2009 para o de 2011, diminuiu de 47 DIH para 16 DIH, representando uma queda de 69,96%. Já na comparação dos anos de 2010 e 2011, verificou-se diferença de apenas 20 DIH, sendo 36 DIH de 2010 contra 16 DIH de 2011, representando queda de 55,56%. É importante salientar que no ano de 2010 a queda no numero total de DIH em UTI-P pode ter ocorrido devido à implantação da UCI, já que o conhecimento de que os pacientes que em 2009 eram encaminhados todos a UTI-P, em 2010 foram divididos de acordo com a gravidade da IRpA, sendo encaminhados tanto à UTI-P, quanto à UCI. 50 40 30 2011 2009 20 2010 10 0 DIH em UTI-P FONTE: Dados originais conforme pesquisa de campo e dados obtidos dos prontuários pesquisados pelos autores. Segundo a portaria nº 3.126, de 26 de dezembro de 2008, do Ministério da Saúde, a diária de internação em UTI-P no Brasil equivale a R$ 508,63. De acordo com a quantidade de dias de internação encontrada em um mês nos anos de 2009, 2010 e 2011, foi feita simulação de gastos em um ano, e encontrada diferença de R$ 286.867,32 do ano de 2009, contra R$ 219.728,16 de 2010 e R$ 97.656,96 de 2011. Em porcentagem, encontra-se uma diminuição de 65,60% nos gastos de internação em UTI-P do ano de 2009 para o ano de 2011, e 55,55% do ano de 2010 para o ano de 2011. A diminuição dos custos na comparação dos anos 2010 e 2011, foi menor do que a de 2011 e 2009, pois foi implantada a UCI no ano 2010, e os gastos com diárias de internação não foram somente com UTI-P. 300.000,00 250.000,00 200.000,00 150.000,00 100.000,00 50.000,00 0,00 2011/2009 2011/2010 FONTE: dados obtidos dos prontuários pesquisados pelos autores e bibliografia pesquisada pelos autores. Discussão A bibliografia consultada sobre a IRpA, ressalta a importância da ventilação mecânica não invasiva para prevenção dos efeitos deletérios da intubação orotraqueal ou traqueostomia. Segundo Sarmento21 e Guimarães2, A pressão positiva oferece uma grande ajuda aos músculos respiratórios gerando pressão suficiente para vencer os componentes resistivos e elásticos do sistema respiratório, tem o propósito de aumentar a expansão pulmonar, melhorar a administração de aerossolterapia ou assistir temporariamente a ventilação, reduzindo ou revertendo a causa do desequilíbrio das trocas gasosas. Guimarães3, verificou a ação da ventilação não invasiva com pressão positiva em pacientes com insuficiência respiratória instalada após a extubação em 81 pacientes, que foram divididos em dois grupos, o primeiro fez VNI com pressão positiva e o segundo recebeu apenas oxigenoterapia, o estudo não demonstrou benefícios da VNI como freqüência de reintubação e mortalidade hospitalar. Em um segundo estudo, foi verificado que a aplicação da VNI com pressão positiva como recurso de resgate em 221 pacientes com IRpA previamente instalada, esteve associada ao aumento da mortalidade na UTI. Scalan22 afirma que em seu estudo, dos 1400 pacientes diagnosticados com IRpA, 44% teve a necessidade de internação em UTI ou morreram no hospital, contradizendo os resultados da presente pesquisa, que comprovou que a utilização da VNI na emergência, previne a internação em UTI, que representa apenas 11,11%. Machado6 ressalta a utilização de CPAP e BILEVEL nos dois tipos de insuficiência respiratória, descrevendo métodos que aumentaram o índice de oxigenação dos pacientes, porém o uso do RPPI (RM) não foi encontrado associado ao tratamento da IRpA. Sarmento19 cita como complicação do uso de RPPI a distensão gástrica, que não foi encontrada na presente pesquisa. Segundo Souza24 a escolha da interface deve ser feita de acordo com o nível de consciência do paciente, porém a presente pesquisa realizou a escolha de acordo com o tamanho adequado para o rosto do paciente. Em nenhum dos estudos consultados na presente pesquisa foi encontrada a atuação do fisioterapeuta na emergência do hospital como meio de prevenção de internação em UTIP. Conclusão Analisando os resultados da presente pesquisa foi possível evidenciar que a aplicação de VNI na emergência do Hospital da criança Santo Antonio, preveniu a internação dos pacientes com IRpA na UTI-P. A comparação com o mesmo período dos dois anos anteriores comprovou a diminuição significativa nas internações em UTI-P dos pacientes com a patologia supracitada. Deve ser exaltada a relevância do papel da fisioterapia no ambiente emergencial para fins de prevenção. De acordo com a simulação de gastos em um ano que foi feita no presente trabalho, a economia com internações em UTI-P, incluindo gastos com o aparelho de RPPI e fisioterapeuta em período integral na emergência, equivaleu a R$ 165.430,36 de 2009 para 2011 e R$ 98.291,20 de 2010 para 2011. Valendo ressaltar ainda que o único paciente que foi para unidade de terapia intensiva no periodo em que foi realizado a pesquisa, tinha como diagnostico ICC, nessecitando de transplante de coração, justificando assim sua longa permanencia na UTI-P, e o insucesso com a utilização do RPPI na emergência do Hospital da Criança Santo Antonio. Uma vez que não foi encontrada bibliografia semelhante ao tema da presente pesquisa, sugere-se que seja dada continuidade, com maior tempo de duração e maior amostra, e que seja analisada mais profundamente a diminuição de custos para os hospitais com a diminuição de internações em UTI. REFERÊNCIAS 1. ALMEIDA; Paulo Henrique Alves de; DAMASCENO, Rocilmar Carvalho. Reanimador de Muller (RPPI) como proposta terapêutica na prevenção de atelectasia em pacientes submetidos a cirurgias toraco-abdominais. Boa Vista, 2008. 2. GUIMARÃES, Fernando Silva; MARTINS, Jocimar Avelar. PRO FISIO, fisioterapia em terapia intensiva adulto, ciclo 1, módulo 2. Rio Grande do Sul. Artmed. 2011. 3. GUIMARÃES, Fernando Silva; MARTINS, Jocimar Avelar. PRO FISIO, fisioterapia em terapia intensiva adulto, ciclo 1, módulo 3. Rio Grande do Sul. Artmed. 2011. 4. GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro. Guanabara koogan. 10ª edição, 2002. 5. KLIEGMAN, Robert M.; BEHRMAN, Richard E. Nelson, princípios de pediatria. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 5ª edição, 2006. 6. MACHADO, Maria da Glória Rodrigues. Bases da fisioterapia respiratória, terapia intensiva e reabilitação. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2ª edição, 2008. 7. MARCONDES, Eduardo, et al. Pediatria básica, tomo II. São Paulo. Sarvier. 9ª edição, 2003. 8. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 3.126, de 26 de dezembro de 2008. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt3126_26_12_2008.html. 9. MOREIRA, Michele F. Principais causas da insuficiência respiratória aguda em unidade de terapia intensiva de um hospital publico da Zona Leste de São Paulo. Arq Med ABC 32(Supl. 2):S8-12. 2007. 10. NAKANISHI, Marcos K. et al. Atuação da fisioterapia em lactente acometido por insuficiência respiratória aguda associada a atelectasia: relato de caso. V Congresso Paranaense de Fisioterapia, 2010. 11. NÁPOLIS, Lara Maris et al. Conhecimento da disponibilidade e sobre o uso da ventilação não invasiva em unidades de terapia intensiva de hospitais públicos, privados e de ensino da região metropolitana de São Paulo. J Bras Pneumol. 2006;32(1):29-34. 12. NERY, Luis Eduardo; FERNANDES, Ana Luisa G.; PERFEITO, João Aléssio Juliano; Guias de medicina ambulatorial e hospitalar UNIFESP-ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA: Pneumologia. São Paulo. Manole. 1ª edição, 2006. 13. NUNES, Pedro et al. Ventilação não invasiva numa unidade de cuidados intensivos pediátricos. Acta Med Port 2010. 23:399/404. 14. PINHEIRO, Bruno do Valle. Ventilação não-invasiva com pressão positiva em pacientes com insuficiência respiratória aguda. J Pneumol 24(1) – jan-fev de 1998. 15. PIVA, Jefferson P. et al. Insuficiência respiratória na criança. J. Pediatr (Rio J). 1998. 74(Supl. 1): S99-S112. 16. PRESTO, Bruno; DAMÁZIO, Luciana. Fisioterapia na UTI. São Paulo. Elsevier. 2ª edição, 2009. 17. PRESTO, Bruno; DAMÁZIO, Luciana. Fisioterapia Respiratória. São Paulo. Elsevier. 4ª edição, 2009. 18. SARMENTO, George Jerre Vieira, et al. Fisioterapia respiratória em pediatria e neonatalogia. São Paulo. Manole. 2ª edição, 2011. 19. SARMENTO, George Jerre Vieira. O ABC da fisioterapia respiratória. São Paulo. Manole. 1ª edição, 2009. 20. SARMENTO, George Jerre Vieira. Principios e práticas de ventilação mecânica em pediatria e neonatalogia. São Paulo. Manole. 1ª edição, 2011. 21. SARMENTO, George Jerre Vieira, et al. Fisioterapia em UTI, volume I, avaliação e procedimentos. São Paulo. Atheneu. 1ª edição, 2006. 22. SCANLAN, Craig L.; WILKINS, Robert L.; STOLLER, James K. Fundamentos da terapia respiratória de Egan. São Paulo. Manole. 7ª edição, 2000. 23. SILVA, Dafne Cardoso Bourguignon, et al. Ventilação mecânica em pediatria. J pediatr (Rio J) 2003;79 (Supl.2):S161-S168. 24. SOUZA, Leonardo Cordeiro de. Fisioterapia intensiva. São Paulo. Atheneu. 1ª edição, 2009. 25. TARANTINO, Affonso Berardinelli. Doenças Pulmonares. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 5ª edição, 2002. Thiago César Reis Pereira End: Rua da Ingazeira, Número: 716, Bairro: Caçari, Boa Vista -RR Telefone: (95)8112-5217 e-mail: [email protected]