Licenciatura em Engenharia Informática GESTÃO DE EMPRESAS UM OLHAR SOBRE O MARKETING por Clara Susana Barros Fernandes Departamento de Engenharia Informática Universidade de Coimbra 3030 Coimbra, Portugal [email protected] Sumário Neste artigo fala-se do aparecimento e evolução do marketing nas empresas, como elaborar um plano de marketing e ainda são referidas de forma sintética os 4 P’s do Marketing-Mix (Product, Price, Place, Promotion). Palavras chave Marketing, Marketing-Mix 1. Introdução Ao longo dos últimos séculos, as empresas sofreram um processo de transicção de uma organização económica baseada na produção para uma organização baseada no consumo, devido a uma maior exigência por parte dos clientes. As empresas começaram a ter como prioridade a satisfação do cliente, sem esquecer a satisfação dos objectivos da empresa. Daí que surge o conceito Marketing. “Marketing é um conjunto dos meios de que dispõe uma empresa para vender os seus produtos aos seus clientes de um modo rendível, é em suma um estado de espírito e a preocupação constante com o cliente.” Neste artigo será tido em conta: a evolução do marketing nos últimos séculos, o plano de Marketing e os diferentes aspectos do Marketing-Mix, de forma a entender-se a necessidade e as vantagens das empresas possuirem uma estratégia de marketing para os seus produtos. 2. Evolução do Marketing Nos anos 50 já alguns países mais industrializados começaram a utilizar a terminologia de marketing, no entanto só se generalizou nos anos 60. A evolução do conceito concretiza-se em várias fases, que não são estanques entre si e que se foram desenvolvendo a par do desenvolvimento do país. As 4 fases do marketing mais conhecidas são: a produção, as vendas, o marketing e o marketing integrado. Nos anos 60 a produção lidera pois há a tentativa por parte da empresas de vender o que é produzido a quem quiser comprar. Porém derivado a procura começar a não ser sistematicamente superior à oferta e o facto de a II Guerra Mundial converter a indústria em produção de guerra, a fase de produção entra em fracasso. Nos anos 70, as empresas verificaram que não bastava só produzir, havia que escoar a produção. Deste modo, as empresas tentaram vender o que produziam e para o conseguir tiveram de produzir produtos a baixo custo e utilizarem a promoção e a publicidade para vender. É nesta fase de vendas que as empresas começam a desenvolver esforços promocionais para atingir esse objectivo. Nesta fase, satisfazer o cliente (seus interesses e necessidades) encontrava-se num plano secundário, recorrendo muitas vezes à chamada “publicidade enganosa”. Contudo, as empresas já apresentavam uma melhor organização do serviço de venda, com técnicas e métodos para analisar os mercados. Constata-se também a necessidade de encontrar novas formas de vender vsitando o cliente, apesar das empresam continuarem a olhar muito para dentro de si próprias. Nos anos 80, surge a fase da orientação para o mercado – Marketing. As empresas, numa 1ª etapa começam a interessar-se pelo produto, pelo mercado e pelo cliente. Porém sendo o cliente o objectivo a atingir e não o ponto de partida, continuou a existir uma atitude de risco por parte das empresas. Finalmente nos anos 90, a oferta começa a exceder a procura e os produtos começaram a competir em termos de qualidade pelo que a empresa começa a produzir em funçao dos Departamento de Engenharia Informática, Universidade de Coimbra 2003/2004 Licenciatura em Engenharia Informática gostos do cliente, ou seja, a satisfação das necessidades do cliente torna-se o objectivo de toda a organização. 3. Estratégia de Marketing: da análise ao plano de marketing Na fase inicial, a empresa deve analisar o seu meio ambiente, a concorrência e o mercado do seu produto. Para além disso, deve ter em conta: os aspectos sociais, políticos, ecológicos, legais, entre outros, que podem influenciar o mercado; o posicionamento dos concorrentes e à sua estratégia. Também é indispensável conhecer os actuais e potenciais compradores, em número e natureza, para prever as suas reacções face à estratégia da empresa. Numa 2ª fase, a empresa deve analisar as suas capacidades a nível de recursos de modo a poder confrontar as oportunidades e ameaças que o mercado oferece, tendo em conta as possibilidades técnicas, financeiras e comerciais de que a empresa dispõe. Numa 3ª fase, a empresa deve partir à conquista do mercado. Esta conquista pressupõe que a empresa tenha definido previamente o seu mercado-alvo e o posicionamento que quer ocupar na mente dos seus clientes. É, a partir destes 2 elementos, que é possível desenhar uma estratégia de mercado através do marketing-mix (produto, preço, distribuição e promoção), isto é, um conjunto de variáveis que a empresa controla e adapta ao seu cliente alvo. Na fase final, a empresa deve formalizar todos estes passos sob a forma de um plano de marketing. Este plano pressupõe: a definição de objectivos, a análise das forças e fraquezas da empresa e das oportunidades e ameaças do meio ambiente, o estabelecimento de uma estratégia, a planificação dos acções no tempo e o controlo dos resultados (comparação do previsto com o realizado). 4. Marketing Mix O Marketing-Mix tem 4 variáveis estratégicas: o produto, o preço, a distribuição e a promoção. O produto é o conjunto de atributos tangíveis e intagíveis que têm a particularidade de satisfazer uma dada necessidade do mercado. Um produto formal ou tangível representa as características formais do produto, ou seja, é comercializado um produto consoante as suas características materiais, por exº: cosméticos, máquina fotográfica. Por sua vez, um produto objectivo GESTÃO DE EMPRESAS mental ou intagível corresponde a vender aquilo que o consumidor quer comprar, por exº: com os cosméticos o cliente quer obter beleza, suavidade e bem estar, com a máquina fotográfica o cliente quer obter recordações e imortalidade. É isto que consiste a “missão do produto”. Os principais pontos a ter em conta relativamente aos produtos são: a estratégia do produto, a marca, o patrocínio, as famílias, a extensão e a estratégia de marca. Quanto à estratégia do produto, caso o produto já exista e tendo em conta a aceitação do mesmo no mercado deve-se pensar nos seguintes aspectos: em reduzir ou não o custo do produto, em alterar ou não o produto e a mudar/eliminar ou não a estratégia de marketing; caso o produto seja novo deve-se preocupar com o desenvolvimento e aquisação do produto. Em seguida, deve ser tido em conta a possibilidade de modificar a carteira de produtos (adição / desagradação) e repensar na interacção do produto com outros factores: distribuição, legislação, I&D e embalagem. Posteriormente, a empresa deve decidir: se o produto deve ter ou não marca, se o patrocínio deve ser do fabricante ou individual ou de ambos, se a família do produto deve ser de marca ou individual ou de uma família genérica ou de uma marca separada ou do nome da empresa e se possuíra extensão ou não. Finalmente quanto a estratégia de marca, a empresa tem que decidir por um desenvolvimento de uma nova marca ou de uma consolidação da marca ou de um reposicionamento da marca ou de uma modificação da marca. O preço é uma expressão monetária ou do género que é necessário despender para obter um determinado produto ou serviço. Existem 3 métodos possíveis para determinação do preço específico do produto: a 1) Com base nos custos da empresa, através da contabilidade analítica ou da análise do ponto crítico. O Ponto Crítico das Vendas (PVC) é atingido quando o volume de vendas consegue cobrir totalmente os custos variáveis e os custos fixos. Neste ponto, a empresa não consegue obter lucro pois vende as quantidades necessárias para não ter prejuízo. 2) Com base na concorrência, através do Preço de Imitação (ao entrar com determinado preço pela primeira vez , a empresa tenta igualá-lo ao da concorrência para eliminar Departamento de Engenharia Informática, Universidade de Coimbra 2003/2004 Licenciatura em Engenharia Informática possíveis confrontos) ou do Preço de Confrontação ( preços menores, onde o objectivo é provocar a desestabilização na concorrência, e obter benefícios à partida) ou de Preços de Prestígio (quando os preços lançados são mais altos, para conseguir diferenciação) ou de Preços de Concurso (momento em que a empresa tem que determinar o seu preço quando em simultâneo outras o estão a fazer). 3) Com base na procura, os preços são determinados em função de diferentes sensibilidades , tais como: do mercado em presença, das características e dos atributos do próprio produto e das características do próprio marketing. A distribuição é a capacidade da empresa de colocar os produtos nos mercados desejados no momento certo e em quantidade suficiente. Daí seja necessário conhecer os melhores canais de distribuição para os produtos e saber gerir o stock de forma adequada e eficiente. A tendência das empresas é de deixarem de ser generalizadas, entregando determinadas/algumas distribuições a empresas especializadas visto que são mais organizadas e acarretam menos custos em relação a existência de intermediários. A razão para a existência de intermediários é por vezes de financiamento para com os produtores. Muitas vezes não basta colocar os produtos no local de venda. É por isso, necessário fazer notar ao consumidor a presença desse produto. A capacidade de dispor os produtos dentro do espaço destinado à venda, de tal forma que o cliente sinta necessidade de circular pelo maior número de lugares, corresponde ao chamado merchandinsing. Tal situação descrita anteriormente, aumenta a compra por impulso, originando um aumento de vendas. O principal objectivo do merchandinsing é vender mais e melhor através do prolongamento da vida do produto, mantendo a preferência do consumidor e suportando a agressividade da concorrência. A promocão dos produtos é obtida essencialmente através de 2 técnicas: Push e Pull. A técnica Push está mais inclinada para a publicidade como meio de promover os produtos enquanto que a técnica de Pull fornece uma maior informação dos produtos de modo a incentivar à compra dos mesmos. GESTÃO DE EMPRESAS 5. Conclusão Hoje em dia, os objectivos da empresa são definidos pelo própio mercado, isto é, a empresa só produz o que pode vender de acordo com as exigências dos consumidores (os seus valores e necessidades) e com os objectivos da empresa e o bem estar do Mundo. Daí que, surgiram as 10 regras do marketing: 1) Produza o que consegue vender, não tente vender o que consegue produzir. 2) Lucre com a satisfação do cliente, não tente lucrar com o volume de vendas. 3) Divulgue a satisfação do cliente, não tente publicitar o produto. 4) Planeie a rentabilidade, não tente fixar objectivos de vendas. 5) Antecipe as necessidades dos clientes, não tente copiar a concorrência. 6) Estabeleça relações duradouras com os clientes, não tente exclusivamente vender produtos ou serviços a clientes. 7) Defenda a quota do mercado, assegurando a fidelidade dos clientes. 8) Estabeleça o preço a partir do valor do produto, e não a partir dos custos de produção. 9) Oriente toda a organização para o cliente. 10) Rentabilize os investimentos em marketing, não tente reduzir os custos comerciais. Assim num mercado tão competitivo em termos de qualidade e diversidade verifica-se cada vez mais a necessidade de conseguir a satisfação e a fidelidade do cliente, ou seja, a conquista do cliente. 5. Agradecimentos O autor agradece ao docente da disciplina por motivar a realização deste trabalho. 6. Referências 1. Guia de Marketing I e II / Fortuna; Dezembro de 1994 2. Aulas téoricas do docente Figueredo, António Dias da disciplina de GE do DEI; Departamento de Engenharia Informática, Universidade de Coimbra 2003/2004 Licenciatura em Engenharia Informática GESTÃO DE EMPRESAS 3. Cardadeiro, Filomena; Falcão Helena Lis; Esteves, Maria João; Técnicas de Organização Empresarial,Bloco I, Plátano Editora 4. Lousã, Aires; Pereira, Paula Aires; Lamber, Raul; Técnicas de Organização Empresarial, Bloco I, Plátano Editora Departamento de Engenharia Informática, Universidade de Coimbra 2003/2004