INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA - IBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA CARLA RODRIGUES GAMA RIBEIRO INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DE FATORES PSICOLÓGICOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA SÃO PAULO – SP 2015 CARLA RODRIGUES GAMA RIBEIRO INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DE FATORES PSICOLÓGICOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA Dissertação de Mestrado apresentado à Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva- SOBRATI como requisito final para conclusão do mestrado profissionalizante em terapia intensiva. Orientador: Professor Dr. Douglas Ferrari Coorientadora: Caroline de Castro Moura São Paulo 2015 RESUMO A unidade de tratamento intensivo (UTI) é uma estrutura hospitalar que se caracteriza como unidade complexa dotada de sistema de monitorização contínua, admite pacientes potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais sistemas orgânicos e que, com o suporte e tratamento intensivos, tenham possibilidade de se recuperar. O objetivo deste estudo foi descrever os principais instrumentos de avaliação dos fatores estressantes, ansiedade e depressão apresentados pela literatura que interferem na resposta emocional dos pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva, a saber: a Escala de Estressores em Terapia Intensiva (EETT), a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS), o Inventário de Ansiedade Traço Estado (IDATE), e a Escala Multidimensional de Ansiedade de Endler (EMAS). É importante que a equipe multiprofissional tenha a sua disposição instrumentos apropriados para a avaliação dos fatores psicológicos, uma vez que eles fornecem um aparato padronizado e seguro para a obtenção de indicadores para a avaliação de um construto emocional. Palavras chave: Ansiedade. Unidade de Terapia Intensiva. ABSTRACT The intensive care unit (ICU) AND A hospital structure which is characterized As Unit Complex equipped with Continuous Monitoring System, allows potentially graves patients or with hum of decompensation OU More Organic Systems That, Support and Treatment Intensive, possibility have to recover. The purpose of this was studying describe Instruments what measure factors Psychological interfere with Emotional Learn patient response admitted IN A Intensive Care Unit, a saber: the stressors range in Intensive Care (EETT), the Hospital Scale Anxiety and Depression (HADS), the State Trait Anxiety Inventory (STAI) and Multidimensional Scale of Endler Anxiety (EMAS). It is important what a multidisciplinary team have a HIS disposal appropriate instruments for an Evaluation of Psychological Factors, a time I hum eels provide standardized and safe apparatus for indicators of a get one hum Assessment emotional construct. Keywords: Anxiety. Intensive Care Unit. 3 1 INTRODUÇÃO A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é definida como uma área crítica destinada à internação de pacientes graves ou de risco, potencialmente recuperáveis, que requerem atenção profissional especializada em sistema de vigilância contínua, além de recursos materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e tratamento (CREMESP, 1995; BRASIL, 2010). Diante deste contexto, o paciente em estado grave apresenta instabilidade de um ou mais dos principais sistemas fisiológicos, necessitando de assistência contínua (BRASIL, 2015). Conforme Brasil (2010), em relação a avaliação do paciente, um dos requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva é dotar de um Sistema de Classificação de Severidade da Doença que permite auxiliar na identificação de pacientes graves por meio de indicadores e índices de gravidade calculados a partir de dados colhidos dos mesmos. A equipe de atendimento é multiprofissional e interdisciplinar, constituída por diversos profissionais, como médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, farmacêutico, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, assistente social e dentista, que são legalmente habilitados para prestarem este tipo de serviço. Esta equipe deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente, de acordo com a demanda da unidade, de modo a permitir ao paciente uma assistência integral e interdisciplinar (BRASIL, 2010). Novaes, Romano e Lage (1996) reafirmam a importância da assistência integrada por todos os profissionais, em especial a psicológica, nos primeiros dias de internação na UTI, a fim de buscar o equilíbrio emocional paralelamente à restituição física. Alterações de ordem psicológica, como ansiedade e medo, são frequentes em pacientes graves, tornando relevante a identificação dos fatores estressores que maximizam o desenvolvimento desses quadros, pois eles são, em sua maioria, passíveis de intervenções que possibilitam melhor adaptação dos sujeitos ao ambiente (VEIGA; VIANNA; MELO; 2013). Durante a permanência do indivíduo na UTI vários fatores podem lhe causar estresse. De acordo com Gois e Dantas (2004) e Bitencourt e colaboradores (2007) o que pode contribuir para o estresse físico e psicológico na UTI são a complexidade do atendimento prestado, bem como a estrutura física, alarmes sonoros, os equipamentos, a movimentação dos funcionários e a luminosidade. Segundo Veiga; Vianna e Melo (2013), ter máquinas estranhas ao redor; sentir que o enfermeiro está muito apressado; ser examinado por médicos e enfermeiros constantemente; ter equipe falando termos incompreensíveis; sentir que o profissional está mais atento aos 4 equipamentos do que ao paciente; ser acordado pela enfermagem; e não ter explicações sobre o tratamento também são fatores estressantes descritos por idosos. Fatores específicos como tubos na boca e/ou nariz, dor, comprometimento do sono, presença de acesso venoso, comunicação ineficaz da equipe com o paciente também são considerados estressores (NOVAES et al., 1999). De acordo com Vest et al. (2011), apesar destes fatores estressantes causarem sofrimento e desconforto ao paciente, eles não são percebidos pela equipe que presta a assistência. Segundo Gois e Dantas (2004), o profissional da saúde age empiricamente, analisando o estresse do paciente por meio de uma avaliação subjetiva, o que não corresponde a uma análise fidedigna e real do quadro clínico do mesmo. Em função disso, é importante dispor de bons instrumentos que forneçam um aparato padronizado e seguro para a obtenção de indicadores para a avaliação de um construto (PRIMI, 2010), como é o caso da ansiedade e do medo (CRASKE et al., 2009); instrumentos adequados para a avaliação dos fatores psicológicos garantem dados confiáveis e consistentes, o que permitir promover uma assistência de qualidade ao paciente (DESOUSA et al., 2013). A partir da vivência clínica e científica, como enfermeira e mestranda em terapia intensiva, surgiu o esmero em descrever instrumentos que identificam os estressores e mensuram os fatores psicológicos que interferem na resposta emocional dos pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva. Este estudo justifica-se, portanto, por contribuir com a difusão do conhecimento sobre a utilização de escalas que avaliam os fatores psicológicos que podem interferir na recuperação do paciente, permitindo ao enfermeiro e a toda a equipe prestar uma assistência humanizada e intervenções efetivas. 2 OBJETIVO Descrever os principais instrumentos de avaliação dos fatores estressantes, ansiedade e depressão apresentados pela literatura. 3. METODOLOGIA Foi realizado uma revisão narrativa da literatura, por meio do levantamento de periódicos científicos indexados nas bases de dados LILACS e MEDLINE. Utilizou-se como questão norteadora para este estudo: “Quais são os instrumentos mais utilizados para avaliação dos fatores psicológicos na UTI, que abordem fatores estressantes, ansiedade e depressão?”. Para a pesquisa nas bases de dados, utilizou-se os descritores padronizados pelo 5 Descritores em Ciências da Saúde (DECS) e o operador booliano AND: “Ansiedade” AND “Unidade de Terapia Intensiva” / “Depressão” AND “Unidade de Terapia Intensiva” / “Fatores Estressores” AND “Unidade de Terapia Intensiva”. Como critérios de inclusão adotou-se artigos publicados em português e inglês que foram realizados na UTI e que apresentavam o foco em instrumentos de avaliação de ansiedade, depressão e fatores do estresse, entre os anos de 2010 a 2015. Foram excluídos estudos que não responderam às questões norteadoras. Após a leitura criteriosa das publicações, 30 estudos constituíram a amostra da presente investigação. 4 DESCRIÇÃO 4.1 Estressores Estressores são definidos como sendo estímulos precedentes ou precipitantes de mudança (GOIS; DANTAS, 2004), que exijam adaptação física e psicológica, isto é, que represente uma ameaça ou desafio (ROSA et al., 2010) e podem ser classificados em internos (aqueles que se originam dentro da pessoa como, por exemplo, a febre) ou externos (ou seja, aqueles que se originam fora da pessoa como, por exemplo, mudanças ambientais ou nas relações sociais) (POTTER, PERRY, 1999; BENTO; PRADO, GARDENGHI, 2012). A UTI, apesar de ser um ambiente com aparato tecnológico complexo para proporcionar uma melhor monitorização do paciente, constitui um ambiente gerador de estresse (SÁ DIAS, RESENDE, DINIZ, 2015). Segundo Rosa e colaboradores (2010) são considerados estressores psicológicos: a privação do sono, a solidão, o medo e a ansiedade, a submissão aos profissionais de saúde, a aflição de familiares, a despersonalização, a insegurança; entre os estressores ambientais destacam-se o ambiente estranho, o barulho e presença de pessoas estranhas (LUSK; LASH, 2005). Para Bento, Prado e Gardenghi (2012) os principais estressores são não conseguir dormir, ter que ficar olhando para o teto e ter luzes acesas constantemente; estes mesmos autores ainda concluíram que a presença da família é um fator que interfere para a diminuição destes, além de contribuir para a recuperação do paciente, assim como no processo de humanização do serviço de saúde em questão. Estes autores também enfatizam que a humanização em UTI não se dá pelo simples fato de se existirem equipamentos que usam tecnologia de ponta, e sim por profissionais qualificados que saibam intervir tanto na doença quanto de forma ética, moral e no respeito pela vida. A importância de avaliar o nível de estresse durante o período de internação se dá pelas alterações fisiológicas, principalmente no sistema cardiovascular (GOIS; DANTAS, 6 2004) como resposta inflamatória no cérebro e em outros sistemas, caracterizada por uma complexa liberação de mediadores inflamatórios (GĄDEK-MICHALSKA et al., 2013); outras consequências podem ser observadas após a alta hospitalar, como elevada incidência de sintomas depressivos, de ansiedade e distúrbios do sono em pacientes internados na terapia intensiva por 72 horas ou mais (VESZ et al., 2013). Portanto, eliminar a fonte de estresse permitirá uma recuperação mais rápida do paciente. 4.2. Ansiedade A ansiedade é um estado emocional com componentes psicológicos e fisiológicos, que faz parte do espectro normal das experiências humanas, sendo propulsora do desempenho. Esta condição torna-se patológica quando é desproporcional a situação que a desencadeia, ou quando não existe um objeto específico ao qual se direcione (ANDRADE; GORESTEIN, 1998). A definição do construto ansiedade se dá ainda como um paradoxo, pois é vivenciada como um sentimento ímpar a cada nova situação, de modo que o indivíduo a manifesta na mais diversa gama de sintomas, sejam eles psicológicos ou fisiológicos, tendo como pressuposto experiências remotas (SOUZA 2010). Na área da enfermagem, Hiddegard Peplau (1973) definiu ansiedade como um diagnóstico de enfermagem (YOUNG et al., 2002). Nesta perspectiva, a NANDAInternacional® atribuiu, mais recentemente, a seguinte definição para ansiedade: um vago e incômodo sentimento de desconforto ou temor, acompanhado por resposta autonômica (a fonte é frequentemente não específica ou desconhecida para o indivíduo) e sentimento de apreensão causada pela antecipação de perigo. É um sinal de alerta que chama a atenção para um perigo iminente e permite ao indivíduo tomar medidas para lidar com a ameaça (NANDA-I, 2015, p. 311). São várias as teorias que pretendem explicar a ansiedade, como exemplo a Psiquiatria que descreve a ansiedade como alterações químicas do cérebro e define o tratamento com medicamentos; segundo a abordagem cognitiva a ansiedade depende de como interpretamos os acontecimentos, se darmos-lhes significados estes nos tornaram irritados e inquietos resultando em uma sintomatologia vasta (JARDIM, 2002). De acordo com Hajj, Lacerda e Caiuby (2015) a prevalência de ansiedade varia de 5% a 75% dos pacientes internados em UTI, provenientes de amostras com diferentes 7 diagnósticos, faixas etárias e locais de coleta, tais como: trauma físico, cirúrgicos, síndromes respiratórias, câncer, memórias delirantes, hipoglicemia, transferência para enfermaria, idosos e UTI geral. Portanto, o trabalho em equipe se faz essencial no manejo da ansiedade do paciente em UTI, uma, vez que ele se sente mais compreendido, seguro, amparado, aceito e assistido integralmente, tendo, então, condições para entender sua doença tanto no aspecto fisiológico quanto emocional. 4.3 Depressão A depressão é a resposta emocional caracterizada pelo abatimento do humor, interesse diminuído, distúrbio do sono, agitação ou lentificação psicomotora, fadiga e perda de energia, sentimento de desvalia ou culpa, diminuição da capacidade de pensar e de se concentrar, além de pensamento recorrente de morte (NOVAES; ROMANO; LAGE, 1996). A prevalências de depressão para pacientes internados na UTI varia entre 10% a 30% (HAJJ, LACERDA; CAIUBY, 2015). De acordo com o modelo de Watson e Clark (1984, citado por ANDRADE; GORESTEIN, 1998), a ansiedade pode ser diferenciada da depressão pela presença de sintomas de hiperestimulação autonômica, que se traduzem em irritabilidade, insônia, agressividade e estado de alerta constante, de modo que estímulos mínimos fazem com que o coração dispare, a respiração se acelere e os músculos se contraiam (FIGUEIRA; MENDLOWICZ, 2003). Já a depressão pode ser discriminada da ansiedade pela presença de anedonia ou ausência de afeto positivo – que pode ser representado por sintomas como perda de energia e prazer, apatia, cansaço e desesperança (ANDRADE; GORESTEIN, 1998). 4.4 Instrumentos de Avaliação Segundo Primi (2010) os instrumentos de avaliação constituem-se em procedimentos sistemáticos de coleta de informações úteis e confiáveis que possam servir de base ao processo mais amplo e complexo da avaliação psicológica. Os estressores podem ser medidos por escalas, inventários e questionários por meio de avaliação clínica ou autoavaliação (SANTOS et al., 2012). Esses instrumentos podem facilitar a comunicação entre o médico, a equipe de enfermagem e o doente, diminuindo o sofrimento, os sintomas de ansiedade e depressão (NETTO et al., 2009). Quando uma determinada escala for escolhida para medir um construto, deve-se levar em consideração quais aspectos a escala em questão estará medindo (DESOUSA et al, 2013). Enfatizo aqui a estratégia de consulta à lista do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos 8 (SATEPSI), que é um sistema de avaliação de testes psicológicos desenvolvido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) para divulgar informações sobre os testes psicológicos à comunidade e às(o) psicólogas(o), de forma a obter informações sobre estes, bem como a identificação de Instrumentos privativos e não-privativos do psicólogo (CFP, 2015). No presente estudo, os instrumentos descritos para avaliação dos construtos descritos acima se fizeram com base na revisão de literatura, os quais foram identificados como sendo os mais utilizados recentemente, e ainda alguns destes por fazer parte do cotidiano da pesquisadora em outro estudo sobre validação de instrumentos no Brasil. 4.5 Instrumento de avaliação de Estressores 4.5.1 Escala de Estressores em Terapia Intensiva (EETI) A Escala de Estressores em Terapia Intensiva (EETI) foi a única escala descrita na literatura para avaliação dos estressores em UTI e foi desenvolvida para investigar o que os pacientes descrevem como estressores neste ambiente. Foi traduzida e validada para o Brasil por Rosa et al. (2010), denominado Escala de Avaliação de Estressores em Unidade de Terapia Intensiva. Em 1998 foi incorporado a este instrumento mais oito itens, oriundos das sugestões de estudo pregressos, dando origem ao instrumento com 50 itens denominado Environmental Stressor Questionnaire (ESQ) (CORNOCK (1998, citado por ROSA et al., 2010). O grau de estresse de cada item é determinado por meio de uma escala tipo likert pontuada de zero a 4, de forma que: (1) não estressante; (2) moderadamente estressante; (3) muito estressante e (4) extremamente estressante e (0) não se aplica - que pode ser utilizada caso o paciente não se identifique com nenhum evento estressante listados no EETI. O escore total é obtido por meio da soma das respostas aos 50 itens, sendo possível, uma variação de 0200; assim, quanto maior o valor, maior é o estresse percebido pelo paciente. A média dos escores é calculada para cada um dos 50 itens e ranqueada desde a mais estressante até a menos estressante (ROSA et al., 2010; SÁ DIAS, RESENDE, DINIZ, 2015). Os estressores são, em sua maioria, passíveis de intervenções para promover uma melhor adaptação do paciente ao ambiente da UTI, o que justifica a importância de uma avaliação fidedigna do construto, por meio desta escala (ROSA et al., 2010). 4.6 Instrumento de avaliação de Ansiedade e Depressão 9 4.6.1 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) Um dos instrumentos mais utilizados para auto avaliação de medidas de ansiedade e de depressão é a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) (NETTO et al., 2009). Segundo ainda o mesmo autor citado acima, este é um instrumento mais apropriado para aplicação em pacientes hospitalizados, o que corrobora com os achados de Desouza et al. (2012). A HAD possui alta sensibilidade na detecção de ansiedade e de depressão, e foi traduzida para vários idiomas (Netto et al., 2009) e validada para o português do Brasil por Botega et al. (1995). Este instrumento consiste em 14 itens de resposta do tipo Likert, 7 para ansiedade (HADS-A) e 7 para depressão (HADS-D), com uma escala de resposta que varia de 0 a 3, onde solicita-se que o paciente indique a alternativa de resposta que melhor descreve seus sentimentos da última semana; o escore máximo para ansiedade ou depressão é 21 pontos, e a quantificação das respostas obedece a três níveis: leve (0 a 6 pontos), moderado (7 a 12 pontos) e grave (13 pontos ou mais) (GORAYEB et al., 2012), tendo como ponto de corte HAD-ansiedade: sem ansiedade de 0 a 8, com ansiedade maior que 9, e HAD-depressão: sem depressão de 0 a 8, com depressão maior que 9 (BJELLAND et al., 2002). A escala possibilita ao profissional um auxílio na identificação mais criteriosa dos sintomas presentes, sendo uma ferramenta de auxílio no diagnóstico de um episódio depressivo e de ansiedade (GORAYEB et al., 2012) tanto em pacientes de cuidados somáticos, psiquiátricos e primário e na população em geral (BJELLAND et al., 2002).; a utilização de um instrumento simples como a HAD pode revelar casos de transtornos do humor que podem passar despercebidos pela equipe assistencial (BOTTEGA et al., 1995). Um ponto importante que difere a HAD das demais escalas é que, para prevenir a interferência dos distúrbios somáticos na pontuação da escala, foram excluídos os sintomas de ansiedade ou de depressão relacionados a doenças físicas, não incluindo itens como: perda de peso, anorexia, insônia, fadiga, pessimismo sobre o futuro, dor de cabeça e tontura, que podem ser sintomas de doenças físicas (CAUMO et al., 2001). 4.7 Instrumentos de avaliação da ansiedade Existem escalas que medem a ansiedade normal e escalas que medem a ansiedade patológica, e a interpretação dos resultados pode ser muito diferente se uma escala ou outra for utilizada (ANDRADE; GORENSTEIN, 1998). 10 Desouza et al. (2013) fizeram um levantamento a respeito das escalas de ansiedade mais utilizadas no ano de 2011 à 2012. Assim, foram definidas sete categorias ou classes de instrumentos a saber: ansiedade como construto global: Inventário de Ansiedade TraçoEstado (IDATE); instrumentos que avaliam diversos transtornos psiquiátricos como o Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders (SCARED); instrumentos para avaliação de um transtorno de ansiedade (TA) específico por meio de comportamentos, pensamentos e/ou sentimentos sintomáticos destes, como por exemplo o Inventário de Fobia Social (SPIN), instrumentos para avaliação de ansiedade relacionada a um contexto específico, como por exemplo no hospital: Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS); para avaliação de uma característica específica relacionada à ansiedade, por exemplo, preocupação: Penn State Worry Questionnaire (PSWQ); instrumentos para avaliação da saúde mental de forma geral, utilizados como screening para verificar necessidade de cuidados psiquiátricos, como por exemplo a Self-Reporting Questionnaire-20 (SRQ-20). E instrumentos incluídos que não se enquadraram nas categorias anteriores: como o diagnóstico de enfermagem de ansiedade pela taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA, 2015). 4.7.1 Inventários de Ansiedade Traço Estado (IDATE) Dentre os instrumentos que avaliam a ansiedade, o Inventário de Ansiedade TraçoEstado (IDATE), traduzido e adaptado para o Brasil por Biaggio (1990 citado por KAIPPER, 2008) é o mais utilizado. É composto por duas escalas, IDATE-Traço (IDATE-T), que indica a tendência individual de cada um a reagir as tensões, constituído por 20 afirmações e o IDATE-Estado (IDATE-E), que indica o momento de apreensão, constituído por mais 20 afirmações. Trata-se de um instrumento de auto relato, com respostas em escala tipo Likert, com escores para cada item variando de 1 (absolutamente não) a 4 (muitíssimo). Para a quantificação das respostas positivas é feita a atribuição invertida, ou seja, para resposta 4, atribui-se 1 na codificação, para a resposta 3, atribui-se 2 e assim por diante. Para IdateEstado as perguntas positivas 1, 2, 5, 8, 10,11, 15, 16, 19, 20 e para o Idate- traço as perguntas positivas são 1, 6, 7, 10, 13, 16, 19. O escore varia de 20 a 80 pontos para cada escala, onde 030 indica baixo grau de ansiedade, 31-49 indica grau mediano de ansiedade e ≥ 50 indica grau elevado de ansiedade (ANDREATINI; SEABRA, 1993). Kaipper et al. (2010), em seu estudo, propôs um refinamento do IDATE o qual ficou constituído pelas mesmas duas escalas, porém com um menor número de itens, sendo a 11 IDATE-E composto por 13 itens e o IDATE-T composto por 12 itens. Outra mudança proposta no IDATE-T foi em relação aos 4 pontos de reposta tipo Likert, visto que eram inadequados e de pouca validade na escala original. Kaipper et al. (2010) demostrou, por meio de curvas de probabilidade, que os itens das repostas poderiam ser adaptados em 3 pontos, uma vez que as categorias 2 e 3 se sobrepunham. Assim, foi proposto uma redução na escala Likert para 3 alternativas, eliminando-se a quarta categoria. 4.7.2 Escala Multidimensional de Ansiedade de Endler (EMAS) Outro instrumento para a mensuração da ansiedade é a Escala Multidimensional de Ansiedade de ENDLER (EMAS), desenvolvida em 1991 nos Estados Unidos por Endler, Edwards e Vitelli (ENDLER et al., 1991). Ela é subdividida em três escalas, a Escala de Ansiedade Estado (EMAS-S) que avalia o estado de ansiedade, a Escala de Ansiedade Traço (EMAS-T) que avalia o traço de ansiedade e a Escala de Ansiedade Percepção (EMAS-P) que avalia a percepção da ansiedade. O EMAS-S têm 20 itens referentes à ansiedade estado, que corresponde a ansiedade exatamente no momento em que o questionário está sendo aplicado. As pontuações possíveis para o EMAS-S variam de 20 pontos a 100 pontos (JARDIM, 2002). O EMAS-T é composta por 60 itens, que produz quatro níveis distintos da ansiedade traço para cada indivíduo: avaliação social, perigo físico, situação nova, ambígua ou estranha e rotina diária, com os mesmos 15 itens de resposta para cada dimensão de medida traço de ansiedade, que variam de 15 pontos a 75 pontos (JARDIM, 2002). O EMAS-P mede as mesmas quatro dimensões situacionais da ansiedade traço e é uma medida da percepção dos indivíduos entrevistados referente ao tipo e grau de ameaça que percebem numa situação específica (MICLEA, S. et. al. 2009). Jardim (2002), adicionou três itens de resposta aberta ao EMAS-P, segundo a autora, estes itens permitem aos pesquisadores identificar aspectos específicos da situação presente, que pode ser percebida pelos entrevistados como causadora de estresse. A EMAS-P acumula 8 itens de resposta que são importantes para examinar a ansiedade no momento do preenchimento do questionário; por não ser apropriado adicionar os escores nestes três itens individuais, cada uma das questões será analisada individualmente. Os itens 1-5 variam 1 a 5 pontos (JARDIM, 2002). Em 2002, Jardim traduziu, adaptou e validou uma versão portuguesa deste instrumento, e descreveu que a EMAS, nesta versão, é um teste de auto avaliação preciso para avaliar a ansiedade. Em seu estudo, concluiu que a EMAS é válida para ser aplicada em 12 adolescentes, adultos, pacientes clínicos ou convalescentes, que possuem escolaridade superior ao 6º ano, e que estejam conscientes, lúcidos, orientados no tempo e no espaço. As escalas podem ser aplicadas separadamente, mas necessitam seguir uma ordem quando aplicadas concomitantemente, iniciando sempre pela EMAS-S, EMAS-T e EMAS-P (JARDIM, 2002). Segundo Miclea, Ciuca e Albu (2009), a EMAS pode ser aplicada para avaliação, investigação, intervenção e acompanhamento de ansiedade. 4.8 Síntese dos instrumentos de avaliação O quadro abaixo apresenta um resumo dos instrumentos de avaliação dos fatores psicológicos a saber: a Escala de Estressores em Terapia Intensiva (EETT), a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS), o Inventário de Ansiedade Traço Estado (IDATE), e a Escala Multidimensional de Ansiedade de Endler (EMAS). Quadro 1: Síntese dos instrumentos de avaliação dos fatores psicólogo. São Paulo, 2015. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO Nome Avaliação Fatores estressores EETI Traduzido e validado para o Brasil Rosa et al. (2010) Tipo de Modo de resposta Likert (0) não se aplica Número de escala e itens respectivamente Pontuação aplicação Tempo de aplicação Avaliação clínica ou autoavaliação Não descrito na literatura 1/ 50 0-200 Avaliação clínica ou autoavaliação 4 minutos 2/14 0-21 Avaliação clínica ou autoavaliação 15 minutos 2/25 20 a 80 pontos para cada escala Avaliação clínica ou autoavaliação 25 minutos 3/ 88 Emas-S: (4) extremamente estressante Ansiedade e depressão HAD Botega et al. (1995) Likert 0 a 3, de acordo com a descrição identificada o que o paciente identifica IDATE Ansiedade estado e traço Biaggio (1990) Kaipper (2010) EMAS Ansiedade estado, traço e percepção Em processo de tradução e validação Likert (1) absolutamente não (4) muitíssimo Likert (1) nada (5) multissimo 20-100; Emas-T: 15-75; Emas-P: avaliação dos itens Fonte: Do autor 13 5 CONCLUSÃO Diante do exposto, faz-se necessário replanejar a assistência de enfermagem ao paciente internado na unidade de terapia intensiva, enfocando os instrumentos de avaliação como um importante aliado para avaliar o bem-estar físico e psicológico ao mesmo. Estes instrumentos precisam ser utilizados na avaliação dos fatores psicológicos, como estresse, depressão e ansiedade, certificando-se que estes não passem despercebidos pela equipe, uma vez que a avaliação eficaz dessas condições influencia no quadro clinico do paciente. Portanto, é imprescindível que a equipe multiprofissional tenha a sua disposição instrumentos apropriados para a avaliação dos fatores em questão, tanto para mensuração de sintomas quanto para triagem e diagnóstico dos mesmos. 14 REFERÊNCIAS ANDRADE, L. H. S. G de; GORENSTEIN, C. Aspectos gerais das escalas de avaliação de ansiedade. Rev. psiquiatr. clín, São Paulo, v. 25, n. 6, p. 285-290, nov./dez.1998. Disponível em: <http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol26/vol25/n6/ansi256a.htm> Acesso em: 13 jun. 2015. ANDREATINI, R.; SEABRA, M. L. The stability of STAI-trait portion over 5 year’s period. Rev. ABP-APAL. v. 15, n. 1, p. 21-25, jan-mar. 1993. BENTO, D. C. P; PRADO, A. P. O; GARDENGHI, G. Estudo dos níveis de estresse dos pacientes submetidos à angioplastia durante a internação na unidade de terapia intensiva. Rev. Eletrônica Saúde e Ciência.2012. Disponível em: <http://www.rescceafi.com.br/vol2/n1/Artigo-I-7-21.pdf>. Acesso em 29 out. 2015. BITENCOUR, A. G. V. et al. 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